Os Crimes do Homem*

[*] Em inglês Bev utiliza o conceito de “Mankind”, que em português se traduziria como Humanidade, mas no uso da linguagem androcêntrica inglesa humanidade se escreve como “Espécie do Homem”. Hoje em dia se escreve “Humankind” (Espécie humana) para ficar politicamente correto. A Bev utiliza a escrita androcêntrica pois ao desenvolver em seu artigo as diversas atrocidades e perversidades cometidas pela espécie humana, as atribui aos homens mesmo, então utiliza “Homem” no sentido de “humanidade”. (nota da revisão)

(Originalmente, este era o início do Capítulo Dois, Heterossexualidade não é compulsória, do nosso livro, Dykes Loving Dykes, 1990.)

Como um grupo, todos os machos tem poder sobre todas as fêmeas. A maioria esmagadora de homens e meninos assedia, ataca e/ou estupra a maioria das fêmeras. E meninas e mulheres tem sido assediadas sexualmente por meninos e homens, e a maioria tem sido abusada sexualmente. Os machos que não são fisicamente capazes de nos atacar tem outras formas de poder que usam contras nós.

Mesmo quando um homem parece estar se importando e lutando por justiça, ele provavelmente assediará meninas e mulheres. Alguns dos homens mais venerados no mundo foram descobertos por serem predadores sexuais de meninas e mulheres, ou escrevendo pornografia1.

Há alguns homens que parecem ser genuinamente gentis e confiáveis, mas isso, infelizmente, não muda o que a maioria está fazendo. E nunca sabemos o que machos estão fazendo quando estão sozinhos com aqueles que não conseguem falar, como bebês e animais. (É frequentemente esquecido que homens e meninos abusam sexualmente de animais, mas pessoas de zonas rurais estão bem cientes disso.

A maioria das mulheres e algumas feministas reformistas/liberais acreditam que homens são violentos e perigosos somente por terem sido prejudicados por traumas na infância, porém, se isso fosse verdade, a maioria das mulheres seria serial killer.

O mito de que socialização é a causa da violência masculina é uma das políticas mais perigosas perpetradas contra meninas e mulheres. Isto nega a realidade. Nega o que a maioria das meninas e mulheres sabem em seus corações suas próprias experiências. Nega que a violência masculina existe através de diversas espécies animais e particularmente em nossos mamíferos relativos. Este mito é porque a maioria das mulheres que são investidas por homens e meninos continuam dedicando a maior parte de suas vidas a machos, esperando de algum modo fazer um mundo melhor, quando na realidade a sua enorme dedicação a homens prioriza eles ates de meninas e mulheres, os reforça fisicamente, emocionalmente e literalmente mantém o patriarcado de pé. Se mulheres parassem de apoias homens, o patriarcado iria acabar. Além de se recusar a reproduzir, esta é a coisa mais importante que as mulheres podem fazer pela terra. Melhor do que continuar esperando e fantasiando que machos podem mudar, na verdade nós temos o poder de parar com que homens estuprem, matem ou extingam outras espécies e destruam a terra.

Porque nós somos treinadas desde as nossas primeiras memórias para adorar machos e acreditarmos em mentiras em vez das nossas próprias percepções, a verdade pode ser chocante e perturbadora. Mas nós podemos facilmente a verdade ao nosso redor e isso definitivamente nos liberta.

Homens sabem muito bem o quão inata é a capacidade de violência deles, e como são profundamente diferentes biologicamente das fêmeas. Pergunte a eles. Escute-os e leia-os, como muitas de nós fizeram, para voluntariamente de interagir com eles em todos os níveis.

