Apoiar as Butches é apoiar todas as Lésbicas

Bev Jo, Linda Strega, and Ruston

Índice

Ódio à Butches é Lesbofobia

Parte 1

Parte 2

Parte 3

…………………………………………………………………..

Prefácia Herétika

→ Sobre BevJo

O uso de maiúsculas em palavras como Lésbicas, Butch, Dyke, Sapatão, Negra, era uma convenção de linguagem alternativa criada pelo movimento de mulheres, para valorizar e honrar esses grupos.

Introdução

 (My update is the introduction for our edited original chapter on Butch oppression,  BUTCH-HATRED IS LESBIAN-HATRED, published in 1990. That three-part chapter follows this section.)

We know why men hate and fear Butches, but why do so many women and even Lesbians? Seriously, why? 

(A atualização desse livro é a introdução do nosso capítulo original sobre Opressão de Butches (1) entitulado “Ódio às Butches é Lesbofobia” publicado em 1990 no livro “Sapatões amando Sapatões: políticas separatistas somente para Lésbicas”. Esse capítulo de três partes segue essa seção.)

Nós sabemos porque homens odeiam e temem Butches (caminhoneiras) (1), mas porque também o fazem muitas mulheres e até mesmo Lésbicas?

 How Butches are treated in patriarchy and in our Lesbian communities is a more severe example of how Lesbians as a group are oppressed. When the existence of Butches is denied or we are treated as freaks, then love and acceptance of Lesbians as a people is missing. Butches are the most obvious, the most out of Lesbians. We are feared and hated. We are ridiculed and scapegoated. We are even told we don’t exist. 

Como Butches (1) são tratadas no patriarcado e em nossas comunidades Lésbicas é o mais forte exemplo de como Lésbicas são um grupo oprimido. Quando a existência de Butches é negada ou nós somos tratadas como aberrações, o amor e a aceitação de Lésbicas como pessoas estão ausentes. Butches são as mais óbvias e as mais assumidas das Lésbicas. Nós somos temidas, odiadas, ridicularizadas e usadas como bodes expiatórios. Nos foi até mesmo dito que nós não existimos.

 The fear and hatred are damaging enough, but why deny our existence? 

O medo e o ódio já nos fere suficientemente, mas porquê negar nossa existência?

 This is similar to how Lesbians used to be forbidden to be referred to and how none were allowed to be seen in the media except in the most objectified and bigoted ways. Now Lesbians are acknowledged as existing and are even on television, but still no Butches. Yet even while we are not generally shown in any media, including Lesbian media, we are still ridiculed, and the rare representations allowed are the most disgusting male fantasies of Butches. (Loren Cameron, a Fem who now identifies as a Gay man, has said in one of her talks that she saw the het women and Gay men who worked at a clothing store make fun of a Butch, while they treated her, appearing as a short working class man, with respect.) 

Tal fato é similar a como costumava-se proibir referências às Lésbicas assim como não permitia-se às Lésbicas a estarem na mídia, a não ser da maneira mais objetificada e intolerante possível. Atualmente, Lésbicas são reconhecidas como existentes e estão até mesmo na televisão, mas as Butches ainda não. Enquanto nós ainda não somos sequer mostradas na mídia, incluindo na mídia Lésbica, ainda somos ridicularizadas, e as raras apresentações permitidas são as mais repugnantes fantasias masculinas de Butches. (Loren Cameron, uma Fem (2) que atualmente se identifica como um homem gay, disse em uma de suas palestras que ela viu uma mulher hétero e um homem gay que trabalhavam em uma loja de roupas debocharem de uma Butch, enquanto eles a atendiam, dizendo que ela se parecia com um homem trabalhador baixinho, com respeito).

 It’s obvious why men want to hide and distort Butches. But why do women go along with this?  Why feminists?  And why do so many Radical Lesbian Feminists participate in erasing and lying about us?  What are they so afraid of? 

É óbvio porque homens querem esconder e distorcer Butches. Mas por que mulheres colaboram com isso? Por que feministas? E por que tantas Lésbicas Feministas Radicais participam no apagamento e na produção de mentiras sobre nós? Do que elas tem tanto medo?

 Butches are closer to what all females would be without patriarchy. We refused as little girls to obey male rules and accept male-identified femininity as our identity. We never fit in as “normal” girls and usually were completely alone with no one else being like us, during our most vulnerable years of girlhood. (Most oppressed, marginalized people at least grow up with others of their kind in their families, schools, and neighborhoods, reflecting them back to themselves.) Butch girls are also harassed, ridiculed, and physically attacked by men, boys, and even women and other girls. Then when we finally find other Lesbians, we are harassed and oppressed in a whole other way because Lesbian communities are dominated by Butch-hating Fems. 

Butches estão mais proximas de como as mulheres seriam sem patriarcado. Nós nos recusamos já na infância a obedecer regras masculinas e a aceitar a feminilidade macho-identificada (14) como nossa identidade. Nós nunca nos encaixamos como garotas ‘normais’ e fomos completamente sozinhas, sem ter ninguém como nós, durante nossos anos mais vulneráveis da infância de uma menina. Muitas pessoas oprimidas e/ou marginalizadas no mínimo crescem com outros de sua classe em suas famílias, escolas e vizinhanças, refletindo essas pessoas em si mesmas. Meninas Butches são assediadas, ridicularizadas e fisicamente atacadas por homens, meninos e até mesmo mulheres e outras meninas. Então, quando nós finalmente encontramos outras Lésbicas, nós somos assediadas e oprimidas de uma forma completamente nova porque as comunidades Lésbicas são dominadas por Fems (2) que odeiam Butches (1).

 Butches are always visible, recognizable as Lesbians and as Butches, and do not usually pass. We can be identified from a single photograph, by looking at us, hearing our voices. Is that why we are such a threat? Is that why we are to be kept secret and hidden, even while slandered, even in Radical Feminist space? 

Butches são sempre visíveis, dão pinta e são reconhecíveis como Lésbicas e como Butches, e geralmente não passam como homens. Nós podemos ser identificadas em uma simples foto, só ao olharem para nós ou ouvirem nossas vozes. É por isso que somos uma ameaça tão grande? É por isso que nós somos mantidas como segredo e escondidas, mesmo enquanto caluniadas, até mesmo em espaços feministas radicais?

 It’s revealing that many feminists are likely to call Radical Feminists “woman-hating” or “misogynist” as a way to shut down any questioning of some women’s collaboration with men and patriarchy. But has any feminist/woman ever been called “woman-hating” or “misogynist” for slandering and insulting Butches? 

É revelador que muitas feministas gostam de chamar Feministas Radicais de ‘misóginas’ como uma forma de calar qualquer questionamento sobre a colaboração de mulheres com homens e com o patriarcado. Mas já ocorreu alguma vez de uma feminista/mulher ter sido chamada de “misógina” por caluniar e insultar Butches?

 Some women pretending to be feminists actually object to Butches ever being mentioned, deny we exist, or wish we were dead. Is this because we are undeniably Lesbians, so the men and het women can’t pretend we aren’t a version of male-identified feminine het women? Is it because we are an embarrassment to the Lesbians who want to be considered “normal?” 

Algumas mulheres que fingem ser feministas até mesmo desaprovam que Butches sejam mencionadas, negam nossa existência ou desejariam que estivéssemos mortas. Isso ocorre por que nós somos inegavelmente Lésbicas, então os homens e as mulheres héteros não conseguem fingir que nós somos uma versão da mulher hétero feminina macho-identificada? É por que nós somos uma vergonha para as Lésbicas que querem ser consideradas ‘normais’?

 Butches are used by men as the scariest representation of a female imaginable, in order to police women into being afraid of Butches, but also to be of afraid to even think about what a Butch is. Part of this is that women are also afraid to be considered Butch or Lesbian because men police women by telling even the most het-looking women that they don’t look like women. 

Butches são usadas por homens como a mais assustadora representação possível de uma mulher, com a finalidade de induzir mulheres a terem medo de Butches e também para criar tanto medo sobre até mesmo se pensar o que uma Butch seria. Parte disso vem de que mulheres tem muito medo de serem consideradas Butches ou Lésbicas porque homens controlam as mulheres dizendo a elas que até mesmo a mulher mais parecida com hétero não se parece com uma mulher.

 Butches are used as “proof” that Lesbians play roles and emulate hets, but the grotesque role playing that men and het women do are ignored, and being Butch has nothing to do with role-playing. It’s the Hard Fems who make themselves a caricature/drag queen image of woman. And fighting Butch oppression means ending even unconscious role-playing. 

Butches são usadas como a “prova” de que Lésbicas encenam papéis heteronormativos (19) e imitam héteros, mas o jogo de papéis (18) grotesco que homens e as mulheres héteros fazem é ignorado. Ser Butch não tem nada a ver com jogo de papéis. São as Hard Fem (4) (lésbicas hiperfeminilizadas) que fazem delas mesmas uma imagem caricaturata e drag queen (20) de uma mulher. Lutar contra a opressão de Butches significa por um fim até nos jogos de papéis inconscientes.

 “Hard Fem” is the term I coined to describe what has previously been called “High Femme,” which is a complimentary term as well as a goal for too many Fems. Fem is considered the norm, so Butches are scrutinized and divided from each other by Butch-hating stereotypes. Butches who are more acceptable — most often those who are class privileged — are sometimes called “Soft Butches” by Fems, implying that full Butches are the hateful stereotype of hard, cold, mean, insensitive, predatory, etc., which actually is more applicable to Hard Fems. Yet no one criticizes the norm of Fem. Hard Fems also usually wear the male uniform of the extremely feminine drag queen ideal, passing as het as much as possible, slathered in clown-like makeup, wearing exposing dresses and high heels. Hard Fems are often the most oppressive to Butches and Dyke Fems because they are the most invested in obeying and proselytizing male rules for females. Hard Fems also objectify and use Butches as well as Dyke Fems, yet this is never mentioned. 

“Hard Fem” (lésbica hiperfeminilizada) (4) é o termo que cunhei para descrever o que previamente tem sido chamado nos EUA de “High Fem” (lésbica super-feminina) (5), que é um termo usado como um elogio e é também o objetivo da vida de muitas Fems. Fem (mulher/Lésbica feminilizada) é considerado a norma, então Butches são depreciadas e separadas umas das outras por estereótipos butchfóbicos. Butches que são mais aceitáveis – a maioria delas de classe privilegiada – são às vezes chamadas de “Soft Butches” (6) (Butches Suaves) pelas Fems, implicando que Hard Butches (7) (Butches ‘duronas’) são o odiado estereótipo de durona, fria, ruim, insensiva, predadora, etc., que na realidade é mais aplicável à Hard Fems. A norma do Fem ainda não foi criticada. Hard Fems geralmente usam o uniforme patriarcal de extrema feminilidade e do ideal de drag queen, passando como hétero o máximo possível, rebocadas em maquiagens como palhaças, usando vestidos decotados e curtos e saltos altos. Hard Fems são geralmente mais opressivas para Butches e Fem-Dyke (8) (Lésbicas desfeminilizadas) porque elas são as mais aplicadas na obediência e proselitismo das regras masculinas para fêmeas. Hard Fem também objetificam e usam Butches e Fem-Dykes, mesmo que isso nunca seja mencionado.

 Now that male identified femininity is being challenged again in feminism, I’m seeing feminists online ask why no woman stops being feminine, which continues the erasure those of us who never played the feminine role and of Dyke Fems who stopped years ago. It’s like how most het women just refuse to see Lesbians. Part of this has to be that these feminist deniers of reality do not want to give up their own Fem privilege and the compliments they get. Notice that the avatar facebook photos of most feminists are in grotesque makeup, with their eyebrows unnatural (as no man would ever choose to look unless caricaturing femininity), and basically looking as het/male as possible. (Or if they look like they are pretending to be Butch, check their previous photos.) Also notice how every time such a photo is posted, they are told how beautiful they are, what a great style they have, etc. It’s not just compliments, but policing the women who refuse to play that game and a reminder to those who do obey the male rules of what they will lose if they stop. As soon as a woman refuses to continue even a tiny bit of playing feminine, she gets harassed by friends and family and loses status. 

Atualmente a feminilidade-macho-identificada (14) está sendo desafiada novamente no feminismo e eu tenho visto feministas online perguntando porque nenhuma mulher deixa de ser feminina, perpetuando o apagamento daquelas de nós que nunca desempenhamos o papel feminino e das Fem-Dykes (8) que pararam anos atrás. É como se a maior parte das mulheres héteros se recusasem a ver Lésbicas. Parte disso vem de que essas feministas negadoras da realidade não querem desistir de seus pŕoprios privilégios de Fem e dos elogios que elas recebem. Perceba que nas fotos de perfil da maior parte das feministas no facebook elas estão com maquiagem grotesca, com suas sobrancelhas parecendo artificiais (como se nenhum homem fosse escolher olhar caso elas não caricaturassem feminilidade), e basicamente parecendo o máximo hétero/patriarcal possível. (Ou se elas estão fingindo ser Butch, confira as fotos prévias). Perceba também que a cada vez que elas postam uma foto elas recebem comentários sobre o quão bonita elas são, que estilo maravilhoso elas tem, etc. Não são somente elogios, mas policiamento de mulheres que se recusam a jogar o jogo e um lembrete para aquelas que obedecem às regras masculinas do que elas perderão se elas pararem. Assim que uma mulher se recusa a continuar com até mesmo uma pequena parte do jogo da feminilidade, ela começará a ser assediada por amigos e familiares e perderá status.

 The fact that Butches are scapegoated, ridiculed, hated, and our existence erased, by men, het women, and most Radical Feminists explains exactly what has gone wrong with feminism and why we do not have an increasing proud and strong Radical Feminist movement. 

O fato de que Butches são usadas como bode expiatórios, ridicularizadas, odiadas e nossas existências apagadas por homens, mulheres héteros e muitas Feministas Radicais explica exatamente o que tem dado errado no feminismo e porquê nós não temos um Movimento Feminista Radical orgulhosos e forte.

 The story of how Butches create ourselves out of nothing, and manage to exist in a patriarchy that forbids us from even being shown in the media, is a lesson for all Lesbians and women. 

A história de como nós, Butches, nos criamos a partir do nada, e conseguimos existir num patriarcado que nos proíbe de até mesmo sermos mostradas na mídia, é uma lição para todas as Lésbicas e todas as mulheres.

Mitos Butch e Objetificações

 In spite of Butches being closer to how all females would be without male rule, the common myth about Butches is that Butches are “male” or “masculine.” Refusing to follow male rules does not make someone “masculine,” but the opposite of masculine. Butches are the least male of women because we refuse to obey men. Just because men have declared that the more comfortable, better made, and less humiliating clothing is only for them, does not make it male. 

Apesar de Butches se aproximarem mais de como seriam todas as mulheres sem as regras masculinas, o clássico mito sobre Butches é que elas são “homens” ou “masculinas”. Recusar-se a seguir regras masculinas não faz alguém “masculino”, mas sim o contrário de masculino. Butches são as menos masculinas das mulheres porque nós nos recusamos a obedecer os homens. Somente porque os homens declararam que as roupas mais confortáveis, melhor feitas e menos humilhantes são somente para eles, isso não torna as roupas masculinas.

 Feminists have always known that it is an insult, not a compliment, to be called “male” or “masculine.” So why use it against the women who most say no to male rules? 

Feministas sempre concordaram que é um insulto e não um elogio ser chamada de “homem” ou “masculina”. Então porque usam isso contra as mulheres que mais dizem não às regras masculinas?

 In some cultures women aren’t allowed to drive. When a few brave women risk torture and imprisonment by driving, do we call them “male” or “masculine”? 

Em algumas culturas, mulheres são proibidas de dirigir. Quando algumas dessas mulheres corajosas arriscam tortura e aprisionamento ao dirigir, nós as chamamos de “homens” ou “masculinas”?

 Standing in a natural grounded way also does not make a woman male. Women are told from girlhood to be afraid to look centered and grounded or they will appear “masculine,” which is part of what wearing high heels is all about. If men like how they look, they should wear them!  It’s horrifying to see how women are wearing heels, including women in films who are portrayed as being warriors, and how restricted women competing against men in singing TV contests are. The men can run around the stage and leap dramatically, while the women can barely walk or stand, and certainly must have their attention divided to not just fall over and by the pain in their feet, leaving them at an extreme disadvantage. (There are videos of famous women and models in high heels teetering and then falling.) Notice that film or television shows increasingly depict women with less clothes, tight clothes, and their bodies exposed. Even if the plot is about people trying to survive a terrible disaster, finding clothes wherever they can, the women still look distinctly and unnaturally “feminine.” 

Permanecer em uma forma natural também não faz de uma mulher um homem. Mulheres são ensinadas desde a infância a terem medo de parecer centradas e realistas ou elas parecerão “masculinas”, o que faz parte da ideia de usar saltos altos. Se os homens apreciam tanto os saltos, eles deveriam usá-los! É assustador ver como as mulheres estão usando saltos altos, incluindo mulheres em filmes que são mostradas como guerreiras, e o quão restringidas estão mulheres que competem com homens em concursos de canto na TV. Os homens podem correr pelo palco e saltar dramaticamente enquanto que as mulheres quase não conseguem andar ou ficarem de pé, deixando-as em extrema desvantagem. (Há vídeos de mulheres famosas e modelos em saltos altos oscilando e depois caindo.) Perceba que filmes ou televisão mostram cada vez mais mulheres com menos roupas, roupas apertadas, e seus corpos expostos. Até mesmo se o roteiro é sobre pessas tentando sobreviver a um terrível desastre, procurando por roupas onde der, as mulheres ainda parecem distintamente e artificialmente “femininas”.

 Notice the vast difference in images used to denote female versus male. Many public restrooms signs show men taking up space with a wide stance, while the “women’s” sign is like a one-legged top in a dress. Humiliating and demeaning. Every media silhouette I have seen depicting female versus male shows a dignified strong male image and a weak, flimsy female image. None of this is innate, natural, or normal. But this propaganda affects us from girlhood, showing us how to look “proper,” though unnaturally, female. 

Pense na grande diferença entre imagens usadas para representar mulheres versus imagens usadas para representar homens. Em muitos banheiros públicos, os símbolos mostram os homens usando espaço se estendendo enquanto que as ‘mulheres’ são simbolizadas como um vestido de uma perna só. Humilhiante e depreciativo. Toda silhueta que eu já vi na mídia representando mulheres versus homens mostram a imagem de um homem forte e dignizado e a imagem de uma mulher fraca e frágil. Nada disso é inato, natural ou normal. Mas essa propaganda nos afeta desde ainfância, nos ensinando como parecer “apropriada”, embora artificialmente, feminina.

 Some Lesbians’ Butch-hating shows itself in cruel ways, such as obsessing about physical characteristics, which reveals they believe Butches are aberrations with hormonal imbalances. One Lesbian, who had literally run away from a workshop my ex-lover and I did about equal lover relationships and Butch oppression, actually asked, “Why are Butches slim-hipped if it’s not a hormonal problem?” — which is especially bizarre since the Butch stereotype is more likely to be fat, with large hips. This is like how doctors and even alternative healers tell Lesbians they must have a hormonal imbalance.

Algumas lésbicas odiadoras de Butches mostram-se em vias cruéis como uma obssessão sobre características físicas, que revela que elas acreditam que Butches são aberrações com desbalanços hormonais. Uma Lésbica, que literalmente fugiu de uma oficina que eu e minha ex-companheira fizemos sobre relações românticas igualitárias e opressão Butch, realmente comentou,”Por que Butches teriam o quadril tão estreito se não fosse um problema hormonal?” _ o que é especialmente bizarro já que o estereótipo da Butch é mais frequentemente o da butch gorda com quadris largos.
É assim que médicos e até mesmo terapeutas alternativos dizem às Lésbicas que elas devem ter um desbalanço hormonal.

 Lesbians who say such Butches “look like men” ignore large-breasted Butches. Since Butches are less obedient about following male dictates, we are more likely to be bigger and fatter than Fems, many of who starve themselves into being acceptably underweight. (This is not a criticism of naturally thin women, but of those who deliberately deprive themselves of adequate nutrition to fit feminine standards. The male rules for small, weaker women, as well as the women who police on behalf of men, have led to new generations of girls and women who are permanently smaller and weaker than previously.) Of course there are thin Butches, but there are less of them than thin Fems and het women. I have never heard anyone speculate about inadequate female hormones when commenting on malnourished, bony models. 

Lésbicas que dizem que Butches parecem homens ignoram Butches com seios grandes. Já que Butches são menos obedientes aos mandos dos homens, nós somos mais prováveis de nos tornarmos maiores e mais gordas que Fems, muitas das quais se matam de fome para serem aceitas como abaixo do peso. (Essa não é uma crítica à mulher naturalmente magra, mas sim àquelas que propositalmente se privam de nutrição adequada para caberem nos padrões femininos. A regra masculina para mulheres pequenas e fracas, assim como mulheres que policiam outras mulheres pelo interesse dos homens, conduziram a uma geração de meninas e mulheres que são permanentemente menores e mais fracas que as gerações anteriores.) É claro que há Butches magras, mas há menos delas do que Fems e héteras magras. Eu nunca ouvi ningu[em especulando sobre hormônios femininos inadequados ao comentar sobre modelos esqueléticas e mal nutridas.

 In our Radical Feminist groups, Butches are usually ignored, but once brought up, bizarre Butch-hating comments are made, showing that the women writing them have no idea what a Butch is, but hate us anyway, because we are the scapegoats for Lesbians. One het women said Butches were as oppressive as men because of a woman she knew at work. I of course did not assume she was talking about a real Butch or even knew what a Butch was, and after wasting hours of our time, she finally asked if Butches were recognizable. That’s the entire point of why Butch oppression is inescapable! It then became clear that this woman’s “Butch” was actually a feminine heterosexual woman. Another time, we asked the Radical Feminists if they could find any media images of Butches, and they linked to incredibly pornographic het woman images. 

Nos nossos grupos Radicais Feministas, Butches são usualmente ignoradas, mas uma vez o tema vindo à tona, comentários bizarros de ódio à Butches são feitos, mostrando que as mulheres que os escreveram não fazem a menor idéia do que umaButch é, mas nos odeia de qualquer forma, porque nós somos os bodes expiatórios para as Lésbicas. Uma mulher hétera disse que Butches são tão opressivas quanto homens por causa de uma mulher que ela conheceu no trabalho. Eu obviamente não assumi que ela estivesse falando de uma Butch ou sequer soubesse o que uma Butch é, e depois de horas desperdiçadas do nosso tempo, ela finalmente perguntou se Butches são reconhecíveis. Esse é completamente o ponto de porquê a opressão Butch é inescapável! Se tornou claro que a “Butch” dessa mulher era na realidade uma mulher heterossexual feminina. Em outra situação, nós pedimos à Feministas Radicais se elas poderiam encontrar qualquer imagem midiática de Butches, e elas linkaram imagens incrivelmente pornográficas de mulheres héteras.

 Then some of the women send me photos of themselves to prove they are Butch, while the photos prove the opposite — they are Fem, don’t even look like Lesbians, and clearly heterosexual. I’m still puzzled as to what they think a Butch is.These are usually women who previously were scared to even think about Butches. Some Fem Lesbians who have passed completely as het to escape Lesbian oppression and to be considered attractive to men, also try to say they are Butch, or ask could they be Butch if they change how they look? No. It’s a choice made in girlhood, reflected by body language, mannerism, stance, voice, etc. (Many women pitch their voices unnaturally high as part of following male rules. Men want women to seem weak, while also looking as different from men, and as unnatural, as possible.) Most of these same Radical Feminists are outraged when men appropriate the identity of women, yet don’t consider they are also appropriating an identity that is not theirs. I finally realized that part of this is because women are so used to competing with women for men, so they then see Butch identity as being another competition to win.

Então algumas dessas mulheres me mandaram fotos delas mesmas para provar que elas são Butches, enquanto as fotos provam o oposto – elas são Fem, nem sequer se parecem com lésbicas, e são claramente heterossexuais. Eu ainda estou perplexa com o que elas acham que uma Butch é. E são essas mesmas mulheres que previamente estavam assustadas em até mesmo pensar sobre Butches.

Algumas lésbicas Fems que passaram completamente como héteras para escapar da opressão lésbica e para serem consideradas atraentes para os homens também tentam dizer que elas são Butches ou perguntam se elas poderiam ser Butches se elas mudassem como se parecem. Não. É uma escolha feita na infância, refletida por linguagem corporal, trejeitos, posturas, voz, etc. (Muitas mulheres levantam a voz artificialmente alto para seguir ar ordens dos homens. Homens querem que as mulheres pareçam fracas, enquanto se parecem diferentes dos homens, e o mais artificial possível). Muitas dessas mesmas Feministas Radicais ficam indignadas quando homens se apropriam da identidade de mulher e não consideram que elas também estão se apropriando de uma identidade que não é delas. Eu finalmente percebi que parte disso vem de que as mulheres estão tao acostumadas a competir com outras mulheres por homens, então elas vêem a identidade Butch como outra competição a vencer.

 Now that most Lesbians are passing as het, many Lesbians believe that any Lesbian who is not a Hard Fem must be a Butch, even though Butches are only about 5% of the Lesbians we commonly see at events. There are a lot of Fem Dykes who are out as Dykes, but who are clearly not Butch. And then there are extreme Fems who say how much they love Butches, yet are unwilling to stop passing as het, which would make life much less difficult and dangerous for Butches, as well as Fem Dykes. 

Agora que a maioria das Lésbicas estão se passando como héteras, muitas Lésbicas acreditam que qualquer Lésbica que não é Hard Fem deve ser uma Butch, apesar de que Butches são somente 5% das Lésbicas que comumente vemos em eventos. Há muitas Fem-Dykes que estão assumidas como Sapatões mas que claramente não são Butches. E então há essas Fems extremas que dizem o quanto elas amam Butches mas ainda não estão dispostas a parar de se passarem por héteras, o que faria a vida muito mesnos dificil e perigosa para Butches e também para Fem-Dykes.

 Many Fems who do recognize the existence of Butches objectify us with a similar sense of ownership and objectification towards us that men have towards women – as if we somehow belong to them. If we say that we are more attracted to Butches or are not attracted to Fems, we are told that we can’t possibly mean that, or we just haven’t found the right Fem yet. It’s the same kind of patronizing amusement men have towards Lesbians. I’ve actually been told that two Butches together are missing out. (On what? Unequal, passionless love-making?)  Exactly what men say about two women together. These predatory Fems never even bother to ask about how our experiences with Fem lovers we’ve had over the decades led us to prefer being with Butches. Then there are Lesbians who are so freaked out by the idea of Butches loving each other that they announce that we couldn’t possibly be real Butches (though not if they meet us in person). 

Muitas Fems que reconhecem a existência de Butches nos objetificam com o mesmo senso de objetificação e posse sobre nós que os homens tem com as mulheres – como se de alguma forma nós pertencemos à elas. Se nós dizemos que somos mais atraídas a Butches ou não nos atraímos por Fems, nos é dito que não pode ser que achamos isso ou que ainda nãoachamos a Fem certa. É a mesma forma de diversão paternalista que os homens tem com as Lésbicas. Me foi realmente dito que duas Butches juntas estão perdendo. (o quê? Sexo desigual sem paixão?). Exatamente o que homens dizem sobre duas mulheres juntas. Essas Fems predatórias nunca se importaram em perguntar se nossas experiências com relacionamentos com Fems que tivemos por décadas nos levaram a preferir estar com Butches. Então há Lésbicas que estão delirando com a ideia de Butches amando Butches que não pode ser que somos realmente Butches. (Embora não diriam isso se nos conhecessem em pessoa).

 I’ve heard Fems ask, “What’s wrong with objectifying Butches?” Well, what’s wrong with sexually objectifying any oppressed groups of women? Some Fems want to be with Butches to get the attention and love they expected to get from men, but didn’t. And for some predatory Fems, Butches make a convenient scapegoat to take out their rage at men. I know two Radical Lesbian Feminist Fems who talked about beating Butch lovers. One was an upper middle class Euro-descent Fem who beat her poverty class, legally blind, racially oppressed Butch lover. The other Fem said she beat her working class Lifelong Lesbian Butch lover because she could not get back at her father or ex-husband. Neither seemed remotely remorseful and were contemptuous of those Butch lovers who had been devoted to them. (When I asked the blind Butch about her lover beating her, the Butch was still trying to protect her abusive ex, and said “there was violence in our relationship,” which actually implicated her. So I asked if she had ever hit her lover, and she said no.).  And these abusers of Butches were Radical Feminists! We can only imagine how often this happens. 

Eu ouvi Fems perguntarem, “O que há de errado em objetificar Butches?”Bom, o que há de errado em objetificar sexualmente qualquer grupo oprimido de mulheres? Algumas Fems querem estar com Butches para ganhar a atenção e o amor que elas esperariam de ganhar de um homem masnão ganharam. E para algumas Fems predatórias, Butches são o bode expiatório para receber sua raiva aos homens. Eu conheço duas Lésbicas Radicais Feministas Fems que falaram sobre bater em suas companheiras Butches. Uma era uma descendente euroéia de classe média alta que batia em sua parceira Butch de classe trabalhadora, cega e racialmente oprimida. A outra Fem disse que ela bateu em sua parceira Butch Lésbica à vida toda e de classetra balhadora porque ela não podia revidar em seu pai ou ex-marido. Nenhuma parecia remotamente arrependida e estavam desdenhando as parceiras Butches que eram devotasà elas. (Quando eu perguntei à Butch cega sobre sua parceira batendo nela, a Butch ainda tentou priteger sua ex abusiva dizendo “havia violência em nosso relacionamento”. Então eu perguntei se ela havia alguma vez batido em sua parceira e ela disse “não”). E essas abusadoras de Butches eram Feministas Radicais! Nós podemos somente imaginar com qual frequência isso acontece.

 It’s true that many Butches are so self-hating that they worship Hard Fems beyond what would make an equal relationship (although others of us find that look repulsive). Butches aren’t unique in this. Other oppressed people often value those who try to assimilate to look more like their oppressor, which is why so many Fems pass as het. I see most Fems where I live also being more attracted to Hard Fems than to Lesbians who look like Dykes, whether Fem or Butch. It feels like the patriarchal media has won out, after all these years of bombarding us with ugly male-defined “beauty.” It’s not just that many/most Lesbians want to be lovers with women who look like movie stars – they want to be seen to be lovers with women who look like movie stars. In my old community, these extremely feminine women would have been looked at warily, as if they might not be truly Lesbians. This isn’t being unfair – Hard Fems who do follow male rules of how women are supposed to look are more likely to have chosen men in the past and to go back to men. 

É verdade que muitas Butches se odeiam tanto que adoram Hard Fems além do que faria uma relação igualitária (embora algumas de nós o consideram repulsivo). Butches não são as únicas nisso. Outras pessoas oprimidas frequentemente dão mais valor àqueles que tentam assimilar e parecer mais com seu opressor, tal fato exemplifica o porquê de tantas Fems passarem como héteras. Eu vejo a maioria das Fem de onde eu moro serem mais atraídas por Hard Fems do que por Lésbicas que parecem Sapatões sejam elas Fem-Dykes ou Butches. Parece que a mídia patriarcal ganhou depois de todos esses anos bombardeando-nos com a feia ‘beleza’ definida por homens. Nãoésomente que muitas/amaioria das Lésbicas querem estar com parceiras que parecem estrelas de cinema – elas também querem ser vistas com parceiras que parecem estrelas de cinema. Na minha antiga comunidade, essas mulheres extremamente femininas teriam sidoolhadas com cautela, como se elas talvez não fossem verdadeiramente lésbicas. Isso não é injusto – Hard Fems que seguem regras masculinas de como mulheres deveriam parecer são mais prováveis de terem escolhido homens no passado e de voltarem para homens.

 Women, like other colonized people, have been given a caricatured, fetishized representation of how we are not only supposed to dress, but move, gesture, talk, laugh, think, etc. Most women learn unnatural patterns of behaving while being little girls when they are punished for acting naturally and rewarded when obeying male rules. Butch girls, with no support and no role models, refuse to obey the male rules. 

Mulheres, como outros povos colonizados, receberam uma representaçãocaricaturizada, fetishizada de como nós devíamos nos vestir, mover, gesticular, falar, rir, pensar, etc. A maioria das mulheres aprendem padrões artificiais de comportamento enquanto meninas pequenas quando elas são punidas por agir naturalmente e recompensadas por obedecer regras masculinas. Garotas Butches, sem suporte e sem modelos a seguir, se recusam a obedecer as regras masculinas.

 What is heart-breaking is how much self-hatred there is among Butches. Some have been encouraged by their Hard Fem lovers to believe and say that Butches have “male privilege” — which of course is not true. Butches are never treated as men. Butches are treated as the most abnormal freaks among Lesbians. Fems usually can make more money, have more status (as “real” women) with family, friends, and in the rest of patriarchy, and are more likely to own houses as a result of having had husbands, careers, and sometimes families who gave them money. (Butches are more likely to be disowned, and more Butches are class-oppressed, and there is a higher percentage of Butches of Color than European-descent.) 

O que parte o coração é o quanto ódio próprio há entre Butches. Algumas foram encorajadas pelas suas parceiras Fems a acreditar que Butches tem”privilégio masculino’ – o que obviamentenão é verdade. Butches nunca são tratadas como homens. Butches são tratadas como as mais anomais e bizarras entre as Lésbicas. Fems usualmente podem ganhar mais dinheiro, ter mais estatus (como mulheres “reais”) com família, amigos, e no resto do patriarcado, e são mais propensas a terem casas como resultado de terem tido maridos,carreiras, e às vezes as famílias lhes dão dinheiro.(Butches são mais prováveis de serem deserdadas, mais Butches são oprimidas por classe, e há uma porcentagem maior de Butches racializadas do que de descendência européia.

 Then there is the lesbophobic myth that identifying as Butch means we play roles. Yet Lesbians can be outrageously Fem and not be accused of role-playing. I have never played roles. Daring to discuss differences does not mean we play roles. Identifying as Butch does not mean playing roles — it means identifying with the choice we made as little girls, against all odds, as well as being a marginalized, oppressed, invisibilized minority in Lesbian communities. We get it in the het world for being the most out, obvious Lesbians, and we get it in our own communities. Are working class Lesbians who identify as working class accused of playing roles about class? (This is again about Butches being insultingly categogorized as only a sexual identity, pornifying us.) 

Há o mito lesbofóbico de que se identificar como Butch significa que encenamos papéis. Uma Lésbica pode ser escandalosamente Fem e ela não será julgada por ’encenar jogos de papéis”. Eu nunca encenei um papel. Ousar discutir diferenças não significa que encenamos papéis. Identificar-se como Butch não significa jogo de papéis – significa nos identificar com as escolhas que fizemos quando meninas pequenas, contra todas as probabilidades, assim como sendo marginalizada, oprimida e uma minoria invizibilizada na comunidade Lésbica. Nó entramos no mundo hétero como sendo as mais assumidas e pintosas das Lésbicas, e levamos isso às nossas comunidades. As Lésbicas da classe trabalhadora são acusadas de encenar papéis de classe? (isso é novamente sobre Butches sendo insultadas categorizadas como somente uma identidade sexual, nos pornificando.)

 It doesn’t help that almost the only books about Butches are in anthologies edited by Fems and bisexual women who further Butch-hating stereotypes. What I have seen in decades of being out as Butch is that it’s Fems who have pushed Butches into role-playing, partly because it makes the Fems feel less scarily Lesbian. Sado-masochism, including using dildos, is part of that and is absolutely mainstream among het women as well as non-feminist Fems. (Yet ridiculous comments are made, like by a Fem who was planning a “sex” workshop and said that she’d have to keep an eye on all of her dildos to stop Butches from stealing them. Why would any Butch want an ugly dildo? At another event, a Fem threw her large collection of dildos out into the Lesbian audience.) 

Não ajuda o fato de que os quase únicos livros sobre Butches sãoantologias editadas por Fems e mulheres bissexuais que promovem estereótipos butchfóbicos. O que eu tenho visto em décadas assumida como Butch é que são as Fems que puxaram as Butches para jogos de papéis, parcialmente porque isso as faz se sentirem menos assustadoramente Lésbicas. Sado-masoquismo, incluindo o uso de dildos, é parte disso e é absolutamente mainstream entre mulheres héteras assim como Fems não feministas. (Mesmo assim, comentários ridídulos são feitos, como por uma Fem que estava planejando um workshop sobre ‘sexo’ e disse que ela iria manter um olho em todos seus dildos para evitar que Butches os roubassem. Por que qualquer Butch iria querer um dildo feio? Em outroevento, uma Fem jogou sua larga coleção de dildos na audiência lésbica).

 At a Butch Voices conference dinner, I brought up how upset I was that a workshop organizer assumed all Butches used dildos, calling it “Butch cock.” I asked how many of us have been sexually assaulted by pricks and all that they represent, comparing dildos to sado-masochist use of Nazi paraphernalia in scenes. A Hard Fem bisexual patronizingly lectured me about how much better sex was using objects. I answered that something is seriously wrong if a Lesbian prefers silicone in the shape of a prick instead of the feel of her lover’s hands and body, and why would someone want to use such an offensive object on her lover, instead of feeling her? No way was this het-looking woman in full make-up going to bully me into believing that the incredible loving, wild, and passionate love-making I have shared with lovers would be improved with ugly male objects. She finally resorted to telling me that it probably was too late to change at my age – an ageist version of the usual sado-masochist taunt implying I was a prude or had never heard of dildos before. I’d been saying no to repulsive dildos since first being told about them when I was 14. 

No jantar da conferência “Vozes Butches” eu manifestei o quanto estava chateada com uma oficina na qual a moderadora assumiu que todas as Butches usavam dildos chamando-os de ’pintos de Butches”. Eu perguntei quantas Butches foram sexualmente atacadas por pênis e o tudo o que eles representam e comparei dildos ao uso sado-masoquista de parafernálias nazistas em cenas. Uma bissexual Hard Fem paternalistamente me explicou o quanto sexo é melhor com o uso de brinquedos. Eu respondi que algo está seriamente errado em uma Lésbica preferer um silicone em formato de pinto ao invés de sentir a mão e o corpo de sua amada, e porque alguém iria querer usar um objeto tão ofensivo em sua amada, ao invés de sentí-la? De forma alguma aquela mulher parecendo hétero toda maquiadada iria me forçar a acreditar que o modo incrivelmente amoroso, selvagem, e apaixonado de fazer amor que eu tenho dividido com parceiras seria aprimorado com o uso de objetos masculinos nojentos. Ela finalmente recorreu a dizer que é provavelmente muito tarde para eu mudar por causa da minha idade – uma versão de preconceito por idade da provocação comum sadomasoquista implicando que eu era avergonhada ou nunca tinha ouvido falar de dildos anteriormente. Eu recuso dildos repugnantes desde a primeira vez que ouvi falar sobre eles quando eu tinha 14 anos.

 I have heard other Butches say that although they hate dildos, they have been pressured to use them on ex-het Fem lovers, for obvious reasons. The first Lesbian I knew told me how she had found other Lesbians in a bar community run by bisexual prostitutes in1965. As a teenaged Butch, they were training her in what “real women” want. She felt so disgusted and used by these women that she left and never again tried to find a Lesbian community. 

Eu já ouvi outras Butches falarem que, embora elas odeiem dildos, elas são pressionadas a usá-los por parceiras ex-héteras Fem, por razões óbvias. A primeira Lésbica que eu conheci me contou como ela encontrou outras Lésbicas na comunidade de um bar pertencente a prostitutas bissexuais em 1965. Como uma butch adolescente, eles a estavam treinando no que uma ’mulher de verdade” quer. Ela se sentiu tal mal e usada por aquelas mulheres que deixou o grupo e nunca tentou encontrar uma comunidade Lésbica novamente.

 I wonder how many of those women who want their lover to use dildos are fantasizing about being with a man. By using objects, they can disconnect, as opposed to being completely present, loving, feeling, and being felt by another woman, which is a continual reminder that they are Lesbians and are doing things that can still be punished by death in some countries. 

Eu me pergunto o quanto muitas dessas mulheres que querem que suas parceiras usem dildos estão fantasiando sobre estarem com um homem. Usando objetos elas podem se disconectar e assim não estarem completamente presentes, amando, sentindo e sendo sentida por outra mulher, o que constantemente as lembra que elas são Lésbicas e estão fazendo coisas que podem ser punidas com morte em alguns países.

 A horrific aspect of role-playing that I recently heard about is the so-called “Stone Fem,” who will only be lovers with a Stone Butch. I believe that the Stone Butch is a Hard Fem creation since I have never known of a Butch who willingly, happily said she wanted to not be loved and never wanted to be made love to. What I have heard is Butches talking painfully about Fem “lovers” who refused to make love to them with equal passion, attention, time, and love, or refused to ever touch them, while they were expected to make love to the Fem for hours, whenever she wanted. Once you fall in love with and are committed to a woman, it can be very hard to acknowledge, even to yourself, that she doesn’t love you equally, or at all. 

Um aspecto horrível dos jogo de papéis que eu recentemente ouvi é a existência das chamadas “Stone Fems” (11), que seriam as parceiras de Stone Butches (10). Eu acredito que Stone Butch é uma criação Hard Fem desde que eu nunca conheci uma Butch que de bom grado e feliz tenha dito que ela não gostaria de ser amada e nunca gostaria de ser tocada. O que eu já ouvi são Butches dizendo dolorosamente que suas “parceiras” Fems se recusavam a lhes fazer amor de forma igualitária com a mesma paixão, atenção, tempo e amor ou se recusavam sequer a tocá-las, enquanto que elas deveriam fazer amor com as Fems por horas, de qualquer forma que elas queriam. Uma vez que você se apaixona e está comprometida com uma mulher pode ser difícil de reconhecer, mesmo para si mesma, que ela não te ama da mesma forma, ou não te ama de forma alguma.

 I believe some Butches, and particularly those without support, do sometimes end up as Stone Butches because it can feel less painful to take on that identity than to continually face inequality in love and love-making. After years of bad treatment, some just stop hoping for real love, and shut down. It’s a travesty that some Fems have fetishized such a traumatic aspect of Butch oppression. I can’t imagine how some Fems can justify identifying as “Stone Fems.” It’s like declaring, “I really am an incredibly selfish, misogynist, Lesbian-hating, and Butch-hating woman and am proud of it. I just want to be the complete center of love, attention, and pleasure, and I want to make my lover feel alone, unloved, and worthless. Aren’t I wonderful?” 

Eu acredito que algumas Butches, e particularmente aquelas sem apoio, algumas vezes acabam como Stone Butches (10) porque pode ser menos doloroso aceitar essa identidade do que continuamente se confrontar com desigualdade no amor e no sexo. Depois de anos de tratamento ruim, algumas somente param de esperar por amor real e se desligam. É uma farsa que algumas Fems fetichizaram de um aspecto traumático da opressão Butch. Eu não consigo imaginar como algumas Fems podem justificar se identificar como “Stone Fems”. É como declarar: “Eu realmente sou uma mulher incrivelmente egoísta, misógina, lesbofóbica e butchfóbica e me orgulho disso. Eu quero ser somente o centro completo do anor, atenção e prazer e quero fazer com que minha parceira se sinta sozinha, mal amada e sem valor. Eu não sou maravilhosa?”.

 I believe the “Lesbian Bed Death” myth is usually about the Fem or both Fems (since the majority of Lesbian relationships are two Fems together), stopping wanting to make love. Butches are much less likely to stop, no matter what horrific childhood and other sexual assaults they’ve suffered. Even when a Lesbian otherwise appears as Butch, this intimate detail of wanting to be passionate in love-making and to make love to their lover is a defining characteristic of being Butch. 

Eu acredito que o mito do “apagão lésbico” (23) é usualmente sobre Fem ou sobre ambas Fems (desde que a maior parte dos relacionamentos lésbicos são de Fems juntas), parando de querer fazer amor. Butches são muito menos propensas a parar, não importa o quão horrível foi suas infâncias e os abusos sexuais que elas sofreram. Até quando uma Lésbica parece com uma Butch, os detalhes íntimos de sua paixão em fazer amos e dar amor às outras é uma característica determinante do ser Butch.

25 anos depois

 So how are things for Butches now, since 1990, when we published our chapter on Butch oppression in “Dykes-Loving-Dykes?” 

Então como estão as coisas para as Butches agora, desde 1990, quando nós publicamos nosso capítulo sobre a opressão das Butches em Sapatões-amando-sapatões (“Dykes-Loving-Dykes”)?

 Well, things seem mostly a lot worse – some of which we predicted, based on how mainstream and assimilated and Lesbian-hating many Lesbians were becoming. But some of it has still been a shock. I have never seen or heard such overt hatred of Butches among Lesbians as I’m hearing now. 

Bom, as coisas parecem em sua maioria muito piores – algumas das quais previmos, baseadas em como muitas Lésbicas tornaram-se dentro da norma, assimiladas e lesbofóbicas. Mas parte disso ainda foi um choque. Eu nunca vi ou ouvi tal ódio evidente de Butches entre as Lésbicas como estou ouvindo agora.

