FANTASIAR UM FUTURO. A PROPRIEDADE NÃO É SÓ UMA IDEIA, É TAMBÉM UM SENTIMENTO DE PODER. Margarita Pisano

tradução GABI ESTAMIRA · 27 DE JUNHO DE 2016

Quando nos relacionamos com a natureza, com os animais, com os objetos, estabelecemos diferentes vínculos, que nesta civilização patriarcal são de domínio e que vão além do material e do concreto; é um sentimento de poder, de controlar o incontrolável, de decidir se as coisas existem ou não, é a divinização no sentido de transcendência. Esta ânsia de divindade e de propriedade, que rodeia o ser humano, não é natural, mas está construída culturalmente e instalada por meio de ideias, que se transformam em “verdade”, em sentimentos e desejos. O sentimento de propriedade vai se modificando e reinstalando de maneira constante, ele vai se formulando de acordo com certos imaginários e interesses. Antes era o domínio da terra, hoje o domínio da terra e do espaço. O consumismo que existe atualmente é uma miragem, uma ilusão de poder, por meio da qual se faz com que todo mundo acredite que, a medida que se possui coisas, se vai adquirindo o estatuto de proprietário. O sentimento de divindade amparado nos livros sagrados contém a ideia do ser único, especial e diferente do resto e, sobretudo, superior aos demais. A partir deste sentimento, se estabelece facilmente nas relações a dinâmica do domínio, impregnada de utilitarismo e discriminação. No momento em que o homem se instala na divindade, ele pode dizer quem está e quem não está, quem serve e quem não. Decidindo, assim, que os homens são os iguais e que as mulheres somos um coletivo a dominar, que os homens são donos de seus corpos e também dos nossos, perpetuando assim a ideia de que as mulheres não somos donas de nossos corpos. Para a mudança civilizatória é necessário desmantelar esta ideia e este sentimento de propriedade, porque eles são os fundadores deste sistema fracassado e à beira do colapso. Entretanto, este sentimento de propriedade, este sentimento desvirtuado que nos impuseram, também traz consigo a necessidade humana de pertencer, de interagir com nosso entorno que é o rasgo mais profundo de respeito pelo que nos contém. Ao mesmo tempo em que existe o domínio, também existe a necessidade de se entender como parte de um sistema. A busca de um porquê para os homens terem construído esses vínculos de domínio, ou a necessidade de encontrar um princípio, está dentro da lógica linear e patriarcal em que estamos inseridas, que precisa ter um deus e uma origem estabelecida que legitime sua autoridade. Mas se realmente optamos por uma mudança civilizatória, o que importa é a gente se dar conta das potencialidades que temos os seres humanos de mudar a cultura. Para isso, a mim me basta fantasiar meu futuro, para começar a mudar, para saber que tenho a potencialidade de construir outro relato e não buscar explicacões que me levem a pensar que o mundo e os seres humanos são assim, que é impossível pertencer a ele sem destruí-lo e sem abusar uns dos outros. O patriarcado constrói seu sistema de domínio violento – não existe domínio sem violência – a partir do mundo afetivo, ou seja, mal começamos a descobrir, a estabelecer relações com nosso corpo e com nossa mente. Unicamente sobre a base da experiência consigo mesmas, com nosso corpo e com nossa mente, podemos construir um sistema para nos relacionarmos com os demais. Uma vez que a relação básica é de domínio – dominar o corpo declarado culpado –, sem dúvida que todas as relações que construirmos estarão impregnadas do signo da culpabilizacão. Se os nossos desejos são de fazer um mundo melhor, pra conseguir isso temos que mudar forma de nos relacionarmos. Quando conseguirmos isso, logo iremos caminhando em direção a uma civilização distinta. Minha utopia é mudar do sistema de domínio pra um sistema de colaboração. Construir uma sociedade que se olhe a si mesma, que se organize e faca suas próprias leis, que tenha como base as indivíduas e os indivíduos sexuados, completos e em si mesmos, e não a família como é atualmente. Para instalar uma nova cultura, uma nova civilização, devemos romper com o conceito de propriedade patriarcal e propor um senso de responsabilidade e cuidado das cosas e da natureza, para que elas vivam e se mantenham. Se a espécie humana tem a terra para habitar, deve recuperá-la para sentir a correspondência que existe com ela, para destruir o mito de que foi deus que a criou e parar de acreditar que os recursos são infinitos e que milagrosamente durarão para sempre. Devemos criar uma relação de ida e volta, de dependência com a natureza e abandonar o sentido de propriedade em que alguns seres humanos, em especial as mulheres, pertencem a outros. Temos que compreender que se o espaço que habitamos morre, nós também morremos com ele.