Um homem na Índia escreveu:

“Eu li a desculpa da socialização também. Não faz sentido. Biologicamente homens nascem naturalmente estupradores. O que feministas dizem sobre homens — que eles estupram por causa da sua educação e condicionamento social — é ridículo. Eu sou um homem e odeio homens estupradores porque eu fui estuprado quando era criança e sei como isso é doloroso. Mesmo depois disso eu sinto vontade de estuprar mulheres quando eu as vejo. É um instinto natural por causa da testosterona. Eu tento fortemente controlar isso porque eu sei o quão doloroso pode ser ser estuprado. Mas eu não acredito em mim. Eu sou um homem e um potencial estuprador e eu não acredito em mim porque eu não posso fazer nada com a testosterona. Posso dizer que 100% não é a minha criação — é natureza. O único jeito de parar com os estupros é não deixar meninos nascerem. Meninas e mulheres somente estarão salvas quando não houver homens ou meninos neste planeta.”
A maioria dos homens polui a Terra pelo simples prazer disso, não como o subproduto das suas indústrias. Homens amam marcar “seu” território, assim como muitos animais machos marcam seus territórios com urina. É claro, machos humanos também marcam com urina, como qualquer um que use telefone público sabe. Mesmo quando há banheiros públicos disponíveis homens deixam seu cheiro e marcam as coisas de maneiras que fêmeas não fazem2.

Algumas Lésbicas dizem com raiva que homens são como “animais”, mas isto é uma ofensa aos animais. É claro, todos os mamíferos, inclusive humanos, são animais, mas homens são os menos naturais dos animais. Homens parecem ter o objetivo de criar um mundo completamente artificial3 e deixar a sua marca na Terra para sempre devido a alteração de várias paisagens naturais. Eles matam florestas, constroem suas cidades feias, poluem o mar e a água potável, mudam as características do solo com os métodos de mineração e agricultura destrutiva e, como escrevemos em 1990, eles ainda mudaram o tempo4.

Os resíduos químicos radioativos e tóxicos irão contaminar a Terra por centenas de anos. Plutônio, que é completamente artificial, é mortal por 250.000 anos. Um décimo sexto de um milionésimo de grama pode matar uma pessoa e os homens já fizeram toneladas disso.5 Se não soubéssemos que é verdade, seria difícil de acreditar. Mesmo assim, isto continua inimaginável, a menos em pesadelos. O homem realmente tem deixado a sua marca no seu território e, na maioria das vezes, ele está bem orgulhoso de si mesmo.

As pessoas falam da “desumanidade do homem para o homem”, porque o efeito em fêmeas não é nem considerado. Mas o homem aproveita do seu poder e crueldade. Isto o faz mais homem. Um macho cientista nuclear que assistiu uma série de explosões nucleares disse como isso era “apressado” porque “um ser humano masculino gosta de ver uma explosão.”6 (Em 1990, havia mais de 50.000 armas nucleares na terra).

O exército dos Estados Unidos contaminou uma floresta intocada e a água no Vietnã, onde pulverizaram o Agente Laranja da Monsanto e Dow que era tão tóxico que ainda causa defeitos congênitos nas pessoas vitimadas em suas terras e também nos genes dos soldados americanos, continuando nas futuras gerações. Isto também matou muitas árvores, plantas e animais que ainda não foram recuperados.

A maioria dos estadunidenses parece não saber que os EUA usavam armas nucleares (enganosamente chamadas de “urânio empobrecido”) para matar pessoas no Iraque, deixando a terra e as pessoas permanentemente contaminadas pela radiação. (E esta é a terra entre os rios Tigre e Eufrates, chamados uma vez do “lugar de nascimento da civilização ocidental”, mostrando que nem o lugar reverenciado pelas histórias patriarcais europeias está salvo.)

A humanidade também deixa suas marcas nas suas posses femininas. Em certas culturas homens literalmente compram meninas e mulheres. Algumas mulheres são compradas por seus próprios filhos ou outros meninos considerados as cabeças das famílias.

Foder e engravidar meninas e mulheres simboliza machos marcando seu território. No decorrer da história do homem, o estupro tem sido usado para marcar permanentemente um povo após a invasão do seu território, de modo que seus futuros povos sejam em parte descendentes dos invasores. Muitas mulheres ainda pensam que o estupro é meramente uma expressão incontrolável dos instintos sexuais masculinos, mas estupro é calculado, marcação premeditada e expansão territorial. É uma forma de genocídio e também de feminicídio.

