:: Proposta para uma maneira diferente de entender a organização

Libelo Anônimo

Entre aquelas que consideramos necessário organizar-nos para lutar existem muitas opiniões diferentes. Qual é o modelo mais útil e mais de acordo com o que se pretende conseguir: coordenadoras, plataformas, coletivos, federações; isso é o que se costuma discutir.

Porém, mais além dos distintos modelos, é a cultura de organização que existe por detrás dos mesmos o que na maioria dos casos os define e o que faz que em muitas ocasiões não somente não sejam capazes de intervir no entorno que os rodeia como a alguns de nós nos gostaria, senão que o que conseguem é engolir as pessoas válidas e transformá-las em militantes estressades, queimades, e com grandes doses de frustração.

Todo produto de uma dinâmica baseada em uma cultura de organização concreta, que pretendemos começar a disseccionar a seguir para contribuir para que quem se reconheça nela possa mais facilmente destruí-la.

1. O efeito mariposa.

Existe uma forma de ver as coisas segundo a qual entre nossa situação atual e a “sociedade ideal de amanhã” há um caminho a recorrer. Este trajeto temporal o devemos percorrer criando uma organização que em seu interior reproduza o modelo de sociedade que queremos. No caminhar diário iremos recolhendo a todes aqueles que queiram se unir a nós.

Também participará nos distintos conflitos que ciclicamente surgem nas margens do nosso caminho. Dita participação se desenvolverá com vista posta em que, a raíz do conflito, as pessoas tomem maior consciência da necessidade de organizar-se e, se for o caso, se juntem a nós para continuarmos junt*s o caminho.

Assim se irá avançando, acumulando forças (sendo cada vez mais) até que em um momento dado em que sejamos muitíssim*s proporemos a grande batalha final (revolução) e fruto dela nasça uma nova sociedade.

Ao que leva essa forma de ver as coisas, na maior parte dos casos, é a identificar a organização com a revolução: quanto mais forte seja a organização, mais próxima se estará da grande insurreição geral. Com o qual no centro de nossa atenção deve estar a organização, sua manutenção e crescimento.

Se entende (segundo esta lógica mecanicista) que existam umas etapas a se ir percorrendo. Uma caixinha levaria a outra, e quando tenhamos percorrido todas, chegaremos ao ansiado final:

CRIAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO >> PROPAGANDA >> PARTICIPAÇÃO EM CONFLITOS >> CRESCIMENTO DA ORGANIZAÇÃO >> REVOLUÇÃO >> NOVA SOCIEDADE

Mas parece que a realidade não quer adaptar-se a esse modelo. As revoltas, insurreições e motins surgem a raíz de conflitos pequenos; pequenas gotas que fazem com que os diques de contenção se desbordem. Fagulhas imprevisíveis que fazem que a raiva acumulada e reprimida pelo medo durante muito tempo, estale e faça tremer os cimentos do sistema assentado sobre cada um* de nós. A dinâmica da sociedade não é uma linha reta nem se adapta aos estudos de expertos nem revolucionários. É, como a maioria dos processos naturais, de caráter não lineal.

“Nos sistemas não-lineais, entradas (variações) pequenas podem ter consequências espetacularmente grandes. Muitas vezes, se tem feito referência a estes com o nome de efeito mariposa: uma mariposa bate as asas na selva tropical e pôe em marcha vibrações que produzirão uma tormenta em Chicago. Porém a vez seguinte que a mariposa bate as asas, não há nenhuma consequência metereológica. Esta é a base da imprevisibilidade (…) complexidade superficial que surge de uma simplicidade profunda (…) este comportamento emergente, volta a influir no comportamento dos indivíduos que aqui embaixo o produziram” J. Glecik

A subida do preço do pão, a implantação de uma nova lei ou imposto, o linchamento de alguém pela polícia, etc. São capazes de desatar mais raiva e abrir os olhos a mais gente que o trabalho de uma organização durante anos. Pequenas situações que desencadeiam acontecimentos muito mais grandes a raíz dos quais se comprova a capacidade própria da população, a vulnerabilidade do inimigo e o papel que cumprem instituições “aparentemente neutras” como a imprensa, a televisão, a família, etc.