Propriedade e domínio na família, o amor como elemento fundamental
No patriarcado, os vínculos que o ser humano estabelece com a natureza se baseiam no desejo de divindade, de transcendência e pertencimento. A capacidade de procriação acarreta, nesta cultura, em propriedade e domínio, se acredita que a sexualidade reprodutiva dos humanos deve se dar através do “amor”. A união deste amor se consagra na consanguinidade, que é a producão de filhos. Como o vínculo na família é sanguíneo, esse vínculo é visto como um ato da natureza. Desta maneira, a família é “a” natureza e constitui o núcleo básico da sociedade. O trio propriedade, domínio e amor – entre aqueles de mesmo sangue – fazem da família um modelo imutável, que se instala como natureza e verdade, mas se rastrearmos as origens da ordenação familiar veremos que ela nasce na antiga Grecia e a família nuclear (contrato matrimonial) como a conhecemos hoje data do século xviii.
O sexo, o erotismo, a propriedade e o amor
A forma com que nós mulheres nos erotizamos não é a mesma que a dos homens, porque ambas são construções culturais. O sexo somente “produtivo” é o que geralmente corresponde à mulher, na medida em que sua sexualidade está ligada a reprodução e ao amor. Inclusive, em algumas culturas, as mulheres que têm sexo sem amor são julgadas. Este erotismo ligado ao romântico implica que se tenha sexo sem conciência da sexualidade. A erotização, portanto, é uma construção cultural que se alimenta de modelos: as mulheres se erotizam com homens que tenham forca, que tenham poder e que, tanto física como socialmente, representem essa forca e esse poder. O erotismo muda conforme os tempos, as culturas e vai se acomodando ao que está na moda. A sexualidade tem um sentido simbólico muito importante no exercício do poder do patriarcado, porque através do sexo se consolida de maneira inconsciente a propriedade sobre os seres humanos, já que está na ordem simbólica do amor romântico-amoroso, que é a propriedade do ser amado. O senso de propriedade não é uma programação biológica. Nós humanos não viemos programados com um sistema como os animais que, mesmo quando são inteligentes, não conseguem mudá-lo. O que distingue o humano é a capacidade de pensar conceitos, símbolos, valores. Os humanos de alguma maneira mudamos, os animais não. Eles têm época de cio e um sistema programado de reprodução, enquanto os humanos têm uma parte biológica e uma parte que se constrói a base de ideias. A espécie humana é a única que pode se erotizar durante toda a vida e isso se dá por conta da participação da mente. O sexo está impregnado de propriedade, e do amor unido ao sexo surge uma relação absoluta, erroneamente a partir do mundo dos instintos e dos sentimentos e não a partir da razão. Se apresenta como um sentimento desconectado de nós mesmas em que perdemos a cabeça, fragmentando-nos ainda mais dentro dos cortes-conflito que o patriarcado instala. Este conceito romântico das relações se instala como uma reação ao processo de liberalizacão que trouxe consigo a Revolucão Francesa, impulsionado pelas mulheres nos Salões das Preciosas. No século xviii, a Revolucão francesa abre um mundo às mulheres, que exigem seus direitos, e emerge o conceito de democracia e de cidadania. Posteriormente, no século xix, com a industrialização, surgem dois fenômenos: o auge das cidades e do cidadão. Com a industrialização os homens se