PORNOGRAFIA GAY MASCULINAUMA QUESTÃO DE SEXISMO

Discurso apresentado em “Discurso, igualdade e dano”, na Universidade de Direito de Chicago, Março 1993

O gay mediano me confunde. Como um homem gay ele vive com o medo e a realidade do taco de baseball e do pé-de-cabra. Ele conhece ódio e o que significa ser vítima de violência. Então porque a resposta de homens gays à Butler, o mais recente, e bem sucedido, esforço da Suprema Corte do Canada dirigido aos danos da pornografia? No Canada, quando a decisão Butler foi lançada, homens gays expressaram revolta. Como um homem gay branco, essa reação me deixa confuso e, infelizmente, à procura desesperada de uma comunidade. Por eu considero pornografia gay masculina uma matéria de poder, uma fonte de inequalidade social — incluindo a minha.
Alguns vêem pornografia gay masculina como uma parte integral para a formação da identidade gay masculina, como algo que desafia heterossexualidade como uma construção social compulsória. Para a minha mente, pornografia gay masculina não é nenhum dos dois. É discurso de ódio. É integral, de fato central, para a formação de uma identidade gay masculina misógina e heterossexuadamente definida. Pornografia gay masculina não desafia heterossexualidade e dominância masculina. Ela apoia isso. Quando eu a vejo, distribuida em massa por aqueles que professam apoio por uma agenda de direitos gays comprometida com igualdade, eu vejo o umbigo das políticas de identidade atuais — uma identidade gay que rejeita compaixão, afeição, e cuidado entre dois homens, e que ao invés promove homofobia internalizada, ódio, e o dano à outros. Pornografia gay masculina apresenta hiper-masculinidade, o que significa ser um homem socialmente construido. Essas imagens garantem que dominância masculina branca será mantida e que aqueles que historicamente foram negados igualdade continuarão a ser vítimas de ódio e violência.

Deixe me enfatizar que estou falando sobre pornografia gay masculina, não pornografia lésbica. Enquanto tenho poucas dúvidas que muitos desses assuntos que levantei hoje igualmente se aplicam à pornografia lésbica, eu não pretendo tocar nisso hoje. Ao invés, falarei do que para mim é mais perto de casa.
No Canada, nós somos felizardos em ter uma Suprema Corte que, em 1992, quebrou precendente e no processo reafirmou compromisso com equalidade como um direito canadense central. O caso de R. v. Butler não representa a primeira vez que foi pedido a corte regular nos valores clamados e danos expressos da pornografia, mas é a primeira vez que a corte explicitamente passou leis contra materiais pornográficos porque sua distribuição e produção minam “respeito por todos os membros da sociedade, e não-violência e igualdade em suas relações entre si.”
Em Butler, a corte reconheceu que pornografia iguala dano, argumentando que:

o perigo claro e inquestionável desse tipo de material é que reinforça algumas tendências não-saudáveis na sociedade canadense. O efeito deste tipo de material é reinforçar homem-mulher esteriótios no detrimento de ambos sexos. Tenta fazer degradação, humilhação, vitimização, e violência em relacionamentos humanos parecerem normais e aceitáveis. Uma sociedade que considera egualitarismo, não-violência, consensualismo, e mutualidade como básicos para qualquer reação humana, seja sexual ou outra, é claramente justificado em controlar qualquer meio de representação que viola estes princípios

Aplicando esta análise, a corte especificamente rejeitou casos de lei prévios em que foi tido que pornografia deveria ser regulada para que se mantenha padrões morais. Ao invés, reconheceu que nem todo discurso é igual e que algum discurso é, de fato, a própria fonte da inequalidade. A corte então forneceu um novo padrão judicial de avaliação de liberdade de discurso – um padrão que irá ajudar na luta em andamento por equalidade.
Canada é também o lar para Chris Berchell, uma escritora para o maior jornal lésbico e gay de Toronto, quem, após Butler, tinha o seguinte a dizer:

Organização pré-eminente canadense feminista de reforma de lei, a Legal Equality Action Fund (LEAF) parece determinada em cortar o direito recentemente enriquecido dos canadenses à liberdade de discurso antes que a maioria de nós tenha a chance de exercitá-lo… O fato que esperteza pública e expert acredita que pornografia causa danos é devido ao sucesso da campanha anti-pornografia das últimas décadas, carregada por uma dúbia aliança entre cristãos direitistas e tais feministas e anti-sexo crusaders como Andrea Dworkin e Catharine MacKinnon, que ajudaram a desenvolver a estratégia de LEAF no caso Butler. Milhares de dólares são enviados para grupos de mulheres que ativamente espalham esta informação errada… É um comentário triste sobre nosso tempo que uma pane moral sobre imaginário sexual é liderado por feministas; que suas estratégias são canalizadas em um backlash anti-sexo que atinge queers primeiro e mais forte!