Por esta razão perde interesse para a gente ter como centro de nossa atividade a organização. O objeto principal passa a ser o conflito: potenciá-lo onde se mantenha latente e tratar de contribuir para sua radicalização onde tenha aflorado à superfície, tudo isso sem nos importar demasiado se como consequência disto vamos ganhar simpatizantes nov*s ou não.

Com essa mudança de perspectiva provocamos rapidamente o interesse das instituições repressivas, pois começamos a sair de seus esquemas. E é que o sistema necessita que tudo funcione segundo sua lógica de visibilidade e concentração estruturada da dissidência.

2. Os olhos da Medusa.

“A vantagem tática da clandestinidade, do não visível (a linguagem do coração) por si mesmo devolve à estética sua centralidade revolucionária. A arte do não visível escapa à absorção do ‘discurso da totalidade’ baseado na imagem e assim, livre de toda forma possível, ainda mantém a promessa milenária de arte, a transformação do mundo”. H. Bey

O sistema necessita etiquetar, classificar, catalogar para a partir daí aplicar tratamentos concretos e diferenciados a cada forma de dissidência.

Sociólogos, psicólogos, psiquiatras, pedagogos, antropólogos, assistentes sociais, periodistas… todos são fontes de informação que as instituições usam para alimentar seus arquivos.

Criar uma organização vai, geralmente, acompanhada da produção de uma iconografia própria, uma estética concreta e certa homogeneização das pessoas que a compôem: se cria consciente ou inconscientemente um produto. E é por isso que é muito mais fácil para as instituições absorver, deformar e manipular este produto. Em definitiva, tudo isso acaba sendo um obstáculo mais ao que terão que enfrentar-se membr*s da organização se não querem converter-se em um objeto estético de usar e descartar por parte do sistema.

Provemos então a ser como o gás sarín 1 ; invisíveis, inodoras e insípidas para o sistema, mas letalmente daninas para suas estruturas. Evitemos facilitar o trabalho etiquetador dos burócratas. Obstaculizemos a criação de estereótipos vendíveis e produtos estéticos.

3. A criação da massa.

A atividade revolucionária não consiste (não deveria) em preparar-se para uma guerra convencional. Aqui o aparato institucional, ali os revolucionários, Adiante e que ganhe o melhor! Não, não seria útil nem coerente ter esta proposta.

Para o poder são mais perigosas dez pessoas imprevisíveis incontroláveis dispersas que cem formando uma massa concentrada predizível e manipulável.

“A física nazi se estabelece sobre estes postulados: é preciso captar esses elétrons, torná-los compactos, concentrá-los. É preciso atrapar essa ‘energia’ da dispersão, da explosão, condensá-la fazendo ela entrar em um processo involutivo e, finalmente mediante a destruição concentratória sistemática de cada elétron, investir a energia explosiva da diáspora em uma forma inerte, implosiva, dominável, convertível, reversível: a da massa”. L. Scheer.

O sistema está interessado en homogeneizar, uniformizar, agrupar, concentrar a dissidência para tornar mais fácil o trabalho dos cães pastores. Os derivados atuais do frente-populismo e suas táticas não fazem mais que facilitar o trabalho do inimigo. Sua única razão para existir é o medo que há às possibilidades experimentadoras que existem para além do rebanho e sua forma de funcionar.

4. Adrenalina.

Como então intervir eficaz y coerentemente ao nosso redor? Como impedir que as doses de tranquilizantes e anti-depressivos emitidas pelos meios de “comunicação” reconduzam a revolta até causas inofensivas? Isso será algo que averiguaremos a medida que iremos experimentando.

Poder atuar como a adrenalina não seria um mal exemplo. Um hormônio que segrega o próprio corpo e que acelera o ritmo do coração, aumenta a tensão arterial e estimula o sistema nervoso fazendo com que os sentidos estejam mais alertas.

Que nossa atividade consiga romper o abatimento democrático, fazendo que se quebrasse a hipnosis do consenso; esse poderia ser um bom avanço. Para isso parece que a maneira mais natural de organizar-se pode ser o grupo de afinidade.