integram às fábricas e a família estendida – agrária – entra em processo de extinção. Aparece a classe trabalhadora, na qual a mulher urbana, preservadora dos valores tradicionais, é a responsável pela família e pelos filhos durante o tempo em que o marido está na fábrica até a hora em que regressa à noite. Assim, enquanto os homens fazem sua vida nas tavernas, onde fazem alianças e formam sindicatos, as mulheres ficam isoladas no lar, perdendo a socialização que tinham adquirido na época agrária. É o século em que se passa pra mulher a responsabilidade – como ocorre na família burguesa – de manter e reproduzir os valores da cultura patriarcal. O outro fenômeno que surge é a reformulação da perspectiva da Igreja a respeito da Virgem Maria, a quem declaram Santa, iniciando, como aponta Touraine, o século mariano. Sob a figura da Virgem Maria se exalta a maternidade, o que implica que a mulher se mantenha no lar como responsável por ele. O romantismo interpreta a vida pelo romântico-amoroso, sendo a fantasia um romântico em que a mulher perde a cabeça e a virgindade pelo amor; ela é vista como alguém que não consegue raciocinar e colocada no âmbito da irracionalidade e dos sentimentos. A maternidade, o amor a um homem ou o amor aos filhos, prendem as mulheres num romântico-amoroso enganoso, que é um poder falsamente adquirido que mantém as mulheres oprimidas, porque este romantismo da um sentido heróico à feminilidade. Hoje, em pleno século xxi, somos herdeiras deste romantismo amoroso que, com o conceito cultural da maternidade e da construção do feminino, se tornou a cultura vigente. É um romântico-amoroso que se estende a todos os âmbitos da vida. A busca da felicidade dentro do sistema patriarcal – marcado pela possessão, pela ideia de que todo mundo deve se amar e pela promessa de que todos seremos felizes – se reflete no social, no político e no público, ao colocar na base das relações o amor. Hoje, o amor como obrigatoriedade está vigente e goza de boa saúde. O romântico-amoroso instalado na época do romantismo continua sendo o mandato atual: amar a todo o mundo e, sobretudo, reconciliar-se. Reconcilie-se ou te mato parece ser a ordem do dia. Na reprodução humana, esse ato de “amor genuíno”, se joga com os poderes de homens e mulheres. Os homens se apropriam do corpo da mulher para controlar os nascimentos e as mulheres não querem renunciar à maternidade. Praticamente todas as mulheres querem ser mãe, porque através da maternidade se constitui e se alcança o “ser”. Por essa razão se crê, de pé junto, que a maternidade é pela vida, que é a única maneira de se projetar como pessoa e que, como é o pequeno poder que as mulheres conseguem ter nesta cultura, se negam a renunciar a ele. O instinto de conservação da espécie é um argumento para controlar o corpo das mulheres em sua capacidade reprodutiva. Mais uma vez se instala a reprodução nos interesses do mundo masculino e do irracional. A explosão demográfica dá conta da perda de proporção que como espécie alcançamos e da perda do controle da maternidade por parte das mulheres. O androcentrismo cego não quer ver a deterioração da qualidade de vida de mais de 70% da população mundial. Ao contrário, com orgulho crê que com sua tecnologia pode alcançar o infinito, no entanto, a superpopulação não só não garante a sobrevivência da espécie humana e de todo o planeta, como tampouco uma boa qualidade de vida.