Chris Berchell acredita que pornografia gay masculina não deveria ser “censurada”. Seus argumentos são baseados na suposição que pornografia gay masculina não causa dano — isto é, que ela não resulta em mudanças comportamentais e de atitude que adicionam à real dano físico e que mina equalidade social. Para minha mente, está análise é ambas politicamente ingênua e socialmente regressiva.
Para todo o esforço gasto em defender pornografia gay masculina, é em dizer que existe pouca descrição ou documentação do que pornografia gay é — isto é, como ela se parece, o que ela faz, e o que ela diz. Se pornografia gay masculina fosse libertária, então uma analise de como é produzida, por quem, e uma descrição de quem e o que ela representa como fonte da libertação se provariam utéis. Infelizmente, advogados de pornografia gay masculina falharam em providenciar até informação básica sobre o que tão fortemente defendem. Focando mais em seu percebido efeito positivo, eles prentendem evitar qualquer análise realística de onde tal efeito surge. Isto, em retorno, tendeu a legitimizar esses argumentos que, tendo ignorado a realidade do que é promovido, resultou em ignorar seu dano.
Pouca pesquisa foi feita na area de pornografia gay masculina, mas parece ser uma indústria enormemente lucrativa, com a maioria de seus lucros indo diretamente para algumas das pessoas que produzem pornografia hetero. (Quanto para um distinto discurso gay, por nós e para nós!) Em 1985 somente haviam dez ou mais companhias produzindo aproximadamente cem fimes pornográficos por ano, cada um vendendo por aproximadamente quarenta dolares. Ninguém sabe ao certo quantos desses filmes são vendidos a cada ano, mas em 1895 apenas, William Higgins, o auto-intitulado “rei da indústria porno gay”, lucrou mais de $2 milhões. Neste mesmo ano, revistas pornograficas gays, que vendem por sete para 15 dolares cada, tiveram uma distribuição de mais de 600.000 revistas por mês. Isto é mais de 7 milhões de revistas em um ano.

Pornografia gay masculina lança títulos como Nazi Torment, Slant Eyed Savages, Teen Bootlicker, Leather Rape Gang, Big Black Cocks, Stud Daddy, Oriental Guys, Inches, e Slaves of the S.S. Uma vez dentro, você recebe aberturas com nomes tipo “Be My Sushi Tonight,” “Caught Sniffing First Playmate’s Dad’s Uniform,” “More Prison Violations: Spick Muscle Enslaves Anglo Cellie,” “I was a Substitute Vagina,” e “I Slapped Him Until He Came.”
O que um vê em pornografia gay masculina é quase uma glorificação pervasiva do icone masculino/homem idealizado. Policiais, caminhoneiros, cowboys, bicicletistas, e nazistas são erotizados. Esteriótipos raciais são sexualizados e perpetuados. Músculo, “boa pinta”, e juventude são glorificadas. Ostentamente hetero ou ao menos “hetero-atuando” estupro de homens e/ou humilhação de descritivamente (frequentemente esteriotipados) homens gays. Sadismo, bondage, esportes aquáticos, fisting, lamber botas, piercing, estapear, chicotear, incesto, branding(marcação), queimando com cigarros, tortura de genitália e mamilos com cera quente, clips, e o tipo, estupro, e estupro presidiário são apresentados como eróticos, estimulantes, e prazerosos. Na maior parte destes materiais, é o branco, fisicamente mais poderoso, mais dominante macho quem é romantizado e oferecido um status de exemplar. Nestes cenários em que parceiros sexuais “trocam vez” sendo “topo”, as caracteristicas de dominância e não-mutualidade permanecem centrais ao ato sexual. O resultado é hieráquico e raramente compassivo ou sexualmente mutuo.
Isto é pornografia gay masculina. Isto é o que advogados pró-porno estao defendendo. Isto é a sua política de identidade. Enquanto conteúdo e apresentação podem variar em graus e explicitação de um meio para outro, o que um nota acima é uma visão geral do que pornografia gay masculina é. Se nos levamos a sério, e se levamos a sério a questão de políticas de identidade, então devemos a nós mesmos examinar do que essa política consiste.