5. O grupo de afinidade.

O termo requer explicação. Afinidade se confunde geralmente com sentimento. Apesar de não estar de todo separada, os dois termos não deveriam considerar-se sinônimos. Podem ter companheiras com quem podemos considerar que haja afinidade mas com aquelas que não nos une amizade e vice-versa.

Basicamente, ter afinidade com uma companheira quer dizer conhecê-la, haver aprofundado no conhecimento acerca dela. Ao crescer esse conhecimento a afinidade pode aumentar até o ponto de fazer possível uma ação conjunta; ou diminuir até o ponto de fazê-la impossível.

O conhecimento de alguém é um processo infinito que pode interromper-se em qualquer nivel dependendo das circunstâncias e objetivos que se queiram conseguir juntas. Uma pode ter portanto afinidade fazer algumas coisas e para outras não. Se torna evidente que quando falamos de afinidade não nos referimos necessariamente a falar dos problemas pessoais de cada uma, embora isso possa ser importante se interfere no processo de conhecimento mútuo.

Neste sentido conhecer à outra não significa necessariamente ter uma relação íntima. O que é necessário conhecer é como pensa a companheira com relação aos problemas sociais com os quais a luta de classes se enfrenta, como acredita que seja preciso intervir, que métodos usaria em determinadas circunstâncias.

O primeiro passo na aprofundação do conhecimento entre companheiras começa com a discussão. É preferível ter uma base clara, como algo escrito, para que os variados problemas se possam abordar bem.

Uma vez claro o básico o grupo ou os grupos de afinidade estão praticamente formados. O conhecimento entre companheiras segue com relação a sua atividade como grupo e por conseguinte encontro na realidade como tal. Enquanto dura esse processo o conhecimento mútuo costuma aumentar e podem surgir laços fortes entre companheiras. Isso em qualquer caso é uma consequência da afinidade, não seu objetivo fundamental.

Costuma ocorrer que as companheiras façam ao revés. Começando qualquer tipo de atividade e procedendo as clarificações necessárias, sem ter comprovado o nível de afinidade necessário para fazer coisas juntas. As coisas se deixam ao azar, como se algum tipo de claridade pudesse surgir do grupo somente por sua mera criação. Obviamente, isso não passa: o grupo ou se estanca porque não tem claro o caminho a seguir ou segue a trajetória de companheiras que tenham as coisas mais claras sobre o que querem fazer enquanto outras se deixam levar, normalmente com pouco entusiasmo ou compromisso real.

Por outro lado o grupo de afinidade encontra seu potencial máximo e está criado com a ação como objetivo, baseando-se não na quantidade de membras, senão que na força qualitativa do número de individuas que trabalham juntas em um projeto que desenvolveram juntas enquanto avançam. De ser uma estrutura específica do movimento anarquista e o conjunto de atividades que apresenta: propaganda, ação direta, produzir um jornal, trabalhar em uma organização informal, etc. (…)

6. Conexão.

Tendo como objetivo a conflitividade permanente não vale a pena ainda falar de modelos “corretos” de organização nem de organizações permanentes. Parece muito mais que a melhor maneira de conectar dependerá por um lado das necessidades que hajam neste momento e lugar concretos; e por outro da confluência de projetos, estratégias ou práticas.

O mesmo vale para o nível em que se desenvolva a relação; desde o simples intercâmbio de informação até o desenvolvimento de projetos conjuntos há possibilidades ilimitadas.

O que sim parece claro é que se não existe nenhum tipo de comunicação, debate ou intercâmbio de experiências, se fará muito difícil desenvolver uma dinâmica própria sem nos afogar-nos em um vaso de água. Para não depender da trajetória que sigam outras devemos estabelecer critérios próprios sobre a base do que nos rodeia, e para isso se faz necessário algo mais que traduzir textos escritos em outro momento e/ou em outro lugar.