A culpa e o medo como instrumentos de controle do desejo de liberdade e da utopia
Neste momento, alguém consegue imaginar um mundo sem culpa? Alguém consegue imaginar um mundo sem medo? Existem medos de verdade, mas eles não são castradores nem determinam uma vida, mas são medos que se consegue manejar e viver bem com eles. São alertas vermelhos que se acendem pra que a gente se detenha. Podem ser manejados porque os conhecemos, são medos que estão relacionados com a conservação da vida e com o instinto de sobrevivência. Mas também existem os medos de mentira e que não conseguimos lidar: o juízo final, a reencarnação, o inferno, a reencarnação num animal de trabalho com um dono mau-tratador de animais. E não conseguimos lidar porque são ideias construídas sobre a realidade. O medo da morte é de verdade, mas é diferente de construir ilusões que negam a própria morte, que negam a realidade e a prendem numa construção religiosa de ressurreição e vida eterna. Se se prende a morte, se prende a vida, porque se organiza esta construção como uma verdade que administram os que oferecem o paraíso e o inferno. Se trata de uma administração com a mesma lógica de domínio do sistema patriarcal ao qual pertence: eles abrem a porta da felicidade eterna e eles a tutelam. Quem administra a morte administra a vida, porque se vive em função do que vai acontecer depois da morte em vez de viver a vida. Os administradores da morte nos dizem: “Eu te abro a porta se você, em sua vida, se dedicar a me obedecer e a me adorar”. Os mesmos que administram a morte instauram a culpa porque, para que este sistema funcione, não basta o medo de uma realidade que não podemos controlar. Essa é a função do pecado original e de assinalar o corpo e sua sexualidade como culpáveis: no momento em que se tem a vida se tem a culpa, e no curso da vida precisa limpar essa culpa para chegar à “bilheteria” do paraíso. A culpa se instala, então, estruturando o bem e o mal e tornando-os praticamente inalcançáveis. Se se constrói uma cultura que fixa a ideia da culpa na existência em si, o corpo culpável – uma vez que se chega à vida por meio de um ato sexual pecaminoso– tem que prestar contas. O medo e a culpa constituem um sistema funcional ao poder. O trabalho, que é a forma pela qual o ser humano assegura sua sobrevivência no sistema patriarcal, está impregnado de culpabilidade. O modo de produção e o direito à vida estão marcados pela culpa. Se os consideramos sob o enunciado: “é preciso ganhar a vida”, que traz consigo o ato de pagar pela existência, evidentemente que temos um modo de produção em que o trabalho traz implícitas a dor, a exploração e a injustiça. O modo de produção, o que imaginamos que temos que fazer como humanidade para comer, é um produto da cultura e implica no domínio da natureza. Se a cultura é de domínio, o modo de produção vai exercer o domínio sobre os outros e sobre a natureza, portanto, será depredador como a cultura que o contém.
Outra sociedade: não ter um modelo
A ideologia é o produto de um sistema cultural baseado em todo tipo de bíblias que impregnam o sistema e configuram, como ideologia, um modelo a aplicar e ao qual aderir. Ao fazer isso, estamos executando um ato autoritário com nós mesmas, porque num modelo pré-estabelecido não se permite um processo de mudança em que, a medida que se vai avançando, possamos nos desprender do anterior para criar outro novo. O desprendimento é parte importante do processo de mudança de uma cultura pra outra. É fundamental não ter um modelo e se conectar com as energias não condicionadas, o outro é a mansedumbre dos crentes: nas religiões e seus deuses, na política e sua democracia, no gênero e sua capacidade de igualdade, na esquerda e sua classe trabalhadora, nos anarquistas e seu caos. E poderíamos seguir completando a lista de crentes amparados em causas únicas e absolutas. Por outra parte, o amor como modelo é uma imposição, o que significa que se eu não amo todo o mundo, e não tenho esta dimensão “divina” da capacidade de amar, estou fora do que esse modelo considera humano, que na verdade é desumano porque o amor obrigatório o é. Custa muito se desprender do modelo, já que, ao ficarmos sem ele, nos paralisamos e estamos de fora. Mas quando se está de