 In my old Lesbian Feminist and Separatist community from the Seventies, there was disapproval about role-playing, (which I still agree with, but not for the reasons said then), sometimes falsely blamed on Butches by the lesbophobic, yet Butches were more respected and appreciated than now. Even without clear politics about what it meant to be Butch, there was an awareness that Butches were the most visible of Lesbians who had kept Lesbian existence known while other Lesbians were passing and hiding. Some of the out Butches were appreciated and acknowledged for having created our Lesbian Feminist community with their brilliant Radical Lesbian Feminist politics, articles, poetry, books, music, etc. Looking like a Dyke was valued, so most Lesbians, even most of the Hard Fems, cut their hair, wore trousers and boots, and the infamous flannel shirts. We didn’t wear “men’s” clothes. We rejected the flimsy, demeaning, and restrictive clothes men ordered us to wear, and we proudly wore our Dyke clothes, which were handsome, practical, comfortable, cheaper, sturdier, and safer (in terms of being able to defend ourselves, do physical work, and not be such a target for male harassment or attack). We were saying yes to being Lesbians and no to men. 

Em minhas antigas comunidades Feministas Lésbicas e Separatistas dos Anos 1970, existia uma desaprovação sobre o jogo de papéis, (com a qual eu ainda concordo, mas não pelas mesmas razões), às vezes falsamente culpando Butches pela lesbofobia, mas Butches eram mais respeitadas e apreciadas do que agora. Mesmo sem políticas claras sobre o que significava ser Butch, havia a consciência de que Butches eram as Lésbicas mais visíveis que haviam mantido a existência Lésbica conhecida enquanto outras Lésbicas estavam se conformando e se escondendo. Algumas das Butches assumidas eram apreciadas e reconhecidas por terem criado nossa comunidade Lésbica Feminista com sua brilhante política Lésbica Feminista Radical, seus artigos, poesias, livros, musicas e etc. Se vestir como uma Dyke era valioso, então muitas Lésbicas, até a maioria das Hard Fems, cortavam seus cabelos, usavam calças e botas e as infames camisas de flanela. Nós não usamos roupas “masculinas”. Rejeitamos as roupas frágeis, humilhantes e restritivas que os homens nos mandavam usar e orgulhosamente vestíamos nossas roupas de Sapatão que eram bonitas, práticas, confortáveis, mais baratas, mais resistentes e mais seguras (em termos de podermos nos defender, fazer exercícios físicos e não ser um alvo para assédio ou ataque masculino). Nós estávamos dizendo sim para sermos Lésbicas e não para os homens.

 The only reason I can think of why Lesbians make fun of that time and of how we looked is that they are embarrassed by so many women being so clearly out and rejecting male rules, and they want to police us into being less threatening and more assimilated. (You would think they invested in the cosmetics and other industries selling male-invented femininity.) Some of Fems from that time talk bitterly about the “pressure” they felt to look like Lesbians, ignoring the punishing and sometimes lethal pressure and harassment in the patriarchal world (from family, het women and male friends, at work, from strangers, etc. to look more het/feminine). They are still furious that there was a brief time in history when they did not dominate Lesbian communities with their Fem supremacist politics. Not enough to have the rest of patriarchy reflecting and rewarding them, they wanted no woman to say no to them. Some of them also still deny being Fem, and yet it is their core identity. 

A única razão pela qual eu posso pensar o porquê de Lésbicas fazerem piada dessa época e de como nos vestíamos é que elas estariam tão envergonhadas por tantas mulheres estarem claramente fora do armário e rejeitando regras masculinas que elas querem nos policiar para sermos menos ameaçadoras e mais assimiladas. (Você pode se perguntar porquê que elas investem em cosmésticos e em outras indústrias vendendo a feminilidade inventada pelos homens). Algumas das Fems dessa época falam amargamente sobre a "pressão"que elas sentem para parecem com Lésbicas, ignorando a punição, a pressão letal e o assédio em um mundo patriarcal (da familia, de outras mulheres héteras e amigos homens, no trabalho, de estranhos, etc. para parecer mais héteras/femininas). Elas ainda estão furiosas porque existiu um breve momento na história quando elas não dominavam as comunidades Lésbicas com a sua política supremacistas Fem. Não satisfeitas em ter o patriarcado inteiro as refletindo e recompensando, elas queriam que nenhuma Mulher falasse não a elas. Algumas delas também negam serem Fem, e mesmo assim é essa a identidade central delas.

 Most of the Lesbians I know now pass as het. The more extremely male-defined feminine a Lesbian is, the more valued she is. Occasionally, there are defensive comments like, “What do you mean? What does a Lesbian look like?” But that’s game-playing since we all really do know exactly what Lesbians look like, especially since so many women are devoted to not looking like a Lesbian. (Some of the same women now pretending to be confused about identifying Lesbians in the past joined with their men in ridiculing and harassing us. Some of the women now glaring or smirking at us at public places where Lesbians are gathered (since we have none of our own places left), proudly having their man on their arm, will later come into our community saying how they were victims of those men they once bragged about, demanding and getting attention and support from the Lesbians they still oppress). 

A maioria das Lésbicas que eu conheço agora se passam por héteras. Quanto mais feminina a Lésbica é, feminina segundo a definição masculina de feminilidade, mais valorizada ela será. Ocasionalmente, brotam comentários defensivos como “O que voce quer dizer? Como é que uma Lésbica se veste?”. Mas isso é só um joguinho, pois todas nós sabemos exatamente como uma Lésbica se aparenta, especialmente porque tantas mulheres se empenham extremamente para não se parecerem com uma Lésbica. (Algumas das mesmas mulheres que agora fingem estar confusas se são Lésbicas no passado juntaram-se aos seus homens para nos ridicularizar e assediar. Algumas dessas mulheres estão agora nos olhando e sorrindo para nós em lugares públicos onde Lésbicas se reunem – já que não nos sobrou nenhum espaço próprio – orgulhosamente tendo seus homens embaixo do braço e irão depois vir a nossas comunidades alegando que são vitimas desses homens que outrora se gabavam a respeito, demandando e recebendo atenção e suporte de Lésbicas que elas ainda oprimem.

 Looking like a Lesbian means looking the way patriarchy forbids us to look, and it deeply threatens those who support patriarchy. It means looking free and being able to recognize each other in public. It means being proud to not assimilate or succumb to the pressure to feminize, including saying “I don’t want to waste my time and money trying to make myself fit impossible standards that leave most women feeling inadequate.” Looking like a Dyke also means looking far more attractive. 

Parecer com uma Lésbica significa se vestir e portar na forma que o patriarcado nos proíbe de fazê-lo e isso ameaça profundamente aqueles que apoiam o patriarcado. Significa parecermos livres e sermos capazes de reconhecermos umas as outras em público. Significa ter orgulho e não assimilar ou sucumbir à pressão de se feminilizar, inclusive dizendo “Eu não quero gastar meu tempo e dinheiro tentando me fazer caber nesse padrão impossível que deixa a maioria das mulheres se sentindo inadequada”. Parecer uma Sapatão também te faz parecer mais atraente.

 There is a high price to pay for always looking like an out Dyke. It can mean being threatened,  attacked verbally and physically, being harassed by family, being disowned, being hated and ridiculed, being evicted, losing jobs, not getting jobs, etc. Young Lesbians have been locked up in mental hospitals by their families and tortured. Out Lesbians are raped and killed for looking like Dykes, and Butches are even more targeted (as Teena Brandon was.) 

Existe um preço alto a se pagar ao ser uma Sapatão sempre aparente e assumida. Isso pode significar ser ameaçada, atacada verbalmente e fisicamente, ser assediada pela familia, ser repudiada, odiada e ridicularizada, ser evitada, perder empregos, não ser contratada, etc. Jovens Lésbicas têm sido trancadas em hospitais de doenças mentais por suas familias e torturadas. Lésbicas assumidas são estupradas e mortas por parecerem Sapatão, Butches são alvos ainda mais mirados (como Teena Brandon foi).

 Many Lesbians who are not Butch get Lesbian oppression. The more Dyke a Fem looks, the worse she’s treated. But Butches do not or cannot pass as het, even the few who try. That creates a whole other level of oppression. But it’s how Butches are treated in Lesbian communities that I’m focusing on, because if we can’t treat Butches as equals and with respect in our own communities, there isn’t much hope elsewhere. 

Muitas Lésbicas que não são Butches sofrem opressão Lésbica. Quanto mais Sapatão uma Fem se parecer, pior ela será tratada. Mas Bucthes não podem passar por héteros, mesmo as poucas que tentam. Isso cria outro nível de opressão. Mas eu estou focando agora em como Butches são tratadas em comunidades Lésbicas, porque se nós não pudermos tratar Butches como iguais e com respeito em nossas próprias comunidades, não há muita esperança disso ocorrer em qualquer outro lugar.

 For the first time, I am hearing Lesbians point out particularly attractive Butches, saying “She’s so ugly. She looks just like a man.” Well, no, she doesn’t look like a man at all. She looks the opposite. The policing is so extreme, that I’m even hearing such insults said about stereotypically “cute” Fems with painted toenails, just because they have short hair and look like Lesbians. It is not a safe time and place to be an Out Lesbian among Lesbians, let alone a Butch.

Pela primeira vez, eu estou ouvindo Lésbicas apontando Bucthes particularmente atraentes, dizendo “Ela é tão feia. Ela se parece exatamente com um homem”. Bom, não, ela não parece como um homem de forma alguma. Ela é justamente o oposto. O policiamento é tão extremo que eu estou ouvindo esses insultos serem ditos também sobre Fems “fofas” e estereotipadas que pintam suas unhas simplesmente por elas terem cabelos curtos e se parecem com Lésbicas. Não é um tempo e lugar seguro para ser uma Lésbica assumida entre Lésbicas, deixem as Butches em paz.

 In just one week recently, I heard three Butch-hating comments from Lesbians. (And I can only imagine how much harder these onslaughts are for Butches with no support.) 

Apenas em uma semana recentemente, eu ouvi três comentários de ódio às Butches vindos de Lésbicas. (E eu posso apenas imaginar o quão difíceis esses ataques são para Butches que não tem nenhum suporte).

 On a hike, two Fems began commiserating about how hard it had been for them in college to find Lesbians to identify with because the only Lesbians they’d seen were Butch. (From experience, I’m guessing those “Butches” were probably mostly Dyke Fems since there aren’t that many Butches.) It didn’t occur to these Lesbians that by adhering to mainstream standards of how women are supposed to look, they were making it impossible for other Lesbians to find them. It’s as if they thought it was Lesbians’ responsibility to seek out and rescue them. The “Butches” took risks to be so visible, yet instead of being appreciated, they were criticized. Would it have been better for all the Lesbians to pass as het at those colleges? I think the real issue is that looking so Dykey was and is threatening to those Lesbians. But why? What are they really scared of? 

Em uma caminhada, duas Fems começaram a comentar o quão dificil havia sido para elas na universidade encontrar Lésbicas para se identificar porque as únicas Lésbicas que elas tiveram contato eram Bucthes. (Partindo de minha experiência, advinho que essas “Butches” eram provavelmente em sua maioria Dyke Fems já que não existem tantas Butches). Não ocorreu a essas Lésbicas que aderindo ao padrão estabelecido de como mulheres devem aparentar, elas estavam tornando impossível que outras Lésbicas as encontrassem. Seria melhor se todas as Lésbicas se passassem como hétero nestas universidades? Eu penso que o real problema é que aparentar tão Sapatão foi e está sendo uma ameaça a essas Lésbicas. Mas porque? O que elas estão temendo?

 I think it comes back to the fear of being “abnormal” and not fitting in (“what will people think?”) – and daring to challenge rigid male rules of how females are “supposed” to look, which women continue to enforce. I frequently read Lesbian writers being very impressed with women displaying the various trendy feminine styles that pretend to be wild, outrageous, and edgy with piercings, tattoos, elaborate hair styles, shaved heads, high heels, etc. – but these are just variations on how women are expected and demanded to look. It is Butches and Dyke Fems, who are truly showing courage and, by their existence, are threatening patriarchy. 

Eu acredito que essa sensação de ameaça têm origem no medo de ser “anormal” e não se enquadrar (“o que as pessoas vão pensar?”) – e ousar desafiar as regras masculinas rígidas de como mulheres “devem” se parecer, as quais mulheres continuam a reforçar. Eu frequentemente leio escritoras Lésbicas demonstrarem-se muito impressionadas com mulheres exibindo as variadas modas e estilos femininos que pretendem ser selvagens, ultrajantes e nervosos com piercings, tatuagens, cortes de cabelos elaborados, cabeças raspadas, saltos altos, etc. – mas essas são apenas variações de como mulheres devem aparentar. São as Butches e as Dyke Fems que estão verdadeiramente mostrando coragem, pois sua existência está ameaçando o patriarcado.

 I don’t understand why so many women don’t seem capable or willing to understand basic feminist politics, like that “femininity” is male – male-invented, male-identified, and a caricature of true femaleness. It’s a colonized status, with obvious parallels with other colonized people who are pressured to assimilate. It is a demeaned appearance, demanded of women to display their supposed inferiority, and especially their subservience to men. Yet like other ways that oppressed people assimilate, femininity is greatly rewarded in patriarchy, including by other women. (Some feminists pretend that the women playing feminine are treated terribly by men and are victims, forgetting how other women also reward them and how they then police women who refuse male rules.) That’s part of why it’s such a joke for men to dress in drag – they love to humiliate women. Nothing about “femininity” is female. It’s a con and a trick of patriarchy. Yet, most women wholeheartedly accept and identify with it, and will defend it so rigidly and irrationally that they refuse to even think about the issue. Again, why is this so terrifying to explore? 

Eu não entendo porque tantas mulheres não são capazes ou não estão dispostas a entender políticas feministas básicas, como a básica: “a femilidade” é masculina – inventada pelo homem, identificada com os homens e uma caricatura da verdadeira feminilidade. É um status colonizador, com paralelos óbvios com outros povos colonizados que são pressionados a assimilar essa opressão. É uma aparência humilhada, imposta a mulheres para exibir sua suposta inferioridade, especialmente sua subserviência ao homem. Ainda como outras formas de opressão assimiladas pelas pessoas, femilidade é muito recompensada no patriarcado, inclusive por outras mulheres. (Algumas feministas fingem que as mulheres que performam femilidade são maltratadas pelos homens e são vítimas, esquecendo que outras mulheres as recompensam e como elas policiam as mulheres que recusam as regras masculinas. Isso é parte do motivo do Drag ser uma piada para os homens – eles amam humilhar as mulheres. Nada sobre “femilidade” é feminino. É um engodo e um truque do patriarcado. No entanto, a maioria das mulheres aceitam e se identificam de todo o coração com ela e a defenderão de forma tão rígida e irracional que se recusam a sequer pensar sobre o assunto. Novamente, por que isso é tão aterrorizante para ser explorado?

 The flip side of women’s fear of being too “other” is women being extremely concerned about protecting some people who claim to be oppressed for being “Other” — even though those people have far more privilege than Butches. During that same week of the hike, I went to a Lesbian brunch where a Hard Fem was telling us about how terribly difficult it was for F2Ts (Female to Testosterone – women who pretend to be men.)  I answered that they are women who no longer want to be us, and no longer want to be oppressed as women and/or Lesbians. (People can’t change sex any more than they can change species. They are women opting for privilege at our expense. I’ve heard/read some say that they want to be men to get better jobs, more “chicks,” and because they dread becoming “old women.” I do not understand why we are expected to not only support them, but to put their desires above Lesbians,’ other than that usually everyone is considered more important than Lesbians.) 

O outro lado do medo das mulheres de serem muito “o outro” é que as mulheres estão extremamente preocupadas em proteger algumas pessoas que se dizem oprimidas por serem “outros” – mesmo que essas pessoas tenham muito mais privilégios do que Butches. Durante a mesma semana da caminhada, eu fui a um “brunch” de Lésbicas onde uma Hard Fem estava nos contando sobre o quão terrivelmente difícil era para F2Ts (Female to Testosterone – mulheres que fingem ser homens). Eu respondi que elas são mulheres que não querem mais ser nós e que não querem mais ser oprimidas como mulheres e/ou Lésbicas. (As pessoas não podem mudar de sexo mais do que podem mudar de espécie. Elas são mulheres que optam pelo privilégio às nossas custas. Eu ouvi/li algumas pessoas dizerem que querem ser homens para conseguir melhores empregos, conseguir mais “garotas” e porque elas temem ser “mulheres velhas”. Eu não entendo porque é esperado que nós não apenas os apoiemos, mas que também priorizemos seus desejos acima das Lésbicas. Geralmente todos são considerados mais importantes que as Lésbicas.)

 I had just begun to protest the comment, when the het-looking woman began to lecture me with the trans cult line: “You have no idea what it’s like to grow up never feeling like you fit in.” Seriously? Had she not bothered to look at me?  Anyone can tell immediately on seeing me that I grew up exactly like she had described – knowing I never fit in as a “normal,” proper feminine girl. I have always felt like an outsider because I hated and rejected male-identified “femininity” from my earliest memories. I had no politics or support — not one book or film that showed Lesbians in anything other than the most horrible, degrading, terrifying stereotypes. You certainly couldn’t turn on the television like now, and see much-loved public Lesbians. Meanwhile, many F2Ts actually are Fem or het/bisexual women (who want sexual access to Gay men) who grew up fitting in quite well. But here was an example of the experiences of Butches being taken from us – appropriated – by a privileged Fem who was oppressing a less privileged Butch on behalf of F2Ts who had betrayed us both. 

Eu tinha acabado de começar a protestar contra o comentário, quando a mulher de aparência hétera começou a me ensinar com a cultura da linha trans: “Você não tem ideia de como é crescer sentindo que nunca se encaixa”. Sério? Ela não se incomodou em olhar para mim? Qualquer um pode dizer imediatamente ao me ver que eu cresci exatamente como ela havia descrito – sabendo que eu nunca me encaixei como uma garota feminina “normal”, apropriada. Eu sempre me senti como uma estranha porque eu odiava e rejeitava a “femilidade” identificada por homens desde as minhas primeiras lembranças. Eu não tinha política nem apoio – nem um livro ou filme que mostrasse as Lésbicas em algo além dos estereótipos mais terríveis, degradantes e aterrorizantes. Você certamente não poderia ligar a televisão como agora, e ver Lésbicas públicas amadas. Enquanto isso, muitas F2Ts na verdade são mulheres Fem ou héteras/bissexuais (que querem acesso sexual a homens gays) que cresceram muito bem. Mas aqui está um exemplo das experiências de Butches sendo tiradas de nós – apropriadas – por uma Fem privilegiada que estava oprimindo uma Butch menos privilegiada em nome de F2Ts que nos trairam.

 Meanwhile, for the feminists wanting to support women to not want to “transition,” they really should think about if they look het and male-identified feminine that their choice makes it much harder for any woman who refuses male rules,  because that makes them feel more alone, marginalized, and  perceived as “freaks”. Perhaps if they don’t care about how Butches are oppressed, they will care at least for the het, bisexual, and Lesbian Fems who say they are men. 

Enquanto isso, as feministas que querem dar suporte às mulheres para que elas não “transicionem” deveriam pensar se sua aparência extremamente hétera e feminina identificada-com-homens não torna tudo mais difícil para qualquer mulher que recuse as regras masculinas, porque as fazem sentir sozinhas, marginalizadas e “bizarras”. Talvez elas não se importem com como Butches são oprimidas, mas sim com suas amigas héteras, bissexuais ou Lésbicas Fems que dizem que elas são homens.

 Then another Hard Fem at the brunch told us about how her nineteen year old daughter was a Butch who was lovers with another teenaged Butch. To me, this sounded rare and wonderful. But the mother was very upset because her daughter’s lover was “too Butch” and she preferred her to be with a more “womanly” Lesbian. When I protested, the first woman said confidingly to me, “It’s really more about class.” Meaning the young Butch was just too blatantly poverty class to be good enough for her daughter. 

Então outra Hard Fem no “brunch”nos contou que sua filha de dezenove anos era uma Butch que estava apaixonada por outra adolescente Butch. Para mim isso soa raro e maravilhoso. Mas a mãe estava muito desapontada porque o amor de sua filha era “Butch demais” e ela preferiria que a filha estivesse com uma Lésbicas mais “feminina”. Quando eu protestei, a Mulher me disse confiantemente: “É realmente mais sobre classe”. O que significa que a jovem Butch era descaradamente pobre demais para ser boa o suficiente para sua filha.

 Sometimes I despair about Lesbians and women. But then I remember what all this means politically – it is clearly about the worshipping of patriarchal oppressive standards which too many women have adopted as their own – and that means that these attitudes and ways of hurting other women can be changed, just as some formerly right wing women have changed and now fight for justice. But unlike with other issues of privilege and oppression, specifically Lesbian issues are ignored. Our communities have been inundated with women who were determinedly het, sometimes for decades, often with the privilege and arrogance that that means. Unless they examine and change their lesbophobic and Lesbian-hating attitudes and politics, they undermine and destroy our communities. 

Algumas vezes eu me desanimo com as Lésbicas e outras Mulheres. Mas então eu me lembro o que tudo isso significa politicamente – tudo isso é claramente sobre a adoração de padrões opressivos patriarcais que muitas mulheres tem adotado como seu pŕoprio padrão – e isso significa que essas atitudes e esses meios de se ferir outras mulheres podem ser mudados, assim como algumas mulheres de direita mudaram e agoram lutam pela justiça. Mas diferentemente de outros temas de privilégios e opressões, os temas especificamente Lésbicos são ignorados. Nossas comunidades foram inundadas com mulheres que foram determinadamente héteras, algumas vezes por décadas, frequentemente com os privilégios e a arrogância que isso traz. A menos que elas examinem e mudem suas atitudes e políticas lesbofóbicas elas enfraquecerão e destruirão nossas comunidades.

 The reason we wrote our book was to explain the internal factors among Lesbians and feminists that keep us from fully allying and fighting patriarchy. Recognizing female-hating and Lesbian-hating – which means recognizing all the ways that women who are more allied with, identified with, and committed to patriarchal standards betray Lesbians and women who have rejected those male rules – is the only way we can have truly loving, diverse and egalitarian Lesbians communities. This is in addition to fighting other oppressions among us, such as racism, classism, ableism, ageism, fat oppression, etc. Other feminists have written about these issues, but almost no one has named the oppression of Butches, Lifelong Lesbians, and Never-het Lesbians in Lesbian communities as well as in patriarchy. If anything, growing up as a lone Lesbian or Butch, feeling like you never belonged, being ostracized and put down by other girls, family, neighborhoods, schools, etc. is said to be “lucky” or a “privilege.” 

A razão de termos escrito nosso livro foi tentar explicar fatores internos entre Lésbicas e feministas que nos impedem de nos aliar e lutarmos contra o patriarcado. Reconhecer a misoginia e a lesbofobia – o que significa reconhecer que as mulheres que são aliadas, identificadas e comprometidas com os padrões patriarcais traem Lésbicas e mulheres que rejeitam essas regras – é o único meio pelo qual podemos ter comunidades Lésbicas verdadeiramente amáveis, diversas e igualitárias. Adicionalmente, devemos lutar contra outras opressões dentre nós, como o racismo, classismo, discriminação de deficientes, discriminação por idade, gordofobia, etc. Outras feministas escreveram sobre esses temas, mas quase nenhuma nomeou a opressão das Butches e Sempre-Lésbicas nas comunidades Lésbicas ou no Patriarcado. Crescer como uma Lésbica ou Butch sozinha e nunca se sentindo pertencente, ou sendo ostracizada e degradada por outras garotas, família, vizinhos, escolas, etc é considerado “sorte” ou um “privilégio”.

 Lesbians who betray other Lesbians on behalf of patriarchy, to make themselves more comfortable, do end up hurting themselves as well. But they still benefit from the power they wield over other Lesbians, sometimes including their own daughters. 

Lésbicas que traem outras Lésbicas a favor do patriarcado, para deixá-las mais confortáveis, acabam também por machucar elas mesmas. Mas elas ainda assim se beneficiam do poder que elas ganharam sobre outras Lésbicas, algumas vezes incluindo suas próprias filhas.

 I experienced another example of common anti-Lesbian attitudes recently at a Lesbian party in a town known for being right wing and mainstream. A Lesbian I was talking with said that she felt different from the others at the party. Since common introductions at some of these events consist of: “What do you do?” (career talk), “My children…,” “My grandchildren…,” I was very curious how she felt different. But then she said, “I’m more suburban, I don’t like the word Lesbian, and I want to be more normal.” She looked almost startled for a moment when she realized what she’d said. She’s not the only one to feel like that. Self-hatred is sad enough, but it’s worse when it affects other Lesbians as well. 

Eu recentemente experienciei um outro exemplo de atitude lésbofóbica bem comum em uma festa Lésbica em uma cidade conhecida por ser conservadora e mainstream. Uma Lésbica com a qual eu estava conversando disse que ela se sentia diferente das outras da festa. Já que a conversa inicial nesses eventos sempre consistiam de “O que você faz?” (conversa sobre carreira), “Meus filhos…”, “Meus netos…”, eu estava bem curiosa do porquê ela se sentia diferente. Mas então ela disse: “Eu sou mais suburbana, eu não gosto da palavra Lésbica e quero ser mais normal”. Ela aparentou se assustar por um momento ao perceber o que ela estava dizendo. Ela não é a única a se sentir dessa maneira. Auto-ódio é muito triste, mas é pior quando ele afeta também outras Lésbicas.

Feminilidade é uma Escolha

 I want to talk about how assimilating into men’s rules for how girls and women “should” look hurts Butches, but I also don’t want to upset my friends who do choose to look male-defined feminine. There are many compromises that we all make. I have a Dyke Separatist friend in her twenties who said, “I have to look like this — gesturing to her long, styled hair and feminine clothing — if I want a lover.” It’s not true, but any increase in privilege does give an increase in options. If it’s that difficult for someone who’s prime age, how much harder is it for old Lesbians who are being subjected to ageism as well as disapproval for looking like Dykes? 

Eu gostaria de falar sobre como a ideia masculina de como as garotas e mulheres “deveriam” aparentar, prejudica as Butches, mas não quero aborrecer minhas amigas que escolheram um visual feminino, identificado com os homens (3). Há muitos compromissos que todas nós fazemos. Eu tenho uma amiga dyke separatista na faixa dos 20 anos que disse, “Eu tenho que parecer assim – gesticulando seu cabelo comprido e roupas femininas – se eu quiser uma namorada”. Não é verdade, mas qualquer aumento em privilégio também aumenta as opções. Se é tão difícil para alguém com idade privilegiada, quanto mais é para Lésbicas idosas que estão sujeitas ao etarismo, bem como à desaprovação por parecerem Sapatões?

 Looking extremely feminine also improves Lesbians’ and women’s career options. Some women singer/songwriter/musicians know that being respected, with their skill and talent recognized and appreciated, is greatly influenced by how they look. They are expected to look “beautiful” by feminine standards. I don’t criticize them or any woman for this, but I just want to stir awareness for women to support women who will not or cannot fit male dictates for what a woman is supposed to look like. 

Parecer extremamente feminina também aumenta as opções de carreira para Lésbicas e mulheres. Algumas mulheres cantoras/compositoras/musicistas sabem que ser respeitada, ter seu talento e habilidades reconhecidos e apreciados é algo largamente influenciado por sua aparência. É esperado que se pareçam “lindas” pelos padrões femininos. Eu não critico essas ou qualquer outra mulher por isso, mas quero despertar a consciência para as mulheres apoiarem outras que não querem ou não podem se encaixar nos decretos masculinos de como uma mulher deveria se parecer.

 I don’t mean to make anyone who chooses to look feminine feel bad. But there is no way to talk about the increase in butchphobia and Butch-hatred without talking about enforcement of male-created femininity. We can’t stop societal and male hatred of us, but women can stop policing girls and other women to obey male rules. And since women who fit in with patriarchal standards are more likely to be listened to and taken seriously, het Radical Feminists can be importan allies and friends. 

Eu não tenho a intenção de fazer com que ninguém que escolha parecer feminina se sinta mal. Mas não há como falar sobre o aumento do ódio às butches sem falar sobre a reprodução da feminilidade criada pelos homens. Não podemos parar com o ódio social e masculino contra nós, mas mulheres podem parar de policiar garotas e outras mulheres para que obedeçam às leis masculinas. E já que as mulheres que se encaixam nos padrões patriarcais tem mais possibilidades de ser ouvidas ou levadas a sério, Feministas Radicais heterossexuais podem ser aliadas importantes e amigas.

 Lesbian oppression (for being Lesbians) hits Butches much harder than Fems. That is part of why we all need to be aware of it and acknowledge it. Far too many Butches (particularly those who are also oppressed by classism and racism) have already died far too young. Being hated and scapegoated in mainstream patriarchy, among feminists, and even among our own Lesbian people takes a severe toll. (In one year, three Butch friends died from cancer. One had been horribly humiliated and harassed at her birthday party when her family and Lesbian friends ganged up to tell her she should wear dresses. Another time, her Lesbian friends slathered her in grotesque makeup to go to a Lesbian event, to “make her be more like a girl.” She was more of a girl than they ever could be. Even an extreme Fem friend was horrified by how unnatural she looked. I didn’t live near her, so didn’t see her often, and can only imagine what else they did to her. Our immune systems are definitely affected by stress.) 

A opressão lésbica (por ser lésbica) atinge as Butches bem mais forte do que às Fems. Isso é parte de um motivo sobre o qual todas nós devemos nos atentar e reconhecer. Muitas Butches (particularmente as que também são oprimidas pelo classismo e racismo) falecem muito precocemente. Ser odiada e transformada em bode expiatório no patriarcado mainstream, entre feministas e até entre nossas próprias companhias lésbicas tem um alto preço. (Em um ano, três amigas Butches faleceram de câncer. Uma delas foi horrivelmente humilhada e assediada em sua festa de aniversário quando sua família e suas amigas lésbicas se juntaram para dizê-la que ela deveria usar vestidos. Outra vez, suas amigas lésbicas a lambuzaram de uma maquiagem grotesca para ir a um evento Lésbico, para “fazê-la ser mais como uma garota”. Ela era mais garota do que nenhuma delas jamais poderia ser. Até uma amiga Fem extrema estava horrorizada pelo quão artificial ela parecia. Nosso sistema imunológico são definitivamente afetados pelo stress).

 If all Lesbians made sure they were visibly Lesbians, instead of most now passing, that would dramatically change things for us. When the subject comes up, most Lesbians profess to not understanding at all what it means to be Butch or Fem, other than extreme role-playing caricatures. Yet, each woman does daily make a conscious decision about how she will look in the world. There is even a distinct look that some Fems choose, which seems to be a kind of uniform or signal identifying them as Lesbians but which is still clearly Fem and not any way that a Butch would choose to look. 

Se todas as Lésbicas fizessem questão de serem Lésbicas visíveis, ao invés da maioria que está ‘passável’ como hétera agora, isso mudaria dramaticamente as coisas para nós. Quando o assunto surge, a maioria das Lésbicas afirmam não entender, de forma alguma, o que significa ser Butch ou Fem, para além de extremas caricaturas de jogos de papeis. Ainda assim, cada mulher faz diariamente uma decisão consciente a respeito de como ela aparentará no mundo. Há até uma aparência específica que algumas Fems escolhem, que parece ser uma espécie de uniforme ou sinal identificando-as como Lésbicas, mas que ainda assim é nitidamente Fem e longe de se parecer com uma Butch.

 For those who don’t feel safe being out, do try to help fight Lesbian-hating and Butch-hating when you can. For women choosing femininity, do think about why you make that choice. Is it out of fear of harassment? Is it to look “attractive?” For Fems attracted to Butches, you clearly find that look attractive, so why not choose it for yourself? If your reaction is about wanting to look like a “real woman,” and you recoil at the thought of looking like a Dyke, please explore and change your bigotry. There should be groups for Unlearning Butch-hatred and Unlearning Lesbian-hatred as there are about other issues that divide us. Since some non-Lesbians and het women are also working to fight male-identified femininity inside and outside of themselves, I want to acknowledge these women as WFF – Women Fighting Feminization – which reflects that it is a continual and essential process for fighting patriarchy. (An example is our wonderful friend and ally, Megan Mackin, a non-Lesbian, who, in an effort to be supportive to Butches, explored the issue of rejecting femininity at her blog.) 

Para aquelas que não se sentem seguras sobre ser visível: tentem ajudar a lutar contra a lesbofobia e o ódio às Butches quando puderem. Para as mulheres que escolhem a feminilidade: pense a respeito do porquê você fez essa escolha. É por medo do assédio? É para parecer “atraente”? Para Fems atraídas por Butches, você claramente acha esta aparência atraente, então por que não escolhê-la para si? Se sua reação é sobre querer parecer uma “verdadeira mulher”, e você recua ao pensar em se parecer com uma Sapatão (Dyke – 9), por favor explore e mude sua intolerância. Deveriam haver grupos para desaprender o ódio às Butches e desaprender a lesbofobia assim como há sobre outras questões de nos dividem. Já que algumas não-Lésbicas e mulheres heterossexuais também estão lutando contra a feminilidade macho-identificada (14) interna e externamente, quero reconhecer tais mulheres, como por exemplo, a MCF – Mulheres Contra a Feminilização – (24), que reflete um processo contínuo e essencial de lutar contra o patriarcado. (Um exemplo é nossa maravilhosa amizade e aliança, Megan Mackin, uma não-Lésbica que, num esforço de apoiar as Butches, explora a questão de rejeitar a feminilidade em seu blog).

 “Why don’t Lesbians just stop separating and identifying as different? That’s divisive. I don’t even know what a Butch is anyway.”
Well, I guess that’s because you aren’t one and don’t notice or don’t care how we’re being treated. (Most Butches do understand and know who they are, even those in denial.) We wouldn’t need to identify separately if we weren’t made to feel like we don’t belong — if we weren’t being treated as different, other, inferior (including/especially in lover relationships with Fems). Typically, in patriarchy, the most privileged, especially if they are a majority, dominate. They either drive out those they oppress or they bully and insult. Their dominant position is too often taken for granted. Many Fems, particularly those who identify as “radical feminists” and claim to not be Fem, question why the existence of Butches is even mentioned. This is exactly how most het feminists treat Lesbians. 

“Por que as Lésbicas simplesmente não param de se separar e se identificar como diferentes? Isso nos divide. Eu nem sei o que é uma Butch, de qualquer forma”. Bem, acho que isso é por que você não é uma e não nota ou não se importa com a forma como estamos sendo tratadas. (A maioria das Butches entendem e sabem quem são, até as que estão em negação). Nós não teríamos que nos identificar separadamente se não fossemos obrigadas a nos sentir como se não pertencêssemos – se não estivéssemos sendo tratadas como diferentes, outras, inferiores (incluindo/especialmente em relações amorosas com Fems). Tipicamente, no patriarcado, as mais privilegiadas, especialmente se são maioria, dominam. Ou elas expulsam aquelas que oprimem ou fazem bullying e insultam. Sua posição dominante é tomada como garantia. Muitas Fems, particularmente aquelas que se identificam como “feministas radicais” e alegam não ser Fem, questionam porquê a existência de Butches deveria sequer ser mecionada. Essa é exatamente a forma como heterofeministas tratam as Lésbicas.

 Because Butches are a barometer of Lesbian oppression and because the more Butches are maligned, the worse it is for all Lesbians, it’s in all Lesbians’ interest to support Butches. But we completely upset the het-identified world of “normal” lesbophobic Lesbians. The same thing also happens when ex-het Lesbians are dominating a conversation with assumptions that we all have been het, and make jokes about “virgins.” Do we object and say we exist, or do we not put ourselves through the inevitable harassment and attempts to humiliate? It is all about the most privileged Lesbians’ experiences and lives being the most recognized and valued. It’s the classic situation that happens with other issues of privilege and oppression, except that those with otherwise radical politics, too often revert to being right wing when it comes to specifically Lesbian oppressions. 

Pelo fato de as Butches serem um barômetro para a opressão Lésbica e pelo fato de que quanto mais as Butches forem malignizadas, pior será para todas as Lésbicas, é do interesse de todas as Lésbicas apoiar as Butches. Mas nós incomodamos completamente o mundo hetero-identificado (12) das Lésbicas “normais” lesbofóbicas. A mesma coisa também acontece quando Lésbicas ex-héteras dominam uma conversa presumindo que todas nós já fomos heterossexuais e fazendo piadas sobre “virgens”. Nós intervimos e dizemos que existimos, ou evitamos de nos expor ao inevitável assédio e tentativas de humilhação? Tudo tem que ser a respeito de reconhecer e valorizar as experiências e a vida das Lésbicas mais privilegiadas. É a clássica situação que acontece com questões de privilégio e opressão, exceto aquelas com visões políticas radicais (?), frequentemente revertem para extrema direita quando se trata, especificamente, de opressão de Lésbicas.

  For those who just can’t handle their Lesbian-hating bigotry about the existence of Butches, do you really mean to be asking “How dare you exist and how dare you make those of us looking down on you uncomfortable?” Do we not have the right to say we exist and to discuss how and why we are treated differently from other Lesbians and other women? 

Para quem simplesmente não consegue lidar com sua intolerância e lesbofobia a respeito da existência de Butches, vocês realmente querem ficar perguntando “Como você ousa existir e como ousa fazer com que aquelas de nós que te inferiorizam se sintam desconfortáveis?”. Nós não temos o direito de dizer que existimos e de discutir como e por que somos tratadas diferentemente de outras Lésbicas e mulheres?

 Whenever a Lesbian says she doesn’t understand why anyone identifies as Butch, that’s because she’s not Butch and it doesn’t affect her. She’s not hurt for being Butch or she would understand. It’s similar to het women not understanding the importance of Lesbians identifying as Lesbians. (Although there is a difference, because het women could choose to be Lesbians. The Butch choice is made in childhood.) We need to define ourselves because we are not represented in the dominant culture or in most Lesbian cultures. We are rarely, if ever, represented in media images of Lesbians or we’re presented as a horrible stereotype or a joke. Sometimes we’re commented on as a prurient interest of Fems who objectify us. 

Quando uma Lésbica diz que não entende por que alguém se identifica como Butch, isso é porque ela não é Butch e isso não a afeta. Ela não é machucada por ser Butch, caso contrário entenderia. É algo similar às mulheres heteras não compreenderem a importância de as Lésbicas se identificarem como Lésbicas. (No entanto há uma diferença, pois mulheres heterossexuais poderiam escolher ser Lésbicas. A escolha Butch é feita na infância). Nós precisamos definir a nós mesmas porque não somos representadas na cultura dominante nem na maioria das culturas Lésbicas. Somos raramente, quando sequer ocorre, representadas nas imagens de Lésbicas na mídia ou somos apresentadas como um estereótipo horrível ou uma piada. Às vezes somos taxadas como um interesse lascivo de Fems que nos objetificam.

 We are treated as Butch whether we want to be or not. Those who profess to not understand what this issue is about, do treat Butches differently. It’s like those who profess to be unaware of class or classism, claiming to be “class-free.” That’s a privileged option for those in the power position because they are not the ones being treated as inferior, which happens to the class-oppressed whether we identify or not – and the oppressiveness is still there because people do know, whether they are honest with themselves or not. Those of us who are aware of these issues can see it clearly even in personal and written interactions. 

Somos tratadas como Butch quer queiramos ou não. Aquelas que declaram não entender o que significa esta questão, tratam as Butches diferente. É como quem declara que não está consciente sobre classe ou classismo, dizendo ser “livre-de-classe” (26). Trata-se de uma opção privilegiada por quem está em posição de poder por não serem quem está sendo tratada como inferior, o que acontece com pessoas que sofrem a opressão de classe independentemente de nos identificarmos com isso ou não – e a opressão ainda está lá e as pessoas sabem disso, quer sejam honestas consigo mesmo ou não. Aquelas de nós que estão conscientes dessas questões podem percebê-lo até em interações pessoais e escritas.

 Those who deny the existence of class or of Lesbian or Butch oppression are more likely to use their privilege to control, intimidate, and hurt others. Those who dominate always insist there is no oppression. This is what men do to women in denying that misogyny and patriarchy exist. 

Aquelas que negam a existência da opressão de classe e das Lésbicas ou Butches tendem mais a usar seus privilégios para controlar, intimidar e prejudicar outras. Quem domina sempre insiste que não há opressão. Isso é o que os homens fazem às mulheres ao negar que a misoginia e o patriarcado existem.

 I often wonder what Lesbians who deny the existence of Butches think when they hear men and het women and the media joke about us. Do they cringe and then vow to be more obedient to male rules so no het would ever take them for such a despised creature? In spite of Butches being a joke in the mainstream and even Lesbian media, there is so much pressure to feminize girls and women that they rarely show a real Butch. When a “Butch” is mentioned, it’s a feminine woman who is less made up and less drag queen-looking, but who is still clearly not Butch. Even The L Word television series had not one Butch. Orange Is the New Black has a grotesque Butch caricature played by prurient actor Lea DeLaria, who has said she is Fem and has public feminine photos of herself, but she still looks enough like a Butch stereotype to play the travesty of a real Butch. 

Por vezes eu me pergunto o que Lésbicas que negam a existência das Butches pensam quando ouvem homens, mulheres heterossexuais e a mídia caçoando de nós. Elas abaixam as cabeças e então juram ser mais obedientes às regras masculinas para que nenhum hetero as relacione com essa criatura desprezada, a Butch? Apesar de as Butches serem uma piada na mídia mainstream e até mesmo na mídia Lésbica, há tanta pressão para feminilizar garotas e mulheres que raramente se mostra uma Butch de verdade. Quando uma “Butch” é mencionada, trata-se de uma mulher feminina que está menos maquiada e menos parecida com uma drag queen, mas que, ainda assim, evidentemente não é uma Butch. Até a série televisiva The L World não tem nem uma Butch. Orange is the New Black tem uma caricatura grotesca de uma Butch interpretada pela atriz lasciva Lea DeLaria, que declarou ser uma Fem e que tem fotos públicas de si mesmo feminilizada, porém ainda parece como um estereótipo suficiente de Btuch para encenar a paródia de uma Butch de verdade.

 It’s ironic that the “Bechdel test,” which is used to determine how sexist a film is, came from Alison Bechdel, who never once drew a Butch in her syndicated cartoon series, Dykes to Watch Out For, (now in book form) — even though she drew it over decades and showed an otherwise diverse Lesbian community. Yet Bechdel was capable of drawing a boy pissing on a Lesbian and semen dripping from a condom. Many Lesbians thought her non-monogamous, trannie-supporting, genderqueer sado-masochist Fem character with a crewcut, Lois, was Butch, but her look and behavior were the opposite of Butch. Male money and a television network was behind The L Word, but Bechdel’s work was her own choice. Both of these, like the most public “Lesbian sex” books, which were actually written written by bisexual women, did great harm to our Lesbian culture and communities by normalizing and giving a trendy status to porn and sado-masochism and the trans cult. 

É irônico que o “teste Bechdel”, usado para determinas o quão sexista um filme é, tenha vindo de Alison Bechdel, que nunca, nem uma vez, desenhou uma Butch em sua série sindicada de HQ Dykes to Watch Out For (agora em formato de livro) – apesar de ela ter desenhado durante décadas e mostrado de maneira diferenciada uma comunidade Lésbica diversa. Mas Bechdel era capaz de desenhar um garoto cuspindo em uma Lésbica e sêmen pingando de uma camisinha. Muitas Lésbicas pensavam que sua personagem Fem não-monogâmica, trans-aliada, genderqueer e sado-masoquista de cabelo curto, Lois, era Butch, mas sua aparência e comportamento eram o oposto de Butch. Dinheiro masculino e uma rede de televisão estavam por trás de The L World, mas o trabalho de Bechdel foi escolha própria. Ambas as séries, bem como a maioria dos livros públicos de “sexo Lésbico”, que foram na verdade escritos por mulheres bissexuais, causaram grandes prejuízos para a cultura e as comunidades Lésbicas ao normalizar e dar um status de moda para a pornografia, o sadomasoquismo e o culto trans.

 Again, what are they so afraid of? 

Mais uma vez, do que elas tem tanto medo?

 The horror of being called Butch is used to terrorize girls and women into being even more artificial and male-identified feminine. Most women want to placate their oppressors, who, after all, are dangerous. Women then police girls and other women on behalf of men. (Very important to not anger Daddy.) Women who are the most threatening to men are the most policed. This can be subtle – with constant suggestions about “improving appearance,” which just happen to fit in more with male standards – or less subtle, like open ridicule of Butches and Dyke Fems. 

O horror de ser chamada de Butch é usado para aterrorizar garotas e mulheres para que sejam ainda mais artificiais, femininas, macho-identificadas. A maioria das mulheres querem apaziguar seus opressores que, afinal de contas, são perigosos. Então mulheres policiam garotas e outras mulheres em nome dos homens. (Muito importante não irritar o Papai). Mulheres que são mais ameaçadoras aos homens são as mais policiadas. Isso pode ser sutil – com sugestões constantes acerca de “melhorar a aparência”, que só acontecem para se encaixar mais em padrões masculinos – ou menos sutil, como ridicularização declarada de Butches e Dyke-Fems.

 Identifying as Butch can bring up self-hatred since “Butch” is a term so used against us with contempt, but it can also give us pride and a way to share support and culture with others. I believe that identifying who we are gives us a means and language to connect with others and defend ourselves against bad treatment. 