7. Papelaria.

O sistema procura nos anular nos inculcando desde pequenas que somos capazes de muito menos do que somos na realidade capazes de fazer. Convém pois deixar de lado o catastrofismo e as lamentações pseudo-cristãs sobre o mal que vai tudo e nos centrar mais em trocar experiências, contribuir com informação útil e mostrar amplamente as ocasiões nas quais se há feito dano ao poder, sejam estes pequenos ou grandes acontecimentos.

Se editam muitas coisas, quase todas pretendem o mesmo; umas por meio do humor; outras do choro mas a grande maioria delas se fazem quase por compromisso ou para ocupar o tempo em alguma coisa, o resultado é que lida uma, pelo geral se há lido todas as demais.

Para que se nos entenda deveríamos falar claramente e deixar as linguagens codificadas para os e as intelectuais, científicos e etc.

O Poder trata de manter a população sob controle por meio do medo que inspira. Para isso o sistema trata de imitar a imagem tradicional que se tem dos deuses: invisíveis mas presentes em todos os lados. Contrapondo esta idéia mostraremos sua vulnerabilidade. Isso se poderia fazer desmistificando e assinalando aos inimigos reais e tangíveis, explicando que é ao que se dedicam e que é o que mais dano lhes faz; sejam estes instituições, empresas ou “profissionais”.

Em cada conflito concreto parece necessário também assinalar aos recuperadores e suas intenções, para evitar no possível que as lutas sirvam ao sistema para, uma vez engolidas, fortalecer-se ainda mais.

Por último insistir no necessário debate para que tem que servir estas publicações. De nada serve que acreditemos ter as coisas claras no nosso círculo mais próximo se não podemos trocar opiniões com outras pessoas, para nos darmos conta de que as coisas podem ser enfocadas de outras maneiras.

Este texto foi editado no estado espanhol em forma de libelo anônimo. O apartado 5 (O grupo de afinidade) é uma tradução do número 5 da revista inglesa Insurrection.

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VERSIÓN ORIGINAL EN ESPAÑOL:

:: Propuesta para una manera diferente de entender la organización.
(Libelo anónimo)

Entre quienes consideramos necesario organizarnos para luchar existen muchas opiniones diferentes. Cual es el modelo más útil y más acorde con lo que se pretende conseguir; coordinadoras, plataformas, colectivos, federaciones… eso es lo que se suele discutir.

Sin embargo mas allá de los distintos modelos, es la cultura de la organización que existe detrás de los mismos lo que en la mayoría de los casos los define y lo que hace que en muchas ocasiones no sólo no sean capaces de intervenir en el entorno que los rodea como a algun@s nos gustaría sino que lo que consiguen es engullir a gente válida y transformarla en militantes estresad@s, quemad@s, y con grandes dosis de frustración.

Todo producto de una dinámica basada en una cultura de la organización concreta, que pretendemos empezar a diseccionar a continuación para contribuir a que quien se reconozca en ella pueda más fácilmente destruirla.

1. El efecto mariposa.

Existe una forma de ver las cosas según la cual entre nuestra situación actual y la “sociedad ideal del mañana” hay un camino que recorrer. Este trayecto temporal lo debemos andar creando una organización que en su interior reproduzca el modelo de sociedad que queremos. En el andar diario iremos recogiendo a tod@s aquell@s que se quieran unir a nosotr@s.

También se participará en los distintos conflictos que cíclicamente surgen en los márgenes de nuestro camino. Dicha participación se desarrollará con la vista puesta en que, a raíz del conflicto, la gente tome mayor conciencia de la necesidad de organizarse y, si se da el caso, se nos una para continuar junt@s el camino.

Así se irá avanzando, acumulando fuerzas (siendo cada vez más) hasta que en un momento dado en que seamos muchísim@s planteemos la gran batalla final (revolución) y fruto de ella nazca una nueva sociedad.
A lo que lleva esta forma de ver las cosas, en la mayor parte de los casos, es a identificar la organización con la revolución: cuanto más fuerte sea la organización mas cerca está la gran insurrección general. Con lo cual en el centro de nuestra atención debe estar la organización, su mantenimiento y crecimiento.
Se entiende (según esta lógica mecanicista) que hay unas etapas que hay que ir recorriendo. Una casilla lleva a otra y, cuando hayamos recorrido todas, llegaremos al ansiado final.

