Meu nome é Angélica e após ler o texto “Porque não transo sororidade”, que diz que “A sororidade que não transa críticas” decidi responder ao seguinte trecho baseada no que eu vivo, na minha vida real fora da internet:

“o conceito de sororidade tem sido a voz de que grupo? De mulheres brancas cisgêneras? As negras, indígenas, trans*, mães solteiras, deficientes, lésbicas, as soropositivas, as donas de casa, as funkeiras do Bonde das Maravilhas, a personagem gorda e humilhada da novela das 8, a participante do reality show traída pelo marido, também são sempre defendidas pela sororidade em todas as suas demandas?”

Sou mulher cis, gorda, negra, pobre e não-heterossexual. Tive um maior contato com o feminismo há pouco tempo. Apesar de já ter ideias feministas nunca tinha tido contato com nenhum grupo.

Ter conhecido o coletivo do qual eu faço parte atualmente foi libertador. Foi libertador saber que eu não estava sozinha, foi libertador ter com quem contar, foi libertador saber que eu posso contar com minhas irmãs de luta em qualquer situação, sem ser julgada, desmoralizada, sem ter a violência na qual eu sofri colocada em dúvida, foi libertador estar em um espaço e pela primeira vez não me sentir diferente, foi libertador não ser atacada com discursos gordofobicos e racistas, foi libertador me sentir verdadeiramente segura em um espaço.

Eu não sei dar outro nome para isso a não ser SORORIDADE.

É como mulher cis, negra e pobre que eu escrevo o que é sororidade na minha visão.

Não vejo a sororidade limitada a mulheres brancas cisgêneras e nem como uma forma de calar grupos oprimidos, vejo a sororidade como uma forma de desmantelar a cultura misógina, de empoderamento de todas as mulheres, de apoio, união, empatia, uma forma de aceitar críticas sim, mas sem ter que ridicularizar minha irmã em público, sem fazer fogueira pública, afinal não somos perfeitas, estamos em constante aprendizagem, e para fazer fogueira pública já temos o patriarcado.

A sororidade não se limita aos espaços feministas, uma vez que eu leve esse conceito e o pratique em outros espaços dentro e fora do feminismo, com mulheres de todas as classes sociais, negras, trans*, indígenas, pobres, gordas, mães solteiras, lésbicas, soropositivas, funkeiras etc. Praticar a sororidade nesses espaços é o que eu tento todos os dias com todas as mulheres que tenho contato, mulheres que na maioria das vezes nem sabem o que é feminismo, que por acharem que as mulheres são “fofoqueiras” acabam por sofrer todo tipo de violência caladas, são essas mulheres que quero alertar, quero que elas se sintam libertas como eu me senti. É no feminismo intersecional que vai além da internet e nessa sororidade que liberta e empodera mulheres que eu acredito.

São por esses motivos que eu “transo” sororidade.

feminismoesororidade.wordpress.com/2013...