Homens e meninos estuprando e violando sexualmente meninas em suas famílias é também uma confirmação do território. Pais que estupram suas filhas estão declarando que elas são sua propriedade. Isto inclui espancamentos e outros abusos com provocações sexuais.

Os dados mostram que mais de um terço de todas as fêmeas relatam ter sido estupradas,7 mas o número real é muito maios uma vez que é estimado que apenas entre 10 e 20% das violações sexuais são denunciadas, o que é mais uma prova de que a maioria das fêmeas são atacadas pela maioria dos machos. A maioria dos casos de estupro não é denunciadas já que lidar com autoridades masculinas como polícia, hospitais e tribunais normalmente significam viver um estupro mental e emocional enorme. (Isto ainda é verdade, 25 anos depois da primeira vez em que escrevemos isto.) O que não é surpreendente porque os homens nestas instituições provavelmente também estão estuprando meninas e mulheres. E algumas vítimas são estupradas pelos homens a quem pedem ajuda.8

Por causa da hierarquia que homens criaram, homens podem se oprimir entre si. Mulheres com privilégio de raça e classe têm certo poder sobre homens mais oprimidos, mas todas as fêmeas estão vulneráveis a estupro, assédio sexual e outros ataques por todos os machos. As mentiras racistas e classistas retratam homens oprimidos racialmente e por classe como os primeiros agressores de todas as fêmeas, mas estatisticamente, fêmeas estão mais propensas a serem atacadas por machos de sua própria etnia, raça ou classe, e o agressor é normalmente alguém que conhecemos.

Heterossexualidade é uma barreira de proteção na qual mulheres escolhem um homem em particular para lhes proteger pensando que estão a salvo, mas na verdade elas estão se colocando em mais perigo. Apenas nos Estados Unidos, uma mulher é espancada até a morte por seu marido ou namorado a cada quatro minutos9 — três em cada quatro mulheres assassinadas nos EUA foram assassinadas pelos seus maridos ou namorados.10 É irônico que Lésbicas Separatistas sejam insultadas com pessoas dizendo que “queremos matar todos os homens”, quando na realidade são os homens que estão matando as mulheres. Se todas as fêmeas, incluindo bebês, fosse capaz de matar em legítima defesa qualquer homem ou menino que a violasse sexualmente não iriam sobrar muitos homens ou meninos na terra. (E seria ainda menos se cada fêmea não-humana que tivesse sido estuprada e torturada por machos humanos fosse capaz de matar seu agressor).

Famílias existem para homens serem servidos por fêmeas — domesticamente, emocionalmente e sexualmente. Muitas de nós não percebeu que o serviço sexual é exigido das filhas como é das esposas, e que os estupradores incluem todos os membros machos das famílias, bem como os pais. Combinando o número de agressões denunciadas11 com as muitas subnotificadas (especialmente sabendo que muitas vítimas de estupro por machos próximos esquecem os detalhes e outros lapsos de informações para chamar isto do que realmente é), acreditamos que mais de 90% de todas as meninas são vítimas de estupro por machos da família. Das muitas mulheres que sabemos que foram estupradas quando crianças, nenhuma denunciou isto às autoridades. A maioria não fala o que sabe que não terá credibilidade. E também têm medo por suas vidas. A maioria que contou para suas mães não foram protegidas. Em vez disso, as mães defenderam e protegeram seus maridos, namorados, filhos, e outros parentes machos, e os abusos continuaram. O horror de viver com estupradores, sadistas e seus colaboradores — normalmente sem o suporte de ninguém — significa que muitas meninas sobrevivem esquecendo muito de nossa/sua juventude. (Eu não sei de nenhuma mulher que não tenha sido agredida sexualmente de algum modo quando era uma menina.) Esta colonização12 mental e física é ainda mais poderosa do que a propriedade masculina de nossos corpos.