Identificar-se como Butch pode trazer auto-ódio já que “Butch” é um termo tão usado contra nós com desprezo, mas que também pode nos dar orgulho e ser uma forma de apoiar e se aculturar com outras. Eu acredito que nos identificar com quem somos nos traz um sentido e uma linguagem para nos conectarmos com outras e nos defendermos do mau tratamento.

 For those who do love women and Lesbians enough to care, it is easy to learn about who Butches are. I have friends who can immediately recognize Butches. Many can do it from just seeing a photograph or hearing a voice. As a Fem friend said, “Just look around. Butch oppression is obvious.” There is a Butch look that is instantly recognizable. I have seen that same exact look among American Indian, African-American, Maori, Thai, Bangladeshi, Indian, Iranian, Israeli, Chinese, Filipina, Mexican, Serbian, English, French, German, US (from so many backgrounds and races) Butches. 

Para aquelas que amam as mulheres e as Lésbicas o suficiente para se importar, é fácil aprender sobre quem são as Butches. Eu tenho amigas que podem reconhecer Butches de forma imediata. Muitas podem fazê-lo só de ver uma fotografia ou escutar uma voz. Como uma amiga Fem disse, “Olhe à sua volta, a opressão Butch é óbvia”. Há uma aparência Butch que é instantaneamente reconhecível. Eu tenho visto essa mesma aparência entre Butches descendentes de Indígenas, Afro-Americanas, Maori, Thai, Bangladeshi, Indianas, Iranianas, Israelenses, Chinesas, Filipinas, Mexicanas, Servianas, Inglesas, Francesas, Alemãs, Estado-Unidenses (de vários backgrounds e raças).

Apropriação Identitária não é uma forma de celebração

Outra parte da objetificação das Butches é quando Fems clamam ser Butches.

 Another part of the objectification of Butches is when Fems claim to be Butches. 

Não é incomum para Lésbicas Feministas Radicais que são ameaçadas pela menção da existência Butch reivindicarem que nunca foram femininas na infância. Mesmo atrizes se gabam em suas biografias que elas eram verdadeiras molecas (3) quando crianças, embora suas fotos de infância não poderiam parecer mais femininas. Ironicamente, Butches reais odiavam serem chamadas de molequinhos quando crianças pois não queríamos ser identificadas com aqueles que nos atacavam: os meninos. A despeito de muitas tentativas das Fems de prevenir a opressão Butch de ser discutida assim como o apagamento da nossa identidade, parece haver uma profunda percepção de que Butches combatiam o Patriarcado desde o começo de suas vidas, e algumas nos invejam por isso. Eu até mesmo ouvi de uma Fem que se assumiu por volta de seus 50 e que é uma Hard Fem que discute com outras Hard Fem publicamente sobre dicas de maquiagem, dizer que se ela tivesse se assumido antes, teria sido Butch. Então, por que não tentar se parecer ao máximo como uma agora, e apoiar sua amante e outras Butches?

 It’s not uncommon for Radical Lesbian Feminists who are threatened by the mention of Butch existence to claim that they were never feminine as girls. (Even het women actors brag in their biographies that they were ‘real tomboys,” although their girlhood photos could not look more feminine. Ironically, real Butches hated being called “tomboys” as girls because we didn’t want to be identified with our attackers, boys, in any way.) In spite of many Fems’ attempts to prevent Butch oppression from being discussed and to erase our identity, there seems to be a deep awareness that Butches fought patriarchy from the beginning, and so some envy us. I’ve even heard a Fem who came out in her fifties and is an Hard Fem who bonds with other Hard Fems in public about makeup tips, say that if she’d come out sooner, she’d be Butch. Well, then why not try to look as much like a Butch now, and support your lover and other Butches? 

É muito injusto para as mesmas mulheres que quando meninas zombavam e ridicularizavam pequenas Butches (elas pensam que nós não nos lembramos?) agora reivindicarem nossa identidade, mesmo enquanto algumas delas ainda parecem extremamente femininas e nunca poderiam ser lidas como uma Lésbica. De algum modo nós somos ao mesmo tempo desprezadas e no entanto consideradas tendência.

 It’s very unfair for the same women who as girls taunted and ridiculed little Butch girls (do they think we don’t remember?) to now claim our identity, even while some of them still look extremely feminine and would never be taken to be a Lesbian. Somehow we are both despised and yet considered trendy. 

O que é ainda mais inquietante é que muitas dessas Fems estão publicamente posando como estereótipos ofensivos Butch em coleções de fotos e organizações que clamam ser Butch. E elas sempre excedem o número de verdadeiras Butches.

 What is even more upsetting is that many of these Fems are publicly posing and posturing as offensive Butch stereotypes in photo collections and organizations that claim to be Butch. And they always outnumber the real Butches. 

Então há Fems que querem que sua amante seja Butch e não há tantas Butches, então elas empurram as Fems mais Sapatão em um papel Butch de tomar o impacto da opressão Lésbica quando elas saem juntas, de fazer por elas coisas que Butches geralmente aceitam fazer, como aceitar desigualdade no sexo.

 Then there are Fems who want their lover to be Butch and there are not that many Butches, so they push a more Dykey Fem into the Butch role of taking the brunt of Lesbian oppression when they are out together, and to do for them things that Butches often do, like accept inequality in love-making. 

Outras Fems decidem ser autoridades no que significa ser Butch e ainda por cima escrevem incrível propaganda anti-Butch. Um exemplo é o artigo de Carolyn Gage “A Lésbica Butch: Esperança para o Planeta de Sermões Suplementares de uma Tenda de Renascimento Lésbico”. Val Miller e eu escrevemos uma resposta que pode ser lida

 Other Fems decide to be authorities of what it means to be Butch and even write incredibly Butch-hating propaganda. An example is Carolyn Gage’s “The Lesbian Butch: Hope of the Planet from Supplemental Sermons for a Lesbian Revival Tent.” Val Miller and I co-wrote a [response→https://bevjoradicallesbian.wordpress.com/2011/04/27/please-stop-butch-hatred-critique-of-the-lesbian-butch-hope-of-the-planet-by-carolyn-gage/] 

Está se tornando comum em comunidades Lésbicas que não é mais permitido a ninguém questionar a auto-identidade de alguém, não importa quão bizarro, tornando extremamente difícil fazer objeção a mulheres extremamente femininas em grupos Butch. Apropriar nossa identidade é uma coisa, mas é ainda mais danoso quando Fems conseguem posições de poder em organizações Butch, e passam a controlar e influenciar a direção do grupo em políticas de ódio a Butches.

 It’s become standard in Lesbian communities that no one is allowed to question anyone’s self-identity, no matter how bizarre, making it extremely difficult to object to extremely feminine woman being in Butch groups. Appropriating our identity is one thing, but it’s even more harmful when Fems get into power positions in Butch organizations, and control and influence the direction of the group into Butch-hating politics. 

Algumas Fems banem as reais Butches de grupos Butch. Eu estava em tal grupo “Butch” por um ano (nosso objetivo era organizar contínuos grupos Butch fêmea-identificados) com uma Fem que era estereotipadamente feminina em aparência, linguagem corporal, e gestos, até mesmo mencionava constantemente seus filhos (mães Butches não são incomuns mas elas costumam não referir que são mães assim tão frequentemente em grupos políticos). Ela também se identificava como uma “Dominante do Couro” (também conhecido como “sadista”) e trazia um chicote em cada reunião – eu acreditava que em parte para tentar me intimidar (ela parecia tola enquanto brandia seu chicote no entanto). Metade do grupo original saiu ou foi chutado dele, até que eu fui deixada com a Fem e sua aliada Butch. Eu logo fui expulsa, deixando o grupo “Butch” ser liderado por uma Butch e outra Fem sadista.

 Some Fems ban real Butches from Butch groups. I was in such a “Butch” group for a year (our goal was to organize an ongoing female-identified Butch groups) with a Fem who was stereotypically feminine in appearance, body language, and gestures, even constantly mentioned her children (Butch mothers aren’t common and they also don’t refer to being mothers as frequently in political groups). She also identified as a “Leather top” (otherwise known as a “sadist”) and brought a bull whip to every meeting — I believe partly to try to intimidate me. (She just looked silly while brandishing her whip.) Half the original group quit or were kicked out, until I was left with the Fem and her Butch ally. I was soon also kicked out, leaving the “Butch” group to be led by one Butch and one Fem sadist. 

Eu não penso que seja uma coincidência que a maioria das mulheres clamando ser Butch que usam pronomes masculinos para si mesmas são na verdade Fems. Um número de Fems e até mesmo mulheres bissexuais/hetero clamaram ser Butch e mais tarde clamaram ser FTM (Fêmea para Homem, termo para transgêneros que transicionaram de mulher para homem), o que leva muitas pessoas a pensarem que a maioria dessas mulheres são/eram Butch. No livro de Loren Cameron, “Alquimia do Corpo”, as fotos de “antes” mostravam mulheres adultas femininas que “transicionaram” para homem. Muitas dessas mulheres (como Loren mesma e Pat Califia) mais tarde disseram ser homens Gay porque elas voltaram a serem sexuais com homens. Elas são mulheres heteros ou bissexuais que são versões “trans” das “fag hags” (21) (chaveirinho de homens gays, hétero bajuladora de gays). Algumas Butches se tornam heteros quando elas são isoladas e pressionadas, antes de acharem outras Lésbicas. Eu nunca vi uma Butch em uma comunidade Lésbica se tornar hétero.

I don’t think it’s a coincidence that most of the women claiming to be Butch who use male pronouns for themselves are actually Fem. A number of Fems and even het/bisexual women have claimed to be Butch and later claim to be F2Ts, which leads many people to think that the majority of these women are/were Butch. In Loren Cameron’s book, “Body Alchemy,” the “before” photos show adult feminine women who “transitioned” to male. Many of these women (like Loren herself and Pat Califia) later claim to be Gay men because they return to being sexual with men. They are het or bisexual women who are a “trans” version of fag hags. Some Butches became het when they were isolated and pressured, before finding other Lesbians. I have never known a Butch in a Lesbian community to go het. 

Muitas dessas mulheres até mesmo usam maneirismos e estilos de fala que são de homens Gays estereotipados, refletindo quão influenciadas elas são por homens Gays.

Many of these women even use mannerisms and speaking styles that are like stereotypical Gay men, reflecting how influenced they are by Gay men. 

Mas a pior apropriação que eu já vi ocorreu na conferência Butch Voices (Vozes Butches) em 2012, a qual já estava mal com Fems posando como Butches e em posições de poder. Ao mesmo tempo que nos proibiam de apresentar qualquer oficina Butch para fêmeas apenas, elas permitiam duas oficinas de homens reivindicando ser Butch. Os homens simplesmente pareciam Drag Queens com maneirismos e tipos de voz similares a de homens Gays e eram nada parecidos com mulheres e muito menos com Butches. Um deles, Tobi Hill-Meyer, que foi criado por Lésbicas, foi então recebido num quadro de Vozes Butch, mesmo que ele não tivesse nenhuma cirurgia e seja um pornógrafo que posta fotos de seu pênis na internet.

But the worst appropriation I’ve seen happened at the Butch Voices conference in 2012, where it was bad enough that Fems posing as Butches were in power positions. Even while forbidding us to present any female-identified Butch workshops, they allowed two workshops by men claiming to be Butch. The men simply looked like drag queens with mannerisms and voice patterns similar to Gay men and were nothing like women and even less like Butches. One of them, Tobi Hill-Meyer, who was raised by Lesbians, was then welcomed onto a board of Butch Voices, even though he has had no surgery and is a pornographer who posts photos of his prick online. 

Esses homens não têm qualquer vergonha de apropriar nossa identidade e raro espaço. Eu realmente sinto que se eles pudessem matar Butches de verdade e tomar nossas peles, eles o fariam. Mas como todo homem mascarando-se como Lésbicas, eles nunca poderão ter o que mais querem – eles nunca podem ter acesso consensual sexual e paixão com uma Lésbica, porque qualquer mulher que poderia concordar em ser íntima com eles não é mais uma Lésbica.

 These men had no shame about appropriating our identity and rare space. I really feel that if they could kill real Butches and take our skin, they would. But like with all men masquerading as Lesbians, they can never have what they most want – they can never have consensual sexual access and passion with a Lesbian, because any woman who would agree to be intimate with them is no longer be a Lesbian. 

Capítulo 4 Original

Ódio às Butches é Lesbofobia

Bev Jo, Linda Strega, and Ruston

Parte 1

Opressão Butch

 We originally wrote this chapter as two articles that countered the increasing glorification of male-identified femininity and role-playing in most Lesbian publications and among individual Lesbians.1 This reactionary trend is part of the growing acceptance of heterosexist values among Lesbians in all the countries we have information about. We have to fight it, because ignoring it means contributing to it. 

Nós originalmente escrevemos esse capítulo como dois artigos que rebatiam a crescente glorificação da feminilidade-macho-identificada (14) e jogo de papéis (18) na maior parte das publicações Lésbicas e entre Lésbicas individuais. Essa tendência reacionária é parte da aceitação de valores heterossexistas entre Lésbicas em todos os países dos quais temos informações. Temos que lutar contra essa tendência pois ignorá-la significa contribuir para tal.

Opressão Butch

Butch oppression is a difficult issue to deal with because there are so many conflicting definitions of what it is to be Fem or Butch. Butches are the Lesbians who, as girls, rejected patriarchal male rules to feminize, and refused to play the role designed by men for women. Fem Lesbians are those who accepted that male-defined feminine, to various degrees, as girls.

Opressão de Butches é um tema difícil de se lidar porque há muitas definições do que seria ser Fem ou Butch. Butches são as lésbicas que, já como meninas, rejeitaram regras patriarcais para feminilização e se recusaram a encenar papéis designados pelos homens para as mulheres. Lésbicas Fems são aquelas que aceitaram a feminilidade definida pelos homens, em vários níveis, enquanto garotas.

We use the term Butch oppression (and Fem privilege) for what many Lesbians call “roles” and “role-playing.”  “Roles,” as it’s usually used, implies that Butches and Fems have equal power or that only Lesbians who define themselves as “Butch” or “Fem” are in roles.  But this is a political issue of power inequality — and is as serious and real as any other inequality that Dykes work to change. Our language should name the real core of the issue. “Butch oppression” makes it clear that Fems have the power and the privilege over Butches.

Nós usamos o termo opressão de Butches (e privilégio Fem) para o que muitas Lésbicas chamam de “papéis” e “jogo de papéis”. “Papéis” como usualmente usado, implica que Butches e Fems tem poder igualitário ou que somente Lésbicas que se definem como “Butch” ou “Fem” atuam “papéis”. Mas esse tópico é sobre desigualdade de poder – e é um tópico sério e real como qualquer outra desigualdade que Sapatões trabalham para mudar. Nossa linguagem deveria nomear o centro real do tópico. “Opressão de butches” deixa claro que as Fems detém o poder e o privilégio sobre as Butches.

We use the word “roles” to mean the basic core identities of Butch and Fem that all Lesbians have developed in childhood (and which are not a result of genetics or hormones.) We say “role-playing” to mean deliberate role-playing as well as all the ways Fems maintain power over Butches, including sexual and social behavior, political beliefs, appearance, self-image, and manner.

Nós usamos a palavra “papéis” para designar identidades centrais de Butch e Fem que todas as Lésbicas desenvolveram na infância (e que não são resultado de genética e hormônios). Nós dizemos “jogo de papéis” para designar deliberadamente a encenação de papéis assim como as vias pelas quais as Fems mantém poder sobre as Butches, incluindo comportamento sexual e social, posicionamentos políticos, imagem pessoal e trejeitos.

We want to make it clear that we’re against role-playing. Acknowledging Butch oppression does not mean supporting role-playing. To think that it does is like saying acknowledging Lesbian existence supports stereotypes against Lesbians.  When we talk about all Lesbians being Butch or Fem, we’re using these definitions to make it possible for Butch oppression to be fought. Just as it’s impossible to fight classism if some Lesbians claim to be class-free, it’s impossible to end role-playing as long as some Lesbians deny their Butch and Fem core identities.

Nós queremos deixar claro que nós somos contra o jogo de papéis. Reconhecer a opressão das Butches não significa apoiar o jogo de papéis. Se formos seguir o racicínio dessa falácia, diríamos que reconhecer a existência Lésbica apoia estereótipos contra Lésbicas. Quando nós falamos sobre todas as Lésbicas como Butch ou Fem, nós estamos usando essas definições para tornar possível que a opressão contra Butches seja combatida. Assim como seria impossível combater o classismo se algumas Lésbicas se considerassem ‘sem classe’, é impossível terminar o jogo de papéis enquanto algumas Lésbicas negarem suas identidades centrais Butch e Fem.

This is a complex issue. The terms are loaded, the definitions are contradictory, and, more than any other issue among Lesbians, the thought of it brings up intense Lesbian-hatred. To admit your Butch and Fem core identity in a responsible way means declaring your commitment to strong Dyke identity, which takes a lot of courage. Unfortunately, most Lesbians who openly identify themselves as Fem (and to a lesser extent, Butch) aren’t doing it responsibly, or even accurately. They’re just glorifying role-playing as “sexy” and “fun.”  But role-playing, including the intense versions played by Lesbians who deny they play Butch and Fem core identitys, is hurtful and damaging to Lesbians, individually and as communities.

Esse é um assunto complexo. Os termos são carregados, as definições contraditórias e, mais do que qualquer outro assunto entre Lésbicas, somente o fato de se mencionar resulta em intensa lesbofobia. Admitir sua identidade central Butch ou Fem de um modo responsável significa declarar seu compromisso a uma identidade Lésbica forte, o que necessita de muita coragem. Infelizmente, a maior parte das Lésbicas que abertamente se identificam como Fem (e em alguma extensão como Butches) não estão sendo responsáveis ou sequer acuradas. Elas estão somente glorificando o jogo de papéis como “sensual” e “divertido”. Mas jogo de papéis, incluindo as intensas versões jogada por Lésbicas que negam que possuem identidades centrais Butch ou Fem, é danoso e nocivo às Lésbicas, individual e comunalmente.

The male origin of femininity is clear. We agree with the basic feminist writings of the early 1970′s that rejected all forms of femininity. Men demand that women caricature ourselves for men’s benefit. Identifying and rejecting that crap is the way to find our true, innate female selves. Even non-Lesbian feminists worked on these politics in consciousness-raising groups in the past.

A origem da feminilidade criada pelo homem é clara. Nós concordamos com os escritos feministas dos anos 70 que rejeitam todas as formas de femilidade. Os homens demandam que nós mulheres caricaturemo-nos para benefício deles. Identificando e rejeitando essa merda é o caminho para encontrar nossa verdadeira e inata personalidade feminina. Até mesmo não-Lésbicas feministas tabalharam nesse tópico em grupos de tomada de consciência no passado.

We are so subjected to the propaganda of femininity being natural womanhood that it can be hard to see through the lies. For instance, growing up with caricatured images of female cartoon animals from our earliest memories has an impact. Look at real wild female animals – not the poor inbred pets with pink bows in their fur – and you see none of the mannerisms and movements that we’re taught are intrinsically female.

A propaganda da feminilidade é tão internalizada sendo a ‘mulheridade natural’ que pode ser difícil de ver através das mentiras. Por exemplo, crescendo expostas à imagens caricaturizadas de fêmeas animais nos desenhos animados desde nossa mais tenra memória, causa um impacto. Olhe para animais fêmeas – não para os pobres animais domésticos produzidos por endogamia com manchas rosas na pele – e você verá nenhum trejeito e movimentos que aprendemos que são intrinsecamente de fêmeas.

Yet many Lesbians, including those who consider themselves radical, still admire and emulate that male facade. They’ve embraced femininity. Even though it is so clearly a self-absorbed, narcissistic, unnatural state, these Lesbians believe that it is true femaleness, and so they set up Femness as the acceptable norm for Lesbians.

Mesmo assim muitas Lésbicas, incluindo aquelas que se consideram radicais, ainda admiram e imitam essa fachada masculina. Elas adotaram a feminilidade. Mesmo sendo um estado claramente egoísta, narcisista e artificial, essas Lésbicas acreditam que é a verdadeira feminilidade. E assim elas estabelecem o ser Fem como a norma aceitável para Lésbicas.

Besides the obvious signs of femininity in clothes, makeup, and mannerisms, and in articles glorifying femininity in Lesbian and feminist publications, there are also subtle undercurrents of feminization among Lesbians. In this chapter, we confront both the obvious and the subtle.  Looking past the tangle of lies we’re taught from the moment we’re born means facing the fact of being Lesbian in a whole new way — a reality that’s far removed from the world of “normal” het women.

Além dos óbvios sinais de feminilidade em roupas, maquiagem, trejeitos e em artigos glorificando feminilidade em publicações Lésbicas e feministas, há também subcorrentes sutis de feminilização entre Lésbicas. Nesse capítulo, nós confrontamos ambas: as óbvias e as sutis. Analisar no passado o emaranhado de mentiras que nos foram ensinadas desde o momento que nascemos significa enfrentar o fato de ser Lésbica de uma forma totalmente nova – uma realidade que é removida do mundo da mulher hétero ‘normal’.

There are differences among Fems: The extremely feminine Hard Fems are at one end of the scale — they internalize male ideals of womanhood, which requires continually viewing themselves as if through men’s minds until men’s ideals feel like their own. At the other end, Dyke-identified Fems are repulsed by most aspects of femininity. Fems’ Lesbianism is obviously a major resistance against male values and male appropriation of women. But our basic femininity and recognition by the het world as “women” remains. (Since we’re two Fems and one Butch, we generally use the terms “we” when writing about both groups.) We can choose to grow less feminine in thought, action, manner, looks, and clothes. However, nothing can change the fact that Fems grew up feeling accepted as real girls and real women, and so were spared the agony, punishment, abuse, and self-doubt of being ostracized as “abnormal.” Most likely, the reason girls become feminine is the same reason Lesbians choose to remain feminine, go back to being more feminine, or pressure other Lesbians to become feminine –that is, so they can fit in, feel acceptable, and not think of themselves as unnatural.

Há diferenças entre Fems: as Hard Fems extremamente femininas estão em uma extremidade da escala – elas internalizaram ideais masculinos sobre a mulheridade, o que requer que elas continuamente se vejam através da mente masculina até que os ideais masculinos pareçam delas mesmas. Na outra extremidade, uma Fem Lesbo-identificada (16) rejeita a maioria dos aspectos da feminilidade. O lesbianismo Fem é obviamente uma grande resistência aos valores masculinos e à apropriação da mulher pelo homem. Mas a idéia de feminilidade e o reconhecimento de ‘mulher’ pelo mundo hétero continua. (Desde que somos duas Fems e uma Butch escrevendo nós geralmente usamos o termo “nós” quando escrevemos). Nós podemos escolher crescermos menos femininas em nossos pensamentos, ações, comportamentos, aparência e roupas. Mas nada pode mudar o fato de que Fems cresceram se sentindo aceitas como garotas e mulheres “de verdade”e foram poupadas da agonia, punição, abuso e dúvida de ser ostracizada como “anormal”. Provavelmente, a razão pela qual garotas se tornam femininas é a mesma razão pela qual Lésbicas escolhem permanecer femininas, ou voltar para a feminilidade, ou pressionam outras Lésbicas para se tornarem femininas – ou seja, elas podem se encaixar, se sentir aceitas e não pensar nelas mesmas como artificiais.

I’ve often heard Fems say, in defense of men who claim to be Lesbians, “You have no idea what it feel like to grow up never feeling like you fit in or belong.” Yet, unlike most of these men, that is exactly what Butch girls feel like growing up. But typically, men’s feelings are considered more important than women’s. 

Eu frequentemente ouvi Fems dizer, em defesa dos homens que clamam serem Lésbicas, “Você não faz idéia de como é crescer sentindo que você não se encaixa e não pertence”. Ainda que, ao contrário da maior parte desses homens, isso é exatamente como garotas Butch se sentem enquanto crescendo. Mas tipicamente, sentimentos dos homens são considerados mais importantes do que sentimentos das mulheres.

Most Butches who acknowledge being Butch clearly remember hating and resisting femininity when we were little girls. This is more than being a “tomboy,” which many Fems claim to have been. A Butch’s resistance brings extreme punishment:  she’s described as abnormal, queer, a woman-who-wants-to-be-a-man; she’s often beaten, raped, institutionalized, psychiatrically tortured (including being subjected to electroshock, drugs, and psychosurgery), and/or disowned by her family, for not “acting like a woman.” Her resistance does not EVER win her the privileges that men keep for themselves. Because men know she’s indeed a female, and a most rebellious one, she’s made an example of for all contemplating resistance. She has “stepped out of her proper place” and “gotten above herself.” Butch oppression originates with men saying, in effect, “This is how patriarchy punishes resisters.”

A maior parte das Butches que se reconhecem sendo Butches claramente se lembram de odiar e resistir à feminilidade quando garotinhas. Isso é mais que ser uma “moleca” (3), o que muitas Fems clamam terem sido. A resistência de uma Butch traz punições extremas: ela é descrita como anormal, bizarra, uma mulher que quer ser um homem, ela é frequentemente espancada, estuprada, internada, torturada psicologicamente (incluindo ser sujeita à choques elétricos, drogas e psicocirurgia), e/ou deserdada por sua família por não ‘agir como uma mulher’. Sua resistência nunca a garante os privilégios que os homens detém para eles mesmos porque os homens sabem que ela é, na verdade, mulher, e a mais revoltosa, ela é feita um exemplo para todas as que pensem em resistir. Ela “saiu do seu lugar” e “se orgulhou demais de si mesma”. A opressão sobre as Butches, na verdade, se origina com homens dizendo: “Isso é como o patriarcado pune resistentes”.

Many Fems, especially Separatists, are strongly Dyke-identified and genuinely want all Dykes to have equal, loving friendships and relationships. Adoration of femininity is no more acceptable to Dyke-identified Fems than it is to aware Butches, and that’s why we (Linda and Ruston), as Fem Dykes, are as willing to fight Fem privilege as Butch Dykes are.  Becoming aware for the first time that being Fem puts you in a position of privilege can be disturbing, but that hasn’t stopped many Fems from taking that new awareness as a chance to strengthen our Dyke identities and work toward stronger Dyke communities.

Muitas Fems, especialmente as separatistas (25), são fortemente sapatão-identificadas (16) e genuinamente querem que todas as sapatões tenham amizades e relacionamentos igualitários e amorosos. Tanto as as Fems sapatão-identificadas como as Butches conscientes não aceitam adoração à feminilidade, e é por isso que nós (Linda e Ruston), como Fem-Dykes (8), estamos tão dispostas quanto às Butches a lutar contra o privilégio Fem. Tomar consciência que ser uma Fem te coloca em uma posição de privilégio pode ser perturbador, mas isto não tem evitado que muitas Fems façam essa tomada de consciência como uma chance para fortalecer nossa identidade sapatão e trabalhar o fortalecimento de comunidades sapatão.

For many Dykes, the very mention of Butch and Fem is upsetting because it seems to prove male lies about us.  One of the most common stereotypes of Lesbians is that we “play roles.” Therefore, many Lesbians insist roles don’t exist or that only the most “unfeminist,” “uneducated,” “male-identified” Lesbians “play roles.”  Roles are supposed to be a thing of our “sleazy,” “perverted” past that feminism cured. These condescending, Lesbian-hating politics discredit and malign anyone who dares to try sorting out the complex truth, which is that most women, whether Lesbian or het, choose to be Fem from girlhood.

Para muitas sapatões, até a menção de Butch e Fem é decepcionante porque parece provar as mentiras dos homens sobre nós. Um dos mais comuns estereótipos sobre Lésbicas é que nós ‘encenamos papéis’. Entretanto, muitas Lésbicas insistem que papéis não existem ou que somente a mais não-feminina, deseducada, macho-identificada das Lésbicas ‘atua em papéis’. O ‘jogo de papéis’ parece ser uma parte “desprezível” e “perversa” do nosso passado que o feminismo curou. Essa política condescendente e lesbofóbica desacredita e calunia qualquer uma que ousa desvendar a verdade complexa, que é a que a maior parte das mulheres, sejam elas Lésbicas ou héteras, escolhem ser Fem desde a infância.

Since the 1980’s, there’s been a glorification of role-playing.  Some newer Lesbians think of roles as a trendy game, imitating mainstream hets’ reactionary return-to-the-1950′s nostalgia (with 1950′s racism, Queer-bashing, and stagnation).  Some Lesbians we’ve known who were unconsciously playing the Fem role began to be conscious and deliberate about it when they realized it could increase their privilege. So roles are either considered a reactionary topic we should avoid or the key to the hottest Lesbian sex, especially if played in an sado-masochistic setting. Also, there are a lot of Fems who think it’s fun to play at being Butch, the same way some class-privileged Lesbians make a game of downward mobility. Some of these Fems are the most vocal about being “Butch,” which adds to the general confusion about Butch and Fem core identitys. They are also the most likely to harass other Fems for being feminine.

Desde a década de 80, há uma glorificação do jogo de papéis. Algumas Lésbicas mais novas vêem o jogo de papéis como uma tendência, imitando o retorno reacionário, senso comum e hétero à nostalgia dos anos 50 (com o típico racismo, homofobia e estagnação dessa época). Algumas Lésbicas que nós conhecemos, e que inconscientemente atuavam o papel Fem, começaram a tomar consciência e serem cautelosas quando perceberam que isso poderia aumentar seus privilégios. Assim, papéis são ao mesmo tempo considerados um tópico reacionário que deveríamos evitar ou a chave para um sexo Lésbico quente, especialmente se atuado em atividades sado-masoquistas. Existem também muitas Fems que pensam que é divertido fingir-se de Butch, da mesma forma que algumas Lésbicas de classe privilegiada fingem que são um pouco menos abastadas. Algumas dessas Fems são as mais eloquentes sobre ser Butch o que piora a confusão generalizada sobre as identidades centrais Butch e Fem. Elas são também as mais propensas a assediar Fems por serem femininas.

All these misconceptions make it very hard to even begin dealing with being Butch or Fem in a responsible, political way. But it’s essential to do it because, otherwise, we won’t have equality among ourselves. The issue of Butch oppression is as complex as any other political issue that involves hierarchies among Lesbians. As with any other inequality, ignoring it doesn’t make the problem go away. It persists, affecting how each of us thinks and feels about herself and other Dykes. It affects our political work, our friendships, and our interaction with lovers.  Exploring the truth about Dyke identity, including Butch identity, is the only way to learn to truly value and love each other and ourselves as Dykes.

Todas essas concepções errôneas tornam muito difícil lidar com o ser Butch ou Fem de uma forma responsável e política mas isso é essencial porque, de outro modo, nós não teremos igualdade entre nós. A questão da opressão das Butches é tão complexa quanto qualquer outro tópico político que involva hierarquia entre Lésbicas. Como qualquer outra desigualdade, ignorá-la não a faz desaparecer. Pelo contrário, ela persiste, afetando como cada uma de nós pensa e se sente sobre nós mesmas e outras sapatões. Afeta nosso trabalho político, nossas amizades e nossas interações com nossas parceiras. Explorando a verdade sobre a identidade sapatão, incluindo a identidade Butch, é o único modo de aprender verdadeiramente a dar valor e amor umas às outras e à nós mesmas enquanto sapatões.

Dykes who want to deal with roles aren’t responsible for roles existing. We’re just describing them and trying to fight injustice. We don’t want Lesbians to feel shame, guilt, fear, embarrassment, or to take offense. We’re writing to free Dykes from those feelings.  Nor are we confirming male and het lies about Lesbians. We’re trying to make sense of a confusing situation that causes pain and oppression for Butch Dykes.  Dealing with any issue of inequality is hard and can be painful. No matter how unjust, the status quo of injustice is familiar and can seem safer.  But the damage is severe, while the gains from fighting Butch oppression mean happier, safer, stronger Lesbian communities for all of us.

Sapatões que querem discutir sobre os “papéis” não são responsáveis pela existência desses. Nós somente os estamos descrevendo e tentando lutar contra essa injustiça. Nós não queremos que Lésbicas se sintam envergonhadas, culpadas, temerosas, hesitantes ou que tomem a defensiva e estamos escrevendo justamente para livrar as sapatões desses sentimentos. Nós também não estamos confirmando mentiras masculinas e héteras sobre Lésbicas mas sim tentando esclarecer uma situação de confusão que causa dor e opressão para as sapatões Buches. Lidar com qualquer tópico de desigualdade é difícil e pode ser doloroso. Não importa o quão injusto seja, o status quo da injustiça é familiar e pode ser seguro mas o dano é severo enquanto que os ganhos de se lutar contra a opressão Butch resultariam em uma comunidade Lésbica mais feliz, segura e forte para todas nós.

Some of the oppressive behavior we describe may be similar to something you find yourself doing.  If you realize that it’s just a way you learned to act and identify with, and isn’t who you are deep down inside (otherwise you wouldn’t be a Dyke), then it’s possible to stop being oppressive without feeling personally threatened.  And if you sincerely care about the Dykes you’re oppressing and causing pain, it’s possible to let go of old ways of behaving and change without feeling resentful or bad.

Alguns dos comportamentos opressivos que nós descrevemos podem ser similiares a algo que você perceba usualmente fazer. Se você perceber isso, essa foi só uma maneira pela qual você aprendeu a agir e se identificar e não é quem você é no fundo (ou você não seria uma Sapatão), então é possível parar de ser opressiva sem sentir sua personalidade ameaçada. Se você sinceramente se preocupa com as outras Sapatões que você está oprimindo e causando dor, é possível deixar os velhos comportamentos e mudar sem se sentir arrependida ou mal.

Every Dyke we know, both Fem and Butch, who’s had the guts to bring up Butch oppression and Fem privilege has been attacked to her face and in the Lesbian press, and has been subjected to ridicule, condescension, slander, social exclusion, and loss of friendships — all in an effort to suppress the truth.  Obviously we care very much about this issue and are deeply convinced of the accuracy of our understanding, if we’re prepared to risk this sort of reaction. Fems have usually been the most insulting, because this issue threatens their power over Butches.  Those who fear loss of privilege usually become enraged.

Todas as Sapatões que conhecemos, ambas Fems e Butches, que tiveram a coragem de trazer à tona a opressão Butch e o privilégio Fem, foram atacadas diretamente e na imprensa Lésbica, sendo sujeitas ao ridículo, condescência, calúnia, ostracismo e perda de amizades – tudo num esforço para esconder a verdade. Obviamente nós nos preocupamos muito com esse tema e estamos profundamente convencidas da acurância da nossa compreensão estando preparadas para enfrentar esse tipo de reação. Fems usualmente tem sido as mais insultantes porque o tópico ameaça seu poder sobre as Butches. Aqueles que tem medo de perder seus privilégios usualmente se tornam raivosos.

Coming out as Butch is as terrifying and difficult as coming out as a Lesbian or a Separatist without support. The reactions are similar to what happens when someone brings up class in a group for the first time. She usually meets with angry resistance, denial, hostile jokes, unfair accusations, and ostracism by the privileged, which crushes opportunities for major, positive changes in how we think of ourselves and each other.  This destroys our chances for personal happiness and Dyke unity. Such reactions focus sympathy on the outraged Fem, when it’s the Butch who needs support.

Sair do armário como Butch é terrível e tão difícil como sair do armário sem apoio como uma Lésbica ou uma Separatista. As reações são similares ao que acontece quando alguém traz o tema ‘classe’ em um grupo pela primeira vez e se depara com resistência raivosa, negação, hostilidade, piadas, acusações injustas e ostracismo pelos privilegiados o que destrói a oportunidade para uma mudança maior e positiva em como nós pensamos sobre nós mesmas e entre nós assim como nossas chances de felicidade pessoal e unidade sapatão. Tais reações direcionam simpatia para a Fem ofendida quando são as Butches que necessitam de suporte.

Fems who deny that they are Fem are actually saying Butches don’t exist. Most Lesbians deny Butch oppression the same way that most het women deny Lesbian oppression. Some Butches also deny that they are Butch, or that Butches are oppressed, because for Butches, thinking about it brings pain, self-hatred, and fear of exposure to the surface, and because exploring Butch oppression can bring retribution from Fem lovers and friends.

Fems que negam que elas são Fems estão na realidade dizendo que Butches não existem. A maior parte das Lésbicas negam a opressão das Butches da mesma forma que a maior parte das mulheres héteros negam a opressão das Lésbicas. Algumas Butches também negam que são Butches ou que Butches são oprimidas pois, para Butches, pensar sobre isso traz dor, auto-ódio e medo de se expor assim como reconhecer a opressão Butch pode também trazer retaliação de Fem parceiras ou amigas.

When the reality of Butch and Fem identities are acknowledged by Radical Feminist Lesbians, they usually assume that only Butches “play roles.” Fems aren’t considered “Fem,” but are thought of as “just ordinary Lesbians,” because we merge into the mainstream concept of normality. Being more feminine makes us more like women are meant to be in a male-run world. These male standards have been taken for granted for so long that they’re usually assumed to be “natural.”

Quando a realidade das identidades Butch e Fem são reconhecidas por Lésbicas Radicais Feministas, elas geralmente assumem que somente Butches ‘encenam papéis’. Fems não são consideradas “Fem”, pelo contrário, são vistas como “somente Lésbicas normais”, porque nós (Fems) nos misturamos com o conceito senso comum de normalidade. Sendo mais feminina nos faz mais parecidas com o que mulheres devem ser num mundo dominado por homens. Esses padrões masculinos são impostos há tanto tempo que são considerados como ‘naturais’.

If we realize that femininity confers privilege, and therefore social power, and not nurturance, fragility, softness, and warmth, we won’t fall for feminine games.  If we realize that resistance to femininity makes openness, honest directness, a sense of realness, emotional intensity, passion, and Lesbian loyalty more possible, we can release and develop more of those qualities in ourselves and in our communities.  If we don’t reject femininity and the Lesbian-hating, self-hating politics it reflects, we’ll never have fair and equal personal or political relationships, because we won’t be loving and valuing each other as Lesbians.  Discussions about Lesbian ethics will remain an abstract fantasy as long as love and friendship are based on unethical game-playing, manipulation, and objectification.

Se nós compreendermos que a feminilidade confere privilégio, e portanto poder social, e não atenção e cuidado com os demais, fragilidade, suavidade e cordialidade, nós não cairemos no jogo da feminilidade. Se percebermos que a resistência à feminilidade torna mais possível a abertura, a honestidade, o realismo, a intensidade emocional, a paixão e a lealdade Lésbica, nós podemos destravar e desenvolver mais essas qualidades em nós mesmas e em nossas comunidades. Se nós não rejeitarmos a feminilidade e a lesbofobia, o que refleteria auto-ódio, nós nunca teremos relações políticas e pessoais igualitárias porque nós não estaremos amando e dando valor umas às outras como Lésbicas. Discussões sobre ética Lésbica vão remanecer uma fantasia abstrata enquanto o amor e a amizade forem baseadas num jogo antiético de manipulação e objetificação.

Butches como Bodes Expiatórios

Butches mantiveram o Lesbianismo vivo e visível através dos séculos e deveriam ser uma inspiração para todas nós. Butches, que se assumem em tempos e lugares nos quais as mulheres são abertamente posse de pais e maridos, são extremamente corajosas. Elas são as primeiras a serem atacadas, perseguidas, aprisionadas e mortas durante piores períodos de repressão às mulheres e às Lésbicas.

Butches have kept Lesbianism alive and visible over the centuries and should be an inspiration to us all.  Butches who are out in times and places where females are openly owned by fathers or husbands are extremely brave.  They are the first to be attacked, persecuted, imprisoned, and killed during the worst times of female and Lesbian repression.

A opressão Butch é simplesmente uma versão extrema de como todas as Lésbicas são tratadas em um mundo heterossexista. Homens e mulheres heterossexuais muitas vezes usam os termos “Butch” e “Lésbica” intercalados. Homens e mulheres héteros usam Lésbicas como bodes-expiatórios para os crimes masculinos. Lésbicas são retratadas como molestadoras infantis, quando, na verdade, são os homens os estupradores, e quando nós Lésbicas estamos entre as vítimas do estupro destes homens, familiares e desconhecidos. Os homens são bem sucedidos em desviar a atenção da sua própria violência, ensinando mulheres a direcionarem seu ódio e medo a Lésbicas. Transformar Lésbicas em bodes-expiatórios habilita a mulher heterossexual para tanto se encolher de repulsa quando encontra uma Sapatão em um ônibus, para gritar insultos a Sapatão do trabalho, como para continuar cuidando, protegendo e vivendo com o homem que a espanca e estupra suas filhas.

Butch oppression is simply a more extreme version of how all Lesbians are treated by a heterosexist world.  Men and het women often use the term “Butch” interchangeably with “Lesbian.”  Men and het women scapegoat Lesbians for male crimes.  Lesbians are portrayed as girl-molesters, when it’s men who are the rapists, and when Lesbians ourselves are among the many girl victims of rape by male relatives and strangers.  Men have succeeded in diverting attention away from their own violence, teaching women to displace their real rage at and fear of men onto Lesbians. Scapegoating Lesbians enables the het woman who shrinks in revulsion from a Dyke on the bus or who shouts insults at a Dyke at work, to live with, look after and defend a man who beats her and rapes her daughters.

Ser um bode-expiatório é central na opressão Lésbica. Apenas recentemente, veio a público que a maioria das mulheres são vítimas de estupro dos seus familiares homens, tornando óbvio que a maioria dos homens são estupradores. Pela enormidade dessa aterrorização, é necessário para os homens, que desviem a atenção de seus crimes a fim de manter a devoção das mulheres heterossexuais. Butches personificam o Lesbianismo, logo o maior ódio e medo é redirecionado a nós. Butches são retratadas, por heteros e Lésbicas Fem, como insensíveis abusadoras de mulheres; quando, na verdade, são os homens os insolentes genocidas, enquando nós Butches somos os alvos primários tanto da violência masculina como dos abusos de mulheres hetero e Fems.

This scapegoating is central to Lesbian oppression.  It’s become clear only recently that most females are victims of rape by male family, making it obvious that most males are rapists.  The enormity of this terrorization is why males find it necessary to divert attention from their crimes, in order to maintain het women’s devotion.  Butches personify Lesbianism, so the most rage and fear is redirected at us.  Butches are portrayed, by hets and Fem Lesbians, as hardened abusers of women, when it’s men who are callously gynocidal, and when Butches ourselves are prime targets of male violence, as well as abuse from het women and Fems.

A existência das identidades Butch e Fem foi tão distorcida e caluniada por héteros, e a identidade Butch é tão profundamente ligada com a identidade Sapatão e a opressão lgbt, que apenas a menção desta questão traz à tona negação, dor, raiva, e confusão entre as Sapatão mais antigas. Do mesmo modo que traz à tona uma série de estereótipos anti-Butch produzidos por Fems ex-héteros que não se livraram da sua lesbofobia internalizada durante seus tempos heterossexuais.

The existence of Butch and Fem identities have been so distorted and lied about by hets, and Butch identity is so deeply linked with Dyke identity and Queer oppression, that  just mentioning the issue often calls forth denial, pain, anger, and confusion among long-time Dykes. It also calls forth a stream of anti-Butch stereotypes from reactionary ex-het Fems who haven’t rid themselves of the lesbophobia of their het years.

Butches têm o direito de se assumir como Butch, contudo quando o fazemos, a reação de outras Lésbicas é, muitas vezes, idêntica a reação dos heteros quando alguma Lésbica sai do armário. Apesar de toda a pressão, sempre houveram Sapatão que se identificaram como Butch, bem como Butches que não se identificam assim, da mesma maneira que existem Lésbicas assumidas e outras que preferem ser chamadas de “mulheres”, ou “womyn” (13).

Butches have the right to come out as Butch, yet when we do, reactions by other Lesbians are often identical to how hets react to any Lesbian coming out.  In spite of all the pressure, there have always been Dykes who identify as Butch, as well as Butches who won’t, just as there are Lesbians who are clearly out and others who prefer to be called “women,” or “womyn.”

Por décadas, Fems, que se sentiam ameaçadas, me perguntaram: “Por que você não se identifica de outra maneira que não Butch?”. (As últimas duas que me perguntaram isto tinham 1/3 da minha idade). Imagine essa pergunta feita para qualquer outro grupo de Lésbicas oprimidas: para não deixar aquelas em posição dominante desconfortáveis, por que você não abdica da sua identidade?

For decades, I’ve been asked, “Why don’t you identify as something other than Butch?” by threatened Fems. (The last who asked me that was one third my age.)  Can you imagine asking another oppressed, marginalized, and invisiblized Lesbian why she doesn’t just give up her identity so she won’t make those in the dominant position uncomfortable?