CREACIÓN ORGANIZACIÓN>> PROPAGANDA >>PARTICIPACION EN CONFLICTOS>>
CRECIMIENTO DE LA ORGANIZACION>> REVOLUCION>> NUEVA SOCIEDAD

Pero parece que la realidad no quiere adaptarse a este modelo. Las revueltas, insurrecciones y motines surgen a raíz de conflictos pequeños; pequeñas gotas que hacen que los diques de contención se desborden. Chispas impredecibles que hacen que la rabia acumulada y reprimida por el miedo durante mucho tiempo, estalle y haga temblar los cimientos del sistema asentad@ssobre cada un@ de nosotr@s.
La dinámica de la sociedad no es una línea recta ni se adapta a los estudios de expert@s ni revolucionari@s.Es, como la mayoría de los procesos naturales, de carácter no lineal.

“En los sistemas no lineales, entradas (variaciones) pequeñas puedentener consecuencias espectacularmente grandes. A menudo, se ha hecho referencia a esto con el nombre de efecto mariposa: una mariposa bate las alas en la selva tropical y pone en marcha sucesos que produciránuna tormenta en Chicago. Sin embargo la siguiente vez que la mariposa bate las alas, no hay ninguna consecuencia meteorológica. Esta es la base de la impredicibilidad (…) complejidad superficial que surge de una simplicidad profunda (…)este comportamiento emergente, vuelve a influir en el comportamiento de los individuos que aquí abajo la produjeron.”
J. Glecik

La subida del precio del pan, la implantación de una nueva ley o impuesto, el apaleamiento de alguien por la policía, etc. Son capaces de desatar más rabia y abrir los ojos a más gente que la labor de una organización durante años. Pequeñas situaciones que desencadenan acontecimientos mucho más grandes a raíz de los cuales se comprueba la capacidad propia de la población, la vulnerabilidad del enemigo y el papel que cumplen instituciones “aparentemente neutrales” como la prensa, la televisión, la familia, etc.

Por esta razón pierde interés para nosotr@s el tener como centro de nuestra actividad la organización. El objeto principal pasa a ser el conflicto: potenciarlo donde se mantenga latente y tratar de contribuir a su radicalización donde ya haya aflorado a la superficie, todo ello sin importarnos demasiado si como consecuencia de ello vamos a ganar simpatizantes nuev@s o no.

Con este cambio de planteamientos provocamos rápidamente el interés de las instituciones represivas, pues empezamos a salirnos de sus esquemas. Y es que el sistema necesita que todo funcione según su lógica de visibilidad y concentración estructurada de la disidencia.

2. Los ojos de Medusa.

“La ventaja táctica de la clandestinidad, de lo no visible (el lenguaje del corazón) de por sí devuelve a la estética su centralidad revolucionaria. El arte de lo no visible escapa la absorción del “discurso de la totalidad” basado en la imagen y así, libre de toda forma posible, todavía mantiene la promesa milenaria de arte, la transformación del mundo”.
H. Bey

El sistema necesita etiqeutar, clasificar, catalogar para a partir de ahí aplicar tratamientos concretos y diferenciados a cada forma de disidencia.

Sociólog@s, psicólog@s, psiquiatras, pedagog@s, antropólog@s, asistentes sociales, periodistas… tod@s son fuentes de información que las instituciones usan para alimentar sus archivos.
Crear una organización va, a menudo, acompañado de la producción de una iconografía propia, una estética concreta y cierta homogeneización de las personas que la componen: se crea consciente o inconscientemente un producto. Y es por esto qué es mucho más fácil para las instituciones absorber, deformar y manipular este producto. En definitiva todo esto acaba siendo un obstáculo más al que tendrán que enfrentarse l@s miembros de la organización si no quieren convertirse en un objeto estético de usar y tirar por el sistema.

Probemos pues a ser como el gas sarín; invisibles, inodoros e insípidos para el sistema, pero letalmente dañinos para sus estructuras. Evitemos facilitar la labor etiquetadora de l@s burócratas. Obstaculicemos la creación de estereotipos vendibles y productos estéticos.