A amnésia resultante individualmente nas fêmeas reflete a amnésia coletiva do mundo do nosso passado feminino, do tempo anterior a existência do patriarcado, antes da sujeição, estupro e tortura serem a ordem “natural” das coisas. Uma população inteira que é brutalizada para esquecer suas próprias memórias é facilmente manipulável. Assim como culturas são destruídas e colonizadas pela censura da história, vidas individuais são estragadas pela negação de nosso/seu próprio passado. Aquelas que se lembram são levadas a se sentirem confusas, sozinhas, e envergonhadas por ataques que nós/elas estamos sem forças para prevenir. Meninas vítimas de estupro escutam que isto foi culpa delas, assim como vísitmas de estupro adultas. Nunca saberemos quantas meninas foram assassinadas para evitar que a verdade fosse dita.13

Um dos grandes segredos do patriarcado tem sido o estupro de meninas por parentes machos em “famílias normais e felizes”. Somos ensinados sobre a mentira do “amor familiar”, mas vivemos a realidade do estupro familiar por machos.

Mesmo muitas Feministas não querem saber da extensão do estupro por machos da família e da realidade da violência masculina em geral, dizendo que falar sobre isto é “negativo.” Mas saber e enfrentar a verdade acaba com o auto-ódio que muitas meninas e mulheres sentem por terem sido violentadas. Homens não querem que nos recordemos ou que saibamos o que eles fizeram e continuam fazendo. Eles não querem que nos recordemos o poder que sentimos em nossa essência como meninas antes deles começarem suas agressões. E eles não querem que nos recuperemos completamente, porque aí poderíamos impedi-los e mudar o mundo. Nossas famílias lutam para nos impedir de falar sobre o estupro por machos da família para proteger nossos agressores. Para a maioria de nós, já sabemos a verdade. Finalmente dizer isso em voz alta e combater politicamente revela o horror e nos liberta.

Enquanto isso, a mídia masculina rapidamente cooptou o trabalho de Lésbicas que tem publicizado a perpetração de estupros por machos familiares mais rápido do que qualquer outro problema feminino desde o início da presente onde de libertação feminina. Esta tentativa de controlar o problema mostra como isto é central para a opressão das fêmeas. Estupro, especialmente o de meninas por seus pais, é a mais brutal e precoce que recebemos em nosso status de sujeição como fêmeas no patriarcado.

A mídia chama de “molestadores de crianças” concentrando-se na minoria de meninos vítimas quando meninas são as maiores vítimas disso. Eles focam em raras mulheres ou homens gays perpetradores, o que protege a grande maioria dos agressores, que são homens heterossexuais. 14 Assim pais, padrastos, irmãos, tios, avôs, etc., escapam da denúncia e culpa. O agressor é descrito como “enlouquecido”, “incomum,”15 e “doente”. A realidade é que o estuprador médio é um macho normal, e estudos descobriram que o estuprador condenado e o homem “normal” são psicologicamente indistinguíveis.16 Elizabeth Ward escreveu,

“… é óbvio que os pais vem de toda classe social. Um juiz, um barista, um diplomada, um eminente médico, um palestrante de universidade, um professor, um estudante universitário, um homem de negócios, uma estrela de cinema, um trabalhador, um comerciante, um funcionário público, um fazendeiro, conselheiro, ministro da religião, soldado, político, desempregado, deficiente, muito velho, muito jovem: todo homem. Todos estupraram meninas.”17
Algumas vezes os estupradores pulam uma geração, então o avô da mulher a estuprou quando ela era uma menina, enquanto seu pai estupra sua filha. Ambas são pressionadas a perdoar.