Uma análise da opressão Butch com foco Lésbico deve se basear no que sabemos sobre heterossexismo e a lesbofobia. Quem, em primeiro lugar, acusa Lésbicas, principalmente as Butches, de serem “como homens”? De quem é o maior interesse em destruir nossa auto-estima, nos fazendo parecer repulsivas, para nós e para os outros? Quem está mais empenhado em desencorajar as meninas de resistirem à feminilidade e à heterossexualidade? Quem usa Lésbicas, principalmente Butches, como bodes-expiatórios? Nós conhecemos as mentiras masculinas, e sabemos que podemos nos desligar de mais uma rede que danifica nossas relações e nosso próprio núcleo Sapatão. Butches não são como homes. Lésbicas não são o mesmo que casais heterossexuais. Analisar os “papéis” entre Lésbicas significa analisar o privilégio Fem, a opressão Butch, e a hierarquia heterossexual que existe entre nós. Ao invés de presumir que Butches desempenham um papel e Fems estão apenas “sendo elas mesmas”; nós reconhecemos que são as Fems quem aceitaram as artificialidades de um papel, enquanto Butches resistiram a essas artificialidades.

A Lesbian-focused analysis of Butch oppression has to be based on what we know about heterosexism and Lesbian-hatred. Who first accused Lesbians, especially Butches, of being “like men?”  Who first accused Lesbians of imitating heterosexual couples?  Who is the most interested in destroying our self-esteem and making us appear repulsive to ourselves and others?  Who is the most invested in discouraging girls from resisting femininity and heterosexuality?  Who uses Lesbians, especially Butches, as scapegoats?  We know men’s lies, and we know we can extricate ourselves from yet another network of lies that damages us at our very Dykes cores, and at the heart of our relationships with each other.  Butches are not like men.  Lesbians are not the same as het couples. Analyzing “roles” among Lesbians really means analyzing Fem privilege, Butch oppression, and the heterosexual hierarchy that exists among Lesbians. Instead of assuming that Butches are in a role while Fems are just “being themselves,” we need to recognize that it’s Fems who have accepted the artificialities of a role, while Butches have resisted accepting those artificialities.

Mulheres hetero se consideram a norma do que significa ser mulher, da mesma forma que Fems consideram a feminiliadade o padrão pelo qual todas as Lésbicas devem ser medidas. Isso significa que muitas das Fems, talvez a maioria, não se consideram Fems. Elas se vêem apenas como “mulheres”, “womyn” (13) ou (as mais radicais) “Lésbicas” ou “Sapatão” (9). Este mecanismo é similar a mulheres hetero não pensando em si mesmas como mulheres femininas ou mulheres hetero, mas simplesmente como “mulheres”. Resta a nós, Lésbicas, dizer que mulheres hetero não representam todas as mulheres e que elas não são “A mulher”, mas sim um tipo possível de fêmea – caso contrário acabamos por aceitar a definição implícita de nós como não-fêmeas. Da mesma maneira, precisamos ser assertivas quanto à Fems não representarem o Lesbianismo ou a Lésbica ideal.

Het women consider themselves to be the norm of what it means to be “womanly,” just as Fems consider femininity the standard by which all Lesbians should be measured.  This means that many, perhaps most, Fems don’t even consider themselves to be Fem. They think of themselves simply as “Women,” “Womyn,” or (for the most radical) “Lesbians” or “Dykes.” That’s similar to how het women don’t think of themselves as feminine women or het women, but simply as “women.”  It’s left to us as Lesbians to say that het women don’t represent us all, that they aren’t “the Women,” but are just one kind of female — otherwise we end up accepting their implicit definition of us as non-female.  In the same way, we need to assert that Fems don’t represent Lesbianism or the ideal Lesbian.

Somos bombardeadas com padrões femininos desde que nascemos, assim muitas Butches acabam por a acreditar na propaganda que a feminilidade é a maneira “normal” de ser. Isto é similar a como a cultura da classe privilegiada pode parecer mais real, familiar e acolhedora para a Sapatão pobre e de classe trabalhadora do que nossas próprias culturas, é o efeito da propaganda midiática.

We’ve been bombarded with feminine standards since we were born, so many Butches also believe the propaganda that Femness is the “normal” way to be.  This is similar to how the cultures of the class-privileged can seem more real and even cozily familiar to poor and working-class Dykes than our own cultures, because of media propaganda.

A opressão Butch é tão ignorada que, a maioria das Lésbicas, insistem em definições simples quando alguém ousa trazer o assunto à tona. Quando as explicações fáceis se apresentam impossíveis, elas concluem que a questão não é real. Ademais, porque a maioria das Fems deveria se importar se não são elas a serem machucadas? Negar a opressão Butch é como negar qualquer desigualdade – a negação garante a continuidade da opressão.

Butch oppression is so ignored that most Lesbians insist on simple definitions if anyone dares to bring up the subject.  When easy explanations aren’t possible, they conclude that the issue isn’t real.   After all, why should most Fems care when they’re not the ones being hurt?  Denying the reality of Butch oppression is like denying any inequality — denial ensures the continuation of the oppression.

A opressão Butch não é validada como uma questão política. Tanto é, que mesmo Lésbicas radicais fazem piadas sobre Butches e nos subestimam de uma forma que nunca fariam com outros grupos oprimidos. Mesmo que algumas Lésbicas se oponham a discussão e combate do classismo, por exemplo, existe o reconhecimento de que o classismo existe no patriarcado e também entre Lésbicas.

Butch oppression isn’t given validity as a political issue.  Even otherwise radical Lesbians make jokes about Butches and put us down in a way they would never do with other oppressed groups.  Although some Lesbians are opposed to classism being discussed and fought, for instance, at least there’s a recognition that classism exists in patriarchy and also among Lesbians.

Regularmente Fems, e mesmo algumas Butches, não só negam que Butches são oprimidas mas dizem que nós somos opressoras de Fems. Hábitos antigos não morrem, especialmente quando o mundo masculino e hétero nos cerca de pressão para acreditarmos neles. A verdade é que mais Fems se encaixam no estereótipo negativo de Butch do que Butches, incluindo ser “macho-identificada” e “como homem”. Fems, que designam Butches desta forma, estão agindo como homens e mulheres hétero quando falam que Lésbicas são crúeis e horríveis assim como os homens. Fems devem achar isto algo “terrível” de se dizer, mas como pensam que nós Butches nos sentimos quando dizem estas coisas sobre nós?

Often Fems, and even some Butches, not only deny that Butches are oppressed, but say that we’re oppressive to Fems. Old myths die hard, especially when the male and het world all around us constantly pressures us to believe them.  The fact is that more Fems fit negative Butch stereotypes, including being “male-identified” and “like men,” than Butches do. Fems who single out Butches this in way are acting like the men and het women who say that Lesbians are as cruel and horrible as men. Fems may find this a “terrible” thing to say, but how do they think Butches feel to be told such things about ourselves?

Já deveríamos saber que acreditar em estereótipos distorce nossa percepção. Por exemplo, uma Fem que não é expressiva e falante pode ser percebida como “tímida” e “vulnerável”, enquanto uma Butch pode ser chamada de “fria”, “distante” e “taciturna”. Uma Fem que grita de raiva pode ser percebida como “forte” e tendo direito aos seus sentimentos, enquanto uma Butch aumentando sua voz com raiva provavelmente será percebida como “violenta” e “dominadora”.

We should know by now that believing stereotypes distorts our perceptions.  For example, a Fem who isn’t expressive or talkative may be perceived as “shy” and “vulnerable” while a quiet Butch may be called “sullen,” “cold,” and “aloof.”  A Fem who shouts in anger may be perceived as “strong” and having a right to her feelings, while a Butch raising her voice in anger is likely to be perceived as “violent” and “domineering.”

Butches não são mais perfeitas que qualquer outro grupo oprimido. Se ser perfeito fosse pré-requisito para que a opressão de alguém fosse combatida e reconhecida como real, não lutariamos contra nenhuma injustiça. Existem sempre alguns indivíduos de grupos oprimidos que se encaixam nos piores estereótipos daquele grupo, mas isto não significa que estes indivíduos mereçam sua opressão ou sequer que os estereótipos sejam verdadeiros. A verdade é que existem indivíduos desagradáveis em qualquer grupo social, e o mesmo número, ou mais, de sujeitos do grupo privilegiado que também se encaixará no estereótipo do grupo oprimido. Lésbicas responsáveis nunca diriam que o classismo é irrelevante porque elas conhecem uma Sapatão má de classe trabalhadora e uma Sapatão gentil de classe média. A realidade Butch é tão mal-interpretada e distorcida, que muitas Lésbicas esquecem de aplicar nesta questão o que aprenderam consigo mesmas, ou com outras opressões. Por essa razão, um jeito de evitar ser reacionária, sem querer; é substituir na sua cabeça Butches por outro grupo reconhecidamente oprimido enquanto falar ou pensar sobre papéis.

Butches are no more perfect than any other oppressed group.  If being perfect were necessary for someone’s oppression to be acknowledged as real, and fought, no injustice would be fought.  There are always a few individuals from every oppressed group who happen to fit the worst stereotypes of that group, but that doesn’t make the stereotypes true or mean that group or those individuals deserve oppression.  The fact is that there are nasty individuals from all groups, and just as many or more individuals from the privileged group also fit the oppressed group stereotype.  Responsible Lesbians would never say classism is irrelevant because they know mean working-class Dykes and kind middle-class Dykes. Butch reality is so distorted and misrepresented that many Lesbians forget to apply what they’ve learned about their own and others’ oppressions to this issue.  For this reason, one way to avoid being unintentionally reactionary is to temporarily substitute Butches in your mind with a recognized oppressed group when you think or talk about roles.

Cada uma de nós tem internalizado algum grau de popaganda anti-Sapatão, e descontamos em nós e nas outras. O alvo principal são Butches, que também são as mais pressionadas a internalizar o auto-ódio. Mas a Sapatão forte dentro de todas nós é punida, reprimida, e danificada pelo medo, ódio, e ambivalência contra as Butches – quer seja quando nós, Butches, internalizamos isto contra nós mesmas, ou quando Fems externalizam isto contra nós. Já passou da hora de dizermos “Não” a demandas heterossexuais para que odiemos nosso eu Sapatão, e dizermos Sim ao nosso amor pelos eus fêmea/Sapatão duradouros, selvagens e determinados umas das outras.

Each of us has internalized some degree of anti-Dyke propaganda, which we take out on ourselves and on each other. The main targets are Butches, who are also the most pressured to internalize self-hatred.  But the strong Dyke inside every one of us is punished, repressed, and damaged by fear, hatred, and ambivalence towards Butches — whether as Butches we internalize it against ourselves, or as Fems we externalize it against Butches. It’s way past time for us to say No to heterosexual demands that we hate our Dyke selves and Yes to our love for each others’ enduring, wild, determined female/Dyke selves.

“Então me dê uma definição”

Uma definição é tão fácil como difícil. Quando descrevemos Butch e Fem algumas Lésbicas reconhecem imediatamente o que queremos dizer. Aquelas que querem mesmo entender irão reconhecer a si mesmas e outras Lésbicas. Para outras, nenhuma definição é satisfatória, a não ser que seja um estereótipo. Aquelas que querem apenas evitar o assunto ou “só não entendem” estão expressando resistência à verdade, da mesma maneira que algumas mulheres heterossexuais não conseguem entender como alguém pode ser Lésbica. As realidades complexas das nossas identidades Butch e Fem não podem ser reduzidas à algumas breves e superficiais linhas. Esse capítulo inteiro é nossa tentativa de definir e explicar essas complexidades.

A definition is both easy and difficult. When we describe Butch and Fem, some Lesbians immediately recognize what we mean. Those who do want to understand will recognize themselves and other Lesbians. For others, no definition satisfies them unless it’s a stereotype. Those who want to avoid the issue or “just don’t understand” are expressing their resistance to the truth, just as some het women don’t understand how anyone can be a Lesbian. The complex realities of our Butch and Fem core identities can’t be reduced to a brief glib sentence or two. This entire chapter is our attempt to define and explain it.

Para aquelas atentas a identidades Butch e Fem, é tudo óbvio. Geralmente conseguem, quando conhecem alguém, notar se ela é Butch ou Fem. Às vezes, podem distinguir apenas ao ouvir a voz de uma Lésbica se ela é Butch ou Fem. É muitos mais fácil, que, por exemplo, identificar a classe de uma pessoa quando não sabemos nada sobre ela. Mas, para Lésbicas que não estão atentas a complexidades de quem é Butch ou Fem, pode parecer difícil no começo.

For those with awareness of Butch and Fem identities, it’s obvious. You can usually tell when you first meet someone whether she’s Butch or Fem. Sometimes you can tell just by hearing a Lesbian’s voice. It’s much easier, for instance, than identifying someone’s class background when you know nothing about them. Yet, for Lesbians who aren’t aware of who, it can seem difficult at first.

Uma maneira de descobrir se uma Lésbica é Butch ou Fem, é se concentrar em perceber como você se sente na companhia dela. Qual sua reação instintiva ao redor dela? Em relação a quem você se sente afeminada? Quando você se sente desastrada e estúpida? Quão “bizarra” ou quão “normal” você se sente com esta Lésbica? Quando você se sente “como você mesma”? Butches e Fems menos femininas costumam se sentir envergonhadas ou grosseiras quando estão com as extremamente femininas. Fems, incluindo aquelas menos femininas, costumam se sentir mais femininas perto de Butches.

One way to work out whether someone is Butch or Fem is to notice how you feel around her.  What’s your gut reaction?  Who do you feel effeminate in relation to?  When do you feel like a clumsy clod?  How “Queer” or how “normal” do you feel around a Lesbian?  When do you feel “like yourself”?  Butches and less feminine Fems tend to feel awkward or crude when they’re around the extremely feminine. Fems, including the least feminine, tend to feel more feminine around a Butch.

Butches estão mais aptas a reconhecer identidades Lésbicas porque Butches são as mais oprimidas pelos papéis desempenhados. Fems que sofreram pela imposição de papéis de outras Fems podem reconhecer identidades mais facilmente também. Butches geralmente reconhecem com maior facilidade quem é Fem, da mesma maneira que outros grupos oprimidos sabem mais da cultura de seu opressor do que vice-versa. Hard Fems extremamente feminilizadas também reconhecem quem é Butch ou Fem, pelas suas próprias razões predatórias. Hard Fems interpretam o papel com mais obviedade. Algumas são tão feminilizadas que parecem Drag Queens, enquanto outras são mais sutis. Elas podem parecer Sapatão, mas suas ações revelam atitudes opressivas. As lésbicas Hard Fem geralmente objetificam Butches, da mesma forma que fazem com Fems menos feminilizadas, por consequência, e tratam outras Hard Fems como rivais.

 Butches are more likely to recognize a Lesbian’s core identity because Butches are so oppressed by role-playing. Fems who’ve also suffered because of other Fems’ role-playing may recognize roles more easily, too. Butches tend to know more about who is Fems, just as other oppressed groups tend to know more about the oppressor’s culture than vice-versa. Hard Fems also recognize immediately who’s Butch and who’s Fem, for their own predatory reasons. Hard Fems are the most obvious role-players.  Some are so feminine that they look like drag queen Hard Fems, while others are more subtle. They may look like strong Dykes, but their actions reveal their oppressive attitudes. Hard Fems generally treat Butches as sex objects, treat less feminine Fems as if we were of no consequence, and treat other Hard Fems as rivals.

Butches estão mais próximas de como todas mulheres seriam se não vivessemos em um patriarcado.

 Butches are closer to what all women would be like if we didn’t live in patriarchy.

Butches parecem com o que todas seríamos se não estivéssemos submetidas à intensa feminilização patriarcal. Butches expressam mulheridade e Lesbianismo mais naturalmente, enquanto a mulheridade e Lesbianismo das Fems foram sintonizados pelos valores impostos pela feminilidade. Fems dividem esses valores com homens e mulheres heterossexuais enquanto Butches se afastam desses valores. Mas existem exceções. A instituição heterossexista tem muitos aspectos. Fazer uma decisão que resiste às regras masculinas não significa que se faça todas as decisões desta maneira. Algumas mulheres heterossexuais, pobres e de classe trabalhadora de áreas rurais, que fazem trabalho físico exaustivo, têm menos trejeitos da feminilidade hegemônica, (mesmo que isso tenha mudado ao longo das últimas décadas com as pressões para que essas mulheres se feminilizem cada vez mais). Existem também Fems que aceitam algum grau de feminilidade mas nunca se tornaram heterossexuais, enquanto há Butches que foram heterossexuais, esposas e mães. Entretanto, existe uma porcentagem maior de Fems que foram heterossexuais do que Butches, e também há uma maior porcentagem de Butches que são oprimidas pelo racismo e pelo classismo.

Butches are more like what we’d all be if we weren’t subjected to intense male feminization.  Butches express femaleness and Lesbianism more naturally, while Fems’ femaleness and Lesbianism is channeled through the acquired values of femininity.   Fems share those feminine values with men and heterosexual women while Butches’ ways of being are furthest from those of men and het women.  But there are exceptions.  The institution of heterosexism has many aspects.  Making one decision to resist male rule doesn’t mean someone makes them all. Some poor and working-class het women from rural areas who do hard physical labor have less of the typical feminine mannerisms, (although that has changed in the last few decades since pressure has been on such women to feminize even more).  And there are Fems who accepted some degree of femininity but never became het, while there are Butches who were het and even wives and mothers.  But there’s a higher percentage of Butches who never were het than Fems.  And there’s a higher percentage of Butches who are oppressed by racism and classism.

Já que a maioria das Lésbicas que se assumiram durante o Movimento de Libertação das Mulheres eram Fems, Butches estão em minoria. Hoje em dia, é possível ir a um evento Lésbico onde encontramos uma multidão de Fems e cinco Butches.

Since most of the many Lesbians who came out through the WLM are Fems, Butches are in a minority. Nowadays, it’s possible to go to a Lesbian event and find yourself in a crowd of a hundred Fems and five Butches.

Mesmo que muitas Lésbicas radicais digam que rejeitam a feminilidade óbvia dos estereótipos Fem, ainda assimvas imagens de Fem são as mais frequentes em publicações e livros Lésbicos, nas capas dos cds e nos filmes: cabelo longo (muitas vezes tingido ou loiro) em concordância com as tendências designadas pelos homens para as mulheres; sobrancelhas feitas, cosméticos, brincos, unhas pintadas e longas, vestidos, saias e salto alto. Além destas imagens em fotografia estão também presentes desenhos que retratam uma feminilidade exagerada.

Even though many radical Lesbians say they reject the most obvious femininity of the Fem stereotype, Fem is still overwhelmingly the image presented in Lesbian publications and books, and on CD covers and in films:  long hair, often dyed or bleached, in the styles clearly designated for women by men; plucked eyebrows; cosmetics; earrings; long, painted fingernails; dresses, skirts, and high heels.  Besides these images in photographs, there are also drawings of exaggerated femininity.

Quando a imagem é supostamente mais “Lésbica”, com cabelos curtos e calças, geralmente persiste uma mulheridade macho-identificada – um toque de bijuterias femininas, unhas longas, uma posição de delicadeza artificial das mãos, e/ou uma expressão que é comum em modelos: narcisística, arrogante, tola, sedutora, fofa, graciosa ou doce, ao invés da objetividade Sapatão. Algumas imagens projetam uma “verdadeira” expressão maternal, que também é aceitável e feminina. A maioria das Lésbicas feministas reconhecidas na mídia são claramente Fems (embora isso não seja verdade no começo da década de 1970). Muitas até parecem heterossexuais, mas até aquelas que parecem Lésbicas transmitem sua personalidade Fem pelo inclinar de suas cabeças, suas expressões faciais, e o jeito que falam. Muitas Fems falam com um tom de voz extremamente agudo, que não é natural para elas.

Even when the image is supposedly more “Lesbian,” with short hair and pants, there’s usually some male-identified womanliness — a touch of feminine jewelry, long fingernails, a “dainty” unnatural hand position, and/ or an expression that’s commonly found on models:  narcissistic, arrogant, coy, seductive, cute, graceful, or posed sweetness, rather than plain Dyke directness.  A few images project a “proper” motherly or grandmotherly expression, which is also acceptably feminine.  Most Lesbian feminist media stars are clearly Fem (although this was less true in the early 1970′s).  Many look het, but even those who look like Lesbians convey their Femness by the tilt of their head, their facial expressions, and the way they talk.  Many Fems speak in a higher-pitched voice than is natural for them.

Em todos os folhetos ou propagandas que vimos para conferências Lésbicas, encontros, grupos de apoio e festas, a imagem é explicitamente Fem (inclusive, por vezes, em anúncios de eventos para Butches!). Isso é uma afirmação política de quem as organizadoras consideram representantes da nossa cultura lésbica, e ainda, quem é bem-vinda e quem não é. Isso não exclui apenas Butches, mas Fems Lesbo-identificadas também. É tão elitista quanto os preços exorbitantes e o desequilíbrio que gritam “apenas para os endinheirados”. Quando as imagens comuns são de magras e jovens descendentes de europeus com privilégios de classe e sem nenhuma deficiência ainda mais Lésbicas são excluídas. Mas enquanto há um aumento de conscientização para inclusão de mais grupos de Lésbicas que não dos grupos mais privilegiados, parece haver diminuído a inclusão de imagens de lésbicas visivelmente Sapatões. (Nós sugerimos que é melhor não usar nenhuma imagem de corpos e rostos lésbicos nos anúncios do que continuar usando essas que excluem qualquer Sapatão que pertença a grupos oprimidos).

On virtually every leaflet or advertisement we’ve seen for Lesbian conferences, meetings, support groups, and dances, the image is clearly Fem (sometimes including in ads for Butch events!).  This is a political statement saying who the organizers consider representative of our Lesbian culture, and who is welcome and who isn’t.  This not only excludes Butches, but Dyke-identified Fems as well.  It’s as elitist as high prices and lack of sliding scale, which say, “for the moneyed only.”  When the common images are also of thin, young, able-bodied, class-privileged, European-descent gentiles, then even more Lesbians are excluded.  But while there’s some growing consciousness about including groups of Lesbians other than the most privileged ones, there seems to be a decrease in including images of obvious Dykes.  (We suggest it’s better to not use any images of Lesbian faces or bodies on ads than to use ones that exclude any oppressed Dykes.)

Fems geralmente encaixam na imagem de como uma mulher supostamente “deve” ser, enquanto Butches escapam dessa imagem. Perceba quão confortável ou desconfortável uma Lésbica se sente com aparatos femininos e quão facilmente ela pode passar por heterossexual. Todas nós podemos mudar nossa aparência, mas a linguagem corporal é reveladora. É mais provável que Fems façam gestos e se movam de forma tradicionalmente feminina, jogando seus cabelos quando falam, mesmo que seja curtíssimo. Algumas Lésbicas pensam que a onda de raspar a cabeça como uma afirmação política as faz mais Butch, mas quase sempre este é um sinal de ser Fem. Precisa de manutenção constante e é, na verdade, só uma variação da agitação feminina com a aparência. Ainda, não é incomum que uma Fem possa se vestir e cortar seu cabelo de maneira bem Sapatão em um ano, e logo no ano seguinte parecer uma mulher heterossexual. Se assumir foi uma tendência para muitas, mas tendências passam, e muitas Fems acabam revelando um desejo por seguir o ideal Drag Queen do feminino. As Sapatão que se identifica-com-Sapatão, sejam Fem ou Butch, se sentem enojadas por essas tendências.

Fems generally fit the image of how a woman is “supposed” to be, and Butches don’t.  Notice how much ease or unease a Lesbian feels with feminine apparel and how easily she passes or could pass for het.  We can all change our appearance, but body language is revealing.  Fems are more likely to move and make gestures in ways that are traditionally feminine, playing with their hair when talking, even if it’s only an inch long. Some Lesbians think the fad of shaving their head as a political statement makes them look more Butch, but it’s almost always a sign of being Fem. It requires constant maintenance and is actually just a variation on feminine fussing with appearance. Also, it’s not unusual for a Fem to dress and wear her hair clearly like a Dyke one year and look very het the next.  Looking Out has been a fad for many, but fads pass, and many Fems ultimately reveal a craving to follow the drag queen Hard Fem ideal. Dyke-identified Dykes, whether Fem or Butch, are repulsed by that crap.

Fems são inclinadas a obsessão pela sua aparência e pelo que gostam e não gostam em seus corpos. É comum que elas gastem horas preparando sua aparência, se transformando em uma vitrine para o olhar masculino, da mesma maneira que mulheres heterossexuais fazem. Frequentemente elas reparam e fazem comentários críticos sobre a aparência de outras Lésbicas.

Fems are more likely to be obsessed with their looks and what they like and dislike about their bodies.  They’re more likely to spend a great deal of time preparing their appearance, as if they’re going on display for the male gaze, just as het women do.  They’re also more likely to notice other Lesbians’ appearance and make critical comments about how they look.

Fems agem de forma mais maternal. Nós nunca conhecemos uma Butch maternal que não fosse, de fato, mãe, mas nós conhecemos diversas Fem maternais que não são mães. Além do mais, mães Butches costumam desempenhar uma maternidade menos crítica e policiadora que o papel maternal tradicional. Mas isso não significa que Butches não-maternais e Fem-Dykes não são carinhosas, amorosas, protetoras e acolhedoras. Inversamente ao que nos diz a propaganda heterossexual, essas são características Sapatão e não características inerentes a mãe.

Fems are also more likely to act “motherly.”  We’ve never met a motherly Butch who wasn’t an actual mother, but we’ve met many motherly Fems who aren’t mothers.  And Butch mothers tend to be less in the motherly role of being critical and policing.  But that doesn’t mean that non-motherly Butches and Fem Dykes aren’t loving, caring, protective, and nurturing.  Contrary to het propaganda, those are Dyke qualities, not inherent mother qualities.

As identidades Butch e Fem são muito mais profundas do que superficialmente se fala. Algumas Butches convencem a si mesmas que não são Butch porque são boas cozinheiras, ou gostam de fazer artesanato, constroem uma casa acolhedora, odeiam esportes e/ou se sentem intimidadas por tarefas mecânicas. Algumas Fems pensam que não são Fems porque odeiam a feminilidade e se sentem confortáveis fazendo tarefas tradicionalmente “masculinas”, como trabalhos mecânicos ou de carpintaria. Uma maneira mais apurada de reconhecer as identidades lésbicas é notando quem tem poder nas relações íntimas e sociais. A maior influência nas interações sociais lésbicas é um privilégio Fem.

Butch and Fem identity go much deeper than the superficiality usually talked about.  Some Butches convince themselves they’re not Butch because they’re good cooks, or they like doing craftwork, making a cozy home, and hate sports, and/or are intimidated by mechanical tasks. Some Fems think they’re not Fem because they hate femininity and are comfortable doing traditionally “male” work like carpentry and mechanics.  A more accurate way to recognize core identities is by noticing who has the power in social and intimate relationships. Fem privilege carries a lot of clout in Lesbian social interactions.

Lista de Auto-reconhecimento de uma Fem honesta

One Honest Fem’s Self-Recognition List

1. Quando conheço outra Lésbica, se todas as outras coisas são iguais (mais ou menos), eu me sinto menos diferente entre as Fems. Mesmo quando há outras diferenças entre nós, como classe ou etnia, quando se trata de uma identidade lésbica, ser Fem é uma área de semelhanças. Com uma Butch, sinto uma barreira potencial criada pelas drásticas diferenças. Nós estamos em solos diferentes. Podemos presumir saber como a outra se sente – presumimos que nossas experiências foram muito distintas, logo, nossos sentimentos em relação a várias coisas diferirá. Isso é verdade entre qualquer par de lésbicas, mas entre Butches e Fems toda diferença de privilégios e opressões aumenta o distanciamento e requer mais esforço consciente para alcançar o entendimento e a proximidade.

1. When I first meet another Lesbian, if all other things are equal (more or less), I feel less difference with Fems.  Even when there are other differences between us, such as ethnicity or class, when it comes to core identity, Femness is an area of similarity. With a Butch, I feel the potential barrier that any major difference creates.  We’re on different ground. We can’t assume we know how each other feels — we can assume our experiences have been very different and that as a result we’re likely to feel different about a lot of things.  That’s true of any two Lesbians, but every difference in privilege and oppression widens the gap and requires more conscious effort to achieve understanding and closeness.

2. Até desenvolvermos uma política Sapatão radical, eu nunca tive nenhum escrúpulo em me identificar como “mulher”, e nenhum problema em ser aceita como tal por heterossexuais, me pego agindo como uma Fem e automaticamente usando gestos femininos. Eles não são exagerados, mas obviamente diferentes de como Butches se movem e agem. Eu não passo como heterossexual, porém me sinto confiante que poderia se fosse necessário – não numa versão polidaextrema, mas ainda sim adequada.

2. Until developing a radical Dyke politics, I never had any qualms about identifying as a   “woman” and had no trouble being accepted as one by hets I feel myself moving like a Fem, and automatically using some feminine gestures.  They’re not exaggerated, but are obviously different from how Butches move and act I don’t pass as het, but I feel relatively confident I could pass as het if necessary — not a polished version, but adequate.

3. Atividades femininas como costurar, bordar e cozinhar; entre outras coisas designadas como “trabalho de mulher”, parecem pertencer a mim e à minha esfera de atividades. Gosto de algumas, outras me são indiferentes, e ainda há outras que odeio, mas de alguma forma todas “pertencem” a mim. Lembro quantos anos levaram para me treinar em algumas dessas habilidades, como eu odiava amargamente todas elas no início, mas no fim, aceitei que faziam parte da minha “natureza”. Ninguém acharia estranho me encontrar fazendo qualquer dessas atividades; enquanto Butches que se sentem confotáveis e são habilidosas com esse tipo de trabalho muitas vezes são provocadas e ridicularizadas por ambas Butches e Fems.

3.  Feminine activities like sewing, needlecrafts, cooking, and other things designated as “woman’s work” feel like something that belongs to me and to my sphere of activity.  Some I enjoy, some I’m indifferent to, and some I hate, but somehow they all “belong” to me.  I remember the years it took to train me in some of those skills, and how bitterly I hated most of them at first, but in the end I accepted them as “second nature.”  No one thinks it’s odd to see me doing these activities, while Butches who are comfortable and skilled with this kind of work are often teased and ridiculed by both Butches and Fems.

4. Frequentemente, para mim Butches mostram simpatia agindo de maneira protetora, solícita e até diferencial, elas usualmente não agem dessa maneira com outras Butches.

4. Often, Butches show friendliness to me by acting protective, solicitous, even deferential. They don’t usually act that way toward other Butches.

5. Percebo que fico menos desconfortável entre mulheres heterossexuais do que Butches. Não preciso estar sempre em posição de defesa, porque mulheres heterossexuais não agem tão assustadas, cheias de ódio, ou predatórias (paqueradoras) comigo, especialmente se uma Butch está presente – elas focam na Lésbica mais Sapatão presente. Se estou sozinha com mulheres heterossexuais, algumas vezes elas agem comigo desta maneira. Entretanto, nenhuma mulher heterossexual finge, depois de uma longa conversa, ter achado que eu fosse um homem, o que já aconteceu com Butches amigas minhas que são obviamente fêmeas.

5. I can tell that I’m less uncomfortable among het women than Butches are.  I don’t need to be as on guard, because het women don’t act as scared, hateful, or predatory (flirtatious) toward me, especially if a Butch is present — they focus on the most Queer Lesbian present.  If I’m alone with het women, they sometimes do act that way.  However, no het woman has ever pretended after a long conversation that she thought I was a man, which has happened to Butch friends who are very obviously female.

“Mas eu não faço jogo de papéis”

Faz sentido que algumas Lésbicas, consideradas responsáveis, não queiram reconhecer que somos todas Butch ou Fem porquê:

It makes sense that some otherwise responsible Lesbians don’t want to acknowledge that we’re all either Butch or Fem because:

1) Héteros usam as identidades lésbicas como propaganda para obscurecer seus escandalosamente extremos papéis sociais;

1) Hets use this as propaganda to obscure their outrageously extreme role-playing;

2) As Sapatão não querem adimitir fazer coisas que parecem confirmar estereótipos heterossexuais entre nós;

2) Dykes don’t want to admit doing things that seem to confirm het stereotypes of us;

3) Os “papéis” são um estereótipo negativo das Sapatonas que se assumiram antes do feminismo, e assim eles são subestimados pelas novas ex-hetero Fems feministas;

3) “Role-playing” is a negative stereotype of Dykes who came out before feminism, and so they are looked down upon by the newer ex-het feminist Fems;

4) Lésbicas sado-masoquistas e a pornografia “Lésbica” glorificam os papéis;

 4) Sado-masochist Lesbians and “Lesbian” porn glorify role-playing; 

5) As mais novas Fems ex-hetero, que se assumiram depois do Movimento de Libertação das Mulheres (e logo são menos oprimidas como Lésbicas) garalmente pensam que é extravagante, fofo, “safado”, excitante e está na moda, brincar com papéis.

 5) The even newer ex-het Fems who came out after the WLM (and who are therefore much less oppressed as Lesbians) often think it’s campy, cute, thrillingly “naughty,” and trendy to play with roles.

Das muitas Fems que negam ser Fem, algumas revindicam ser Butch, outras não ser nem Butch e nem Fem. Mesmo assim, para qualquer pessoa atenta, é fácil identificar se alguém que você não conhece pessoalmente é Butch ou Fem; pode se identificar apenas por uma fotografia, a voz de uma Lésbica ou a sua forma de falar. Como pode qualquer Sapatão se considerar livre dessas identidades Lésbicas básicas? É como as Lésbicas que insistem ser livres-de-classe, quando visivelmente não são. Quando você é privilegiada, você pode desconsiderar sua posição, mas quando você é oprimida, não consegue evitar notá-la. Se uma Sapatão escolhe ou não se identificar com sua posição de Fem, ela deve estar alerta que Butches serão tratadas como Butches não importa como se identifiquem. Ela deve, ao menos, notar e resistir ser tratada como mais normal (Fem) por ambos heterossexuais e outras Lésbicas.

Of the many Fems who deny being Fem, some claim to be Butch, and others claim to be neither Butch nor Fem. Yet, to anyone with any awareness, it’s easy to identify whether someone who you don’t personally know is Butch or Fem just from a photograph or from a Lesbian’s voice and way of speaking. How can any Dyke consider herself free of these basic core identities? It’s like the Lesbians who insist they are class-free, when they visibly are not. When you’re privileged, you can take your position for granted, but when you’re oppressed, you can’t avoid noticing it. Whether or not a Dyke chooses to identify her Femness, she should be aware that Butches are treated as Butches no matter how we identify. She should at least notice and resist the ways she’s treated as more normal (Fem) by both hets and other Lesbians.

Agumas Fems Nunca-hetero associam essa posição com a heterossexualidade, assim é compreensível que falte vontade de se identificar como Fems, mas elas ainda se beneficiam dos privilégios Fem, mesmo que em menor grau. Uma análise do heterossexismo entre Lésbicas esclarece ambos problemas – a opressão Butch e a opressão Sapatão Nunca-hetero.

Some Never-het Fems associate Femness with heterosexuality and are understandably unwilling to identify as Fems, but they still benefit from Fem privilege, although to a lesser degree.  A sound analysis of heterosexism among Lesbians clarifies both issues — Butch oppression and Never-het Dyke oppression.

Algumas Fems declaram que é masoquista se identificar como Fem, porque elas aceitam e perpetuam a mentira que “Fems são oprimidas por Butches como mulheres são oprimidas por homens.” A verdade é que Butches são oprimidas por Fems de maneira similar a como Lésbicas são oprimidas por mulheres heterossexuais. Lutar contra a feminilidade é parte essencial da luta contra o sado-masoquismo. Acusar Fems politicamente responsáveis de auto-ódio, porque reconhecem o privilégio Fem, é apenas mais uma maneira de silenciar a discussão sobre opressão das Butches. As pessoas deveriam agarrar qualquer privilégio sem se preocupar com quem sofre por isso? Lésbicas que recusam usar seu privilégio Fem, e que lutam contra a injustiça – sendo contra a opressão Butch ou outras questões – deveriam ser respeitadas pela sua coragem ao invés de serem chamadas de masoquistas. Lutar contra a desigualdade beneficia a todos. Quem quer viver em uma comunidade onde alguns se sentem bem consigo mesmos às custas de outros? Todas deveríamos nos sentir bem juntas.

Some Fems claim it’s “masochistic” to identify as a Fem, because they accept and perpetuate the lie that “Fems are oppressed by Butches like women are oppressed by men.”  The truth is that Butches are oppressed by Fems similarly to how Lesbians are oppressed by het women.  Fighting femininity is an essential part of fighting sado-masochism.  Accusing politically responsible Fems of self-hatred because we acknowledge Fem privilege is just another way of trying to silence discussion about Butch oppression.  Should everyone just grab whatever privilege they can with no concern for who pays for it?  Lesbians who refuse to use our privilege, and who fight injustice — whether about Butch oppression or any other issue — should be respected for our courage instead of being called masochistic.  Fighting inequality benefits everyone.  Who wants to live in communities where some feel good about themselves at others’ expense?  We should all feel good together.

Muitas Fems alegam que Butches são mais privilegiadas e admiradas nas comunidades Lésbicas. Algumas Sapatão realmente apoiam outras Sapatão a romper com a feminilidade e ser Sapatão-identificada na aparência e no comportamento. Mas isso não significa que Butches são consideradas superiores. De forma similar, a cultura da classe trabalhadora ocasionalmente recebe algum respeito, apesar disso, não significa que a classe trabalhadora é considerada superior ou têm privilégio em relação a classe média. A opressão é real e observável. Privilégio significa ganhar vantagens materiais e concretas.

Many Fems claim that Butches are more privileged and admired in Lesbian communities.  Some Dykes do support other Dykes to stop being feminine and to be Dyke-identified in appearance and behavior.  But that doesn’t mean Butches are considered superior.  Similarly, working-class culture occasionally getting respect doesn’t mean that the working class are considered superior or now have privilege over the middle-class.  Oppression is real and observable.  Privilege means gaining real, concrete advantages.

Quando Fems reclamam da “pressão” para parecer e agir mais como Sapatão, é como as feministas heterossexuais reclamando sobre serem “empurradas” a serem lésbicas. Existe muito mais pressão para que todas nos feminilizemos – no mundo macho e heterossexual, nas nossas famílias, e também nas comunidades Lésbicas. O incentivo para ser mais Sapatão-identificada é minúsculo comparado a esta pressão. (e, até 2015, era inexistente).

When Fems complain about “pressure” to look and act like Dykes, it’s like het feminists complaining about being “pushed” to come out.  There’s far more pressure on us all to feminize — in the male and het world, our families, and Lesbian communities as well.  The support to be more Dyke-identified is minuscule compared to that (and, by 2015, nonexistent.)

Butches estão sob constante pressão para parecerem mais “normais”; pressão das mães, de outros membros familiares, dos colegas de trabalho, até de amantes e amigas Lésbicas. Se nós nos feminilizamos, recebemos como recompensa o “elogio” de estar mais “bonita”. Algumas Butches sucumbiram a essa pressão com o passar dos anos.

Butches are under unrelenting pressure to look more “normal,” by mothers, other family members, co-workers, and even lovers and Lesbian friends.  If we do feminize ourselves, we are rewarded by being told how much “nicer” we look. Some Butches have succumbed to this pressure over the years.

Ironicamente, algumas Fems que temporariamente brincam de ser “Butch” pressionam outras Fems e Butches a agir de maneira mais “dura” (uma imagem errada do que é ser Butch). Elas são aquelas que observamos a fazer comentários e piadas nojentas anti-Fem (outra parte da imagem errada do que é ser Butch), este comportamento não é a mesma coisa que uma resistência honesta a feminilidade do ser Fem. É fazer outras Fems de bode-expiatórios para seus próprios privilégios. Uma Fem que nós sabíamos fazer frequentes comentários anti-Butch foi avisada de que isso era opressivo; logo depois ela tentou parecer mais “Butch” e começou a fazer comentários anti-Fem. É mais aceitável para Fems rejeitar a feminilidade, no entanto para Butches isso é percebido como indo “longe demais”. De fato, as Lésbicas que são muito louvadas por serem “Butch” são na verdade, geralmente, Fems menos óbvias. Isto faz a identificação de Lésbicas mais difícil, especialmente quando Lésbicas que saíram do armário há pouco tempo tendem a pensar que quase todas as Lésbicas, assumidas há mais tempo, são “Butch.”

Ironically, some Fems who are temporarily playing at being “Butch” pressure other Fems and Butches to act more “tough” (their erroneous image of Butchness).  They’re the ones we’ve noticed being the most likely to make nasty anti-Fem comments and jokes (another part of their erroneous image of Butches), which isn’t the same as honest resistance to Femness.  It’s scapegoating other Fems for your privilege.  A Fem we knew who used to make frequent anti-Butch comments was told why this was oppressive; she then tried to make herself appear more “Butch” and began making anti-Fem comments. It’s much more acceptable for Fems to reject femininity than it is for Butches, who are perceived as “going too far.”  In fact, the Lesbians who are most praised for being “Butch” are usually less obvious Fems. This makes identifying Lesbians more difficult, especially when newly-out Fem Lesbians are inclined to think of almost all longer-out Lesbians as “Butch.”

Atitudes anti-Butches são ignoradas entre Lésbicas. Em um fórum Lésbico em São Franciso, o público aplaudiu quando membras da organização se anunciaram como Fems, e aplaudiu outra vez quando uma Lésbica se descreveu uma “Butch em reabilitação”. Jornais gays estadunidenses, em seções dedicadas a sociabilidade, imprimem frases do tipo: “Lésbicas femininas querem Lésbicas lindas que parecem uma mulher”, ou “sem Butches, por favor”. Em um desses anúncios, uma Lésbica colocou em sua descrição claramente: “Me sinto mais confortável nesse mundo hétero agindo como hétero. Eu verdadeiramente não gosto da cena gay, papéis, Butches, Sapatão…etc. Eu não estou procurando secretamente “sair do armário”, então, por favor, sem ofertas de ajuda. Meu armário sempre foi quente, aconchegante e excitante.”

Anti-Butch attitudes are taken for granted among Lesbians.  At a Lesbian forum in San Francisco, the audience cheered when it was announced that several members were Fems, and they cheered again when another Lesbian described herself as a “recovering Butch.”  U.S. gay papers print many personal ads making statements like, “feminine Lesbian wants pretty Lesbian who looks like a woman,” or “no Butches, please.”  In one such ad2 the Lesbian stated her bias clearly:  “I’m most comfortable in this straight world acting straight.  I truly dislike the gay scene, roles, Butches, dykes … etc.  I’m not secretly looking to ‘come out,’ so no helpful offers please.  My closet has always been, warm, cozy, and exciting.”

Nós vemos, ocasionalmente, algum apoio a Butches nas publicações Lésbicas e feministas, contudo este apoio é vastamente superado pelas declarações anti-Butch. Na crítica a uma peça sobre “bateria Lésbica”; para descrever a vítima como “obviamente mais femme” do que a abusadora, a crítica escreveu: “é preciso notar … que a Lésbica abusiva pode facilmente (também) ser uma mulher de 1,57m de altura, de voz aguda e covinhas na bochecha, como pode ser a clássica imagem de uma “Butch” durona.” Em um workshop sobre identidades Lésbicas no Primeiro Econtro de Lésbicas Feministas da América-latina e Caribe em Cuernavaca, Mexico: “Muitas mulheres perceberam que, geralmente, a Butch é observada com desgosto. Precisamos aceitar as Butches entre nós e … desse modo rejeitar atitudes heterossexistas”. De Clarke escreveu sobre Butches:

We’ve occasionally seen some support of Butches in Lesbian and feminist publications, although it’s still vastly outnumbered by anti-Butch statements.  In criticizing a play about “Lesbian battery” for showing the victim as “obviously more femme” than the abuser, one reviewer wrote, “It is necessary to note … that the [Lesbian] abuser can as easily be a 5’2″ woman with a high voice and big dimples as she can be the tough “Butch” image.”3  In a workshop on Lesbian identity at the First Encuentro (Gathering) of Latin American and Caribbean Feminist Lesbians in Cuernavaca, Mexico, “Several women noted that it is generally the Butch that is regarded with distaste.  We need to accept the Butches among us and … thereby reject heterosexist attitudes.”4 De Clarke wrote about Butches:

Nós nunca enxergamos o ser Butch como uma réplica incompleta da masculinidade; nunca conheci uma Butch que me pareceu, socialmente, como um homem; nunca senti de uma Butch o senso de violência subjacente a maioria das interações sociais masculinas … Pela minha experiência, a maioria das Butches tem uma delicadeza quase exagerada … oponho isto a violência total da qual mulheres são capazes quando acreditam ser fracas e incapazes … Butches aparecem como uma provocação … irritaçao … para mim parece como um queerbaiting ( ), mas feito por sapatão … é um tipo de violência recusar à Butch sua identidade.”

I’ve never seen Butchdom as a cardboard replica of masculinity; never met a Butch who felt to me, socially, like a man; never felt from a Butch the sense of violence that underlies most male social congress … Many Butches of my experience have an almost exaggerated gentleness … I contrast this with the all-out violence of which women are capable who believe themselves weak and powerless … Butches come in for a lot of teasing … aggravation …To me it feels like queer-baiting, but from dykes … it’s a kind of violence to refuse a Butch her identity.”5 

“Só não use essas palavras!”