3. La creación de la masa.

La actividad revolucionaria no consiste (no debería) en preparase para una guerra convencional. Aquí el aparato institucional, aquí l@s revolucionari@s ¡ ¡Adelante y que gane el mejor! No, no sería útil ni coherente tener este planteamiento.

Para el poder son más peligrosas diez personas impredecibles e incontrolables dispersas que cien formando una masa concentrada predecible y manipulable.

“La física nazi se establece sobre estos postulados: es preciso captar esos electrones, hacerlos compactos, concentrarlos. Es preciso atrapar esa “energía” de la dispersión, de la explosión, condensarla haciéndola entrar en un proceso involutivo y, finalmente mediante la destrucción concentratoria sistemática de cada electrón, invertir la energía explosiva de la diáspora en una forma inerte, implosiva, dominables, convertible, reversible, la de la masa”.
L. Scheer.

El sistema está interesado en homogeneizar, uniformar, agrupar, concentrar a la disidencia para hacer más facil la labor de los perros pastores. Los derivados actuales del frentepopulismo y sus tácticas no hacen mas que facilitar la labor del enemigo. Su única razón para existir es el miedo que hay a las posibilidades experimentadoras que hay mas allá del rebaño y su forma de funcionar.

4. Adrenalina.

¿Cómo entonces intervenir eficaz y coherentemente en nuestro alrededor? ¿cómoimpedir que las dosis de tranquilizantes y anti-depresivos emitidas por los medios de “comunicación” reconduzcan la revuelta hacia cauces inofensivos? Eso será algo que averiguaremos a medida que vayamos experimentando.
Poder actuar como la adrenalina no sería un mal ejemplo. Una hormona que segrega el propio cuerpo y que acelera el ritmo del corazón, aumenta la tensión arterial y estimula el sistema nervioso haciendo que los sentidos estén mas alerta.

Que nuestra actividad consiga romper el anonadamiento democrático, haciendo que se resquebraje la hipnosis del consenso; ese podría ser un buen avance. Para ello parece que la manera más natural de organizarse puede ser el grupo de afinidad.

5. El grupo de afinidad.

El término requiere explicación. Afinidad se confunde a menudo con sentimiento. A pesar de no estar del todo separada, los dos términos no deberían considerarse sinónimos. Puede haber compañer@s con l@s que podemos considerar que hay afinidad pero con l@s que no nos une amistad y viceversa.

Básicamente, tener afinidad con un/a compañer@s quiere decir conocerl@, haber profundizado en el conocimiento acerca de el/la. Al crecer ese conocimiento la afinidad puede aumentar hasta el punto de hacer posible una acción conjunta; o disminuir hasta el punto de hacerla imposible.

El conocimiento de alguien es un proceso infinito que puede para en cualquier nivel dependiendo de las circunstancias y objetivos que se quieran conseguir junt@s.Un@ puede tener por tanto afinidad para hacer unas cosas y no otras. Se hace evidente que cuando hablamos de afinidad no nos referimos necesariamente a hablar de los problemas personales de cada un@, aunque esto pueda ser importante si interfiere en el proceso de conocimiento mutuo.

En este sentido conocer al/a otr@ no significa necesariamente tener una relación íntima. Lo que es necesario conocer es como piensa el/a compañer@ con relación a los problemas sociales con los que la lucha de clases se enfrenta, como cree que hay que intervenir, que métodos usaría en determinadas circunstancias.

El primer paso en la profundización del conocimiento entre compañer@s empieza con la discusión. Es preferible tener una base clara, como algo escrito, para que los variados problemas se puedan abordar bien.

Una vez está claro lo básico el o los grupos de afinidad están prácticamente formados. El conocimiento entre compañer@s sigue en relación con su actividad como grupo y al consiguiente encuentro en la realidad como tal. Mientras dura este proceso el conocimiento mutuo suele aumentar y pueden surgir lazos fuertes entre compañer@s.Esto en cualquier caso es una consecuencia de la afinidad, no su objetivo fundamental.