A política de identidade que um pode filtrar de pornografia gay masculina é uma de degradação, exploração, assertividade associada à agressão, força igualada à violência, poder fisico e o direito do supro-poder, intimidação, controle de outros, falta de mutualidade, e desrespeito. Se você defende pornografia masculina gay, você também defende estas qualidades como centrais à identidade gay masculina. Você defende comportamento agressivo, não-consensual como normal, até libertador e promovido como tal.
A questão a ser posta então é se a politica de homem gay que ela passa pode resultar em minha eventual libertação. Eu não acredito em tal. Ao invés, as políticas de identidade irão resultar em dano considerável — precisamente os tipos de danos dirigidos em Butler, que foram rapidamente rejeitados como não-existentes na pornografia gay e comunidade gay em geral.
Dada a descrição acima, não é talvez uma surpresa que pornografia gay frequentemente coloca seus “modelos” em cenários que promovem violência, crueldade, degradação, desumanização, e exploração. Enquanto tidos como meramente representacionais, veja “ficcional”, a “fantasia” oferecida em pornografia gay utiliza pessoas de verdade, um fator que a maioria dos advogados pró-porno ignoram. Os homens usados em pornografia gay masculina são frequentemente envolvidos precisamente porque estão psicologicamente e financeiramente no seu mais vulnerável. Eles são facilmente explorados por uma indústria dirigida por sua habilidade de manipular aqueles mais provavéis de não possuir escolhas reais na vida. De fato, as vidas e experiências deste homens gays jovens são bem removidas da “fantasia” que evocam.
É um reflexo perturbador do estado das relações de homens gays que é tão pouco conhecido, e no final feito para ajudar, os homens tidos como imagens de onde identidade gay masculina é derivada. Note, por exemplo, a descrição de um homem jovem (entrevistasdo em 1985) envolvido na produção de filmes e revistas pornograficas gays.
Jim Y. foi criado por pais alcoolicos, abusivos. Quando Jim contou ao seus pais que era gay, aos 13 anos, seu pai tentou o matar com uma larga faca de cozinha. Jim saiu de casa aos 17. Aos 19 conheceu Frank H, mais ou menos 10 anos mais velho, quem virou seu amante. Frank estava envolvido em um filme porno quando conheceu Jim, e convenceu Jim em aparecer nele. Jim interpretou um recem chegado a cidade grande que se envolve em S&M, incluindo lamber de botas, bondage, bater com cinto, fisting, e assassinato implicado. Este filme foi o primeiro filme a mostrar fisting e Jim diz que ele está convencido -que isso criou interesses gays em fisting como comportamento sexual. O filme também refletiu o relacionamento S&M que Jim e Frank iriam dividir na próxima década. Jim está vendo um psiquiatra a três anos agora. Ele tem tentado evitar sexo S&M, e acredita que seu comportamento sexual foi uma manera de buscar contato com seu pai abusivo. Ele também reconhece que muita “fantasia” sexual pode ser destrutiva; quando perguntado de onde vem, ele disse, “Bem, de alguma forma, de mim; dos meus filmes, isto é.” Há um mês atrás Jim foi diagnosticado com AIDS, e agora teme ter perdido qualquer chance que poderia ter tido de reverter sua vida.

A realidade diária dos homens jovens usados em pornografia gay masculina deveria, no minimo, indicar que a indústria não ofereçe proteção às pessoas que ela usa para lucrar. Muitos desses homens, já suscetíveis aos efeitos de emocionais, físicos e sexuais abusos passados, são postos em perigo por um indústria que, até hoje, fez pouco se fez algo para promover práticas sexuais seguras e, como resultado, faz muito pouco para proteger as pessoas que deveriam apresentar práticas sexuais seguras e positivas. Em adição, a indústria está inerente à prostituição destes homens, resultando em risco crescente de exposição à AIDS e violência física e exploração comensurada com prostituição em geral.
De forma similar, não requer muita investigação para perceber que cenários de violência sexual e dor apresentados como prazerosos são de fato documentações de degradação real, que não são nem prazerosas nem ficticias. Enquanto é fácil articular uma teoria de libertação que fecha os olhos ou ignora a realidade do que é especialmente apresentado como “fantasia”, o uso e abuso de homens jovens em cenários de degradação, desumanização, e violência não podem ser justificados, particularmente por aqueles que vêem sua apresentação como integral à realização sexual e política de todos os homens gays. Como LEAF tão certamente argumenta em Butler, se alguma coisa violenta a liberdade e integridade de uma pessoa que o abuso sexual e físico direto, é a venda em massa deste abuso como entretenimento sexual.