Como outras desigualdades entre Lésbicas, a opressão Butch não é algo que as privilegiadas – nesse caso, Fems – têm o direito de não concordar existir. A opressão Butch existe, e as Fems podem agir de forma responsável e honesta em relação a isto ou se recusar a tal, é o luxo dos privilegiados. Quando uma Fem bem intencionada e radical diz, “Eu não concordo com a questão da opressão Butch”, ela está negando as existência, identidade, experiências e vidas de Butches. É mais honesto dizer, “Eu não quero me responsabilizar pelo meu privilégio Fem. Eu não quero encarar a opressão Lésbica”, do que agir de forma liberal dizendo que se trata de “uma questão de opinião” para que, assim, Fems possam ser dignas de fazer decisões sobre a existência da opressão Butch. Butches simplesmente não têm este luxo.

Like other inequalities among Lesbians, Butch oppression isn’t something the privileged — in this case, Fems — have the right to “disagree” exists.  Butch oppression does exist, and Fems either act honestly and responsibly about it or they refuse to, which is the luxury of the privileged.  When even the most well-meaning and otherwise radical Fem says, “I don’t agree with the issue of Butch oppression,” she’s denying the existence, identity, experiences, and lives of Butches.  It’s more honest to say, “I don’t want to be responsible about my Fem privilege.  I don’t want to face up to Lesbian oppression,” rather than to liberally act like it’s just a “matter of opinion” for Fems to deign to make decisions about.  Butches simply don’t have that luxury.

Nós usamos os termos Butch e Fem porque, apesar de não termos certeza de sua origem, é provável que Butches tenham escolhido estes termos para expressar sua opressão. Butch não é só um termo político, é uma identidade. Apagar este termo é apagar esta identidade. Substituí-lo, como sugeriram algumas Lésbicas, é maquiar a realidade com eufemismos – é tão dentro do armário quanto chamar Lésbicas de “mulheres-amando-mulheres”. Os termos Butch e Sapatão reclamam um insulto “chocante” como um termo de orgulho e coragem. E, para acalmar o disconforto de Fems, ao apagar-se o que é Fem, apaga-se também o que é Butch e toda a questão. O termo Fem traduz com precisão a sua origem – feminilidade. Quando Fems dizem: “Eu concordo com alguns dos seus pontos, mas não com essas palavras”, elas nos lembram da irmã heterossexual de Ruston que disse, sobre Ruston ser Lésbica, “Não me importo com o que você faça – só não use essa palavra!”

We use the terms Butch and Fem because, although we’re not certain of their origin, it’s likely Butches chose them as a way of expressing their oppression.  Butch isn’t only a political term, it’s an identity.  To delete the term is to delete that identity.  To replace it, as some Lesbians have suggested, is to gloss over reality with euphemism — it’s as closet as calling Lesbians “wimmin-loving-wimmin.”  Butch, like Dyke reclaims an insulting, “shocking” word as a term of pride and courage.  And to soothe Fems’ discomfort by deleting Fem is to delete Butch and the entire issue.  Fem accurately reflects the origin of Femness — femininity.  When Fems say, “I agree with some of your points but not those words,” they remind us of Ruston’s het sister who said, about Ruston being a Lesbian, “I don’t mind what you do — just don’t use that word!”

Parte 2

A grande mentira: Feminilidade Lésbica

Linda Strega

Nos anos de 1980, uma década de políticas reacionárias, feminilidade se tornou um valor aceitável entre muitas Lésbicas. Até mesmo muitas Lésbicas politicamente radicais, de quem eu muito esperaria o suporte ao amor próprio e respeito próprio Lésbico, quem geralmente chama a idiotice masculina pelo o que ela é, começou a admirar abertamente jeitos femininos de se vestir e de se representar. Feminilidade! Uma intensa onda publicitária patriarcal, se é que já existiu uma – um falso ideal criado por homens, não por Lésbicas – um ideal do qual quase todas as mulheres heterossexuais se revestem para agradar homens.

 In the 1980’s, a decade of reactionary politics, femininity became an accepted value among many Lesbians. Even many politically radical Lesbians, who I would most expect to support Lesbian self-love and self-respect, who usually call male bullshit for what it is, began to openly admire feminine ways of dressing and acting. Femininity! A patriarchal hype if there ever was one — a phony ideal created by men, not by Lesbians — an ideal that almost all heterosexual women embody to please men. 

Feminilidade não é um aspecto inato do feminino. Nossas qualidades mais inatas enquanto mulheres não podem nunca se desenvolver através da contenção, da forma artificial de se portar, da atuação de papéis e da admiração do nascisismo que é a feminilidade. Homens ensinaram às mulheres o que eles querem que as mulheres sejam – eles chamam isso de “feminino” ou “coisa de mulher”. Enquanto Lésbicas, nós precisamos estar acordadas o suficiente para darnos conta de que essa invenção do homem é masculina até os ossos, não importa como ela é chamada, não importa quantas mulheres consentem essa mentira. Feminilidade não é verdadeiramente feminina e a similaridade nas palavras é um truque masculino mentiroso.

 Femininity is not an inborn aspect of femaleness. Our most innate qualities as women can never be developed through the restraining, artificial posing, game-playing and mirror-gazing that is femininity. Men have taught women what they want women to be –they call it “feminine” or “womanly.” As Lesbians, we need to be awake enough to realize that this male invention is masculine to the core, no matter what it’s named, no matter how many women go along with the lie. Femininity is not truly female; the similarity in the words is a lying male trick. 

A aceitação lésbica de qualquer coisa “feminina” é parte do enfraquecimento das políticas Lésbicas – um paralelo Lésbico da tendência à direita das políticas hétero. O mesmo pode se dizer sobre a popularidade do sadomasoquismo entre muitas Lésbicas. Na verdade, o sadomasoquismo encoraja a re-aceitação da feminilidade como um estilo “positivo e” “erótico” entre outras Lésbicas radicais. Eu escutei argumentos superficiais de que, se algumas Lésbicas “apreciam” feminilidade e “não conseguem parar de querê-la”, então é melhor ir em frente e aceitá-la. Esse é o tipo de política reacionária irresponsável frequentemente apoiada pela psicoterapia. É a mesma liberalidade (política liberal) que apoia Lésbicas virarem hétero, tornarem-se bissexuais e terem bebês. É a mesma autodestrutividade que conduz Lésbicas a aceitarem a magreza como padrão, que chama o lento suicídio das dietas de “comer saudável” e a autopunição de se exercitar em excesso para “ser fitness”, e isso encoraja Lésbicas a se preocuparem com os efeitos da idade em sua aparência. Esses são todos valores masculinos, hétero – valores femininos. Todos eles giram em torno de como os homens querem que as mulheres ajam e se pareçam, e todos eles resultam dos desejos masculinos de controlar o comportamento feminino.

 Lesbians’ acceptance of anything “feminine” is part of the weakening of Lesbian politics — a Lesbian parallel to the right-wing trend of het politics. The same is true of the popularity of sado-masochism among many Lesbians. In fact, sado-masochism encourages the re-acceptance of femininity as a “positive” “erotic” style among otherwise radical Lesbians. I’ve heard shallow reasoning that if some Lesbians “enjoy” femininity and “can’t stop wanting it,” then it’s better to go ahead and accept it. That’s the kind of irresponsible, reactionary politics too often supported by psychotherapy. It’s the same liberalness that supports Lesbians going het, becoming bisexual, and having babies. It’s the same self-destructiveness that leads Lesbians to accept thinness as a standard, that calls the slow suicide of dieting “eating healthy” and the self-punishment of over-exercising “staying fit,” and that encourages Lesbians to worry about the effects of aging on their appearance. Those are all male, het values — feminine values. They all revolve around how men want women to act and look, and they all derive from male desires to control female behavior. 

Aquelas Lésbicas que agem como o modelo feminino e clamam que ele é uma contribuição à cultura Lésbica, um florescimento posterior de seus “eu reais”, são certamente Fems, e são, com frequência, Fems que um dia foram heterossexuais. Elas não se livraram de antigos valores hétero, os quais estão, agora, reaparecendo nesta época reacionária.

 Those Lesbians who act out the feminine model and claim it’s a contribution to Lesbian culture, a flowering forth of their “real selves,” are of course Fems, and most often Fems who were once heterosexual. They haven’t gotten rid of old het values, which are now resurfacing in this reactionary time. 

A mídia hétero é cheia de histórias sobre as feministas hétero que “se dão conta de que não precisam abrir mão de serem mulheres para serem um sucesso na vida”, que “se arrependem de terem tentado ser como homens”, e agora estão “redescobrindo a excitação da sedução feminina, a diversão de se vestir de salto alto, maquiagem e saias, e a sua profunda necessidade pelas alegrias da maternidade”. Não parece tão diferente assim de muitas mídias Lésbicas, parece?

 The het media is full of stories about the het feminist who “realizes that she doesn’t have to give up being a woman to be a success in life,” who “regrets having tried to be like a man,” and is now “rediscovering the excitement of feminine seductiveness, the fun of dressing up in high heels, make-up and skirts, and her deep need for the joys of motherhood.” Doesn’t sound too different from lots of Lesbian media, does it? 

Privilégio Fem – Quem paga por isso?

Privilégio Fem – Quem paga por isso?¶

During the past decade, I’ve read many articles and stories written by Fem Lesbians that celebrate Fem role-playing as positive, fun and erotic. It’s not just the writings that alarm me. I’ve encountered the same trend at Lesbian social and political events, even among otherwise radical Lesbians. By contrast, articles I’ve read about being Butch show conflict, self-questioning, self-criticism and pain. The same contrast occurs in most discussions I’ve had with other Dykes about Fem and Butch identity, and is one of the many indications that Butches are in an oppressed position relative to Fems.

Ao longo da década passada, eu li vários artigos e histórias escritas por Lésbicas Fem que celebram os jogos de papéis Fem como positivos, divertidos e eróticos. Não é apenas os escritos que me alarmam. Eu encontrei a mesma tendência em eventos políticos e sociais Lésbicos, senão mesmo entre Lésbicas radicais. Por outro lado, artigos que eu li sobre ser Butch mostram conflito, auto-questionamento, auto-crítica e dor. O mesmo contrastre ocorre na maior parte das discussões que eu tive com outras Sapatonas sobre identidade Fem e Butch, e é um dos muitos indicadores de que Butches estão em uma posição oprimida em relação às Fems.

I’ve been identifying myself openly as a Fem since 1979, when I joined in gradually developing a political analysis about Butch oppression and Fem privilege with a few Dyke Separatist friends. I define myself as a Fem, not because I admire and enjoy femininity or want to develop my Fem qualities but because I recognize that, like most girls, I accepted feminine training as a small child. Why I didn’t resist, when Butch girls did, is now unknown to me, part of the forgotten past. (I do know it wasn’t because I was more oppressed or more heavily pressured than Butches I’ve met.) What’s important to me now is how that choice affects me and other Lesbians in the present.

Eu venho me identificando abertamente como Fem desde 1979, quando eu me uni a desenvolver gradualmente uma análise política sobre opressão Butch e privilégio Fem com algumas amigas Sapatonas Separatistas. Eu defino a mim mesma como Fem, não porque eu admire ou curta feminilidade ou queira desenvolver minhas qualidades Fem, mas porque eu reconheço que, como muitas meninas, eu aceitei o treinamento feminino quando era criança pequena. O porqê de eu não ter resistido, como meninas Butch fazem, não me recordo e se tornou parte de um passado esquecido (eu sei que não foi porque eu era mais oprimida ou pressionada de forma mais pesada do que Butches que eu conheci). O que é importante para mim agora é como essa escolha me afeta e à outras Lésbicas no presente.

 Being accepted as a “real girl” by the het world, and therefore by my own self, has given me the bearing, manner, and lack of doubt about being a “real woman” that Fem privilege bestows (even though I don’t now identify as a “woman” but as a Lesbian or Dyke). I try to avoid oppressive Fem behavior, but I know that because of my history I will always be Fem. If I claimed to have become Butch because I now reject Fem clothing and behavior, that would be as untrue and offensive as a class-privileged Lesbian saying she’s poor or working-class now because she doesn’t have much money and rejects classist values.

Ser aceita como uma “menina verdadeira” pelo mundo hétero, e então pelo meu próprio eu, deu a mim a postura, maneira e falta de dúvida sobre ser uma “mulher de verdade” que o privilégio Fem concede (muito embora eu não me identifique agora como uma “mulher” mas como uma Lésbica ou Sapatão). Eu tento evitar o comportamento opressivo Fem, mas eu sei que por causa da minha história eu vou ser sempre Fem. Se eu clamei que eu me tornei Butch porque agora eu rejeito o comportamento e roupas Fem, isso seria tão falso e ofensivo quanto uma Lésbica com privilégio de classe dizer que ela é pobre ou de classe obreira agora porque ela não tem muito dinheiro e rejeita valores opressivos classistas.

 Is it possible to be neither Butch nor Fem, as most Lesbian feminists claim about themselves? From my observations, no. (By Butch and Fem I mean the core self-identity chosen in girlhood — not role-playing, which is about acting out a part which may or may not be your core identity.) Every girl is faced with the choice of either submitting to feminization and being accepted, or resisting and being punished. The pressure on girls to feminize themselves is universal and unrelenting. It exists in every patriarchal culture, and I don’t know of any culture in the world today which isn’t patriarchal. The styles of femininity vary in quality and degree from culture to culture, but in every patriarchal culture “woman” is defined by her allegiance and orientation towards male values and desires.

É possível não ser nem Butch nem Fem, como muitas Lésbicas feministas clamam sobre si mesmas? Pelas minhas observações, não. (Por Butch e Fem eu quero dizer o âmago da própria identidade escolhida na infância – não o jogo de papéis, que é sobre atuar uma parte que pode ou não pode ser sua identidade central).

 Patriarchy’s idea of “woman” is not based on true female biology as men claim. “Woman” is actually an artificial, social definition invented by men. It defines what men want women to be — a submissive being who bonds emotionally, mentally, and physically only with men. According to this scheme, if you’re not a woman (namely, a male-identified female), then you’re some kind of deficient man, or trying to be a man; you’re “unnatural.” So, Lesbians, by choosing to bond with other instead of with men, are defined by hets as being “like men.” (Notice that only Lesbians really give primary allegiance to other females. Het women and all men give primary allegiance to men. The comparison of Lesbians to men is inaccurate even regarding the choice of who we bond with.) Butch Lesbians, who not only bond solely with women but completely reject femininity, are even more viciously defined as being “unnatural” and “like a man.”

A idéia patriarcal da “mulher” não é baseada na verdadeira biologia da fêmea como homens afirmam. “Mulher” é atualmente uma definição social, artificial, inventada por homens. Mulher define o que homens querem que mulheres sejam – um ser submisso que se vincula emocionalmente, mentalmente e fisicamente unicamente com homens. Segundo este esquema, se você não é uma mulher (ou seja, uma fêmea que é macho-identificada), então você é algum tipo de homem deficiente, ou tentando ser um homem. Você "não é natural”. Então, Lésbicas, ao escolherem criar vínculos com outras Lésbicas ao invés de com homens, são definidas por heteros como sendo “como homens”. (Note que apenas Lésbicas realmente priorizam outras mulheres. Mulheres héteros e homens dao prioridade aos homens. A comparação entre Lésbicas com homens é inacurada). Lésbicas Butches, as quais não somente criamvínculos com mulheres mas também rejeitam feminilidade, são as mais comumente definidas como “artificiais” e “como homens”.

I believe that Butch and Fem identities are chosen at such an early age (they can be observed in four-year-old girls) that they have a profound effect on how we feel within ourselves, how we interact with each other, and how we’re treated by the het world, for the rest of our lives. A small girl is surrounded by only two models of gender behavior: she lives in a world that says and believes, “Women dress and act like this, and men dress and act like that.”

Eu acredito que as identidades Butch e Fem são escolhidas em uma idade jovem (isso pode ser observado em meninas de 4 anos de idade) a tal ponto que elas têm um profundo efeito em como nós nos sentimos dentro de nós mesmas, como nós interagimos umas com as outras, e como nós somos tratadas pelo mundo heterossexual, pelo resto de nossas vidas. Uma garota pequena é cercada por apenas dois modelos de comportamento de gênero: ela vive num mundo que diz e acredita que “mulheres se vestem e agem desta forma, e homens se vestem e agem daquela outra”.

If a girl cannot and will not accept the artificial trappings and mannerisms of the feminine role, everyone around her begins telling her she’s doing something wrong and unnatural. As she gets older and still resists femininity, the accusations intensify. When her Butch (and possibly Lesbian) identity becomes obvious, she’s labeled a deviant, a freak of nature, a man in a woman’s body. She isn’t supposed to exist. She’s a threat to the Big Lie of “feminine woman,” and so men and their women collaborators make up all kinds of ridiculous, hateful fictions to explain away her existence. The pressure is meant to humiliate and bully her into accepting femininity, and it must put her through soul-shaking self-doubt, even if she knows other Butches. Because so few women totally reject femininity, she usually doesn’t meet other Butches for many years, but faces the onslaught alone, during the most vulnerable years of her life—her girlhood and adolescence. Sometimes Butch girls are partially accepted in their families and among friends, but as a kind of mascot or pet, not as an equal. After all, it’s helpful to have an outcast around, someone who’s at the bottom of the pecking order for those further up to feel superior to.

Se uma garota não pode e não vai aceitar os adornos artificiais e os maneirismos do papel feminino, todo mundo em volta dela começa a dizer que ela está fazendo algo errado e não natural. À medida que ela vai ficando mais velha e ainda resiste à feminilidade, as acusações se intensificam. Quando sua identidade Butch (e possivelmente Lésbica) se torna óbvia, ela é rotulada como desviante, uma bizarrice da natureza, um homem no corpo de uma mulher. Sua existência é negada. Ela é uma ameaça à Grande Mentira da “mulher feminina”, e então homens e suas mulheres colaboradoras fazem toda sorte de ficções ridículas e odiadoras para explicar sua existência. A pressão pretende humilhá-la e coagí-la a aceitar a feminilidade, assim como desenvover nela uma auto-dúvida que desestabilize sua alma, mesmo que ela conheça outras Buttches. Como tão poucas mulheres rejeitam totalmente a feminilidade, esta garota geralmente não conhecerá outras Butches por muitos anos, mas encarará os ataques violentos sozinha, durante a maior parte dos anos mais vulneráveis da sua vida – sua infância e adolescência. Às vezes garotas Butch são parcialmente aceitas em suas famílias e entre amigos, mas como um tipo de mascote ou bichinho de estimação, não como uma igual. Depois de tudo, é útil ter uma pária por perto, alguém que está no fundo da ordem hierárquica para aqueles acima se sentirem superiores.

(Now in 2015, well-meaning liberal parents are being misguided into labeling daughters as young as four years old “transgender” if they resist femininity. These parents tell their daughters that they’re boys trapped in a girl’s body, and start them on a track towards hormone injections and surgery and, therefore, a lifetime of destroyed health. No alternatives are suggested. No one tells the girls that it’s natural for to prefer the freedom and dignity of trousers instead of dresses, and to want active and adventurous play. No one tells them that Lesbianism is a possibility and a good way to live. The parents, and their social workers and medical supporters, think they are “liberal” when they name a girl “transgender,” but they are not “liberal” enough to accept her as a young Butch or a Lesbian. In fact, their destructive enforcing of gender roles is not liberal at all, but extremely reactionary.) 

(Agora em 2015, pais liberais bem intencionados estão sendo confundidos a rotularem suas filhas tão novas como 4 anos de idade, como “transgêneros” se elas resistem à feminilidade. Estes pais dizem a suas filhas que elas são garotos presos em corpos de meninas, e as iniciam em uma jornada de injeções de hormônios e cirurgias e, portanto, uma vida toda com a saúde destruída. Nenhuma alternativa é sugerida. Ninguém diz à esta menina que é natural preferir a liberdade e dignidade de calças ao invés de vestidos e querer brincar de forma ativa e aventureira. Ninguém diz à elas que Lesbianismo é uma possibilidade e uma forma boa de se viver. Os pais, e os assistentes sociais e o suporte médico, pensam que eles são “progressistas” quando chamam uma garota de “transgênero”, mas eles não são “progressistas” o suficiente para aceitarem ela como uma jovem Butch ou uma Lésbica. De fato, sua destrutiva imposição de papéis de gênero não é progressista de modo algum, mas extremamente reacionária).

Meanwhile, girls who accept femininity—the vast majority, unfortunately—are accepted as “real girls” and encouraged to take pride in their feminine ways. There are degrees of femininity, of course. Some Fem girls accept the complete emaciated Hard Fem sex-object ideal while others take on just enough feminine identity to still be accepted as real girls. But, because of hets’ fanaticism about “real womanhood,” they do set a rigid line. Any female who refuses to make at least some concession to feminine requirements is over that line—that is, she’s denied the right to be called normal. Not only is she “not really a woman,” she’s pushed outside the bounds of normal society, which judges that it owes her nothing and has the right to destroy her. She’s become a danger to male rule instead of a saleable item in the het marketplace and/or a cooperative representative and promoter of male-defined “womanhood.”

Enquanto isso, garotas que aceitam feminilidade – a vasta maioria, infelizmente – são aceitas como “garotas reais” e encorajadas a tomar orgulho de seu jeito feminino. Há degraus de feminilidade, é claro. Algumas garotas Fems aceitam o completo ideal, objeto sexual cadavérico Hard Fem enquanto outras apenas tomam identidade feminina suficiente para ainda serem aceitas como garotas reais. Mas, por causa do fanatismo hétero sobre a “verdadeira mulheridade”, eles definem uma rígida linha. Qualquer fêmea que recuse fazer ao menos alguma concessão aos requerimentos femininos, está acima daquela linha – ou seja, é negado a ela o direito de ser considerada normal. Não apenas ela “não é realmente uma mulher”, ela é empurrada para fora dos limites da sociedade normal, que julga que não deve nada a ela e que possui o direito de a destruir. Ela se torna um perigo para a Lei Masculina ao invés de um ítem comercializável no mercado hétero e/ou uma representante cooperativa e promotora da “mulheridade’ definida pelo macho.

Fem privilege is based on retaining a claim to that “normal” standing that Butches are completely denied. Even though Fem Lesbians are seriously oppressed as Lesbians, we’re still treated by hets as if we’re more like women than Butches are. Butches receive a more extreme version of hets’ insistence on seeing Lesbians as unnatural. When young Butch and Fem lovers are found out by angry het guardians, who gets the most blame and punishment? You know it’s not the Fem. The usual interpretation, as we all know, is, “That disgusting bulldagger shouldn’t be allowed around decent innocent girls.”

Privilégio Fem é baseado em manter um requerimento àquela reputação “normal” à qual Butches são completamente negadas. Muito embora Lésbicas Fems sejam seriamente oprimidas como Lésbicas, nós ainda somos tratadas pelos héteros como se nós fossemos mais parecidas com mulheres do que Butches são. Butches recebem uma versão mais extrema da insistência hétero em ver Lésbicas como não natural. Quando jovens amantes Butch e Fem são encontradas por raivosos guardiãos héteros, quem recebe maior culpa e punição? Você sabe que não é a Fem. A interpretação comum, como todas sabemos, é de que “aquela maria-macho nojenta não deveria ter sido deixada perto de inocentes garotas decentes”.

Because Fems, in varying degrees, fit more closely the male-created ideal of “real woman,” we’re more privileged than Butches, both in the het world and in Lesbian communities. Because Butches have rejected feminine conditioning more completely, they’re treated as being more queer, more suspect, more “unnatural.” (Ex-het Fems get more “normal” privilege than Never-het Fems, and ex-married Fems and mothers get even more privilege. An ex-het Butch and a Never-het Fem are in a position to oppress each other, but when they’re both Never-het or both ex-het, the Butch will be more oppressed than the Fem.) Hets don’t relate to Fem Lesbians with the same degree of vicious queer-hating. Even though we do get it, especially if we’re dressing and acting in a more Dyke-identified way, it’s never as bad as what a Butch gets. As is always the case with oppression, we’ve internalized these privileges and oppressions, so that Butches and Fems alike tend to treat Fems as if we are more “real women,” more deserving of care and attention. Meanwhile, Butches are viewed as being “male-identified.” What could be more insulting, untrue, and oppressive?

Porque Fems, em variados graus, se encaixam de forma mais próxima ao ideal masculino-criado da “verdadeira mulher”, nós somos mais privilegiadas do que Butches, seja no mundo hétero, seja nas comunidades Lésbicas. Porque Butches rejeitaram o condicionamento feminino mais completamente, elas são tratadas como sendo mais bizarras, mais suspeitas, mais ‘não-naturais’. (Fems ex-hétero recebem mais privilégio “normal” do que Fems nunca-héteros, e Fems mães ou que foram casadas recebem ainda mais privilégios. Uma Butch ex-hétero e uma Fem Nunca-hétero estão em uma posição para oprimir uma à outra, mas quando elas são ambas Nunca-hétero ou ambas ex-hétero, a Butch será mais oprimida que a Fem). Héteros frequentemente não tem o mesmo grau de lesbofobia por Lésbicas Fems que tem pelas Butches. Mesmo que o recebamos, especialmente se estamos vestidas e atuando de uma foma mais identificada com as Sapatonas, nunca é tão grave quanto o que recebe a Butch. Como sempre ocorre com opressão, nós internalizamos essas opressões e privilégios, de tal forma que Butches e Fems de forma semelhante tendem a tratar Fems como se nós fossemos mais “mulheres reais”, mais merecedoras de cuidado e atenção. Enquanto isso, Butches são vistas como sendo “macho-identificadas”. O quê poderia ser mais insultante, falso e opressivo?

Lésbicas femininas tratam Butches como não-mulheres

Some of my understanding about Butch oppression comes from how I’ve been treated by het women, by more feminine Fems, and by anti-Separatist Fems who think of Separatists as being like the worst sort of men. At those times, I’m treated a little bit as if I were Butch, as if I were very queer and not quite female. Not a nice feeling. While it’s happening it’s made me feel, in weaker moments, as if there might really be something monstrous about me. The effects of being viewed as unnatural go deep, no matter how much I know they’re wrong, no matter how strong I am—and I am strong and politically aware. It’s insulting and objectifying to be seen as being like your worst enemy—men—and to have your female reality and individuality denied. That’s the kind of thing that’s done continuously to Butches.

Parte do meu entendimento sobre opressão Butch vem de como eu fui tratada por mulheres héteros, por Lésbicas mais femininas, e por Lésbicas femininas anti-Separatistas que pensam em Separatistas como sendo o pior tipo de homens. Nestes momentos, sou tratada um pouco como se eu fosse Butch, como se eu fosse muito esquisita e não realmente mulher. Não é um sentimento legal. Enquanto isso acontece me sinto, nos momentos mais vulneráveis, como se tivesse algo realmente monstruoso. Os efeitos de ser vista como algo não-natural vão mais a fundo, não importa o quanto eu saiba que elas estão erradas, não importa quão forte eu seja – e eu sou bastante forte e politicamente consciente. É ofensivo e objetificador ser vista como sendo seu pior inimigo – homens – e ter sua realidade de mulher (fêmea) e sua individualidade negadas. É o tipo de coisa que é feita continuamente às Butches.

Fems seriously injure Butches when they believe and act on Butch-hating stereotypes. Some of those stereotypes are obviously negative ones: that Butches are abusive, dominating and insensitive, like men; that they oppress women, like men do; that they don’t understand real women; that they don’t experience female oppression; that they are obsessed with sex, like men are. Other stereotypes are claimed to be positive, but are just as damaging: that Butches have special erotic power; that they are mysteriously physically stronger and emotionally invulnerable; that they enjoy doing hard physical tasks and protecting Fems from danger and from unpleasant experiences. Believing any of these stereotypes is not respectful — it’s objectifying.

Fems ferem as Butches seriamente quando elas acreditam e atuam com base em estereótipos butchfóbicos. Alguns desses estereótipos são obviamente negativos: de que Butches são abusivas, dominadoras e insensíveis como os homens. Que elas oprimem mulheres, como homens fazem. Que elas não entendem as mulheres reais. Que elas não experienciam a opressão de mulheres. Que elas são obcecadas com sexo, como os homens são. Outros estereótipos são clamados como sendo positivos, mas são tão danosos quanto: de que Butches possuem um poder erótico especial. De que elas são misteriosamente fisicamente mais fortes e emocionalmente invulneráveis. Que elas desfrutam fazer tarefas físicas pesadas e proteger as Fems do perigo e de experiências desagradáveis. Acreditar em quaisquer destes estereótipos não é respeituoso – é objetificador.

Muitas Fems falsamente assumem que Lésbicas valorizam Butchtude mais exaltadamente do que feminilidade Lésbica. Isso é similar às Lésbicas de classe privilegiada romantizando Lésbicas pobres e de classe trabalhadora e se sentindo mal com elas mesmas por serem da “classe errada”. Se você prestar atenção à como Lésbicas atualmente tratam umas às outras, se torna óbvio que Fems são tratadas mais como “pessoas reais”, “mulheres reais”, enquanto Butches são tratadas como mais aberrantes e com mais necessidade de Feminismo.

Many Fems falsely assume that Lesbians value Butchness more highly than Femness. That’s similar to class-privileged Lesbians romanticizing poor and working-class Lesbians and feeling sorry for themselves because they’re “the wrong class.” If you pay attention to how Lesbians actually treat each other, it becomes obvious that Fems are treated more like “real people,” “real women,” while Butches are treated as more queer, more in need of Feminism.

O feminismo da Libertação das Mulheres está preocupado em fazer a heterossexualidade mais confortável para as mulheres heterossexuais. Por que deveria qualquer Lésbica querer apoiar esse reformismo heterossexista que, obviamente, apoia a idéia masculina de que feminilidade define o ser fêmea? Aceitar essa definição inquestionável dos homens é porque a maior parte das Lésbicas ex-héteros que saíram do armário no Movimento de Libertação das Mulheres pensam que as Butches é que estão num papel de gênero e que as Fems não estão. Assim como com outros privilégios, Feminilidade é considerada a norma. E é claro que são aqueles com privilégio que possuem o poder de definir o que a norma é. Butches são consideradas geralmente não-feministas pelas Fems ex-heéteros do Movimento, e são acusadas de não serem “identificadas com as mulheres” (15) – uma forma indireta de dizer que Butches não são “mulheres”. Isso é ofensivo e opressivo porque elas estão dizendo que Butches são como nossos opressores.

Women’s Liberation feminism is concerned with making heterosexuality more comfortable for heterosexual women. Why should any Lesbian want to support this heterosexist reformism which, of course, supports the male idea that femininity defines femaleness? Accepting that unquestioned male definition is why most ex-het Lesbians who came out in the WLM think that Butches are in a role, but that Fems are not. Like with other privileges, Femness is considered the norm. And of course it’s those with the privilege who have the power to define what the norm is. Butches are usually considered unfeminist by ex-het Women’s Liberation Fems and are accused of not being “woman-identified”—an indirect way of saying not “womanly.” This is insulting and oppressive, because they’re saying Butches are like our oppressors.

O fato é que, Butches são mais verdadeiramente identificadas com as mulheres (15) do que as Fems que as criticam. É a rejeição Butch à feminilidade que ofende essas Fems. Nunca ocorre à tais Fems que elas mesmas são as que precisam se tornar mais identificadas com as mulheres, ou seja, mais Lesbo-identificadas (16). A “mulheridade” que elas valorizam tanto não é a essência da natureza das fêmeas. É justamente a independência das Butches das definições masculinas que é algo muito mais verdadeiramente mulher. Maior parte das Fems ex-héteros do Movimento de Libertação das Mulheres tem sido muito arrogantes – por causa de seu privilégio hétero, feminino e sua lesbofobia – para reconhecer que são elas que tem algo para aprender com as Butches que são Sapatonas sempre-Lésbicas.

The fact is, Butches are more truly female-identified than the Fems who criticize them. It’s Butches’ rejection of femininity that offends these Fems. Never does it occur to such Fems that they themselves are the ones who need to become more female-identified, that is, more Lesbian-identified. The “womanliness” they value so much isn’t basic to female nature at all: Butches’ independence from male definitions is more truly female. Most ex-het Women’s Liberation Fems have been too arrogant, because of their het and Fem privilege and lesbophobia, to realize that it’s they who have something to learn from Butches who are lifelong Dykes.

Eu conheci muitas Fem ex-hétero que, por causa de suas suposições lesbofóbicas sobre papéis, pensam que Fems são oprimidas por Butches. Quando eu perguntei a uma Lésbica Mãe ex-hétero e que foi casada, o que ela queria dizer por alegar que ela, como Fem, se sentia oprimida por Butches, ela respondeu que isso era “uma extensão de como eu fui oprimida como uma mulher heterossexual”. Esta Lésbica está infelizmente longe de ser a única a pensar que a Butch é um outro tipo de homem e ela já havia sido uma Lésbica radical há anos quando ela disse isso. Atitudes héteros e privilégio hétero não desaparecem ao sair do armário, mesmo depos de anos sendo uma Lésbica política: eles precisam ser reconhecidos, analisados, e resistidos conscientemente assim como outras crenças e comportamentos opressivos

I’ve met many ex-het Fems who, because of their lesbophobic assumptions about roles, think Fems are oppressed by Butches. When I asked one ex-het, ex-married Lesbian mother what she meant by saying she, as a Fem, felt oppressed by Butches, she answered that it was “an extension of how I was oppressed as a heterosexual woman.” This Lesbian is unfortunately far from unique in thinking of a Butch as another sort of man, and she’d been a radical Lesbian for years when she said that. Het attitudes and het privilege don’t vanish upon coming out, even after years of being a political Lesbian: they have to be recognized, analyzed, and consciously resisted just like other oppressive beliefs and behaviors.

As mesmas Fems que pensam que as Butches são imitações opressivas de homens também romantizam Butches como amantes: querendo ser perseguidas e que elas peguem no seu pé, querendo ser aquela à quem é feito amor (passivas) e não se preocupando em focar a mesma atenção à sua amante, querendo experienciar a amante Butch como o Outro, como um tipo de oposto, como misteriosamente mais poderosa, forte, brava. A admiração honesta e o respeito que uma Butch pode despertar em outra Lésbica, Fem ou Butch, é distorcida em um jogo de poder heteronormativo – um vício da desigualdade, com a Fem na posição de poder e fingindo não estar. Não é honesto, não é respeituoso, e com toda certeza não é amor.

The same Fems who think of Butches as oppressive imitation men also often romanticize Butches as lovers: wanting to be pursued and swept off their feet, wanting to be the one who is made love to and not caring to focus the same attention on her lover; wanting to experience the Butch lover as Other, as some kind of opposite, as mysteriously more powerful, stronger, braver. The honest admiration and respect that a Butch could arouse in another Lesbian, Fem or Butch, gets distorted into a het-like power game—an addiction to inequality, with the Fem in the power position and pretending not to be. It’s not honest, it’s not respectful, and it sure isn’t love.

Há também atitudes anti-Butch degradantes que são erotizadas, as quais são aceitas de modo não questionado entre Lésbicas, como a seguinte descrição de um vídeo sexual publicado em Maio de 1985, em uma edição de um jornal local Lésbico e Gay: “Para a lésbica perita em sadomasoquismo – é ensinado à butch alguns modos na veneração à femme”. Qualquer pessoa com dificuldade em reconhecer o ódio neste anúncio precisa apenas substituir o nome de qualquer outro grupo oprimido por “butch” e o correspondente grupo privilegiado por “femme” e sentir qual é sua reação espontânea (a profundidade da opressão Lésbica é tamanha que é geralmente mais fácil para nós reagir emocionalmente à uma questão que não é particularmente e unicamente sobre Lésbicas).

There are also degrading eroticized anti-Butch attitudes which are accepted unchallenged among Lesbians, like the following description of a sex video advertised prominently in the May, 1985, issue of a local Lesbian/Gay newspaper: “For the lesbian s/m connoisseur — butch is taught a few manners in femme worship.” Anyone having a hard time recognizing the hatred in this ad needs only to substitute the name of any other oppressed group for “butch” and the corresponding privileged group for “femme” and feel what your gut reaction is. (The depth of Lesbian oppression is such that it’s often easier for us to react emotionally to an issue which isn’t particularly and solely about Lesbians.)

É errado explorar a coragem de se correr riscos das Butches deixando-as fazer a maior parte do trabalho de manter a visibilidade Lésbica e levando a pior punição do mundo hétero, enquanto elas são usadas por Fems para celebrar o “poder de atração” das Fems. Que tal Fems tentarem desenvolver algumas daquelas qualidades Butch que elas às vezes alegam admirar? Muitas Fems o fizeram, mas a tendência em torno à feminilidade está corroendo o apoio pela des-feminilização e o substituindo por uma forte pressão para se feminilizar.

It’s wrong to exploit Butches’ courage and risk-taking, letting them do most of the work of maintaining Lesbian visibility and take the worst punishment from the het world, while they are used by Fems to celebrate the Fems’ “power to attract.” What about Fems trying to develop some of those Butch qualities they sometimes claim to admire? Many Fems have done that, but the trend toward femininity is eroding support for de-feminization and replacing it with strong pressure to feminize.

Que tal as Fems reconhecerem sua posição privilegiada e opressiva? Que tal tentar parar a sexualização dos desequilíbrios de poder? Que tal reconhecer que agir dentro de seus privilégios, obviamente, é como mais confortável mas que isso não faz com que esteja tudo bem? Este privilégio é omotivo de tantas Fems estarem dizendo agora “Eu gosto de ser feminina”, enquanto as Butches expressam conflito, exame de consciência, desconforto, auto-crítica e dor sobre ser uma Butch.

What about Fems recognizing our privileged and oppressive position? What about trying to stop the sexualizing of power imbalances? What about acknowledging that acting out of privilege is, of course, going to feel more comfortable, but that that doesn’t make it all right? That privilege is why many Fems are now saying “I enjoy being a Fem,” while Butches express conflict, soul-searching, discomfort, self-criticism and pain about being Butch.

Fems que pensam que são Butches

Discussões sobre identidades Butch e Fem se tornam frequentemente confusas porque muitas Fems pensam que são Butches. Butches são uma pequena minoria e existem muitas concepções erradas sobre o que é a verdadeira identidade Butch. Portanto, muitas Fems são erroneamente assumidas como sendo Butches, ou acreditam ser Butches, caso elas sejam menos femininas que outras Fems. Algumas Fems que também são privilegiadas em outras formas, como aparência, magreza e classe, recebem uma atenção positiva de outras Lésbicas por se passarem como sendo Butch. Elas podem ser admiradas por conseguirem administrar o agir/ser “Butchy” sem “irem tão longe”, mas elas certamente não experienciam a opressão Butch. Também existem Fems que querem ser como homens e pensam que isso significa que elas são Butches.

 Discussions about Butch and Fem identity often become confused because many Fems think they are Butches. Butches are a small minority, and there are many misconceptions about what true Butch identity is. So, many Fems are mistakenly assumed to be Butches, or believe themselves to be Butches, if they’re less feminine than other Fems. Some Fems who are also privileged in other ways, like looks, thinness and class, get positive attention from other Lesbians by playing at being Butch. They may be admired for managing to act “Butchy” without “going too far,” but they certainly don’t experience Butch oppression. There are also Fems who want to be like men and think that means they are Butches. 

Dessa forma, existem mais Fems oprimidas que são pressionadas a um papel do tipo Butch e são objetificadas como criadas sexuais e emocionais pelas Fems mais privilegiadas e mais femininas. Quando duas Fems são amantes ou amigas, se uma é mais oprimida por ser negra, gorda, mais velha, ter uma aparência menos privilegiada, ser menos privilegiada etnicamente ou de classe, ter menos ou nenhuma experiência hétero, ou ser mais Lésbica Separatista, ela é presumivelmente considerada a menos feminina das duas e, portanto, “a Butch”. Isto apenas se soma às suas opressões existentes. Seus sentimentos não serão considerados como sendo tão importantes quanto ou tão sensíveis quanto os de sua amada, sua forma de fazer amor pode não ser recíproca e sua amada pode interpretar tudo o que ela faz sob a distorcida tela da lesbofobia porque “a Butch” do casal é a que é considerada mais bizarra do que sua amada. Ela é mais propensa a entender a natureza da opressão Butch como o resultado por ter sido por vezes tratada como uma Butch, embora ela nunca irá experienciar o tanto de opressão Butch que ela experienciaria se ela realmente fosse Butch.

 Then there are more oppressed Fems who get pressured into a Butch-like role and are objectified as sexual and emotional servicers by more privileged and more feminine Fems. When two Fems are lovers or friends, if one is more oppressed because of being darker, fatter, older, having less looks privilege, less ethnic or class privilege, less or no het experience, or being more Dyke Separatist, she’s likely to be considered the less feminine of the two, and therefore “the Butch.” This just adds to her existing oppressions. Her feelings won’t be considered to be as important or as sensitive as her lover’s, her lovemaking may not be reciprocated, and her lover may interpret everything she does through the distorted screen of lesbophobia, because “the Butch” in the couple is the one who’s considered more queer than her lover. She’s more likely to understand the nature of Butch oppression as a result of being treated like a Butch at times, although she’ll never experience as much Butch oppression as she would if she was actually Butch. 

O Uniforme da Mulher Hétero vs. Identidade Lésbica

Eu fui criticada por Lésbicas Fems que vestem uma forma meio “Fem drag” e querem saber por que eu não me “visto elegantemente” ou por que eu “quero usar um uniforme”. Essa imagem ofensiva, militarista masculina é abertamente lesbofóbica – são elas que se vestem conforme o uniforme feminino aprovado pelos homens. Elas reclamam do quão terrivelmente pressionadas elas se sentem em vestir roupas Sapatão, mesmo assim, em todos os casos, essas Fems agressivamente começaram falando sobre roupas. Eu não tenho o costume de ficar confrontando Lésbicas que se vestem femininamente, ou muito menos qualquer outra pessoa que eu conheça que sente o mesmo que eu sobre essa questão: nós geralmente estamos ocupadas demais nos defendendo contra os ataques à nossa falta de feminilidade. Enquanto isso, eu frequentemente escuto Lésbicas femininas serem exaltadas pela sua “coragem” em exibir sua feminilidade. Onde está a “coragem” em perpetuar valores masculinos e hétero?

 I’ve been criticized by Fem Lesbians who wear some form of Fem drag and want to know why I don’t “dress up,” why I “want to wear a uniform.” This offensive, militaristic male imagery is openly Lesbian-hating—they’re the ones wearing the male-approved feminine uniform. They complain about how terribly pressured they feel to wear Dyke clothes, yet in every case these Fems aggressively initiated talking about clothes. I don’t go around confronting Lesbians who dress feminine, nor does anyone else I know who feels the same as I do about this issue: we’re usually too busy defending ourselves against attacks on our lack of femininity. Meanwhile, I often hear feminine Lesbians praised for their “courage” in displaying their femininity. Where’s the “courage” in perpetuating male and het values? 

Uma Fem, uma ex-hétero, mãe divorciada, me passou um sermão em minha própria mesa de cozinha, sobre como a “aparência Sapatão” (Butch) é na verdade um “uniforme” de classe média descendente de europeus. Ela alegou que as Lésbicas racialmente oprimidas e as Lésbicas pobres e de classe operária gostavam de “se vestir” como Fem. (Ela mesma é uma descendente europeia, classe operária, criada como protestante.) Para ela, aparentemente, Butches racialmente oprimidas e Butches pobres e de classe operária ou não existem ou não contam.

 One Fem, an ex-het, ex-married mother, gave me a lecture at my own kitchen table about how the “Dyke look” (Butch) is really a European-descent middle-class “uniform.” She claimed that racially oppressed Lesbians and poor and working-class Lesbians like to “dress up” Fem. (She herself is European-descent, working-class, protestant-raised.) For her, apparently, racially oppressed Butches and poor and working-class Butches either don’t exist or don’t count. Not to mention myself, sitting in front of her, a working-class Fem who hates feminine clothes and rejects the idea that Fem drag is “dressing up” in any positive sense — I also didn’t count. 

Por quê aquelas que nos criticam assumem que eu e outras Sapatões não sabemos o que um “uniforme” é? Ninguém quer arregimentação. Por quê demonstram tanto desrespeito às tradições universais culturais, anciãs, que nós desenvolvemos como grupo oprimido? Muitos grupos oprimidos expressam sua identidade cultural e reconhecem um ao outro através do uso de suas roupas tradicionais e únicas, com uma variação individual de acordo com o gosto. Colonizadores reprimem culturas proíbindo o uso de roupas tradicionais como primeiro passo para o genocídio. Reivindicar vestimentas tradicionais é, frequentemente, um dos primeiros passos para resistir à destruição cultural. Eles as usam com uma declaração de orgulho. Sapatões usam roupas de sapatão por razões similares. Ainda assim, os mesmos homens e mulheres liberais e Lésbicas hétero-identificadas (17), os quais nunca sonhariam em atacar o estilo cultural de outras pessoas, não hesitam em nós atacar pelo nosso.

 Why do our critics assume I and other Dykes don’t know what a “uniform” is? None of us want regimentation. And why are the ancient, universal cultural traditions we’ve developed as an oppressed people shown such disrespect? Many oppressed groups of people express their cultural identity and recognize each other through wearing traditional clothes unique to them, with individual variation according to taste. People who invade others’ lands and suppress their cultures forbid traditional clothing as one of the first steps of genocide. Reclaiming traditional clothes is often one of the first steps in resisting cultural destruction. They’re worn as a statement of pride. Dykes wear Dyke clothing for similar reasons. Yet the same liberal men and women and het-identified Lesbians who’d never dream of attacking other peoples’ cultural style don’t hesitate to attack us for ours. 