Suele pasar que compañer@s lo hagan al revés. Empezando cualquier tipo de actividad y procediendo a las clarificaciones necesarias luego, sin haber comprobado el nivel de afinidad necesario para hacer cosas junt@s.Las cosas se dejan al azar, como si algún tipo de claridad pudiera surgir del grupo solo por su creación. Por supuesto, esto no pasa: el grupo o se estanca porque no tiene claro el camino a seguir o sigue la trayectoria del/a o l@s compañer@sque tengan las cosas más claras sobre lo que quieren hacer mientras l@s otr@s se dejan llevar, normalmente con poco entusiasmo o compromiso real.
Por otro lado el grupo de afinidad encuentra su potencial máximo y está creado con la acción como objetivo, basándose no es n la cantidad de miembros, sino en la fuerza cualitativa del número de individu@s que trabajan junt@sen un proyecto que han desarrollado junt@s mientras avanzan. De ser una estructura específica del movimiento anarquista y el conjunto de actividades que presenta: propaganda, acción directa, producir un periódico, trabajar en una organización informal, etc. (…)

6. Conexión.

Teniendo como objetivo la conflictividad permanente no merece la pena ya hablar de modelos “correctos” de organización ni de organizaciones permanentes. Más bien parece que la mejor manera de conectar dependerá por un lado de las necesidades que haya en ése momento y lugar concretos; y por otro de la confluencia de proyectos, estrategias o prácticas.

Lo mismo vale para el nivel en que se desarrolle la relación; desde el simple intercambio de información hasta el desarrollo de proyectos conjuntos hay posibilidades ilimitadas.

Lo que si parece claro es que si no existe ningún tipo de comunicación, debate o intercambio de experiencias se hará muy difícil desarrollar una dinámica propia sin ahogarnos en un vaso de agua. Para no depender de la trayectoria que siganotr@s debemos establecer criterios propios sobre la base de lo que nos rodea, y para ello se hace necesario algo más que traducir textos escritos en otro momento y/o en otro lugar.

7. Papelería.

El sistema intenta anularnos inculcándonos desde pequeñ@s que somos capaces de mucho menos de lo que somos en realidad capaces de hacer. Convendría pues dejar de lado el todocatastrofista y las lamentaciones pseudocristianas sobre lo mal que va todo y centrarnos mas en intercambiar experiencias, aportar información útil y mostrar ampliamente las ocasiones en las que se ha hecho daño al poder, sean estas pequeños o grandes acontecimientos.

Se editan muchas cosas, casi todas pretenden lo mismo; unas por medio del humor; otras del llanto pero la gran mayoría de ellas se hacen casi por compromiso o para ocupar el tiempo en algo, el resultado es que leída una, por logeneral un@ se las ha leído todas.

Para que se nos entienda deberíamos hablar claro y dejar los lenguajes codificados para l@s intelectuales, l@s científic@s y l@s jugador@s de mus.

El poder trata de mantener a la población bajo control por medio del miedo que inspira. Para ello el sistema trata de imitar la imagen tradicional que se tiene de l@s dios@s; invisibles pero presentes en todos lados. Contrarrestando esta idea mostraremos su vulnerabilidad. Esto podría hacerse desmitificando y señalando a l@s enemig@s reales y tangibles, explicando que es a lo que se dedican y que es lo que más daño les hace; sean estos instituciones, empresas o “profesionales”.

En cada conflicto concreto parece necesario también señalar a l@s recuperador@s y sus intenciones, para evitar en lo posible que las luchas sirvan al sistema para, una vez engullidas, fortalecerse todavía más.
Por último insistir en el necesario debate para el que tiene que servir estas publicaciones. De nada sirve que creamos tener las cosas claras en nuestro círculo más próximo si no podemos intercambiar opiniones con otras gentes, para darnos cuenta de que las cosas se pueden enfocar de otras maneras.

Este texto fue editado en el estado español en forma de libelo anónimo. El apartado 5 (El grupo de afinidad) es una traducción del número 5 de la revista inglesa Insurrection.

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