A comunidade gay masculina tem sido relutante em aceitar que homens gays de verdade machucam uns os outros, que isto pode ser encorajado por pornografia ou que há algo inerente nos valores expressados na pornografia gay masculina que mina igualdade. Se estas publicações gays masculinas fossem heterossexuais em natureza, no entanto, e apresentasse mulheres e homens ao invés de homens e homens, as cortes canadenses iriam aceitar que são substancialmente danosas às mulheres e sociedade, baseado em pesquisas que indicam que produção e distribuição de pornografia heterossexual aumenta os riscos de violência contra a mulher e que esteriótipos e hieraquias de gênero promovidas em pornografia minam igualdade. A última década de pesquisa adicionalmente indica que pornografia heterossexual causa danos ás mulheres por negativamente influenciar comportamento individual ou grupal e por ser usada como ferramenta para forçar pessoas à participarem em relacionamentos não-consensuais, não-igualitários.
Estes danos resultam de pornografia gay masculina também? Ou o “gay” em pornografia gay masculina faz a pornografia menos pornográfica? Isto é, há algo qualitativamente diferente sobre as fotos de homens violentando outros homens que faz pornografia gay masculina livre de dano, ou fora dos limites de Butler?
Embora pesquisa até então contou apenas com pornografia heterossexual, eu sugiro que este achados são igualmente aplicáveis à pornografia gay masculina — isto é, que a apresentação de pessoas reais em cenários de violência e degradação (sem mencionar a exploração involvida na produção destas imagens) podem neste caso, também, levar a violência aumentada contra pessoas reais. Eu não argumento que o dano ou o nível disso são exatamente os mesmos, já que homens não estão socialmente na mesma posição que mulheres. Mas uma analogia pode ser tido-que em ambos os casos certas imagens causam comportamentos que danem pessoas reais.

Apoiadores de pornografia gay masculina irão responder que pornografia heterossexual é danosa porque mostra homens causando danos à mulheres—que é a diferença biológica que deixa mulheres não-seguras e não-iguais. Então, pornografia gay masculina elimina o risco de dano porque nenhum mulher figura sua apresentação. Qualquer análise que descansa em biologia, no entando, é enganosa, como essencialista. Assume que quando homens machucam e violentam outros homens não é danoso — uma presunção que somente reinforça presunções dominantes sobre comportamento masculina aceitável e agressão masculina em geral. Mais importante, o perigo inerente em pornografia heterossexual não é sua apresentação do homem biológico violentando a mulher biológica. A legitimização do poder de aqueles que apresentam agressão e dominância reinforçam violência masculina e inegualdade sistemática para aqueles que se tornam suas vítimas.
A masculinidade apresentado em pornografia não é de fato biológica mas um traço social. Dois homens podem ser feitos não-iguais se um homem é visto como um homem de verdade e seu parceiro não. Pornografia gay masculina, como pornografia heterossexual, cria uma hieraquia de gênero em que masculinidade se iguala a poder. Ela promove dominância masculina, e isto, em retorno, resulta em dano considerável.
No seu estudo revelador de 1991 em violência doméstica masculina gay, Island e Letellier reportarem que há entre 350.00 a 600.00 vítimas de violência gay doméstica masculina nos estados unidos a cada ano, o terceiro maior problema de sáude afetando homens gays no país hoje. O que é mais interessante para uma análise de pornografia gay masculina são os achados do estudo sobre os tipos de homens que batem e como percebem a si mesmos e seus parceiros.

Homens gays que batem e abusam de seus parceiros tem idéias específicas sobre masculinidade e o que significa ser homem. Este é o resultado da quase completa falta de exemplos positivos gays, um ambiente homofóbico em que ser gay significa ser não-masculino, veja inferior, e a internalização de auto-ódio e rejeição societal. Estes homens compensam por seu senso de não-valia ao procurar sistemas de valores que esperam irão oferecer poder de controle, e mais aceitável socialmente. Os batedores masculinos gays no estudo interpretam assertividade como significar agressão (ignorando os direitos e sentimentos dos outros), pensem da força como licença para serem violentos, vêem poder como uma licença para aterrorizar, e vêem mutualidade como uma ameaça. Como Island e Letellier explicam, batedores gays masculinos “performam” o que percebem ser comportamento masculino apropriado, seguem uma receita para aquela masculinidade e quando batem em seus parceiros, desculpam seu comportamento em clamar que isto é apenas como homens agem.
Pornografia gay masculina promove “valores” como poder, brutalidade, e não-mutualidade, exatamente os mesmo tidos por batedores gays masculinos. Pornografia gay masculina então apoia e sexualiza uma visão de masculinidade que resulta diariamente em homens gays sendo abusados e assassinados por homens que os amam.
Enquanto nenhuma pesquisa foi feita para determinar se homens gays que abusam seus parceiros usam pornografia gay, não há evidência que não o fazem. Para muitos advogados pró-porno, pornografia gay masculina serve como um recurso de aprendizado, particularmente em uma sociedade que expressão gay masculina é oprimida. Para estas pessoas eu pergunto se é razoàvel em assumir que um recurso de aprendizado que promove masculinidade, levada a seu extremo, uma vez interpretada por homens que sentem que não se encaixam na norma desejada e sentem que devem, tem o potencial de liberar já sentimentos intensos de insegurança e resultam em alguns comportamentos particularmente destrutivos.