As roupas que eu e outras Sapatões usamos não são as do tipo que os homens designaram para as mulheres usarem. Essas roupas são mais baratas, ressitentes, mais quentes nos tempos frios, menos apertadas e mais protetivas – o tipo de roupa que os homens gostariam de reservar para si mesmos. Vestir as mesmas não só é mais confortável e funcional como também deixa mais evidente para qualquer um que me veja, incluindo outras Sapatões, que eu sou uma Sapatão. Elas também facilitam que eu me defenda caso um homem me ataque. Minhas roupas sapatões libertam meus movimentos para serem mais naturais para mim mesma porque eles não necessitam dos constrangimentos artificiais dos quais as roupas femininas necessitam: os passos pequenos, as pernas mantidas juntas, os movimentos dos ombros limitados, a inquietação com o cabelo, as joias e a maquiagem que nós estamos acostumadas a ver nas mulheres. (Quando eu me refiro à restrição de movimento corporal, eu não estou falando sobre habilidades físicas inerentes. Para além de suas habilidades físicas, o vestuário pode tanto te restringir como te permitir maximizar o uso de seu corpo.) Minhas roupas não são roupas “masculinas”, elas são roupas lésbicas. Elas simbolizam a recusa profunda das Sapatões em sermos brinquedos sexuais dos homens. E porque elas são proibidas para nós, elas também representam nossa recusa em seguir ordens vindas de homens.

 The clothes I and other Dykes wear aren’t the kind men designate for women. They’re clothes that are cheaper, sturdier, warmer in cold weather, less constricting and more protective—the kind of clothing that men would like to reserve for themselves. Wearing them is not only more comfortable and functional, it also makes it more obvious to anyone who sees me, including other Dykes, that I’m a Dyke. They also make it easier for me to defend myself if a male attacks me. My Dyke clothes free my movements to be more natural to myself, because they don’t require the artificial constraints that feminine clothes do: the smaller steps, legs kept together, restricted shoulder movements, the fussing with hair, jewelry, and make-up that we’re used to seeing in women. (When I refer to restricted body movement, I’m not talking about inherent physical ability. Whatever one’s physical ability, clothing can either restrict or allow maximum use of one’s body.) My clothes aren’t “male” clothes, they’re Lesbian clothes. They symbolize Dykes’ deep refusal to be men’s sex-toys. And because they’re forbidden to us, they also represent our refusal to follow men’s orders. 

Aqueles que entendem os códigos de vestimenta patriarcais estão cientes de que, até as mais aparentemente razoáveis calças e blusas femininas, que muitas Lésbicas aceitam, ainda estão em conformidade com o que os homens ditam. Por exemplo, se elas não fossem especificamente para mulheres, camisetas femininas não seriam chamadas de “blusas”. Esse não é um jogo de palavras – roupas designadas para mulheres tem menos bolsos, são mais mal feitas e, frequentemente, mais caras. Até mesmo roupas “unissex” tem uma melhor qualidade, conveniência e conforto para as versões de homens e meninos.

 Those who understand patriarchal dress codes are aware that the seemingly more reasonable feminine slacks and blouses that many Lesbians accept still conform to male dictates. For example, if they weren’t specifically for women, feminine shirts wouldn’t be called “blouses.” This isn’t a word game—clothes designated for women have fewer pockets, are less well-made, and often more expensive. Even “unisex” clothing reserves better quality, convenience, and comfort for the men’s and boys’ versions. 

Eu chamo as roupas femininas de “drag” porque elas são uma fantasia de brincar de hétero. As vidas das mulheres hétero são baseadas em mentiras que são repetidas e encenadas tão constantemente que as verdades sobre elas mesmas, enquanto mulheres e potenciais Lésbicas, são profundamente soterradas. Mulheres héteros estarão mortas para si mesmas enquanto verdadeiras fêmeas à medida em que escolherem permanecer como hétero. Elas não sabem quais são as necessidades de uma alma feminina ou então elas não seriam hétero; elas não alimentariam seu próprio inimigo. Então por que tantas Lésbicas estão imitando mulheres hétero? Ou, em alguns casos, estão voltando para os valores que tinham enquanto elas mesmas eram héteros?

 I call feminine clothes “drag” because they’re a game-playing het costume. Het women’s lives are based on lies that are repeated and acted out so often that the truths about themselves as women and potential Lesbians are deeply buried. Het women are dead to themselves as true females as long as they choose to remain het. They don’t know what the needs of a female soul are, or they wouldn’t be het; they wouldn’t be nurturing their very enemy. Then why are so many Lesbians imitating het women? Or in some cases, going back to values they had when they themselves were het? 

Héteros frequentemente assumem que as Lésbicas que tem uma aparência feminina são na verdade bissexuais ou hétero. Eu não acho que essa suposição é 100% ignorância hétera. Roupas femininas, estilos de cabelo, comportamento, obsessões com dietas e com a aprovação masculina de suas aparências são todas formas de uma comunicação social que diz “Eu estou disposta a satisfazer os homens”, ou, no mínimo, “Eu aceito os ditames masculinos no vestir e no comportamento. Eu não sou tão lésbica quanto uma Butch. Eu sou realmente bastante normal”. Geralmente, Fems conseguem se passar por hétero mais facilmente do que Butches. Mas Fems que rejeitam valores femininos e tentam ser visivelmente assumidas são tratadas como sendo muito mais Lésbicas do que outras Fems. Nós estamos em uma posição em que podemos ser oprimidas por Fems que estão se vendendo, e somos aliadas muito mais naturais para as Butches.

 Hets often assume that feminine-looking Lesbians are really bisexual or het. I don’t think that assumption is 100% het ignorance. Feminine clothing, hair styles, behavior, obsession with dieting and with male-approved appearance are all forms of social communication that say, “I’m willing to please men,” or at the very least, “I accept men’s dictates in dress and behavior. I’m not as queer as a Butch. I’m really rather normal.” Generally, Fems can pass as het more easily than Butches. But Fems who reject feminine values and try to be visibly out are treated as more queer than other Fems. We’re in a position to be oppressed by Fems who are selling out, and we’re more natural allies for Butches. 

*Algumas Fems apreciam o fato de que homens e/ou mulheres héteros gostem de suas feminilidades. Algumas Fems ex-héteros ainda estão presas pela aprovação masculina, mesmo que isso as leve à forma de pensar: “Vocês homens gostam do que veem, mas não podem mais nos ter”. Eu na verdade li isso escrito por uma Fem em uma publicação “Sapatão”, e eu já escutei Lésbicas falarem nesse sentido. Lésbicas que brincam desses jogos sexuais com homens estão fazendo jogo duplo e fazendo os homens mais importantes para elas do que a identidade e solidariedade Lésbica. Outras Lésbicas se utilizam de roupas e comportamentos femininos simplesmente para se sentirem mais seguras da opressão homossexual, para tentar se misturar mais com os héteros. Quaisquer as razões, são todas sob as custas das Bucthes, que, sendo as lutadoras mais barulhentas e públicas da resistência contra os valores heterossexuais, por não acatarem de forma alguma a aprovação hétero, acabam se tornando alvos para a punição mais intensa do mundo hétero. Afinal de contas, mesmo que outras Lésbicas (Fems) estejam dispostas à fazer este papel no jogo hétero – estejam dispostas à se vestir e mudar seus corpos (fazendo dietas, se depilando, modificando seus cabelos) de acordo com o que ditam os homens – isso incentiva a pressão hétero em cima das Butches à fazer o mesmo, sem falar das opressões racistas, as opressões sobre o envelhecer, sobre a aparência e a opressão gorda envolvidas em se fazer este papel.

 Some Fems enjoy the fact that men and/or het women like their Femness. Some ex-het Fems are still caught up with male approval, even if it takes the form of thinking, “You men like what you see, but you can’t have me anymore.” I’ve actually read that written by a Fem in a “Dyke” publication, and I’ve heard Lesbians talk that way. Lesbians who play those sexual games with men are making both the games and the men more important to them than Lesbian identity and solidarity. Other Lesbians use feminine clothes and behavior simply to make themselves safer from queer oppression, trying to blend in more with het ways. Whatever the reasons, it’s all at the expense of Butches, who by being the most blatant and public resistance fighters against heterosexist values, by not catering to het approval at all, become the targets for the most intense punishment from the het world. After all, if even other Lesbians (Fems) are willing to play that part of the het game—are willing to dress and change their bodies (dieting, shaving, altering their hair) as men dictate—that supports the het pressure on Butches to do the same, not to mention the racism, ageism, looksism, and fat oppression involved in doing those things. 

Feminilidade não é uma diversão ou uma forma inocente de auto expressão. Não é criativo, não é “libertador”, não é ousado ou sexy. É a mesma porcaria babaca heterossexual. Ela significa gastar tempo, energia e dinheiro com esmaltes de unha, perfume, estilos de cabelo, vestidos, dietas, exercícios para modelar o corpo, poses e jogos; fantasiar-se como o centro da atenção sexual, tornando tudo um jogo sexual e afastando cada vez mais da realidade da mulher, do real poder da mulher Lésbica. Significa se identificar cada vez mais com valores héteros e escolher se ver através dos olhos dos homens. Merda, você poderia ser aquela mulher no comercial do batom: apenas substitua a Lésbica Butch por aquele homem ofegante atrás dela. Se a sua amante ou amiga não quer fazer esse jogo, você irá ensiná-la o quão “legal” ele pode ser. Quanto tempo e interesse isso deixa para formar relacionamentos Lésbicos verdadeiramente amorosos, construindo comunidades Lésbicas fortes e combatendo o patriarcado?

 Femininity isn’t a harmless diversion or form of self-expression. It’s not creative, it’s not “freeing,” it’s not daring or sexy. It’s just the same phony heterosexist crap. It means spending time, energy and money on nail polish, perfume, hair styles, dresses, diets, body-shaping exercises, poses and games; fantasizing yourself as the center of sexual attention, making everything into a sexual game, getting yourself further and further away from female reality, from real female Lesbian power. It means identifying more and more with het values and choosing to see yourself through men’s eyes. Shit, you could be that woman in the lipstick commercial: Just substitute a Butch Lesbian for the man that’s panting after her. If your lover or friend doesn’t want to play that game, you’ll teach her how much “fun” it can be. How much time and interest does this leave for forming truly loving Lesbian relationships, building strong Lesbian communities and fighting patriarchy? 

Eu não entendo o prazer que algumas Fems dizem ter em performar feminilidade, mas eu sei que ele está conectado com o privilégio heterossexista – isto é, é hétero-criado, hétero-aprovado, hétero-recompensado e anti-Lésbico. Eu não sei por que a maioria das meninas aceita treinamento feminino quando se é possível resistir a isso como fazem as garotas Butch, mas eu sei por experiência que Lésbicas Fems tem a escolha e a capacidade de reconhecer a mentira pelo que ela é e reprogramarem-se. Nossas políticas mudam nossos sentimentos com relação a muitas coisas. Pense em certos tipos de filmes ou livros que você apreciava antes de você se tornar mais politicamente consciente – aqueles que te causam repulsa agora porque seus sentimentos viscerais respondem ao seu conhecimento presente. Eu me sinto dessa forma com relação às roupas femininas que eu admirava enquanto criança. Eu sinto raiva com relação às porcarias desajeitadas e, ainda assim, sexualmente sugestivas empurradas às garotinhas desconhecidas – versões em miniatura do que as mulheres hétero adultas vestem para anunciar suas disponibilidades em serem fodidas por homens.

 I don’t understand the pleasure some Fems claim to get from feminine drag, but I know it’s connected to heterosexist privilege — that is, it’s het-created, het-approved, het-rewarded and anti-Lesbian. I don’t know why most girls accept feminine training when it’s possible to resist it as Butch girls do, but I do know from experience that Fem Lesbians have the choice and ability to recognize the lie for what it is and to reprogram ourselves. Our politics change our feelings about a lot of things. Think of certain movies or books you enjoyed before you became more politically aware — ones that disgust you now, because your gut feelings respond to your present knowledge. I feel that way about the feminine clothes I admired as a little girl. I feel angry about the clownish, yet sexually suggestive crap pushed on unknowing little girls — miniature versions of what adult het women wear to advertise their availability to men to be fucked. 

Vivendo com Integridade

Roupas e jogos femininos não são algo que simplesmente podem ser incluídos, de alguma maneira, na vida política das Lésbicas sem que afete a ela e outras Lésbicas de formas profundamente prejudiciais. Essas coisas femininas começam como sinais e símbolos de orientação por parte masculina e continuam sendo isso. Eles são os resultados da submissão e colaboração feminina. Nós não conseguimos transcendê-los ou recuperá-los. Eles não são de maneira alguma neutros, eles estão carregados de significados. Na verdade, eles são masculinos ao extremo. Qualquer prazer tirado através da feminilidade é desfrutado às custas das Lésbicas que são oprimidas por ela, especialmente Butches, que são feitas para sentirem-se como minorias inadequadas em suas próprias comunidades. Fems se revelando em sua feminilidade também oprimem Lésbicas, como eu, que se sentiriam miseráveis e degradadas em performar a feminilidade e que já experienciaram jogos de queerbating (22), que são jogado por Hard Fems. Fems que glorificam a feminilidade também fazem com que seja mais difícil que Lésbicas como eu sejam compreendidas e respeitadas quando nós nos identificamos abertamente como Fem e discutimos privilégios Fem e opressão Bucth. Nós estamos menos propensas a sermos consideradas Fems genuínas que sabem o que estão falando. Nem todas as Fems querem cultivar a feminilidade. Muitas de nós estamos resistindo com todo o nosso coração. Nós estamos tentando fortalecer nossas identidades Lésbicas e não enfraquece-las.

 Feminine clothes and games aren’t something that can just be tacked onto a Lesbian’s otherwise-political life without affecting her and other Lesbians in deeply damaging ways. Those feminine things began as, and continue to be, male-oriented signals and symbols. They’re the results of female submission and collaboration. We can’t transcend or reclaim them. They’re in no way neutral, they’re loaded with meaning. They’re actually masculine in the extreme. Any pleasure that’s gotten from femininity is enjoyed at the expense of Lesbians who are oppressed by it, especially Butches, who are made to feel like misfit minorities in their own communities. Fems reveling in femininity also oppresses Lesbians like me who’d feel miserable and degraded in feminine drag, and who’ve experienced the queer-baiting game-playing of Hard Fems.  Fems who glorify femininity also make it harder for Lesbians like me to be understood and respected when we identify ourselves openly as Fem and discuss Fem privilege and Butch oppression. We’re less likely to be considered genuine Fems who know what we’re talking about. Not all Fems want to cultivate femininity. Many of us are resisting it wholeheartedly. We’re trying to strengthen our Lesbian identities, not weaken them. 

Lésbicas que se vestem e que performam feminilidade também tornam a vida mais difícil e mais perigosa para o resto de nós em relação ao mundo hétero. Elas tornam as Lésbicas que são mais evidentes em uma minoria menor ainda, que são, portanto, mais facilmente de serem discriminadas, molestadas, feitas de bode expiatórios e brutalizadas. Isso faz com que seja mais difícil para nós arrumarmos e mantermos empregos, seguros sociais ou rendas por invalidez, de conseguir alugar apartamentos, frequentar escolas, conseguir assistência médica, de ir para qualquer lugar, até mesmo para andar pelas ruas. Se todas as Lésbicas fossem obviamente Lésbicas, nós todas estaríamos mais seguras. Há uma infinidades de nós e nós seríamos uma força a ser reconhecida.

 Lesbians who dress and act feminine also make life harder and more dangerous for the rest of us in relation to the het world. They make blatant Lesbians an even smaller minority who are therefore easier to discriminate against, harass, scapegoat, and brutalize. It makes it harder for us to get and hold jobs, welfare or disability income, to be rented apartments, to attend schools, to get medical care, to go anywhere, to even just walk down the street. If all Lesbians were obvious Lesbians, we’d all be safer. There’s a hell of a lot of us, and we’d be a force to be reckoned with. 

Mas mais importante ainda, escolher ser visivelmente uma Lésbica é sobre viver com integridade. A escolha de uma Butch em resistir à feminilidade é a escolha de uma mulher que está sendo verdadeira com ela mesma, escolhendo ser tão viva quanto possível ao seu ser feminino, independentemente das punições infligidas à ela como resultado. Eu encontro nesta resistência, a chave para o poder Sapatão, a beleza Sapatão e o amor Sapatão.

 Most importantly, choosing to be an obvious Lesbian is about living with integrity. A Butch’s choice to resist femininity is the choice of a female who’s being true to herself, choosing to be as alive to her female self as possible, regardless of the punishments inflicted on her as a result. I find in that resistance a key to Dyke power, Dyke beauty and Dyke love. 

Parte 3

“Papéis” = Opressão Lésbica

From the beginning of patriarchal rule, women who accepted the feminine role devised ways to manipulate the male oppressor through that role, as much as they could within the narrow limits of an oppressed position. What’s appropriate when dealing with the oppressor is, however, inappropriate and cruel when used against other Lesbians. It’s particularly cruel towards Butches, who are at the bottom of the heterosexist hierarchy.

Desde o começo da lei patriarcal, as mulheres que aceitaram o papel feminino criaram modos de manipular o opressor masculino por meio desse papel, o que era o máximo que elas podiam fazer dentro dos limites apertados de uma posição oprimida. O que é apropriado quando lidando com o opressor é, contudo, inapropriado e cruel quando usado contra outras Lésbicas. É particularmente cruel contra as Butches que estão na parte mais baixa da hierarquia heterossexista.

Fems begin oppressing Butches in girlhood, which is why we have some of the same painful experiences with each other now as we did with other girls in the past. Beginning in girlhood, the most feminine little girls are at the top of the heterosexist hierarchy among their peers, and are already active in punishing Butch and less feminine girls through the many hostile games we all remember from our own pasts. They form exclusive cliques to ostracize and attempt to isolate the undesirables, and they ridicule the less feminine and the determinedly unfeminine. They slander less privileged, less feminine girls, deliberately damaging those girls’ chances for friendships and acceptance by others, and they show off their feminine accomplishments and attributes in ways that make everyone else feel clumsy and inferior.

As Fems começam oprimindo as Butches na infância. É por isso que nós passamos hoje em dia por algumas das mesmas experiências dolorosas que experimentamos com outras garotas no passado. Começando na infância, as menininhas mais femininas estão no topo da hierarquia heterossexista entre suas iguais, e já são ativas na punição das garotas Butches e menos femininas por meio dos muitos jogos hostis que nós todas lembramos em nossos próprios passados. Elas formam panelinhas exclusivas para banir e tentar isolar as indesejáveis e elas ridicularizam as menos femininas e as determinadamente não femininas. Elas difamam as garotas menos privilegiadas e femininas, deliberadamente prejudicando as chances dessas garotas fazerem amizades e serem aceitas pelas outras e elas exibem suas realizações e atributos de modo que fazem todas as outras se sentirem desajeitadas e inferiores.

These are the girlhood versions of Hard Fems. As Lesbians, Hard Fems don’t always wear extremely feminine clothes and trappings, though they’re the most likely to. It’s their behavior that most distinguishes them as Hard Fems. Because their femininity makes them more acceptable, more normal-seeming by het standards, and because most Lesbians have deeply internalized het standards, Hard Fems’ power and manipulations are seldom recognized as such. An Hard Fem usually has many friends and staunch defenders, some of whom are hurt by her over and over. Somehow she’s seldom perceived as being responsible for the pain, ruined relationships, and damaged political work she leaves in her wake. The Lesbian we knew who said, “It really is different with Lesbians than it is with men, isn’t it?” was an ex-het Hard Fem who left a swath of heartbreak and self-hatred among Lesbians she had manipulated and abandoned. Despite this minimal realization that Lesbians aren’t men, several years later, she’s still up to her old tricks, is considered very Lesbian-identified anyway, and still has friends who feel she’s a fragile soul who needs their protection. Lesbians don’t have to keep being vulnerable to this kind of heterosexist abuse from other Lesbians. If we can analyze and understand what’s going on, we can refuse to participate in it.

Essas são versões infantis das Hard Fems. Como Lésbicas, Hard Fems nem sempre vestem roupas e enfeites extremamente femininos, embora sejam as mais propensas a fazê-lo. É o comportamento delas que as distinguem melhor como Hard Fems. Porque a feminilidade faz delas mais aceitáveis, de aparência mais normal aos padrões heterossexuais, e porque a maioria das Lésbicas internalizaram profundamente estes padrões, o poder e manipulação das Hard Fems são raramente reconhecidos como tal. Uma Hard Fem usualmente tem muitas amigas e defensoras leais, algumas das quais são machucadas por ela de novo e de novo. De alguma forma ela é raramente percebida como sendo responsável pela dor, relacionamentos arruinados e trabalho político prejudicado que ela deixa em seu caminho. A Lésbica que sabemos que disse “Realmente é diferente com Lésbicas do que é com homens, não é?’’ era uma ex-heterossexual Hard Fem que deixou uma faixa de corações quebrados e auto-ódio entre Lésbicas que ela manipulou e abandonou. Apesar dessa percepção mínima de que Lésbicas não são homens, alguns anos depois, ela permanece com seus velhos truques, é considerada muito Lesbo-identificada e continua tendo muitas amigas que sentem que ela é uma alma frágil que precisa da proteção delas. Lésbicas não precisam se manter vulneráveis a esse tipo de abuso heterossexista de outras Lésbicas. Se nós não podemos analisar e entender o que está acontecendo, nós podemos nos recusar a participar disso.

Although not all Fems are Hard Fems, all Fems do identify with each other as being other than Butch. This kind of bonding occurs within every privileged group, because there can’t be an in-group without an out-group, and it takes in-group cooperation to maintain the lie of superiority. That’s why a Fem who calls attention to Fems’ oppression of Butches, and is determined to fight that oppression, angers other Fems and is subject to their efforts to silence her. Fems who break Fem bonding get punished.

Embora nem todas as Fems sejam Hard Fems, todas as Fems se identificam umas com as outras como sendo diferentes das Butches. Esse tipo de ligação ocorre dentro de todo grupo privilegiado porque não pode haver uma interna no grupo sem haver uma externa ao grupo, e é preciso cooperação interna do grupo para manter a mentira da superioridade. É por isso que uma Fem que chama atenção para a opressão das Butches pelas Fems, e está determinada a lutar contra essa opressão, enfurece as outras Fems e está sujeita às tentativas de silenciá-la. Fems que quebram com a ligação Fem são punidas.

Even less feminine Fems always have the option of “pulling rank” and engaging in an occasional Hard Fem display, and many do so. The unquestioning, arrogant, smug assumption of superiority over Butches is an oppressive quality shared by almost all Fems, and that alone supports Lesbian-hatred among us to a degree that’s damaging to all Lesbians and devastatingly cruel to Butches. This is similar to how classist attitudes are ingrained in many class-privileged Lesbians. They may not consciously think they’re superior to poor and working-class Lesbians, yet they act condescending and authoritative.

Até as Fems menos femininas sempre possuem a opção de “puxar a categoria’’ e se engajar em uma disposição Hard Fem ocasional, e muitas fazem isso. A assunção inquestionável, arrogante e presunçosa da superioridade sob as Butches é uma qualidade opressiva compartilhada por quase todas as Fems, e só isso já apoia a lesbofobia entre nós para um grau que é prejudicial a todas as Lésbicas e de uma crueldade devastadora para as Butches. Isso é similar a como atitudes classistas são arraigadas em muitas classes privilegiadas de Lésbicas. Elas podem não pensar conscientemente que elas são superiores a Lésbicas pobres e da classe trabalhadora, embora ajam de forma condescendente e autoritária.

Os verdadeiros jogadores de papéis: homens e mulheres héteros

It’s men and het women who truly play roles. Their roles are so much a part of the dominant male culture that they’re taken for granted and considered to be natural. Men project onto women all of their own deficiencies (such as cowardice, illogic, inanity, dishonesty, treachery, and pettiness), and they push onto women an array of male-invented feminine mannerisms and styles that encourage weakness, dependence, submissiveness and general fuckability. Such is the role of “woman,” yet we’re supposed to believe it’s natural to want to mince along on stilted shoes, face masked with stinking, lurid chemicals, nails bloody talons, dieted-jazzercized-depilated-plastic surgeried bodies encased in exposing dresses, voices unnaturally high, gestures “cute” and aggressively flirtatious, and minds focused on pleasing men at any cost.

São os homens e mulheres heterossexuais que realmente encenam papéis (18). Os papéis deles são muito mais uma parte da cultura masculina dominante que eles tomam por garantida e consideram natural. Os homens projetam nas mulheres as próprias deficiências deles (tal como covardia, falta de lógica, inanidade, desonestidade, deslealdade e mesquinharia), e empurram para as mulheres uma gama de trejeitos femininos inventados pelos homens e estilos que encorajam a fraqueza, dependência, submissão e disponibilidade sexual generalizada. Tal é o papel da “mulher’’, contudo nós somos pretensas a acreditar que é natural querer andar em sapatos apertados, a face coberta com substâncias fedorentas, produtos químicos terríveis, unhas com garras sangrentas, corpos à base de dieta, exercícios, depilação e cirurgia plástica metidos em vestidos reveladores, vozes anormalmente altas, gestos “fofos’’ e flertes agressivos, e mentes focadas em agradar os homens a qualquer custo.

Meanwhile, men, who are raping female-kind, destroying life on the planet, and in quieter moments simply boring everyone to death, pretend exclusive possession of all valued qualities: strength, courage, nobility of heart, directness, honesty, wit, loyalty, intelligence, and independence. They also steal all comfortable, freedom-giving, attractive, and dignified clothes for themselves.

Enquanto isso, homens que estão estuprando a classe das mulheres, destruindo suas vidas no planeta e, em momentos mais quietos, simplesmente entediando-as até a morte, simulam a posse de todas as qualidades válidas: força, coragem, nobreza de coração, exatidão, sagacidade, lealdade, inteligência e independência. Eles também roubam todas as roupas confortáveis que dão liberdade e são atraentes e dignas para eles mesmos.

These are truly grotesque, exaggerated roles, reversals of reality, invented by men to maintain control over women, and accepted by their collaborators, het women. Lesbians don’t “play roles” like hets do. We’re not “like men and het women.”

Essas são leis verdadeiramente grotescas e exageradas, contrárias à realidade, inventadas pelos homens para manter o controle sob as mulheres. Essas leis são aceitas pelas colaboradoras: as mulheres heterossexuais. As Lésbicas não “encenam papeis’’ como as heterossexuais fazem. Nós não somos “como homens e mulheres heterossexuais’’.

The fact that male drag queens (including MTFs) can pass as women should convince all Lesbians that femininity’s not natural. Some models in women’s fashion magazines are reputed to be men in drag.6  Some drag queen entertainers have said they “make better women” than any woman could. [Interestingly, in 2011, many men claiming to be women are saying the same thing.] It’s possible that men’s wish for women to look feminine reflects their own secret desire for themselves and other men to look like that. We suggest that if men so love dresses, makeup, and high heels, they should all wear them. (Just don’t claim to be female.

O fato de que os homens drag queens (incluindo MTFs N.T.: Sigla para "Male to Female", homens que transicionaram para mulheres) podem passar por mulheres deveria convencer todas as Lésbicas de que a feminilidade não é natural. Algumas modelos nas revistas de moda feminina possuem o renome de serem homens drags (6). Alguns entusiastas do drag disseram que “são mais mulheres’’ do que qualquer outra mulher poderia ser. É interessante que em 2011 muitos homens que reivindicam serem mulheres estão dizendo a mesma coisa. É possível que o desejo dos homens de que as mulheres possuam aparência feminina reflita o próprio desejo secreto de que eles mesmos e outros homens se vistam assim. Nós sugerimos que se os homens amam vestidos, maquiagem e salto alto, eles deveriam todos usar isso. Só não reivindique que são mulheres.

Questione as Fems, Não as Butches

Feminine women, accepted and rewarded for cooperating with male dictates, are given the job of teaching and enforcing male-invented womanliness in other women. So het women praise femininity and punish resistance to it, on behalf of men. They protect men’s exclusive access to dignity, safety, comfort, and physical freedom. Fems, as part of the Fem role, carry on this policing behavior in Dyke communities to varying degrees, punishing Butches and pressuring us overtly or covertly to become feminine.

Mulheres femininas, aceitas e recompensadas por cooperar com os preceitos masculinos, possuem o trabalho de ensinar e reforçar a feminilidade inventada pelos homens nas outras mulheres. Assim, as mulheres heterossexuais louvam a feminilidade e punem a resistência a ela, em benefício dos homens. Elas protegem o acesso exclusivo dos homens à dignidade, segurança, conforto e liberdade física. As Fems, como parte do papel Fem, carregam este comportamento fiscalizador nas comunidades Lésbicas em vários graus, punindo Butches e nos pressionando publicamente ou secretamente a nos tornarmos femininas.

*Asking why Butches are Butch is the same as asking why Lesbians are Lesbians.* 
This question treats the Butch as an alien, incomprehensible being in a side show, to be psychologically analyzed. It’s like Lesbians’ families asking, “What did we do wrong to make you that way?” — as if they deserve the credit for our turning out so wonderfully. It’s insulting, oppressive, and patronizing for anyone to say they know what “caused” us to be what patriarchy considers bad or wrong about us. It’s the old, standard, “some terrible thing must have happened to cause that girl to become a sick queer.” 

Perguntar por que Butches são Butches é o mesmo que perguntar por que Lésbicas são Lésbicas

Essa questão trata a Butch como uma alienígena, um ser incompreensível em um mercado de carnes, a ser psicologicamente analisada. É como as famílias das lésbicas se perguntando: “O que nós fizemos errado para te fazer desse jeito?” – como se eles merecessem crédito por nós nos assumirmos tão maravilhosamente. É insultante, opressivo e super-protetor alguém dizer que sabe qual a “causa” de sermos o que o patriarcado considera mal ou errado sobre nós. É o velho e padronizado “algo terrível deve ter acontecido e feito essa garota se tornar uma bizarra doentia”.

The theory that we’re shaped only by forces outside ourselves denies that we have power to make decisions and be responsible for our own actions. Asking “what caused Butches?” comes from the attitude that Butches are “abnormal” and Fems are “normal.” For instance, some Fems become obsessed with thoughts of male hormones when they see a Butch with facial hair, and forget that just as many Fems have beards or shave, not to mention all the het women who’ve had electrolysis. Why don’t those Fems make the mistake of thinking of male hormones when they see very thin Fems with small breasts? It’s because lack of female fat is admired by men, and female facial hair isn’t.

A teoria de que somos moldadas apenas por forças externas recusa que nós temos poder para tomar decisões e sermos responsáveis por nossas próprias ações. Perguntar “o que causa as Butches?” vem da atitude de que as Butches são “anormais” e Fems são “normais”. Por exemplo, algumas Fems se tornam obsessivas com pensamentos sobre hormônios masculinos quando veem uma Butch com pelos faciais, e esquecem que muitas Fems têm barba ou raspam, para não mencionar todas as mulheres heterossexuais que fizeram eletrólise. Por que essas Fems não cometem o erro de pensar em hormônios masculinos quando veem Fems muito magras com seios pequenos? É porque a falta de gordura feminina é admirada pelos homens, pelos faciais femininos não.

The only approach that makes sense is to start from the conviction that Lesbianism is every female’s natural, inborn state and that there are relentless attempts to condition it out of us by the greatest propaganda machine in existence: the institution of heterosexuality. We should instead ask “Why do most women become het?” It then becomes obvious that Lesbianism involves not only love for women, but also resistance to, and rebellion against, heterosexual indoctrination.

A única abordagem que faz sentido é começar da convicção de que o Lesbianismo é o estado feminino natural e inato, e que há implacáveis tentativas de tirar isso de nós pela maior máquina de propaganda existente: a instituição da heterossexualidade. Nós deveríamos, pelo contrário, nos perguntar: “Por que a maioria das mulheres se tornam heterossexuais? “. Então se torna óbvio que o Lesbianismo envolve não apenas amor pelas mulheres mas também resistência e rebeldia contra a doutrinação heterossexual.

Heterosexuality is a vast and complex institution, and heterosexual conditioning has many facets. In order to become a successful Real Woman, a girl must reject other girls and become feminine, het, wife, and mother (the latter two preferably, but not necessarily, together). At some time in their lives, most Lesbians choose one or more of those roles. Many were wives, and some are mothers; some chose to be het but resisted marriage and motherhood. Some are never het, but did accept femininity enough to fit in as “normal.” There’s certainly tremendous pressure to be feminine, but the fact that some Lesbians completely resist it makes it clear that it is a choice, in the same way being het is a choice. 

A heterossexualidade é uma instituição vasta e complexa, e o condicionamento heterossexual possui diversas facetas. Com o objetivo de se tornar uma verdadeira Mulher Bem Sucedida, uma garota deve rejeitar outras garotas e se tornar feminina, heterossexual, esposa e mãe (os últimos dois preferencialmente, mas não necessariamente, em conjunto). Em algum momento da vida delas, a maioria das Lésbicas escolhem um ou mais desses papéis. Muitas foram esposas e algumas são mães; algumas escolhem ser heterossexuais mas rejeitam o casamento e a maternidade. Algumas nunca são heterossexuais, mas aceitam a feminilidade necessária para se enquadrar como “normal”. Certamente há uma pressão tremenda para ser feminina, mas o fato de que algumas Lésbicas resistem a isso completamente, deixa claro que é uma escolha, assim como ser heterossexual.

If het women didn’t cooperate with the teaching to be het, all women would be Lesbians. Similarly, if no Lesbian accepted the teaching to be feminine, we’d all be Butch. Butches, like Fems, live in patriarchy. We’re not saying Butch is our natural state, but that it’s much closer to our inborn, natural state, and that only a small minority of little girls refuse to let go of their original female essence. We can’t know what we’d be like if we lived in a Dyke-only world but, in the absence of het conditioning, there would be no such thing as femininity, and we’d all be more similar to how Butches are now.

Se mulheres heterossexuais não cooperassem com o ensino de ser heterossexual, todas as mulheres seriam Lésbicas. Similarmente, se nenhuma Lésbica aceitasse o ensino de ser feminina, seríamos todas Butches. Butches, tal como as Fems, vivem no patriarcado. Não estamos dizendo que Butch é nosso estado natural, mas que está muito mais próximo ao nosso estado inato e natural e que apenas uma pequena minoria de garotinhas recusam a largar sua essência feminina original. Nós não podemos saber como seria se vivêssemos em um mundo apenas de Sapatões, mas na falta de condicionamento heterossexual não haveria feminilidade e seríamos todas semelhantes ao que as Butches são agora.

Although most Fems we’ve talked with say they don’t remember choosing a feminine identity in girlhood, most Butches clearly remember rejecting femininity and being punished for it as early as three years old. We’re not trying to blame little Fem girls for making bad decisions. After all, we had no political support and couldn’t know the full meaning of our choices. We’re saying that Fems must stop scapegoating Dykes who refused the easier path of “normality” and who’ve been viciously punished for that. We’re saying that ex-het Dykes (both Fem and Butch) must now act responsibly about the consequences our choices have meant for Never-het Dykes, and Fems must face the consequences our choices have meant for Butches. Ex-hets and Fems shouldn’t wallow in guilt or self-recrimination—we should change our politics and truly support Never-het Dykes and Butches, who’ve been forced to pay for the acceptance we bought.

Embora muitas Fems com as quais conversamos não lembrem de ter escolhido uma identidade feminina quando meninas, a maioria das Butches claramente lembram de rejeitar a feminilidade e serem punidas por isso já aos 3 anos de idade. Nós não estamos tentando culpar as garotas Fems por tomarem más decisões. Até porque não tínhamos suporte político e não podíamos saber o significado completo de nossas escolhas. Nós estamos dizendo que as Fems devem parar de usar como bode expiatório as Sapatões que recusaram o caminho mais fácil da “normalidade” e que têm sido incessantemente punidas por isso . Nós estamos dizendo que Sapatões ex-heterossexuais (tanto Fem quanto Butches) devem agora agir com responsabilidade acerca das consequências que nossas escolhas têm significado para Sapatões nunca-heterossexuais, e Fems devem encarar as consequências que nossas escolhas têm significado para as Butches. Ex-heterossexuais e Fems não devem chafurdar na culpa ou auto recriminação – nós devemos mudar nossas políticas e verdadeiramente apoiar Sapatões nunca-heterossexuais e Butches que têm sido forçadas a pagar pela aceitação que nós compramos.

 *“The Lie That Rape Causes Roles”* 

A mentira de que estupro resulta na atuação de papéis

“Lesbians who were raped when they were girls become Butch” / “Lesbians who were raped when they were girls become Fem.” 

We’ve heard each of these contradictory theories from Lesbians who were trying to explain” in the same way that Lesbianism is often “explained” by psychiatrists. The first lie reinforces the stereotype that it takes something horrible to create a Butch. It’s difficult to disprove since most Butches are victims of family rape and other assaults. The fact that most Fems also are victims makes the second lie sound plausible, but that’s also offensive because it implies that Femness is created by oppression and Butchness is created by having more privilege. The fact is that both Butches and Fems are attacked as little girls, as are most het women. To focus on one denies the experiences of the other, and obscures the reality that most girls are sexually assaulted. 

“Lésbicas que foram estupradas quando garotas se tornam Butches”/ “Lésbicas que foram estupradas quando garotas se tornam Fems”.

Nós escutamos essas duas teorias contraditórias de Lésbicas que estavam tentando “explicar” tal fato do mesmo modo que o Lesbianismo é frequentemente “explicado” pelos psiquiatras. A primeira mentira reforça o estereótipo de que se precisa de algo horrível para criar uma Butch. Entretanto, é difícil contestá-la uma vez que a maioria das Butches são vítimas de estupro familiar e outros abusos. O fato de que a maioria das Fems também são vítimas faz a segunda mentira soar plausível, mas também é algo ofensivo porque implica que ser Fem é criado pela opressão e ser Butch é criado ao ter maior privilégio. O fato é que tanto as Butches quanto às Fems são atacadas quando garotinhas, assim como a maioria das mulheres heterossexuais. Focar em um desses grupos resulta na negação das experiências do outro e obscurece a realidade de que a maioria das garotas são sexualmente abusadas.

Passabilidade Hetero*

 We have a responsibility to not pass for het, especially in places where hets are more liberal about queers. It’s privileged arrogance to throw away the chance to help build Dyke community by being out. Many Lesbians manage to look acceptable enough to men and het women to get jobs, yet are still recognizable as Dykes to the Dykes who see them at work. There are other choices that make it possible to keep a job besides looking like a draq queen Hard Fem. The Lesbians who go out of their way to look het get benefits from men and het women that are won at the cost of oppressing Dykes who are less willing or less able to pass. Meanwhile, many Hard Fems and het women eagerly dress up like drag queens, old sexist dress codes are reinstated, and both Fems and Butches who can’t or won’t pass are unable to get or keep jobs. (And yes, there are a few Butches who do try to pass as feminine for jobs, but they don’t really convince anyone.) 

Nós temos a responsabilidade de não nos passarmos por héteros, especialmente em lugares conde héteros são mais liberais com relação aos lgbts. É uma arrogância privilegiada jogar fora a chance de construir uma comunidade Lésbica por estar fora. Muitas Lésbicas conseguem parecer aceitáveis o suficiente para homens e mulheres héteros para conseguirem trabalhos e ainda são reconhecidas como Lésbicas pelas Lésbicas que as veem no trabalho. Há outras escolhas que tornam possível manter um trabalho sem se ter que parecer uma Drag Queen hiperfeminilizada. As Lésbicas que se esforçam para parecerem héteros para ganharem de homens e mulheres hétero benefícios, os conseguem às custas da opressão das Sapatões que são menos dispostas ou menos aptas a terem passabilidade. Enquanto que muitas Lésbicas Hipefeminilizadas e mulheres héteros avidamente se vestem como drag queens, os antigos códigos de vestimenta sexista são restabelecidos e Butches e Fems que não podem ou não conseguem a passabilidade não conseguem obter ou manter seus empregos. (E sim, há algumas poucas Butches que tentam parecer o mais femininas possível por causa do emprego, mas elas não convencem ninguém).

Lesbians who choose to pass as het sometimes act insulted and falsely claim to be “oppressed” if other Lesbians don’t recognize them as Lesbians. But it’s not safe for us to make that assumption about them. Lesbians exist in every culture in the world, and we find each other by looking definably different from het standards. Those of us who are clearly out are more likely to be disowned by family and het friends, evicted, fired from jobs, arrested by police, beaten, raped, and/or killed for being Lesbians. We face huge risks, but to be closeted feels like a form of suicide to us. If every Lesbian refused to pass as het, our tremendous numbers would make the world safer for us. And those Dykes who can’t pass, no matter how hard they try, would be in less danger.

Lésbicas que escolhem se passar por héteros às vezes se sentem insultadas e falsamente afirmam serem “oprimidas” se outras Lésbicas não as reconhecem enquanto Lésbicas. Mas não é seguro para nós fazer uma suposição sobre elas. Lésbicas existem em todas as culturas no mundo, e nós nos encontramos por parecermos diferentes dos padrões heteros. Aquelas de nós que claramente desviam estão mais propensas a serem deserdadas pelas famílias e amigos héteros, expulsas, demitidas, presas pela polícia, espancadas, estupradas e/ou assassinadas por serem Lésbicas. Nós encaramos riscos enormes, mas estar no armário parece como um suicídio para nós. Se toda Lésbica se recusasse a parecer hétero, nossos números altos iriam deixar o mundo mais seguro para nós. E aquelas Sapatõesue não conseguem passabilidade, não importa o quanto tentem, estariam menos expostas a perigos.

It’s no coincidence that in every country we have information about, whatever the traditional local style, the look that’s forbidden to women is the same look that’s widely recognized as Lesbian. This is the appearance that’s reserved only for men, and is considered “cross-dressing” for women. Since it belongs to men, it is more dignified, practical, and comfortable that the styles that men demand women conform to.

Não é coincidência que em todo país de que temos informação, seja qual for o estilo tradicional local, o visual que é proibido às mulheres é o mesmo visual que é amplamente reconhecido como Lésbico. Esta é a aparência reservada somente para homens e é considerada “cross-dressing” para mulheres. Uma vez que pertence a homens, é mais digno, prático e confortável do que os estilos que os homens esperam aos quais as mulheres se conformem.

One of the most common identifying characteristics for being a recognizable Lesbian is to have short, natural (neither permanented nor straightened, dyed nor bleached) hair. We mean the type of hair that even oblivious hets identify as Lesbian, not “crew cuts.” It’s Lesbian-baiting to act like being out means you have to adopt a ludicrous male military appearance. Critics of short hair accuse us of focusing on “trivial issues,” yet their outrage makes it clear that hair style is anything but trivial to them. 

Uma das mais comuns características de identificação de uma Lésbica reconhecível é ter cabelo curto natural (nem com permanente, nem alisado, nem tingido e nem descolorido). Nós nos referimos àqueles cabelos que mesmo as héteros mais óbvias identificam como Lésbicos, e não os “cortes militares”. Agir como se ser uma Lésbica assumida significa ter que adotar uma aparência militar masculina ridícula é um tipo de lesbian-baiting (ver queerbaiting). Críticos do cabelo curto nos acusam de focar em “problemas triviais”, mas sua indignação deixa claro que nossos estilos de cabelo são tudo, menos triviais para eles.

Femininity pressures women to be obsessed with their appearance in time-consuming and self-hating ways. And women pay an enormous amount of money to maintain feminine hair styles. Racist attitudes pressure racially and ethnically oppressed women with tightly curled hair to have their hair straightened, or at least made more loosely curled with burning, corrosive, carcinogenic chemicals. And, although the oppression is far less, women with more “acceptably” straight hair are sometimes expected, depending on current styles, to make their hair curly in order to be more feminine. Very few women have escaped having their hair drastically altered when they were little girls, so that they could “look their best,” and most have chosen as adults to alter their hair.

A feminilidade condiciona mulheres a serem obcecadas por suas aparências de forma duradoura e auto-odiosa. Mulheres pagam enormes quantias de dinheiro para manterem cortes de cabelo femininos. Atitudes racistas pressionam mulheres oprimidas étnica e racialmente com cabelos cacheados e crespos a terem seus cabelos alisados, ou pelo menos os relaxarem com químicos inflamáveis, corrosivos e cancerígenos. E, embora seja uma opressão muito menor, mulheres com cabelos lisos mais “aceitáveis” são algumas vezes levadas a, dependendo dos estilos atuais, a cachearem seus cabelos para serem mais femininas. Muito poucas mulheres escapam de terem seus cabelos drasticamente alterados quando elas são crianças, para que pudessem “ter a melhor aparência”, e a maioria escolheu alterar seus cabelos quando adultas.

