Promovemos a lesbiandade? Sim.

Não promovemos uma prática sexual, senão que o questionamento da heterossexualidade como categoria política de opressão.

Promovemos a lesbiandade porque é teoria, prática, fuga e lesboterrorismo.

Promovemos a lesbiandade porque não temos nenhum conflito com nosso pai nem um namorado em quem mal-gastar a energia.

Promovemos a lesbiandade porque a heterossexualidade, além de ser violenta, femicida e sonífera, já possui muita propaganda.

Promovemos a lesbiandade porque o coito dá nojo.

Promovemos a lesbiandade porque é abortiva e multi-orgásmica.

Promovemos a lesbiandade porque a heterossexualidade tem tão pouco a oferecer que basta escrever ‘vire lésbica’ para despertar os temores mais profundos.

Promovemos a lesbiandade porque é incômoda e não-reprodutiva.

Promovemos a lesbiandade porque não queremos fazer trabalho sexual, de cuidado e apoio espiritual grátis para o novo homem sensível.

Promovemos a lesbiandade porque nascemos em um mundo machista de merda e queremos mudá-lo.

Promovemos a lesbiandade porque, de todas as revoluções, essa parece ser de longe a mais divertida.

Promovemos a lesbiandade porque nenhuma constituição a garante.

Promovemos a lesbiandade porque não cabemos na bandeira do arco-íris.

Promovemos a lesbiandade porque nos importa um caralho que o um macho, Estado ou Família nos aprove.

Promovemos a lesbiandade porque o patriarcado necessita aliadas e não queremos sê-lo.

Promovemos a lesbiandade porque somos feministas e não tecnocratas do gênero.

Promovemos a lesbiandade porque não temos uma ONG financiadora que nos censure com discursos integracionistas.

Promovemos a lesbiandade porque nos queremos vivas e felizes.

Promovemos a lesbiandade porque nos da la tortillera gana.*

Autoria: La Arepa Chora. Programa de rádio lésbica chilena.

retirado da página “Lesbianas por elección/Lesbianas conversas”