fora tua imaginação se projeta e se começa a fantasiar um futuro com a plenitude de tuas potencialidades. A colocação do pós-modernismo a respeito de que as ideologias se acabaram, de que a história acabou e de que a capacidade do ser humano deve estar sujeita ao pragmatismo realista e empreendedor em que tudo é negociável (com muito amor), é também uma ideologia, porque são ideias que vão se unindo e constituindo um modo de construir cultura, Estado, relações, sistema. Como aponta Agnes Heller, as ideologias são essencialistas e fundamentalistas porque têm uma maneira de ver e perceber a vida como única e imutável. Por isso, o pós-modernismo é uma ideologia essencialista e fundamentalista. No momento em que se quer fantasiar as utopias, temos de ter muito nítido que elas são fantasias que dão pistas, que a fantasia não é uma realidade, mas informa. A Gestalt diz que se a gente vive nossas fantasias como se fossem realidade, nos confundimos e não vivemos nossas vidas. Imaginar um futuro é um jogo ilusório, não está acontecendo. Mas se a gente fantasia, a gente se informa de potencialidades possíveis, de pistas por onde ir transitando. A fantasia, que nos notifica das capacidades de mudança que temos como pessoas e como sociedade, também avisa que o que estamos vivendo não é o que queremos. Se eu fantasio em ter um amor sem propriedade, sem desejo de entrega total, em harmonia, isso me indica que eu não gosto do que tenho e que é possível chegar a amar sem possessão. Creio que todos temos a fantasia do amor sem possessão. Imagino a possibilidade de amar sem necessidade de entrega total e sem o desejo de que o outro me pertença, o que implica em desarmar todo o sistema dentro de mim mesma e seus pequenos poderes, ou seja, de desmantelar o patriarcado interno. Existe a ideia do ser humano como um animal que está sempre em luta com os demais e que nessa luta ganha o mais forte. É a ideia essencialista do patriarcado sobre o ser humano: todos somos violentos, a essência da vida é a luta violenta por ela. Minha fantasia de outra cultura não é o mundo feliz de contos infantis. Acredito que vai haver dor, acredito que vão ocorrer conflitos entre as pessoas, inclusive no espaço íntimo. Alguém pode ter desejos de domínio sobre sua companheira, por exemplo, mas o importante é não negar isso, mas conhecer esse sentimento pra que ele não se apresente como sistema, porque com nossos desejos de mudança também vão mudando nossos desejos. Pra gente é difícil imaginar não ter o sacrifício incorporado às relações amorosas, porque essa é a nossa história. Não quero uma cultura baseada no amor, quero uma cultura baseada no respeito, na legitimidade da existência do outro. Minha proposta se sustenta na cooperação e não no amor. Uma proposta cultural baseada no amor, como a atual, pode cometer os maiores crimes. Por isso, é importante a colaboração como responsabilidade, como respeito à dignidade do ser e não como amor. Na utopia, o espaço de trabalho vai ter muito mais de realização pessoal e coletiva de criação. Na cultura da colaboração, a gente vai decidir se lava uma xícara por obrigação ou por colaboração com a outra, portanto, o espaço de liberdade é distinto. Em todo trabalho tem uma parte que a gente gosta mais que outra e outras que a gente não gosta definitivamente, e isso vai continuar sendo assim inclusive na utopia. Mas a gente vai ter muito mais responsabilidade pelo que escolhemos como trabalho, porque num mundo de colaboração se tem mais liberdade, não por obrigação, mas por um ato consciente do humano. A colaboração que eu estou falando se relaciona, erroneamente e exageradamente, com o amoroso. No entanto, a cooperação tem a ver com a responsabilidade de vida, onde o ser humano será mais saudável, sábio, equilibrado e sem culpa. Imaginar um mundo sem culpa é imaginar um mundo com pessoas mais saudáveis. Por outro lado, a cultura patriarcal que estou falando não produz sabedoria, nem equilíbrio, nem saúde, mas sim medo, confusão, desconfiança e agressão. Se a gente muda em nós mesmas o senso de propriedade podemos ressimbolizar não só o masculino e o feminino, mas também o conceito de relação, de produção e de reprodução, assim será possível, então, inaugurar outra civilização-cultura.