There are fashions which have been called “Lesbian” or even “Separatist” when they’re just another counter-culture kind of femininity. One of these is the “tail,” “fag tag,” or mullet, where the hair is worn short in the front and long in the back, either all the way across or with just a narrow section hanging down. This fashion is popular among Gay men (who originated it), punks, and now mainstream het men and women. It’s become so trendy that even young boys in nuclear families wear it. (By 2011, the mullet has become a mainstream media joke.) The Lesbian who has it may think she’s being blatantly out, but the style says, “I may be a Lesbian, but then again, I may be het or bisexual. Either way, I don’t want anyone to get the impression I’m a Dyke.”

Há modas que tem sido chamadas de “Lésbicas” ou até mesmo “Separatistas” (25) quando na verdade são apenas mais uma contra-cultura da feminilidade. Uma dessas é a "tail"rabo “fag tag” ou mullet, quando o cabelo é usado curto na frente e longo atrás, em todo ele ou com apenas uma mecha estreita pendurada. Esta moda é popular entre homens Gays (que a criaram), punks e agora com homens e mulheres héteros. Esta moda ficou em alta quando meninos jovens em famílias nucleares a usaram. (Em 2011, esse corte virou piada na mídia convencional). A Lésbica que o usa pode pensar que elas está desviando muito, mas o seu estilo diz “eu posso ser Lésbica, mas de novo, eu posso ser hétero ou bissexual. De um jeito ou de outro, eu não quero que ninguém perceba que eu sou Sapatão”.

It’s a symbol of rebellion against male directives for Lesbians to refuse to change the natural appearance of our hair and to refuse to grow it long, preventing men from easily grabbing it. It’s also a symbol of ethnic and racial pride for Lesbians to refuse to straighten their hair in imitation of northwestern European hair texture. Some racially and ethnically oppressed Lesbians wear their hair in longer styles that reflect their culture but still make it possible for themselves to be recognized as Dykes. They do this by wearing styles of hair and clothing that aren’t specifically feminine.

É um símbolo de rebeldia contra diretrizes dos machos que Lésbicas se recusem a mudar a aparência natural de nossos cabelos e também se recusam a deixá-los crescer, impedindo que homens o agarrem facilmente. É também um símbolo de orgulho étnico e racial para Lésbicas se recusarem a alisar os seus cabelos imitando a textura do norte europeu. Algumas Lésbicas oprimidas étnica e racialmente usam seus cabelos longos por refletir a sua cultura, mas ainda assim continua possível que elas sejam reconhecidas como Sapatões. Elas fazem isso usando estilos de roupa e cabelo que não são especificamente femininos.

 “P.C.” e “P.I.” 

Politicamente Correto e Politicamente Incorreto

Politics that support femininity either assert that Femness is an oppression, which makes it difficult for politically responsible Dykes to argue against it—or they assert that femininity is simply a matter of personal taste and preference, which implies that anyone objecting to it would have to be a dictatorial power-monger. (No Dyke has the power to stop others from selling out. As the oppressed, all we can do is object.)

As políticas que sustentam a feminilidade ou afirmam que o ser Fem é uma opressão, o que torna difícil para Sapatões responsáveis politicamente argumentar contra – ou afirmam que a feminilidade é simplesmente uma questão de gosto pessoal e preferência, o que implica que qualquer um que queira se opor a isso tenha que ter poder ditatorial. (Nenhuma Sapatão tem o poder necessário para impedir que as outras se vendam. Como oprimidas, tudo o que podemos fazer é nos opor a isso).

Heterosexist Lesbians aren’t usually content with being oppressive—they like to boast that they’re “P.I.” (“Politically Incorrect”). That way they can pretend they’re original, brave, and revolutionary, instead of passively conforming to male rule. Lesbians who admire and follow such male-defined politics as femininity, “Lesbian” porn, sado-masochism, passing as het, supporting “Lesbian” pregnancy, or protecting boys’ and men’s “rights” to be in Lesbian space often pride themselves on being “Politically Incorrect.” Those who protest the selling out are considered boring bullies. After all, it’s easiest to silence someone by turning them into a joke. Interestingly, these are the exact same tactics that European-descent men and het women use to ridicule anyone who protests the status quo, whether by fighting racism or objecting to people wearing fur coats made from the bodies of endangered species.7

Lésbicas heterossexistas geralmente não se contentam somente com o fato de serem opressoras – elas gostam de se gabar que são “P.I” (“politicamente incorretas”). Dessa forma, elas podem fingir que são originais, corajosas e revolucionárias em vez de passivamente conformadas com regras masculinas. Lésbicas que admiram e seguem políticas masculinas como feminilidade, pornô “Lésbico”, sadomasoquismo, passabilidade hétera, apoiando a gravidez “Lésbica”, ou protegendo os “direitos” de homens e meninos de estarem em espaços Lésbicos, frequentemente se orgulham por estarem sendo “Politicamente incorretas”. Aquelas que lutam contra nos vendermos são consideradas chatas. Afinal, é mais fácil silenciar alguém transformando-a em uma piada. Curiosamente, estas são exatamente as mesmas táticas que homens e mulheres héteros descendentes de europeus usam para ridicularizar alguém que proteste contra o status quo, seja combatendo o racismo ou criticando pessoas que usam casacos de pele feitos com os corpos de espécies ameaçadas de extinção (7).

The few truly brave Dykes who are fighting the patriarchal onslaught against our communities are treated as if we were in power, even though encouraging and supporting our Dyke looks and behavior is far less common in our communities than criticism of Out Dykes. This is a typical male mind-fuck. It’s the Lesbians who are following men’s directives who are “Politically Correct” in a male-run world, and they derive privilege from that correct role. It’s as if they came into radical Dyke communities wearing crosses and other right-wing symbols, saying, “We’re so brave to stand up to you all.” There’s nothing courageous in wearing the feminine uniform (whether the old conservative or the newer trendy styles), repeating the ancient heterosexist propaganda, and doing just what women are supposed to do in patriarchy.

As poucas Lésbicas verdadeiramente corajosas que estão lutando contra os ataques patriarcais contra nossas comunidades são consideradas como estando numa posiçao de poder. Entretanto, encorajar e apoiar comportamentos e visual Sapatão é muito mais raro em nossas comunidades do que os criticismos vindos de Sapatões de fora dessa comunidade. Este é um típico exemplo de manipulação masculina. São as Lésbicas que estão seguindo direcionamentos “politicamente corretos” de homens num mundo dominado por homens e dos quais derivam privilégios por aquele papel correto. É como se elas viessem em comunidades Lésbicas radicais vestindo cruzes e outros símbolos da extrema direita dizendo “somos tão corajosas para enfrentar todas vocês”. Não há nada corajoso em vestir o uniforme feminino (seja o antigo conservador ou os novos estilos da moda), repetindo a antiga propaganda heterossexista e fazendo apenas o que mulheres devem fazer no patriarcado.

These anti-political politics aren’t just anti-Lesbian—they’re usually oppressive in every other way as well, as this excerpt from a Lesbian personal ad shows: “Politically Incorrect and proud of it … 5’4”, 135 lbs, green eyes, platinum blonde hair, good-looking, very intelligent … Dislike: … stereotypical dykes … man-haters. Seek women who is: Caucasian, pale-skinned, slender, 25 to 30+, … physically fit … pretty … Okay if you wear a pound of mascara … The more exotic you are, the better.

Estas políticas antipolíticas não são somente anti-Lésbicas – normalmente elas são opressivas em todos os outros aspectos também, como este excerto de um anúncio pessoal Lésbico mostra: “Politicamente Incorreta e orgulhosa disso… 5’4”, 135 lbs, olhos verdes, cabelo louro platinado, boa aparência, muito inteligente (…). Não curte: (…) sapatonas estereotipadas, odiadoras de homens. Procura mulheres que sejam: Caucasianas, pele pálida, magra, 25 a 30 anos, (…) fisicamente ativa (…), bonita. Tudo bem se você usar um quilo de rímel… quanto mais exótica você for, melhor".

Quem está chamando quem de “Macho”?

Looking like a Dyke does not mean we’re trying to look like or be men. Dykes who aren’t trying to gain privilege by looking het are often mistaken for men or boys because we don’t look like men’s definition of “women.” Even Fems are occasionally called “sir” by hets if they’re wearing Dyke clothes, short hair, no make-up, no earrings, etc. Yet it’s Butches who are accused by Fems of “trying to be men.” Fems, as well as Butches, have sometimes tried to pass as men when traveling or out walking alone at night because it was far more dangerous not to. This is just common sense, and Lesbians often approve a Fem doing it, but not a Butch. Why the double standard? Something unfair is going on when there’s one standard for Butches and another for Fems. Feminists admire women who take traditional male jobs, especially “professional careers,” and don’t accuse them of “wanting to be men.”

Parecer uma Lésbica não significa que estamos tentando parecer ou ser homens. Lésbicas que não estão tentando ganhar privilégio parecendo heterossexuais são frequentemente confundidas com homens ou garotos porque nós não parecemos com a definição masculina de “mulheres’’. Até as Fems são ocasionalmente chamadas de “senhor’’ pelos heterossexuais se elas estiverem vestindo roupas de Sapatão, cabelo curto, sem maquiagem ou brincos etc. Porém são as Butches que são acusadas pelas Fems de “tentarem ser homens’’. Fems, assim como as Butches, já tentaram algumas vezes passar por homens quando viajando ou andando sozinhas de noite porque seria muito mais perigoso caso não o fizessem. Isso é apenas senso comum, e Lésbicas frequentemente aprovam uma Fem fazer isso, mas não uma Butch. Por que as duas medidas? Algo injusto está acontecendo quando há um padrão para Butches e outro para Fems. Feministas admiram mulheres que exercem profissões masculinas, especialmente “carreiras profissionais’’ e não as acusam de “quererem ser homens’’.

Butches are clearly, visibly Dykes. We’re sometimes mistaken for men not because we want to be men, but because no one believes women should be so solidly, sturdily ourselves, the way men are allowed to be. And also, people are trained to just not think – Lesbians who refuse to look feminine shake most men and het women to their foundation. We frighten men, and we remind het women of whole other worlds of possibilities.

Butches são claramente e visivelmente Lésbicas. Nós somos às vezes confundidas com homens não porque nós queremos ser homens, mas porque ninguém acredita que mulheres deveriam ser tão solidamente, resistentemente nós mesmas, do mesmo modo que os homens têm permissão para o serem. E também porque as pessoas são treinadas simplesmente para não pensarem sobre isso resultando que Lésbicas que se recusam a parecer femininas abalam a maioria dos homens e mulheres heterossexuais em seus alicerces. Nós apavoramos os homens, e nós lembramos as mulheres heterossexuais de todos os outros mundos de possibilidades.

It’s ironic that many Lesbians who accuse Butches of “being like men” actually like some men. They just don’t think women have the right to be any of the positive ways patriarchy reserves for the male image.

É irônico que muitas Lésbicas que acusam as Butches de “serem como homens’’ na verdade gostam de alguns homens. Elas apenas não pensam que as mulheres têm o direito de ser qualquer um dos modos positivos reservados para a imagem masculina.

Being taken for a man is deeply insulting and queer-baiting. It doesn’t mean that the Dyke is getting any male privileges or power. Butches live under female oppression as well as under the worst of Lesbian oppression. If Fems defend themselves against the “Lesbians are men” attack by explaining that it’s one of the many anti-Lesbian stereotypes, why can’t they defend Butches in the same way? Why can’t Fems understand that Butches get more of this treatment because Butches have always been the most obvious Lesbians?

Ser tomada por um homem é profundamente insultante e queerbating (22). Isso não significa que a Lésbica está adquirindo quaisquer privilégios ou poder masculino. Butches vivem abaixo da opressão feminina assim como abaixo da pior das opressões Lésbicas. Se Fems se defendem contra o ataque de que “Lésbicas são homens’’ explicando que esse é um dos muitos estereótipos anti-Lésbicos, por que elas não podem defender as Butches da mesma forma? Por que as Fems não podem entender que as Butches recebem mais desse tratamento porque as Butches têm sempre sido as mais obviamente Lésbicas?

Many Fems, particularly Never-het and other Dyke-identified Fems, are treated as more queer/Dykey by Hard Fems. And even the most Hard Fems know what it’s like to be treated as perverts by het women. That gives them a little taste of Butch oppression. Any Fem who says she doesn’t understand at all what it’s like to be Butch reveals how much het privilege she has, and how much she considers Butches as Other, alien, and beneath her.

Muitas Fems, particularmente Nunca-heterossexuais e outras Fems Lesbo-identificadas, são tratadas como mais desviantes/sapatonas pelas Hard Fems. E até as mais Hard Fems sabem o que é ser tratada como pervertidas por mulheres heterossexuais. O que dá a elas um pequeno gosto da opressão Butch. Qualquer Fem que diz que não entende nada do que é ser Butch revela o tamanho do privilégio heterossexual que ela tem, e como ela considera as Butches como um Outro, pária e abaixo dela.

Butches are not like men. Butches don’t think, look, or act like men. Butches don’t have the privileges and power of men. In terms of the heterosexist hierarchy, we’re the least privileged of all Lesbians, and therefore of all women. Men, het women, and Fem Lesbians never treat Butches as if we actually were men, because that would mean giving us privilege. When they call Butches “male,” they’re being extremely cruel, smug, arrogant, dishonest, and oppressive. The Lesbian-hating of this stereotype is outrageous. Most Fems take part in this mass, community abuse of Butches, which has disastrous consequences, causing Butches emotional pain, deprivation, isolation, fear, illness, and death. By 2015, there is a much higher percentage of Butches we’ve known who have died – way out of proportion to their numbers.

As Butches não são como os homens. As Butches não pensam, aparentam ou agem como homens. As Butches não têm os privilégios e poder dos homens. Em termos de hierarquia heterossexista, nós somos as menos privilegiadas de todas as Lésbicas, e, portanto, de todas as mulheres. Os homens, as mulheres heterossexuais e as Lésbicas Fems nunca tratam as Butches como se elas fossem verdadeiramente homens, porque isso significaria dar a elas privilégios. Quando elas chamam as Butches de “homens’’, elas estão sendo extremamente cruéis, presunçosas, arrogantes, desonestas e opressivas. A lesbofobia desse estereótipo é ultrajante. A maioria das Fems fazem parte dessa massa e do abuso da comunidade das Butches, o qual tem consequências desastrosas, causando nas Butches dor emocional, privação, isolação, medo, doença e morte. Até 2015 há uma porcentagem muito mais alta de Butches que nós sabemos que morreram – fora de proporção dos números.

Butches are treated as the queerest of the queers. In the patriarchal hierarchy, men are at the top, next are wives/mothers, single het women, celibate het women, next are bisexual women, then Hard Fems who emulate and identify with men and het women, next are Dyke-identified Fems, and finally Butches are at the bottom. (As we said in Chapter 3, this hierarchy is also affected by how long we’ve been Lesbians, when we came out, and past het privilege. Also, we’re in no way minimizing the significance of racial, ethnic, class, nationality, physical ability, fat, looks, and age oppression. Dykes who are oppressed in any and all of these ways are additionally oppressed if we’re also Butch.)

Butches são tratadas como as mais desviantes dos desviantes. Na hierarquia patriarcal, homens estão no topo, as próximas são as esposas/mães, mulheres heterossexuais solteiras, mulheres heterossexuais celibatárias, as próximas são as mulheres bissexuais, depois as Hard Fems que imitam e se identificam com homens e mulheres heterossexuais, as próximas são as Fem-Dykes, e finalmente Butches estão no mais baixo. (Como dito no Capítulo 3, essa hierarquia é também afetada por quanto tempo nós temos sido Lésbicas, quando nós nos assumimos e um passado de privilégio heterossexual. Também, nós não estamos de forma alguma minimizando a significância da opressão racial, étnica, classista, de nacionalidade, capacitista, referente ao peso, à aparência e idade. As Lésbicas que são oprimidas por quaisquer ou todos esses modos são adicionalmente oprimidas se forem também Butch.)

Just as, among Lesbians, the “normal” Lesbian image is a middle-class stereotype, the “queer” Butch image is often classist. When Butches are said to be “like men,” the image presented certainly isn’t that of the male lawyer, doctor, or business executive. It’s more likely to be the stereotype of a working-class truck driver who hangs out in bars, is uneducated, uncultured, rude, tough, cold, and violent. These aren’t just anti-Butch and anti-Lesbian lies, but classist lies as well. Meanwhile, the model for femininity is based on the upper-class WASP het woman ideal.

Assim como, entre Lésbicas, a imagem Lésbica “normal’’ é um estereótipo de classe média, a imagem desviante da Butch é frequentemente classista. Quando dizem as Butches que elas são “como homens’’, a imagem apresentada certamente não é a do homem advogado, médico ou homem de negócios. É mais provavelmente o estereótipo do motorista de caminhão da classe trabalhadora que frequenta botecos, é mal-educada, sem cultura, rude, durona, fria e violenta. Não há só mentiras anti-Butch e anti-Lésbica, mas há também mentiras classistas. Enquanto isso, o modelo de feminilidade é baseado na mulher heterossexual de classe alta e WASP (N.T.: Sigla para White, Anglo-Saxon, Protestant: Branca, Anglo-saxã, Protestante).

A few Butches may appear to have a fractional share of something that’s usually reserved for men, such as a non-traditional job, but the vast majority of women who’ve moved into such high-paying work are het; a few are Fem Lesbians. The very few Butches in those jobs are much more oppressed on the job, just as we are everywhere else. The only women who seem to have attained executive, upper-class positions as the heads of companies and high status in governments—often by being daughters or wives of powerful men—are, again, het women.

Poucas Butches podem parecer ter uma parte fracionária do que é normalmente reservado para os homens, tal como um trabalho não-tradicional, mas a vasta maioria das mulheres que moveram para esses trabalhos bem-remunerados são heterossexuais; algumas são Lésbicas Fem. As pouquíssimas Butches nesses serviços são mais oprimidas no trabalho, assim como somos em qualquer lugar. As únicas mulheres que parecem ter atingido posições executivas de classe alta como chefes de empresas e altas posições governamentais – frequentemente por serem filhas ou esposas de homens poderosos – são, novamente, as mulheres heterossexuais.

Butches who’ve tried to pass as men, or who are taken to be men, or who’ve done any or all of the things used to “prove” Butches are “male-identified,” don’t prove anything except that, in patriarchy, if you don’t accept the role of “womanly,” you’re labeled “manly,” whether you like it or not. Parents, relatives, teachers, and other girls who treat a Butch girl as an imitation boy aren’t causing her to be Butch; her resistance to femininity was chosen by her much earlier in life. What they’re doing is abusing her by refusing to acknowledge her as a female. She’s never given the privilege a boy has —she’s just treated as an abnormal girl.

Butches que tentaram passar como homens, ou são tomadas como sendo homens, ou que fizeram quaisquer ou todas as coisas que normalmente “provam’’ que Butches se “identificam como homens’’, não provam nada além de que, no patriarcado, se você não aceita o papel de “feminilidade’’ você será taxada de “masculina’’ quer você queira ou não. Pais, parentes, professores e outras garotas que tratam uma garota Butch como a imitação de um menino não estão fazendo com que ela seja Butch. A resistência dela à feminilidade foi escolhida por ela muito antes em sua vida. O que eles estão fazendo é abusar dela ao recusar o reconhecimento dela como uma mulher. Ela nunca teve o privilégio que o garoto tem – ela sempre foi tratada como uma garota anormal.

In what way is a Butch girl thinking she’s “not a woman” different from adult Dyke Separatists and radical Lesbians rejecting the term “woman” for ourselves as a political act? (Except that choosing to reject a mis-definition is easier when you’ve had a chance to acquire a clear analysis and political support.) Can’t the young Butch’s early rejection of femininity be seen as an intuitive awareness that “feminine” usually means “heterosexual” and all the other disgusting things that go with it? Isn’t she instinctively realizing much earlier, and without political support, that all the outward symbols of womanliness and heterosexuality, and the internalized values that support them, also mean fuckable, dependent, unthinking, submissive, and ultimately passive? Young Dykes who perceive that crap for what it is and rebel against it without support, in spite of constant punishment, are to be admired and respected. That’s courage!

De que modo uma garota Butch pensando que ela é “uma não mulher’’ difere das Sapatões Separatistas e Lésbicas radicais rejeitando o termo “mulher’’ para nós mesmas como um ato político? (Exceto que escolher rejeitar uma definição incorreta é mais fácil quando você teve a chance de adquirir uma análise clara e apoio político). Não pode a rejeição precoce da feminilidade das jovens Butches ser vista como um aviso intuitivo de que “feminina” normalmente significa “heterossexual’’ e todas as coisas desprezíveis que vêm com isso? Não está ela instintivamente percebendo muito mais cedo, e sem o apoio político, que todos os símbolos aparentes da feminilidade e da heterossexualidade, e os valores internalizados que os apoiam, também significam disponibilidade sexual, dependência, falta de reflexão, submissão e fundamentalmente passiva? Jovens Sapatões que percebem essa porcaria pelo que ela é e se rebelam contra ela sem apoio, ao invés da punição constante, deveriam ser admiradas e respeitadas. Isso é coragem!

Because some Butches have bound their breasts, Butches are called “male.” In a world where men and boys stare and grab at women’ breasts on the street, making humiliating comments, it’s not odd that a Dyke would want to conceal and protect her body. Isn’t it more questionable to wear padded, push-up bras in order to elicit sexual attention from men – not to mention implants that destroy the immune system and which now many women are buying for their teenaged daughters, as well as other plastic surgery, to make them more sellable to men? Who but the truly male-identified would: wear apparatus that pushes her breasts out and up into men’s faces; ruin her back, pelvis, and feet by tottering about on high heels; squash her body into a girdle; painfully remove the fur on her body or face; wear make-up that looks like bruises across her cheeks or that mimics sexual excitement; poison herself and anyone within breathing distance with chemicals that disguise her female aroma; or wear a dress that exposes her body and makes her less able to escape from rape? Who else would deliberately starve and torture (“exercise”) herself to look weak, powerless, unfemale, and thin enough to please men? And who else would believe that looking so undignified and ludicrous is being “fashionably beautiful”? One Fem we know was on a local Oakland, California, television show about “Butch and Fem roles.” Even though Lesbians had in the past spent many hours explaining to her much of what we’re saying in this chapter, she wore het paraphernalia and make-up and explained she was a Fem because “I feel like a girl.”

Porque algumas Butches prenderam seus seios, Butches são chamadas de “homens’’. Em um mundo onde homens e garotos encaram e agarram os peitos das mulheres na rua, fazendo comentários humilhantes, não é difícil de se entender porque uma Sapatão queira ocultar e proteger seu corpo. Não é mais questionável vestir sutiãs de bojo acolchoado para trazer atenção sexual dos homens – para não mencionar os implantes que destroem a imunidade e os quais agora muitas mulheres estão comprando para suas filhas adolescentes, tal como outras cirurgias plásticas, para fazê-las mais agradáveis para os homens? Quem além das verdadeiramente identificadas com os homens vestiriam aparatos que empurram seus seios para fora e na direção dos rostos masculinos; arruinam suas costas, pélvis e pés cambaleando em salto alto; esmagam seus corpos em um uma cinta; removem dolorosamente o pelo de seu corpo ou rosto; usam maquiagem que parecem feridas nas bochechas ou que simulam excitação sexual; envenenam elas mesmas e os demais ao respirar os químicos que disfarçam seu aroma de mulher; ou usam um vestido que expõe seu corpo e as tornam menos capazes de escapar de um estupro? Quem mais deliberadamente passaria fome e se torturaria (“exercitar-se’’) para parecer fraca, impotente, não-mulher e magra o suficiente para agradar os homens? E quem mais acreditaria que parecer tão indigna e ridícula é ser “moderna e bonita’’? Uma Fem que nós conhecemos estava em um programa de televisão local de Oakland, Califórnia, sobre “papéis Butch e Fem’’. Mesmo que Lésbicas tenham no passado gastado muitas horas explicando a ela muito do que estamos dizendo nesse capítulo, ela vestiu uma parafernália heterossexual e maquiagem e explicou que ela era uma Fem porque “Eu me sinto como uma garota’’.

Bev: Using make-up does males’ dirty work in other ways, too. Where do Lesbians think cosmetic chemicals come from? Besides the fact that most cosmetics are “proven to be safe” (which they of course are not) by torturing and murdering millions of animals, Lesbians don’t usually consider what it’s like to work or live near cosmetics factories. I have a higher risk of developing cancer or liver disease because of growing up a half-block from such a factory. My working-class neighborhood was daily subjected to the nauseating, caustic fumes that literally blistered the paint off cars. It’s no coincidence that factories are built only in poor and working-class areas.

Bev: Usar maquiagem faz o trabalho sujo dos homens de outros modos, também. As Lésbicas pensam que os químicos cosméticos vêm de onde? Além do fato de que a maioria dos cosméticos tem sua “segurança comprovada” (o que claramente não é verdade) por meio da tortura e assassinato de milhões de animais, eles também estão ligados a um risco maior de desenvolvimento de câncer ou doença do fígado devido ao crescimento de meio quarteirão de tais fábricas. Minha vizinhança da classe trabalhadora era diariamente sujeita às fumaças cáusticas e nauseantes que literalmente empolavam a pintura dos carros. Não é uma coincidência que as fábricas são construídas apenas em áreas pobres e de classe trabalhadora.

Studies have shown that in the U.S., 884 ingredients used in cosmetics have been reported to the government as “toxic substances.” Of these, 314 are reported to cause biological mutation, 218 to cause reproductive complications, 778 are capable of acute toxicity, 146 are reported to cause tumors, and 376 ingredients cause skin and eye irritation. But the U.S. cosmetics industry is a 17 billion dollar business so, “… there are no inhalation tests to determine perfume safety, only skin tests, and neuro-toxic effects are not examined.”8 (These quotes are from 1990. It’s much worse now).

Estudos têm mostrado que nos EUA, 884 ingredientes usados em cosméticos foram reportados ao governo como “substâncias tóxicas’’. Desses, 314 estão reportados por causarem mutação biológica, 218 por causar complicações reprodutivas, 778 são capazes de causar toxicidade aguda, 146 são reportados por causarem tumores, e 376 ingredientes causam irritação na pele e no olho. Mas a indústria de cosméticos americana é um negócio de 17 bilhões de dólares, logo, “… não há testes de inalação para determinar a segurança dos perfumes, apenas testes na pele, e efeitos neuro-toxicológicos não são examinados” (8) (Essas citações são de 1990. É muito pior agora).

A Mentira de que Butches se Vinculam a Homens

This is a particularly offensive stereotype, considering that men are Butches’ enemies. Many of the Butches we’ve known haven’t ever been friends with men, while many of the Fems we’ve known have. Why are the few Butches who are friends with men focused on, when it’s het women as a group who literally, physically, bond with men? What of their collaboration? Het women are intimate with men in ways that no Lesbian could ever be. They welcome men into their bodies, and create and nurture men. Some even collaborate with males in the beating, abduction, rape, and murder of other women. If any Lesbians bond with men, it’s more likely to be ex-het Fems than Butches. Many ex-het Fems maintain close relationships with ex-husbands and ex-boyfriends. Ex-het Fems are also more likely to become bisexual or return to being het. Of the many Lesbians we’ve known who’ve gone het, all were Fems, and almost all had been het. Men and hets are more comfortable with Fems than with Butches, because that’s how they want us to be: the more Fem and het-identified a Lesbian is, the more comfortable patriarchy is.

Este é um estereótipo particulamente ofensivo considerando que homens são os inimigos das Butches. Muitas das Butches que conhecemos nunca tiveram amigos homens enquanto muitas das Fems que conhecemos sim. Por que focar nas poucas Butches que tem amigos homens quando são mulheres héteros um grupo que se ligam fisicamente a homens, literalmente? Qual a sua colaboração? Mulheres héteros são íntimas de homens de um jeito que Lésbicas nunca poderão ser. Elas recebem homens em seus corpos e criam e nutrem homens. Algumas ainda colaboram com machos no espancamento, rapto, estupro e assassinato de outras mulheres. Se alguma Lésbica se liga a homens, é mais provável ser uma ex-hétero do que uma Butch. Muitas ex-hétero femininas mantém relações próximas com ex-maridos e ex-namorados. Ex-hetero fems também estão mais propensas a se tornarem bissexuais ou voltarem a serem héteros. Das muitas Lésbicas que conhecemos que voltaram a serem héteros, todas eram femininas e a maioria já foi hétero. Homens e héteros ficam mais conforáveis com Lésbicas Femininas do que com Butches porque é assim que eles querem que sejamos: quanto mais Feminina e hétero-identificada uma Lésbica é, mais confortável o patriarcado está.

Butches como Objetos Sexuais

One of the major stereotypes of Butches is that we objectify Fems. This again compares Butches to men, when the reality is that it’s usually Fems who sexually objectify Butches. Butches are more likely to take the risk of initiating being lovers than Fems are, which is courageously Lesbian. When Fems appear to be more aggressive, they’re often in fact trying to get the Butches to do the initiating. A Fem at a Lesbian forum said about coming out, “You don’t go with men, after you grew up thinking you would. Then you let a woman touch you, and that’s really scary.” What goes on in a Lesbian’s mind when, rather than talking about coming out through desire to love and touch another female, her focus is on letting a Lesbian touch her! This is a common attitude—the Fem is the one who is loved, and the Butch is the one who loves. The way some Fems come on to all Butches and ignore other Fems sexually is similar to the way many het women flirt with all men and ignore other women. It’s also similar to the way men objectify women, viewing them only as things to be used for sexual conquest. It’s personally and sexually invasive to assume Butches welcome this impersonal and inappropriate attention.

Um dos maiores estereótipos sobre Butches é que nós fetichizamos as Fem (Lésbicas Femininas). Mais uma vez isto compara Butches a homens, quando a realidade é que normalmente as Fems que objetificam sexualmente as Butches. Butches estão mais propensas a assumirem o risco de tomarem a iniciativa do que as Fems, o que é corajosamente Lésbico. Quando Fems parecem ser mais agressivas, elas frequentemente estão tentando fazes as Butches tomarem uma iniciativa. Uma Fem num fórum Lésbico disse sobre se assumir, “Você não sai com homens, depois de crescer pensando que faria. Então você deixa uma mulher te tocar, e isto é realmente assustador”. O que há na mente de uma Lésbica quando, em vez de estar falando sobre assumir o desejo de amar e tocar outra fêmea, seu foco está em deixar uma Lésbica tocá-la. Esta é uma atitude comum – a Fem é a única que é amada e a Butch é a única que ama. O jeito como algumas Fems se atraem por todas as Butches e ignoram sexualmente outras Fems é semelhante ao jeito como homens objetificam mulheres, as vendo somente como coisas a serem usadas para conquista sexual. É pessoalmente e sexualmente invasivo supor que Butches aceitem esta atenção impessoal e inapropriada.

One Butch we know was approached at a party by a Fem who’d recently come out. They worked together and there’d been no sexual interaction between them. Our friend thought of this Lesbian as just an acquaintance. Suddenly the Fem said, “Put your hand on my breast.” The Butch was stunned. She had no interest in touching this Lesbian in any way. She felt verbally molested, but presumably was supposed to feel flattered. Another Dyke we know was in a bar when a Fem she barely knew and wasn’t even in a conversation with deliberately rubbed her bare breast across our friend’s arm. These tricks must have worked with men in this Lesbian’s past.

Uma Butch que conhecemos se aproximou numa festa de uma Fem que tinha se assumido recentemente. Elas trabalharam juntas e não havia ocorrido interação sexual entre elas. Nossa amiga pensou nessa Lésbica apenas como uma conhecida. De repente a Fem disse, “coloque sua mão no meu peito”. A Butch ficou atordoada. Ela não tinha interesse em tocar aquela Lésbica de nenhum modo. Ela se sentiu assediada verbalmente, mas presumivelmente era para se sentir lisonjeada. Outra Sapatão que conhecemos estava num bar quando uma Fem que ela mal conhecia e não estava nem conversando deliberadamente com ela, esfregou seu seio nu no braço da nossa amiga. Esses truques devem ter funcionado com homens no passado desta Lésbica.

When a Butch and Fem become lovers, the Butch is more likely to make love to the Fem than vice-versa. Some Fems never reciprocate their lovers’ passionate attentions. Many do, but often not with the same intensity and focus that they enjoy from their lover. Is it any wonder that some Butches become reluctant to accept lovemaking from Fem lovers, when all have experienced rejection, indifference, and half-hearted going-through-the-motions? It also doesn’t help that many Fems are attracted by the stereotype of the “stone Butch,” without any awareness that Fems have created and maintain that stereotype for their own benefit, and that it causes a great deal of pain to Butches.

Quando uma Butch e uma Fem se tornam amantes, a Butch é mais propensa a amar a Fem do que vice-versa. Algumas Fems nunca retribuem as atenções apaixonadas de suas amantes. Muitas fazem, mas não com a mesma intensidade e focos que elas aproveitam de suas amantes. É de admirar que algumas Butches se tornem relutantes em aceitar amor de amantes Fems, quando todas viveram rejeição, indiferença e hesitação ao se deixarem levar pela emoção? Também não ajuda que muitas Fems são atraídas pelo estereótipo da “Stone Butch” (10) sem qualquer consciência de que Fems criaram e mantiveram este estereótipo para o seu próprio benefício, e que isso causa muita dor às Butches.

In some places, Dykes sarcastically refer to Fems who don’t make love to their lovers as “pillow queens” or “flat-on-their-back-fairies.”  What is more hateful and cruel than making your lover feel that you can’t bear to touch her? One theory besides just being selfish is that as long as the Fems are not making love to their lover, they can fantasize they are with a man and not face being a Lesbian who is a woman who makes love to women.  Is this a woman who can be trusted to be a Lesbian?

Em alguns lugares, Sapatões sarcasticamente se referem às Fems que não estimulam sexualmente suas amantes como “pillow queens” (rainhas do travesseiro, aqui no Brasil usamos passivas, mas geralmente não ironicamente) ou “flat-on-their-back-fairies” (algo como fadas planas nas costas). O que é mais odioso e cruel do que fazer sua amante sentir que você não suporta tocá-la? Uma teoria além de ser egoísta é que enquanto as Fems não estimulam as suas parceiras, elas podem fantasiar que estão com um homem e não encaram ser uma Lésbica que é uma mulher que transa com mulheres. Esta é uma mulher que pode ser entendida como uma Lésbica?

Femininity teaches women to imagine themselves the center of sexual attention, the alluring flower meant to attract rewards from excited, attentive, and loving admirers. Of course, that’s het fairy tale crap. The het woman’s costume and perfume are meant to attract men, and men’s attentions are far from loving. Most Fems don’t want to attract men, but many have internalized that image of themselves as an alluring center of sexual attention, and they simply substitute Butches as those they want to attract.

A feminilidade ensina mulheres a se imaginarem o centro da atenção sexual, a flor sedutora destinada a atrair recompensas dos admiradores excitados, atenciosos e amorosos. Claro, isto é conto de fadas hétero. As roupas e perfumes de mulheres hétero são para atrair homens, e a atenção dos homens está longe de ser amor. A maioria das Fems não quer atrair homens, mas muitas vezes internalizaram a imagem delas mesmas como um centro sedutor de atenção sexual e elas simplesmente substituem Butches como aquelas quem elas querem atrair.

But Butches are not men. We’re women, we’re Lesbians, and our lovemaking has absolutely no connection or resemblance to men fucking women. A Butch focuses her attention on her lover’s pleasure, and her lovemaking is a way of creating strong emotional, psychic, and spiritual intimacy with her lover. Men don’t make love — they use women’s bodies to masturbate themselves and to establish dominance over them — they fuck women. The physical realities of the two activities are completely different. Considering the profound emotional, psychic, and spiritual differences as well, comparing Butches to men in intimate sensual relationships is glaringly illogical and insulting.

Mas Butches não são homens, nós somos mulheres, nós somos Lésbicas, e nosso fazer amor não tem absolutamente nenhuma conexão ou semelhança com homes fodendo mulheres. Uma Butch foca a sua atenção no prazer de sua amante e o seu fazer amor é um jeito de criar uma forte intimidade emocional, física e espiritual com a sua amante. Homes não fazem amor – eles usam os corpos de mulheres para se masturbarem e para as dominarem – eles fodem mulheres. As realidades físicas das duas atividades são completamente diferentes. Considerando bem as profundas diferenças emocionais, físicas e sexuais, comparar Butches a homens em relações sensuais íntimas é flagrantemente ilógico e insultuoso.

It would be more accurate to say that, in many cases, a Butch making love with a Fem is similar to a Lesbian making love with a het woman. The most het-identified Fem’s lovemaking is like a man’s — her focus is on her pleasure alone, with no concern for her lover’s. When she does touch her lover it’s with the intention of “fucking” her and dominating her. It’s the most insensitive, harsh kind of Lesbian lovemaking. The Butch is set up as The Queer, and her female needs and desires — physical, mental, emotional, and beyond — are ignored, because she’s not perceived as being female. Does this sound like a safe situation for a Butch to say, “I really want you to make love to me the way I make love to you, even though a lifetime of queer and Butch oppression would make it hard for me to believe you really meant it”? Not likely. So, many Butches have accepted being “stone Butches” out of loneliness and desperation, and have given up on ever finding equality and real love.

Em muitos casos seria mais apropriado dizer que uma Butch fazendo amor com uma Fem é similar a uma Lésbica fazendo amor com uma mulher hétero. As mais hétero-identificada das Fems são como homens – seu foco é somente no seu próprio prazer, sem preocupação com o de sua amante. Quando elas tocam as suas amantes é com a intenção de ser “fodida” e “dominada” por elas. É o jeito mais insensível e duro de fazer sexo Lésbico. A Butch é considerada como A Desviante e seus desejos e necessidades de fêmea – física, mental, emocional, e outros – são ignorados porque ela não é percebida como sendo uma fêmea. Esta parece uma situação segura para uma Butch dizer “Eu realmente quero que você me faça amor do modo como eu faço a você, mesmo que toda uma vida sofrendo opressão lgbt e Butch faria difícil pra mim acreditar que você realmente queira isso” ? Não parece. Então muitas Butches tem aceitado serem “stone Butches” (10) por solidão e desespero e desistiram pra sempre de encontrar igualdade e amor verdadeiro.

Some Fems are pushed into unequal lovemaking by lovers who are more Fem. These Fems experience some of the pain, frustration, humiliation, loneliness, and self-hatred that unreciprocated passion creates, and they can understand from that what Butches go through all the time.

Algumas Fems são empurradas para o amor desigual por parceiras que são mais Fem que elas. Estas Fems experienciam um pouco da dor, frustração, humilhação, solidão e auto-ódio que paixões não correspondidas criam, e elas podem entender o que Butches passam o tempo todo.

Fems Passivas Evitam sua própria Lesbianidade

Sendo amantes apenas de Butches ou empurrando amantes Fem para um papel oprimido Butch, uma Fem pode evitar seu medo de sua própria Lesbianidade. Quando uma Lésbica inicia o fazer amor com sua amante, ela encara diretamente o fato de que ela é uma Lésbica. Mas se fazem amor à ela e ela não retribui esse amor, então é permitido a ela se sentir menos aberrante.

De fato, sendo passiva na intimidade Lésbica, ela é menos sapatão. Isso faz da sua amante “a verdadeira sapatão”. Isso é especialmente verdadeiro para as Butches mas também afetam as Fems no papel Butch. O estereótipo hétero comum sobre os casais lésbicos é de que uma delas é a “verdadeira Lésbica” (a Butch) e a outra é uma mulher hétero que está sendo seduzida a um relacionamento pela Butch. Isso oprime as Butches, não as Fems.

Fems que estão envolvidas com Butches e não fazem nada para combater a opressão de Butches seguem esse estereótipo, quer queiram quer não. Quando elas se assumem no mundo hétero com sua amante, elas não são tidas como a responsável pelo relacionamento – elas são percebidas como hétero e temporariamente envolvidas com uma Lésbica ao invés de um homem. Por mais ofensivo que isso seja para a Fem, é muito mais ofensivo e perigoso para a Butch.

Esta situação desigual pode ser evitada apenas se a Fem tomar responsabilidade igual por ser uma Lésbica e por estar em uma relação amorosa, o que significa agir, parecer e se apresentar como uma Sapatão.

Pense em como mulheres hétero flertam conosco, tem medo de nós, acreditam e espalham mentiras anti-lésbicas sobre nós, nos subestimam, nos tratam como pervertidas ou como se estivéssemos paralizadas em um estado infantil – tal como muitas Fems tratam Butches. Muitas Fems ex-héteros disseram que levou a elas um bom tempo para saírem do armário porque elas conheceram Butches e ficaram aterrorizadas, então elas voltaram para os homens. Agora, isso é realmente tomar responsabilidade por si mesma, heim? Elas não tinham medo dos homens? Por quê?

Enquanto muitas Fems são passivas por causa da irresponsabilidade, algumas possuem motivos muito mais destrutivos. Algumas Fems que viveram ou casaram com homens quando elas eram héteros na verdade querem que suas amantes desempenhem o “papel masculino”. Elas podem empurrar sua amante a agir como seu ex-marido/namorado, a fazer amor de uma forma que se pareça ao foder, porque elas não pararam de entender-se como mulheres dos homens. Enquanto Butches possuem muito menos poder social que Fems, particularmente Fems ex-hétero, elas são vulneráveis a serem deixadas enganar por elas, incluindo serem forçadas a desempenhar fantasias das Fems – especialmente quando parte do papel Fem é autoritarismo com Butches. Por exemplo, são geralmente Fems ex-héteros e macho-identificadas que falam sobre gostarem de serem “fodidas fortemente” e que gostam que sua amante Butch use um dildo. Uma amiga Sapatão mais velha recorda, com dor e raiva, se sentir como um “dildo ambulante”. Ela conta das vezes incontáveis que tais Fems disseram a ela: “Sou uma Lésbica no coração, mas meu corpo é ainda heterossexual e quer um pau”. Nós acreditamos que é sobre isso que o uso de um dildo é. Ao invés de experienciar a sensação deliciosa do corpo da sua amante ou de ela sentir o seu, ao invés disso um pinto de silicone é usado. Você pode certamente sentir muito mais por meio de tocar e ser tocada, então a única razão que nós pensamos para o uso de um objeto é na imagem do que estupra e é imitado em armas e mísseis nucleares, é simplesmente lesbofobia.

Quando dizem à uma Butch toda sua vida que ela não é uma mulher real, e ela é ensinada a odiar a si mesma, é surpreendente que ela tomaria a palavra de uma mulher “real” pelo que as mulheres gostam no fazer amor? Algumas das formas que as Butches são estereotipadas vêm não das formas em que as Butches se apresentam ou agem, mas das fantasias, desejos e pressões das Lésbicas hétero-identificadas. São essas Fems ex-hétero quem, quando elas falam de “amores passados”, incluem homens. Essas são as Lésbicas que saíram do armário por razões outras do que seu amor pelas Lésbicas. Apenas “aconteceu a elas de se apaixonarem por uma mulher neste momento”, ou elas querem poder sobre outras que elas não conseguem ter com homens, ou elas querem desempenhar uma fantasia masculina pornográfica. (Muitas Lésbicas que conhecemos que gostam de ler pornô foram Fems). Por meio de nunca fazer amor à sua amante, mas apenas receber amor de alguém, Fems como estas podem fantasiar que elas estão realmente com um homem. Então elas se voltam e acusam sua amante de estar sendo “macho-identificada”! É horrível que Lésbicas como essas, que operam totalmente em valores masculinos e héeteros, e fodem com as Lésbicas, são aceitas como agradáveis Lésbicas que não encenam papéis enquanto que as Butches e, em alguma extensão, Fems que são Lesbo-identificadas, são perseguidas por sua Lesbianidade, por outras Lésbicas.

As Fems às vezes perguntam, geralmente com hostilidade: “Bem, por que então que a maioria das Butches estão com Fems? E por que então que tantas Butches admiram Lésbicas femininas?”. A resposta é opressão internalizada. Não é incomum para outros tipos de Lésbicas oprimidas serem atraídas à Lésbicas de grupos mais privilegiados. Por exemplo, algumas Lésbicas de classe trabalhadora são amantes apenas de Lésbicas de classes privilegiadas. A Resistência à feminilidade vem com um preço alto – total falta de apoio – o que alimenta a auto-dúvida e auto-ódio. Nessa situação, as mais privilegiadas e aceitáveis são sempre mais valorizadas do que aquelas que lembram você mesma, e você ganha um pouco de proteção da opressão por meio de ganhar a amizade e aprovação delas. Também as Butches são uma minoria pequena, então ocorre de nós conhecermos mais Fems. Algumas Butches são bem sucedidas em tornar-se amantes umas das outras, e aquelas que nós conhecemos que vivenciaram isso dizem que a relação delas era a mais igualitária que já experienciaram, e que elas foram capazes de ajudar uma à outra e nutrir amor-próprio. De todo modo, Butches que são amantes de outras Butches são assediadas tanto por Fems quanto por Butches. Incluindo ter que ouvir sermão de que elas deveriam estar com Fems e que elas não são Butches “reais” ou que elas são menos Butches do que as “reais” Butches que estão com Fems. Soa familiar? É sempre dito às Lésbicas que mulheres “reais” estão com homens.

Quem é “Obcecada por Sexo”?