Na soma, pornografia gay masculina encoraja tudo o que é masculinidade (leia “homem” socialmente definido). Logo, em adição de encorajar agressão masculina resultando em dano físico, vai longe também em manter inegualdade sistemática ao promover ao invés de minar uma hierarquia de gênero em que “masculino” é top e “feminimo” (leia todas as mulheres e aqueles homens gays que caem ou escolhem não se conformar com a construção masculina e quem são então socialmente feminizados) é bottom. Como pornografia heterossexual, ela então glorifica aqueles que em nossa sociedade sempre tiveram o maior poder e quem se beneficiou de dominância masculina e inegualdade social: homens heteros de corpos definidos, brancos. O resultado para a sociedade é uma política sexual baseada na dicotomia homem/mulher, uma divisão entre o poder e os sem poder, top e bottom.
Ao referir a homens gays como feminizados e então “femininos”, eu não estou sugerindo que homens gays e mulheres são igualmente oprimidos. Como Andrea Dworkin explica, “homens desvalorizados podem geralmente mudar de status, escapar, mulheres e garotas não podem.” Nem estou sugerindo que todos homens gays são igualmente oprimidos. O que estou dizendo, no entanto, é que a qual extensão homens gays rejeitam comportamento masculino socialmente definidos (como devem se igualdade sistemática terá que ser obtida) e expressam sexualidade e políticas que tem o potencial de subveter supremacia masculina, seu comportamento é tido inaceitável e desvalorizado como tal. O homem gay que o faz é então, como John Stoltenberg explica, “estigmatizado porque ele é percebido no status degradado de feminino” e, como tal, assume uma posição inferior àqueles que, não feminizados, arrancam os benefícios da polaridade homem/mulher. Ele é, em essência, penalizado por não “mudar de status” — isto é, por não adotar aqueles valores e atitudes que mantém dominância masculina e a inegualdade que resulta disso.

Escritora lésbica e ativista Suzanne Pharr escreveu que quando homens gays quebram com os ranques de modelos masculinos atráves de aproximação mútua e mostram afeição por outros homens, eles são percebidos como não serem “homens de verdade” e são identificados com mulheres — o “sexo mais fraco” que deve ser dominado, e que é objeto de ódio e abuso masculino. Misoginia, ela explica, é transferida para homens gays como vingança. É aumentada pelo medo mainstream que identidade gay sexual e comportamento irão desafiar dominância masculina e heterossexualidade compulsória. O homem gay, socialmente feminizado, internaliza sua misoginia e procura imitar aqueles comportamentos que irão, ele acredita, permitir que ele passe por o que um homem deve ser. Masculinidade, para aqueles que foram penalizados por não encontrarem seus critérios, promete privilégio e uma rede de proteção na qual encontrar apoio e aceitação.
Esta rede de proteção assumida é exatamente o que faz pornografia gay a ameaça homofóbica à igualdade que é. Ao invés de encorajar homens gays de subverter construções de gênero opressivas, ela diz a homens gays que todo relacionamento sexual deve ser hierárquico e que poder masculino está no topo da hierárquia. Ela promete homens gays o falso senso de seguridade que ele pode também obter mais poder se ele se tornar aquilo que epitomiza poder-masculinidade a seu extremo. Infelizmente o poder prometido é uma fachada e faz um grande serviço em manter dominância masculina-a própria fonte de tudo que é anti-gay, anti-mulher, anti-igualdade.
Autor gay Seymour Kleinberg argumenta que um não vence o inimigo de um apenas o imitando. Mímica apenas assegura invisibilidade. Por dissuadir a expressão pública de uma sexualidade que tem o poder de minar patriarcado, pornografia gay masculina serve como um pouco mais de outra fonte homofóbica para silenciar homens gays e reinforçar já profundo concreto sistema de discriminação sexual e inegualdade social.

Homens gays dizem com convicção que “silêncio iguala morte”. Para muitos, isto representa uma chamada para ação. Para estes mesmos homens eu digo: silêncio iguala morte, e pornografia gay masculina é a sua focinheira. Agora me deixe ver ação de verdade.

Cristopher Kendall