Hard Fems are often remarkably callous towards Butches and Dyke-identified Fems. Many Dykes have experienced Hard Fems’ het-style sexual games, but they can be very difficult to confront. Hard Fems’ sexually suggestive comments and jokes can seem like harmless play. A Hard Fem commenting on the vulval appearance of food or flowers may be considered charming, while a Butch saying the same words is likely to be called “sex-obsessed.”

Hard Fems são geralmente impiedosas de forma extraordinária com Butches e Dyke-Fems. Muitas Sapatonas experienciaram os jogos sexuais estilo heterossexuais das Hard Fems, mas eles podem ser bem difíceis de controlar. Os comentários sexuais sugestivos das Hard Fems e as piadas podem parecer jogos inofensivos. Uma Hard Fem comentando sobre a aparência vulval de comida ou flores pode parecer encantador, enquanto uma Butch dizendo as mesmas palavras é provável que seja acusada de ser “obssecada em sexo”.

Any Dyke who directly asks a Hard Fem if she’s flirting is also likely to be called “sex-obsessed.” Meanwhile, the Hard Fem gains popularity through manipulation, pretending attraction to Dykes she’s not interested in. She may “accidentally” rub her breasts or pubic region against a Dyke or place her knee between the legs of a Dyke while dancing, her manner clearly flirtatious. The Dyke may feel vulnerable and confused, wondering, “Am I imagining this? Does this mean she’s attracted to me? If I respond with interest, will she deny what she’s doing?” The Hard Fem will very likely respond with surprise, feigned fear, ridicule, or anger.

Qualquer Sapatona que diretamente perguntar a uma Hard Fem se ela está flertando é também plausível de ser considerada “obcecada por sexo”. Enquanto isso, a Hard Fem ganha popularidade por meio da manipulação, fingindo atenção às Sapatonas que ela não está interessada. Ela pode “acidentalmente” esfregar seus seios ou região púbica contra uma Sapatona ou colocar seu joelho entre as pernas de uma Sapatona enquanto dança, uma conduta claramente de flerte. A Sapatona pode se sentir vulnerável e confusa, pensando, “Estou imaginando isso? Isso significa que ela está atraída por mim? Se eu responder com interesse, ela vai negar o que ela está fazendo?”. A Hard Fem vai muito provavelmente responder com surpresa, medo dissimulado, ridicularização, ou raiva.

This type of covert sexual manipulation borders on molestation, because it’s an uninvited invasion of physical boundaries that’s done in order to gain a power position. It’s especially harmful to family rape victims or any Dyke who’s had her reality repeatedly denied. Yet this intrusive Fem seductiveness is admired by many Lesbians, and falsely thought of as “sexual honesty” and “being daringly out,” when it’s nothing more than the way “liberated” het women act with men. Lesbian sexuality should be genuine, Dyke-loving, and egalitarian.

Esse tipo de manipulação sexual encoberta beira a molestação, porque é uma invasão não desejada das fronteiras físicas, o que é feito de modo a ganhar uma posição de poder. É especialmente danoso à vítimas de estupro familiar ou qualquer Sapatona que teve sua realidade repetidamente negada. Já essa sedução intrusiva das Fems é admirada por Lésbicas, e falsamente considerada como “honestidade sexual” e “ser ousadamente assumida”, quando não é nada mais que a forma em que mulheres héteras “empoderadas” atuam com homens. Sexualidade lésbica deveria ser genuína, amorosa com as Sapatonas, e igualitária.

Hard Fems often set up competition by flirting with several Dykes at the same time and then enjoy being fought over. They may also maintain power by stringing along several lovers at once without giving any their full attention, acceptance, or intimacy, and then harassing their hapless followers for their reasonable jealousy.

As Hard Fems criam competição por flertar com muitas Sapatonas ao mesmo tempo e então se divertir ao serem disputadas. Elas podem também manter poder por ludibriar várias amantes de uma vez sem dar à qualquer uma delas atenção verdadeira, aceitação, intimidade, e então assediar suas desafortunadas seguidoras por seu razoável ciúme.

A mentira de que Butches são duronas, más, violentas e insensíveis

Every Lesbian has to be tough to survive. We’re threatened and attacked, verbally and physically, because we’re Dykes. The more out we are, the more likely we are to be attacked, especially physically. Even when we’re not being overtly attacked, we’re stared at, made to feel like outcasts, and are the objects of angry, disgusted, hating, patronizing, leering, or ridiculing looks. Even if no male or het woman is being horrible at a particular moment, we’re still constantly assaulted by a het, pornographic, male world, with male fetishistic fantasies of women in store windows, on billboards, and in all the male and het media. A Dyke can’t be all fluffy and sweet, with a soft, open face, when she’s walking through a virtual mine-field. Fems also have to protect ourselves physically, emotionally, mentally, and psychically against this assaultive het world, although to a lesser extent, and as a result could be accused of being “mean, closed, and tough.” When Butches are similarly self-protective, our behavior is used to prove male lies about Butches being “hard.” Yet the het world is much more hostile and dangerous to Butches, especially to those who are further oppressed by racism, anti-Semitism, ethnicism, classism, ageism, ableism, fat oppression, and looksism.

Toda Lésbica precisa ser forte para sobreviver. Nós somos ameaçadas e atacadas, verbalmente e fisicamente, porque somos Sapatões. Quanto mais assumidas nós somos, mais provável de sermos atacadas, especialmente fisicamente. Mesmo quando não estamos sendo abertamente atacadas, nós somos encaradas, ou nos fazem sentir como párias e somos objetos de olhares de raiva, desgosto, ódio, paternalismo, desconfiança ou zombaria. Mesmo se nenhuma mulher ou homem heterossexual está sendo horrível em um momento particular, nós permanecemos constantemente atacadas por um mundo heterossexual, pornográfico e masculino, com fantasias masculinas fetichistas de mulheres nas vitrines de lojas, outdoors, e em toda a mídia masculina e heterossexual. Uma Sapatão não pode ser toda fofa e doce, com uma feição suave e aberta quando ela está andando por um campo minado virtual. Fems também precisam se proteger fisicamente, emocionalmente, mentalmente e psicologicamente contra o mundo heterossexual violador, embora em menor grau, e como um resultado poderia ser acusada de ser “má, fechada e difícil”. Quando Butches são similarmente cuidadosas, nosso comportamento é usado para provar as mentiras dos homens sobre Butches serem “duronas”. Ainda que o mundo heterossexual seja muito mais hostil e perigoso às Butches, especialmente para aquelas que são também oprimidas pelo racismo, antissemitismo, etnicismo, classismo, preconceito referente à idade, capacitismo, e opressão referente ao peso e aparência.

It’s a basic political principle that it’s not all right for those with more power to stereotypically label those with less power. A Fem who accuses a Butch of being “suspicious,” for instance, should ask herself instead what it is in her own behavior that the Butch has reason not to trust. There’s plenty, if the Fem is doing nothing to fight Butch oppression, and is making the usual assumption that it’s the Butch with “the problem.” Treating someone as “abnormal” is an excellent reason to not be trusted. Fems treat Butches this way all the time, with very rare exceptions. Butches have more than enough reason to relate to the general world with great distrust, and we also have plenty of reason to not trust Fems the way things are at present in Lesbian communities. While Butches are frequently and publicly insulted in Lesbian publications and elsewhere, with almost no one speaking out in our defense, we would be most unwise to completely trust Fems.

É um princípio político básico que não é certo que aqueles com mais poder rotulem de forma estereotipada aqueles com menos poder. Uma Fem que acusa uma Butch de ser “desconfiada”, por exemplo, deveria ao invés disso perguntar a si mesma o que em seu comportamento faz com que a Butch tenha motivos para desconfiar. Há muitos motivos. Por exemplo, se a Fem não está fazendo nada para lutar contra a opressão Butch e está supondo como sempre que ‘o problema’ está na Butch. Tratar alguém como “anormal” é uma excelente razão para não ser confiável. Fems tratam Butches desse modo o tempo todo, com raras exceções. Butches têm razões mais que suficientes para se referir ao mundo todo com grande desconfiança, e também temos muitas razoes para não confiar nas Fems visto como as coisas estão indo atualmente nas comunidades Lésbicas. Enquanto Butches são insultadas frequentemente e publicamente nas publicações Lésbicas e em quaisquer outras, com quase ninguém falando em nossa defesa, nós seríamos as mais imprudentes em completamente confiar nas Fems.

Butches are told we’re “unemotional, tough, and cold,” because we’re not Fems. These accusations have very little to do with what each individual Butch is actually like. Fems, being feminine, are perceived as “soft, vulnerable, and emotionally expressive,” which is often far from the truth. Fems aren’t “oppressed” by this womanly stereotype — they’ve chosen to live it because of the privilege it gives for appearing to be “normal women.” In reality, Fems are more often tough, mean, and less genuinely emotional than Butches are. It’s tough, mean and closed to act oppressively to Butches. Hard Fems who won’t even try to be close to other Fems, and who try to make Butches fill all their needs, are especially emotionally distant. Fems who’ll only be close to lovers or Lesbians they’re attracted to are impossible to be friends with.

Dizem às Butches que nós somos “insensíveis, duronas e frias” porque não somos Fems. Essas acusações têm muito pouco a ver com o que cada Butch de fato é. Fems, sendo femininas, são percebidas como “suaves, vulneráveis e expressivas emocionalmente”, o que está frequentemente longe de ser verdade. Fems não são “oprimidas’’ por esse estereótipo de feminilidade – elas escolheram vivê-lo devido ao privilégio que se ganha por serem “mulheres normais’’. Na verdade, Fems são frequentemente mais duronas, más e menos genuinamente emocionais do que as Butches são. É duro, mau e “fechado” agir opressivamente com as Butches. Hard Fems que nem sequer se aproximam de outras Fems e que tentam fazer as Butches preencher todas as suas necessidades, são em especial emocionalmente distantes. Fems que serão apenas próximas como namoradas ou Lésbicas pelas quais elas são atraídas são impossíveis de serem amigas.

Hard Fems sometimes behave in stereotypical feminine ways by throwing scenes, screaming, using tears to manipulate others, and generally acting like drama queens. This doesn’t prove that Fems are “open” and Butches are “closed.” Throwing scenes isn’t real emotion—it’s pushing other Lesbians around, intimidating and silencing them by using theatrical power plays or cruel outbursts that show no consideration for other Lesbians’ feelings. These displays are learned behavior, deliberately used for effect. It’s not from being genuinely upset, which all of us feel sometimes and need to express. The same Fems who use tears to manipulate other Lesbians are likely to ignore or ridicule a Butch who cries. That is the more male behavior.

Hard Fems algumas vezes se comportam de modos estereotipicamente femininos ao fazerem cenas, gritarem, usarem lágrimas para manipular os outros, e geralmente atuando como rainhas do drama. Isso não prova que Fems são “abertas” e Butches são “fechadas”. Fazer cenas não é uma emoção real – é maltratar outras Lésbicas, intimidá-las e silencia-las ao usar poderes de encenação teatral ou ataques cruéis que não mostram qualquer consideração pelos sentimentos de outras Lésbicas. Essas exposições são comportamentos aprendidos, deliberadamente usadas para causar efeito. Não é caso de simplesmente se estar verdadeiramente triste, pois isso todas nós sentimos de vez em quando e precisamos expressar. As mesmas Fems que usam lágrimas para manipular outras Lésbicas provavelmente ignoram ou ridicularizam uma Butch que chora. Isso sim é um comportamento masculino.

None of the Butches we’ve met conform to the “tough, closed” stereotype. Butches are often more present, warmer, and more emotionally supportive than many Fems. We’ve met as much or more genuine warmth, sensitivity, and willingness to deal honestly with feelings among Butches as among Fems. Butches’ solid Dyke identity gives them a personal realness that no amount of femininity will ever confer. To be more Lesbian is to be more true to our natural female selves, while to be less Lesbian-identified (more het-identified) is to be further from our real selves. The further you are from your real self, the less capable you are of being honestly direct, and the less capable you are of being really close to another Lesbian.

Nenhuma das Butches que nós conhecemos se encaixam ao estereótipo de “durona, fechada’’. Butches são frequentemente mais presentes, calorosas e mais emocionalmente solidárias do que muitas Fems. Nós conhecemos tanto ou mais calor, sensibilidade e boa vontade genuínos para lidar honestamente com sentimentos entre Butches como entre Fems. A identidade Sapatão sólida das Butches dá a elas um realismo pessoal que nenhuma quantidade de feminilidade jamais conferirá. Ser mais Lésbica é ser mais verdadeira a nosso eu mulher natural, enquanto ser menos Lesbo-identificada (mais hetero-identificada) é estar mais longe de nosso eu real. Quanto mais longe você estiver do seu eu real, menos capaz você será de ser honestamente direta, e menos capaz você será de ficar realmente perto de outra Lésbica.

Portraying an entire group of Lesbians as all having the same characteristics is objectifying and denies individual personalities and differences. Just as there are many sorts of Dykes, there are many sorts of Butches. As long as Fems are projecting stereotypes onto Butches, Fems will never be able to truly communicate and be close to us. This is the Fems’ failing, not the Butches’! It’s also the Fems’ loss, and the Butches’ oppression.

Retratar um grupo inteiro de Lésbicas como todas tendo as mesmas características é objetificar e recusar as personalidades individuais e as diferenças. Assim como há muitos tipos de Sapatões, há muitos tipos de Butches. Enquanto as Fems estiverem projetando estereótipos nas Butches, as Fems nunca serão capazes de verdadeiramente se comunicar e estarem próximas de nós. Isso é falha das Fems, não das Butches! É também perda das Fems, e a opressão das Butches.

There’s also a stereotype of Butches being drunks, which reflects the common stereotype of Lesbians as alcoholics. In our experience, recovering alcoholic Butches are more likely to be open about being alcoholic and having stopped drinking than Fems. This makes alcoholic Butches more visible than alcoholic Fems, of whom there are many. This stereotype is also used against many other oppressed groups, since using alcohol and drugs is a common way of trying to cope with oppression.

Há também um estereótipo das Butches serem bêbadas, o que reflete no estereótipo comum das Lésbicas como alcoólatras. Em nossa experiência, Butches ex-alcoólatras recuperadas são geralmente mais abertas sobre terem sido alcoólatras e terem parado de beber do que Fems. Isso faz das Butches alcoólatras mais visíveis do que Fems alcoólatras; das quais há muitas. Esse estereótipo é também usado contra muitos grupos oprimidos, uma vez que o uso de álcool e drogas é um modo comum de tentar lidar com a opressão.

Unfortunately, being bombarded with hatred causes self-hatred. Many Lesbians end up believing Lesbian-hating lies. They may think they’re queer because of emotional or hormonal problems. Some Butches believe the same. A few may even agree with Butch-hating lies, but no one should use Butches’ internalized oppression to believe the lies. No Dykes should be repeating those lies any more than they should repeat stereotypical lies about any oppressed group. Saying, “But some Butches are like men,” is like saying, “But some working-class Lesbians are dirty, lazy, stupid slobs.” Just because someone says something derogatory about themselves or about someone else doesn’t mean it’s true.

Infelizmente, ser bombardeada com ódio causa ódio a si mesma. Muitas Lésbicas terminam acreditando em mentiras lesbofóbicas. Elas talvez pensem que elas são bizarras devido a problemas emocionais ou hormonais. Algumas Butches acreditam realmente nisso. Algumas talvez até concordem com mentiras butchfóbicas, mas ninguém deveria usar a opressão internalizada das Butches para acreditar nessas mentiras. Nenhuma Sapatão deveria estar repetindo essas mentiras assim como não deveriam repetir mentiras estereotipadas sobre qualquer outro grupo oprimido. Dizer, “Mas algumas Butches são como homens’’ é como dizer, “Mas algumas Lésbicas da classe trabalhadora são sujas, preguiçosas e estúpidas desajeitadas’’. Não é só porque alguém diz alguma coisa depreciativa sobre ela mesma que signifique que isto seja verdade.

Opressão Butch Fere todas as Sapatonas

 No matter how often the stereotypes of Butches in particular, and Lesbians in general, are proven to be untrue, the lies are still spread, and damage is still done. Why? Because Lesbians are the only threat to the world-wide rule of patriarchy, and Butches are the most obvious of Lesbians — the Dykes who most clearly refuse to cooperate with male domination of the world. Why do Lesbians themselves participate in the male assaults on our resistance struggle? One of the reasons is that patriarchy is based on hierarchy and inequality, divide and conquer. Women are split up into many different groups and taught to be antagonistic, ridiculing, and hating towards anyone who’s beneath them in the het hierarchy. We learn this as little girls in our schools, families, and religions. Part of the conditioning to become “real women” is being taught to police and bully other girls on behalf of the male power structure. That’s why even young girls can be so cruel to anyone who is different. 

Não importa o quanto os estereótipos sobre Butches, ou sobre Lésbicas no geral, são falseados, as mentiras ainda se espalham e o dano persiste. Por quê? Porque Lésbicas são a única real ameaça às regras mundiais patriarcais e Butches são as mais óbvias das Lésbicas – são as Sapatões que mais claramente se recusam a cooperar com a dominação masculina do mundo. Porque será que as próprias Lésbicas participam dos ataques masculinos à nossa luta de resistência? Uma das razões para isso é que o patriarcado é baseado na hierarquia, desigualdade e no dividir para conquistar. Mulheres são separadas em tantos grupos e ensinadas a serem antagonistas, ridicularizarem e odiarem aquelas que estão abaixo delas na hierarquia hétero. Nós aprendemos essa lição desde garotinhas em nossas escolas, famílias e religiões. Parte desse condicionamento para ser uma “mulher de verdade” nos é ensinado pelo policiamento e pelo “bullying” de outras garotas que se comportam dentro do esperado pela estrutura de poder masculina. Esse é o motivo de que até mesmo jovens meninas podem ser cruéis com qualquer uma que seja diferente.

 Why is it that het women, who exemplify the feminine ideal, are perceived as “emotional, loving, open, soft, and expressive”? It’s because they get close to, are open to, and love males. As a group, they sure as hell aren’t that way with Lesbians. The feminine stereotype is a lie. Het women are closed emotionally, because they won’t be intimately open with other women. Lesbians, especially Butches, are falsely stereotyped as “closed” because Lesbians are not available for intimacy with men. No matter how intimate and warm we are with each other, we’re still called “distant, closed, emotionally frozen,” because closeness between Lesbians doesn’t count—only loving men and boys (especially sons) is counted as “feelings.” Individual het women can be as cold and vicious as they like, but as long as they’re a wife and mother, they qualify as “gentle, warm, feeling,…womanly.” 

Porque será que Mulheres héteros, que exemplificam a feminilidade ideal, são percebidas como “emocional, amáveis, abertas, doces e expressivas”? É porque elas se aproximam e amam homens, abrindo seus braços para eles. Como um grupo, elas certamente não seriam assim com Lésbicas. O estereótipo feminino é uma mentira. Mulheres Héteras são emocionalmente fechadas pois elas não querem ser intimamente abertas com outras mulheres. Lésbicas, e especialmente Butches, são falsamente estereotipadas como “fechadas” porque Lésbicas não estão disponíveis a intimidade com homens. Não importa o quão íntimas e calorosas elas são entre elas, Lésbicas ainda serão chamadas de “distantes, fechadas e frias emocionalmente”, porque intimidade entre Lésbicas não conta – somente amar homens e meninos (especialmente filhos meninos) é visto como “sentimentos”. Mulheres héteras individuais podem ser frias e perversas mas assim que se tornam esposas ou mães elas são descritas como “gentis, calorosas, sentimentais …. femininas”.

 Of course not all het women act hateful. We know some who are dear friends and allies, but still, het women as a group operate this way and all benefit from institutionalized privilege. 

É claro que nem toda Mulher hétero age tão odiosamente. Nós conhecemos algumas que são queridas amigas e aliadas, mas ainda assim, Mulheres héteras como um grupo funcionam dessa maneira e todas se beneficiam dos privilégios institucionalizados.

 Non-Separatist Lesbians, though they don’t hate and avoid men like Separatists do, still don’t fuck with men. That’s basic to Lesbian identity. No matter how nice non-Separatists are to men, they’re still viewed by men and het women as the mean, hard Lesbians of the stereotypes. Even more so are Separatists, who are so “cruel and harsh” as to have the guts to perceive men as the rapists and murderers they are. We supposedly “lack compassion” and are “hard and vicious” because we hate males, while rapists and murderers are the objects of universal womanly loyalty, and love. Het women breed, feed, clothe, clean for, fuck, love, and support those rapists, and so are considered “loving, natural, open, and womanly,” instead of being accurately perceived as the Lesbian-hating, female-hating collaborators they really are. Meanwhile, Lesbians who dare to challenge het women’s hatred towards us are called “woman-hating” or “misogynist — the lie of reverse discrimination. 

Lésbicas Não-separatistas, embora elas não odiem e evitem homens como as Separatistas fazem, também não transam com homens. Esse é o básico da identidade Lésbica. Não importa o quão legal as Não-Separatistas são para os homens, elas ainda são vistas por eles e pelas Mulheres héteras como as perversas Lésbicas duronas dos estereótipos. As Separatistas são vistas ainda mais como “cruéis e malignas” pois possuem coragem suficiente para apontar os homens como os estupradores e assassinos que eles são. À nós, supostamente, nos “falta compaixão” e somos “duronas e perversas” porque odiamos homens, enquanto isso estupradores e assassinos são objetos universais da lealdade e do amor feminino. Mulheres héteras, reproduzem, alimentam, vestem, limpam, transam, amam e apoiam esses estupradores e são por isso consideradas “amáveis, naturais, abertas e femininas”, ao invés de serem vistas como as lesbofóbicas e misóginas colaboradoras que elas realmente são. Enquanto isso, Lésbicas que ousem desafiar o ódio das Mulheres héteras por nós são chamadas de misóginas – a mentira reversa da discriminação.

 The world we live in calls hatred and cruelty “love,” while calling courage and wit “cruelty.” Lesbians, especially Butches, are set up by men to be the universal scapegoats for male crime. Understanding this makes it clear why we’re stereotyped as harsh and mean. Stereotypes should always be analyzed to find out who they profit — then we find out why the stereotype exists. That’s more important than picking apart every individual component of each stereotype. Once we grasp why it exists, the entire body of lies automatically loses credibility. So whenever a Fem is tempted to treat a Butch as the stereotype, she should realize that, whether she wants to or not, she’s doing it on men’s behalf. Hopefully that will make it clear to her that she must stop. If she refuses to stop oppressing Butches because she doesn’t want her own Fem privilege to be threatened, she should realize that her actions are ultimately supporting men to go on abusing herself as a female and Lesbian. 

O mundo em que vivemos chama o ódio e a crueldade de “amor”, enquanto chama a coragem e sagacidade de “crueldade”. Lésbicas, especialmente Butches, são usadas como bodes espiatórios universais do crime masculino. Compreender isso torna claro o porquê de sermos estereotipadas como frias e malvadas. Estereótipos deveriam sempre ser analizados para se descobrir suas finalidades – assim conseguimos entender porque um determinado estereótipo existe. Isso é mais importante do que desmembrar cada componente individual de cada estereótipo. Uma vez que compreendemos o porquê dele existir, o completo conjunto de mentiras automaticamente perde sua credibilidade. Quando uma Fem está tratando uma Butch como um estereótipo, ela deveria perceber que ela está fazendo o que os homens querem, quer ela queira ou não. Esperamos que fique claro para ela que ela deve parar. Se ela se recusa a parar de oprimir Butches porque ela não quer que seus privilégios Fem sejam ameaçados, ela deveria perceber que suas ações estão dando suporte aos homens para abusar dela mesma como Mulher e como Lésbica.

 Butches need to become more aware of Fem privilege and Butch oppression, not in a self-hating way, but by realizing how we’re oppressed and by caring about the oppression of other Butches. Part of that means developing solidarity with other Butches and unlearning the Lesbian-hatred that leads to valuing Fems more. The old pattern of being attracted to and falling in love with manipulative, game-playing, “attractive” Hard Fems doesn’t hurt only ourselves, it hurts other Butches as well. It’s essential to not fall for the thrill of Fem flirtation that has no love or real caring behind it. That also means fighting the urge to be trusting and protective of Fems who are actually being oppressive to you or others. For some Butches, that means changing a lifetime of believing that the most feminine Lesbians are the most female-identified. It means being true to your own self and to all Dyke-identified Dykes, Butch and Fem. 

As Butches precisam tornar-se mais conscientes do privilégio Fem e da opressão Butch, não de uma maneira auto-destruitiva mas percebendo como nós somos oprimidas por nos preocuparmos com a opressão de outras Butches. Parte disso significa desenvolver solidariedade com outras Butches e desaprender a lesbofobia que nos conduz a dar mais valor às Fems. O antigo padrão de ser atraída e se apaixonar pelas manipuladoras, mestres de joguinhos e “atraentes” Hard Fems não somente nos fere como fere outras Butches também. Para algumas Butches isso significa mudar uma vida inteira acreditando que as mais femininas das Lésbicas são as mais identificadas com as mulheres. Isso requer ser sincera com seu pŕoprio ser e com todas as Sapatões-identificadas-com-Sapatões, Butch e Fem.

 Dyke-identified Fem friends and lovers can be true and trusted allies to Butches, as the authors of this book prove. Reacting with rage towards all Fems doesn’t help fight Fem privilege. It can make things worse, as well as being unfair. Dyke-identified Fems shouldn’t get the brunt of a Butch’s lifetime of very understandable anger about Butch oppression. Hard Fems usually make sure they’re not around to deal with any of it. It also doesn’t help to insist your lover is Butch when she isn’t. (Both Butches and Fems do this.) Dyke-loving Fems can love and support our Butch friends and lovers best by supporting and encouraging their resistance to Butch oppression, and by rejecting femininity. 

As amigas e namoradas sapatões-identificadas-com-Fems podem ser verdadeiras e confiáveis aliadas das Butches, como as autoras desses livros provaram ser. Reagir odiando todas as Fem não ajuda a lutar contra o privilégio Fem. Pelo contrário, pode tornar as coisas ainda piores, assim como ser muito injusto. Fems sapatões-identificadas não deveriam ganhar o peso de toda uma vida Butch repleta de raiva, uma raiva totalmente compreensível, contra a opressão Butch. Hard Fems usualmente se certificam de não estar por perto para não ter que lidar com nada disso. Também não ajuda insistir que sua amada é Butch quando ela não é. (Ambas, Butches e Fems fazem isso). Fems que amam sapatões podem amar e apoiar amigas e namoradas Butches ao dar apoio e encourajá-las em sua resistênca à opressão Butch e à rejeição da feminilidade.

 Lesbians who haven’t challenged their internalized anti-Lesbian attitudes are less able to be emotionally open and intimate with other Lesbians, because of the fear that Lesbian-hatred causes. Real intimacy with Dyke friends and lovers requires acknowledgment, acceptance, and pride in our Lesbianism. Dyke joy and intensity, love, and well-being are our rewards. To remain lesbophobic is to leave in place barriers to intimacy that no amount of therapy or drugs can ever get rid of. Only Lesbian-identified politics, which means really caring about other Dykes will remove those barriers. 

Lésbicas que nunca desafiaram suas atitudes lesbofóbicas internalizadas são menos capazes de serem emocionalmente abertas e íntimas com outras Lésbicas, por causa do medo que a lesbofobia internalizada causa. A intimidade real com amigas e namoradas Sapatões requer conhecimento, aceitação e orgulho no nosso Lesbianismo. Prazer, intensidade, amor e bem estar sapatão são nossas recompensas. Permanecer lesbofóbica é deixar intocadas as barreiras à intimidade e nenhuma terapia ou drogas podem resolver isso. Somente política identificada-com-Lésbicas, que inclua realmente todas as Sapatões, podem remover essas barreiras.

Notas Finais

 [1] Our politics about Dyke Separatism, strong Dyke-identity, and Butch oppression made an international Dyke connection for us and is how Linda and Bev met Ruston. 

1. Nossa política Sapatão-Separatista, sólida identidade Sapatão e crítica sobre opressão Butch possibilitou uma rede de contato Sapatão internacional e foi assim que Linda e Bev conheceram Ruston.

 Ruston: From when I came out, I was aware of a feeling of “similar” or “opposites” in Lesbians’ friendships and lover relationships, including my own. However, I still believed “roles were in the past” and denied Butches’ existence. But several Lesbians courageously came out to me as Butch over the years, and as my understanding of Lesbian (including Never-het and Old Dyke [Lesbians who came out before the Women’s Liberation Movement]) oppression grew, it became clear Butches were oppressed. Even while recognizing I was a Fem, I found that the game-playing of other Fems badly affected me. I met no-one who shared these politics until reading Bev’s article “Roles: Butch and Femme” in 1982 in the Lesbian Insider/Insighter/Inciter (USA). 

Ruston: Desde que eu me assumi eu sempre percebi um sentimento de “similaridade” ou “oposição” nas amizades Lésbicas e nos relacionamentos amorosos, incluindo nos meus pŕoprios. Entretanto, eu ainda acreditava que “papéis eram coisa do passado” e negava a existência das Butches. Mas várias Lésbicas corajosamente se assumiram Butches com o passar dos anos e conforme minha compreensão sobre lesbofobia ia crescendo (como por exemplo, a lesbofobia sofrida por sapatões nunca-héteros ou pelas Sapatões mais velhas – as que se assumiram antes do Movimento de Libertação das Mulheres) ficou claro para mim que Butches eram oprimidas. Mesmo eu reconhecendo que era uma Fem, eu percebi que o jogo de papéis de minhas amigas Fems não me incomodavam. Eu não conheci ninguém que tinha essas mesmas posições políticas até eu ler o artigo da Bev: “Papéis: Butch e Femme” em 1982 no Lesbian Insider/Insighter/Inciter (USA).

 Bev: In the U.S., with the support of a few other Separatists, including my best friend Linda, I came to the same conclusions. I wrote an article in the original Lesbian Insider/Insighter/Inciter about Butch oppression (No.5, Minneapolis, Minnesota, November 1981). Even though I presented the topic in a cautious, exploratory way, the article was met with hostility by many Lesbians. Ruston, who was also a Separatist, saw my article and wrote to me to share support. Ruston dared to say that she knew that Fems were in the privileged position in relation to Butches, which supported my and Linda’s ideas. 

Bev: Nos EUA, com o apoio de algumas outras Separatistas, incluindo minha melhor amiga Linda, eu cheguei às mesmas conclusões. Eu escrevi um artigo para a revista Lesbian Insider/Insighter/Inciter sobre opressão Butch (No. 5, Minneapolis, Minnesota, Novembro de 1981). Mesmo que eu tenha apresentado o tópico com cautela, em vias exploratórias, o artigo foi acolhido com hostilidade por muitas Leśbicas. Ruston, que também é uma Separatista, viu meu artigo e me escreveu para mostrar apoio. Ruston ousou dizer que ela sabia que Fem estão em situação privilegiada em relação a Butches, o que deu apoio às ideias minhas e de Linda.

 Linda: By 1983, I was alarmed by the increase of overt femininity and Butch-hatred among “radical” Lesbians, and by the resulting pain and damage to Dykes I love. I wrote an earlier version of what is now Part II of this chapter, “The Big Sell-Out: Lesbian Femininity,” which was printed in Lesbian Ethics, Vol. 1, No. 3, Fall, 1985. Together the three of us wrote the sequel, (which was partly based on an unpublished article of Ruston’s), printed in Lesbian Ethics, Vol. 2, No. 2, Fall, 1986, as “Heterosexism Causes Lesbophobia Causes Butch-Phobia,” now incorporated into Parts I and III of this chapter. 

Linda: Em cerca de 1983 eu estava alarmada com o crescimento da super-feminilidade e do ódio às Butches dentre as Lésbicas “radicais”, assim como com a dor e o dano que isso causou em Sapatões que eu amo. Eu escrevi uma versão anterior do que é agora a Parte II do capítulo “A grande mentira: Feminilidade Lésbica”que foi publicado no Lesbian Ethics, vol. 1, no. 3, outono de 1985. Juntas nós três escrevemos a continuação (que foi parcialmente baseada em um artigo não publicado da Rouston), publicado no Lesbian Ethics, vol. 2, no. 2, outono de 1986, como “Heterossexismo causa Lesbofobia que causa Butchfobia”, agora incorporado na Parte I e III desse capítulo.

2 Coming Up, San Francisco, California, November 1988.

3 Tracy McDonald, review of “Behind the Curtains,” off our backs, 17:8, Aug./Sept. 1978, 19.

4 Elena Popp, “First Encuentro of Feminist Lesbians,” off our backs, 18:3, March 1988, 32.

5 De Clarke, “Femme and Butch: A Readers’ Forum” Lesbian Ethics, 2:2, Fall 1986, 96.

6 Wilson Key, Media Sexploitation (Englewood Cliffs, N.J.: Prentice-Hall, 1976), 24-26.

7 Tony Bizjak, “The Hip Social Manifesto: New Dictums of the ‘Politically Correct’. O manifesto social do quadril: novos ditos do Politicamente Correto’” San Francisco Chronicle, March 17, 1989, B3. Bizjak tem uma lista descrevendo posicionamentos “P.C.” versus “P.I.” ,ridicularizando pessoas que dizem “Persons of Colorpessoas de cor” em vez de “minorities minorias,” e “Asian Asiáticos” em vez de “OrientalOrientais.” Ele diz que é “P.C.” ter um “empregado chamado Bob” é melhor do que ter uma “empregada chamada Maria,” ser por“affirmative action” em vez de chamar de “discriminação reversa,” e lutar pelos “direitos dos animais” em vez de contra “mortes de animais.”

8 Research by Karen Stevens, The Reactor, A Publication for the Environmentally Sensitive 4.1, Jan.-Feb. 1989, (P.O. Box 575, Corte Madera, CA 94925, USA), 2.

Glossário de termos originais e traduzidos

(1) Butch (caminhoneira): lésbica não-feminilizada. O termo é geralmente usado nas comunidades lésbicas dos EUA para designar lésbicas não-feminilizadas tanto as nunca-feminilizadas como as desfeminilizadas. Entretanto, Bev jo considera como “butches” somente as lésbica nunca-feminilizadas e que semprem se rebelaram contra a feminilização, desde criança; retirando assim do termo as lésbicas que já foram feminilizadas na infância/adolescência e passaram a se desfeminilizar tardiamente (essas são chamadas por BevJo de Fem-Dykes). No Brasil, o termo seria algo correspondente ao termo “Caminhoneira” ou ’Caminhão".

(2) Fem (lésbica feminilizada): lésbicas feminilizadas, no Brasil também chamado de lésbica Lady ou sapatilha.

(3) Moleca (em ingl. “tomboy”): traduzimos o termo inglês “tomboy” como “moleca”. Tomboy originalmente denota meninas que se interessam por atividades e brincadeiras tipicamente ‘de meninos’ e, muitas vezes, não se vestem de forma feminina. Muitas meninas “tomboy” saem do armário como Lésbicas. Ultimamente e diferente do original, o termo “tomboy” tem sido usado como estilo de roupa, “tipo” de Lésbica e até identidade de gênero.

(4) Hard Fem (lésbica hiperfeminilizada): o termo foi cunhado por BevJo para nomear de forma crítica o que Fems chamam de forma positiva de “High Fem” (lésbica super-feminina). BevJo critica que o termo “High Fem” vê a feminilidade como positiva, encorajando-a e sendo o objetivo de muitas Lésbicas Fems. Em contrapartida, o termo cunhado por BevJo “Hard Fem” critica a feminilidade mostrando sua artificialidade e origem patriarcal.

(5) High Fem (lésbica super-feminina): termo utilizado por Fems nos EUA para exaltar e celebrar a hiperfeminilidade como positiva e objetivo de vida. BevJo critica o termo por encorajar a feminilidade entre Lésbicas e critica a feminilidade mostrando sua artificialidade e origem patriarcal.

(6) Soft Butch (caminhoneira/butch suave): segundo Bevjo, “Soft Butch” é um termo cunhado por Fems dos EUA para designar Butches mais aceitáveis (mais feminilizadas e geralmente de classe privilegiada) em detrimento das “Hard Butches” que recebem o estereótipo de durona, fria, ruim, insensiva, predadora, etc.

(7) Hard Butch (caminhoneira/butch extrema): o termo “Hard Butch” é usado por Fems dos EUA de maneira depreciativa para se referir com desprezo às Butches (Lésbicas nunca-feminilizadas) enquanto que as Soft Butches (caminhoneiras suaves) seriam mais aceitas por essas.

(8) Fem-Dyke (lésbica desfeminilizada): segundo conceito de BevJo, as “Fem-Dykes” seriam Lésbicas que foram feminilizadas durante a infância e/ou adolescência somente se desfeminilizando tardiamente, ao contrário das Butches que nunca foram feminilizadas.

(9) Dyke (Sapatão): gíria norte-americana para Lésbica sendo aqui traduzida como o equivalente brasileiro “sapatão” ou “sapatona” e derivados. O termo “dyke” nasceu como um termo depreciativo mas foi resignificado e assumido pelas Lésbicas norte-americanas como parte do orgulho Lésbico norte-americano. Pela história similar do termo com o termo brasileiro “sapatão”, mantivemos essa tradução.

(10) Stone Butch (caminhoneira exclusivamente ativa): “stone”: pedra, rocha – “butch”: caminhoneira. O termo conota Lésbicas não-feminilizadas e exclusivamente ativas em relações sexuais. Uma “stone butch” seria uma butch que somente faria o papel de ‘ativa’ no sexo, nunca sendo tocada. Bev jo diz que Stone Butch é uma criação depreciativa de Hard Fem e não existe na realidade.

(11) Stone Fem (Fem exclusivamente passiva): Segundo BevJo, Stone Fem é usado por Fems parceiras de Stone Butches (caminhoneiras exclusivamente ativas) como sua identidade. BevJo critica como tais Fems celebram egoisticamente que somente elas recebem amor e atenção no relacionamento.

(12) Sempre Lésbica (em ing. “Lifelong Lesbian”): nas comunidades Lésbicas dos EUA, o termo é utilizado para se referir às Lésbicas que se reconhecem como tal desde a infância.

(13) Womyn. O termo “womyn” altera a palavra “woman” (mulher) para retirar-se dela a palavra “man” (homem). Em inglês a palavra mulher (woman) carrega dentro de si a palavra homem (man) e o termo “womyn” passou a ser usado por feministas materialistas de segunda onda para se referir à mulheres como um ser não vinculado e conceituado em relação ao homem.

(14) Feminilidade-macho-identificada (em ing. “Male-identified femininity”) ou Mulher macho-identificada (em ing. “Male-identified-woman”). O termo “feminilidade macho-identificada aborda a feminilidade como um modelo comportamental, psicológico e estético moldado pelos homens (pela sociedade patriarcal) que diz às mulheres como os homens querem e esperam que elas sejam e como devem colocar homens como prioridade e centro de tudo. O termo “Mulher macho-identificada” ou “mulher identificada com homens” é muito usado por Lésbicas da dita ‘segunda onda’ (materialistas separatistas) para denotar mulheres que aceitam e internalizam os valores patriarcais, priorizando e centralizando homens.

(15) “Mulher identificada com a mulher” ou mulher fêmea-identificada” (woman-identified woman). A ’mulher fêmea-identificada (também traduzido como "mulher-identificada-com-a-mulher”) seria a mulher que nega valores patriarcais priorizando e centralizando mulheres. As verdadeiras mulheres fêmeas-identificadas são as Lésbicas.

16) Lesbo-identificada ou sapatão-identificada (em ing. “Dyke-identified”): semelhante à idéia proposta pelo termo “mulher fêmea-identificada”, o termo “Lesbo-identificada” se refereàs sapatões que negam valores patriarcais e priorizam e centralizam sapatões. Assim como também pode ser aplicado à Lésbica Fem que abandonou os valores héteros patriarcais para se voltar às sapatões, abandonando a feminilidade se tornando uma Fem-Dyke. Na concepção de Bevjo, as lésbicas Fems não seriam sapatão-identificadas pois elas seguiriam normas comportamentais, psicológicas e estéticas ditadas pela heterossexualidade e pelo patriarcado. As Fems então são macho-identificadas.

(17) Lésbica hétero-identificada: Lésbicas que internalizaram ideias héteros sobre a lesbianidade e se comportam como tal.

(18) Jogo de papéis (em ing. “role play”), encenar papéis (ing. “play a role”) : O jogo de papéis, na visão tradicional, sexuais seria encenado por casais de lésbicas no qual a lésbica Fem assume o papel de ‘mulher’ e a lésbica butch o ‘papel’ de homem. Tal discussão é histórica e notória na comunidade Lésbica tanto nos EUA quanto no Brasil. O casal Butch/Fem (no Brasil também dito Bofinha/Lady ou Caminhoneira/Lady) foi historicamente uma estratégia de sobrevivência de casais lésbicos para obter certa ‘passabilidade’ e evitar violência lesbofóbica. O feminismo lésbico separatista da dita ‘segunda onda’ feminista nos EUA, criticou dura e incisivamente a dinâmica Butch/Fem como hétero-centrada e casais Butch/Fem eram vistos com cautela por feministas, apesar da dinâmica Butch/Fem ainda ser celebrada por algumas Lésbicas. Principalmente as Butches foram alvos de críticas severas e acusadas de quererem ‘passabilidade’ como homem ou obterem ‘privilégios masculinos’ ou de serem ‘machistas’ e ‘abusadoras’. Por esse motivo, muitas Butches deixaram de se identificar como tal e somente o nomear “Butch” e “Fem” trazia desconforto e suspeita de hetero-centrismo. O ‘feminismo’ queer e seu fetiche por pornô e sadomasoquismo traz de novo as dinâmicas Butch/Fem normalizando-as como identidades de gênero e papéis sexuais. No feminismo dito de ’terceira onda” (maior parte queer pós-moderna), as dinâmicas Butch/Fem voltam a serem tendência mesmo que nem sempre diretamente nomeadas como Butch/Fem e o casal Butch/Butch volta a ser descreditado. O feminismo lésbico de BevJo, podemos dizer que um feminismo lésbico butch-centrado, traz de volta às críticas à feminilidade típicas do feminismo lésbico materialista separatista (e do feminismo materialista dos anos 70 e 80) e resgata a Butch como a mulher que se revoltou contra a feminilidade na infância, destruindo a imagem estereotipada e lesbofóbica da Butch machista, sexista e que encena papéis sexuais.

(19) Papéis heteronormativos: se refere ao jogo de papéis, isto é, ao encenamento de papéis comportamentais estipulados pelo patriarcado e pela heteronormatividade como os papéis comportamentais, psicológicos e sexuais designados para homens (a masculinidade) e para mulheres (a feminilidade). Gênero é sinônimo de estereótipos sexuais ou estereótipos de gênero ou ainda papéis sexuais e é o sistema de opressão por sexo.

(20) Drag queen: espetáculo de origem artística de cabarés e bares da cultura gay, onde um homem se fantasia de ‘mulher’ usando para isso uma feminilidade exacerbada e extravagante. O drag queen pode tanto criticar a feminilidade como algo artificial, ridículo e cômico ; como, paradoxalmente, celebrá-la como uma identidade cheia de glamour, sendo a última concepção a provável tendência moderna e/ou ‘queer’ do espetáculo.

(21) Fag-hag (chaveirinho de gays): Termo usado nos EUA para se referir às mulheres héteros que bajulam homens gays.

(22) Queerbating: o termo em inglês faz referência ao uso de personagens homossexuais na mídia (como em filmes, desenhos animados, novelas e séries) exacerbadamente estereotipados e/ou vistos como negativos ou invisíveis na história e que somente são inseridos na história para tentar atrair o público lgbt. Bevjo utiliza-se também do termo “lesbian-baiting” que foca na deturpação do que uma Lésbica realmente é. Tal deturpação é feita pela mídia ou até mesmo por Lésbicas ex-héteros tentando afirmar sua lesbianidade.

(23) Mito do apagão lésbico (em ing. “lesbian bed death myth”) – faz referência ao mito cultivado por alguns psicólogos de que casais lésbicos parariam de ter relações sexuais com o tempo.

(24) Mulheres contra a Feminilização: grupos de mulheres durante a dita ’segunda onda" (feminismo materialista radical) que durante os anos 70 e 80 criaram grupos críticos à feminilidade que tinham como objetivo a identificação da feminilidade como sistema comportamental de submissão e trabalhava a desfeminilização das mulheres.

(25) Separatistas (separatists).

(26) Livre-de-classe (class-free): Similarmente ao que ocorre com pessoas que afirmam “não ver raça ou cor” e acham que estão sendo progressistas mas estão simplesmente apagando uma desigualdade estrutural capitalista; algumas pessoas ‘argumentam’ que são livre-de-classes (26), ou seja, que não pertenceriam às classes clássicas capitalistas (burguesia e proletariado) ignorando seus privilégios ou seguindo ideologias meritocráticas. De forma paralela, pessoas que afirmam não serem nem homens e nem mulheres estão fazendo o mesmo: ignorando que sexo é uma realidade natural e é utilizado no sistema capitalista como base para construção de classes e hierarquias de gênero. Essas pessoas costumam se dizer agênero, gênero flux, genderqueer, não-binários, etc.

Notas de tradução

(1) Lésbicas sendo escrito sempre com letras maiúsculas.

(2) sobre o contexto lésbico nos EUA e o contexto Lésbico no Brasil.