Longe de demonstrar preocupação com vítimas meninas, a mídia masculina faz dinheiro dos nossos/seus corpos. Estupro tem sido um grande produto, falado de maneiras sexualmente provocativas, sensacionalistas e pornográficas. Anúncios mostram jovens meninas parecendo sensuais com cosméticos. Homens atacam meninas e então fazem filmes sobre isso para se emocionarem ao se observarem. Eles também tentam ter créditos por “expor” o estupro praticado por machos familiares, o que também significa que eles estão controlando as reações das mulheres a isso. Um problema explosivo que poderia mudar para sempre as atitudes das mulheres em relação aos homens, aos heteros e à família é transformada em uma novela de TV.

Alguma coisa cheia de dor e horror é atualmente banalizada pelos homens, apresentada de forma branda e irreal em filmes de TV: papai estupra pequena garota, mas ele continua a “amando” e ela o “ama”, e tudo fica certo no final — como uma história de “amor” hetero. A família ainda fica unida.18 Isto é mentira. Esta é uma das coisas mais horríveis sobre o patriarcado — é aterrrorizador e destrutivo, e ainda profundamente entediante e entorpecente. O horror e os danos nos imobilizam e levam embora nossa esperança por justiça e mudança. A entorpecência nos deixa passivas. De qualquer jeito, os homens dificultam muito a reação.

Os efeitos emocionais e físicos de longo prazo do estupro por machos familiares são tão severos que é uma maravilha que qualquer menina sobreviva, quanto mais sobreviva com qualquer saúde física, mental ou emocional. Estupro por machos familiares também frequentemente é a causa de doenças, suicídio e internação psiquiátrica de meninas e mulheres.

“A ideia da tortura é… demonstrar que não há esperança, que você não pode confiar em ninguém, que você não tem controle.” “Tortura é um exercício consciente de… violência sistemática usada para manter populações inteiras deprimidas, desorganizadas, humilhadas e inativas.” Estas são declarações dadas em um jornal sobre vítimas de tortura na América Central vivendo na região da Baía de São Francisco. “Sintomas podem incluir ansiedade e dores físicas. Pode haver pesadelos, memórias dolorosas vívidas, mudez, dor esmagadora, insônia ou solidão.” Estes são também alguns dos efeitos que muitas vítimas de estupro por familiares apresentam. Elas reagem do mesmo jeito que vítimas de tortura. “Uma mensagem aterrorizante pode ser enviada a comunidades inteiras através da devolução de prisioneiros as suas famílias,derrotados e silenciados, ou despejando corpos mutilados em locais públicos.”19 — como meninas na escola testemunhando uma a dor silenciosa da outra, como meninas, Lésbicas e outras mulheres ouvindo sobre mais uma agressão, estupro, mutilação e assassinato de uma menina ou mulher. Comparações com a tortura política, mais do que qualquer outra, demonstram claramente as verdadeiras razões para o estupro por familiares. É uma decisão política masculina sobre o gerenciamento de fêmeas potencialmente rebeldes. (Fêmeas em países onde prisioneiros são rotineiramente torturados são duplamente aterrorizadas e feridas pelo estupro.)

Não estamos dizendo que homens falam abertamente entre si sobre sua decisão de estuprarem suas filhas, embora alguns se gabem e façam piadas sobre isso. Mas suas ações apontam para um acordo masculino em massa sobre o estupro e tortura de meninas: a mídia masculina ignora ou explora a questão; o sistema masculino de serviço social, policial e legal conspiram ao não impedir o estupro e condenar os estupradores; os chamados homens “radicais” ficam calados diante das estatísticas, ensaios e histórias faz vítimas, agora amplamente divulgadas; e os machos toleram, defendem, compram, atuam e filmam pornografia envolvendo meninas. Tudo bem, eles não fazem políticas governamentais explícitas dizendo que todos os homens deveriam agredir e estuprar todas as meninas, mas de qualquer modo, a reação dos homens a este probema indica a sua aprovação. O juiz que não consegue condenar um estuprador de meninas é, afinal, conivente pois provavelmente estuprou suas próprias filhas ou outras meninas. Aqueles que se colocam contra frequentemente fazem isso para proteger sua propriedade de outros homens.

Meninos serão meninos
A humanidade está envenenando a Terra. O ar e a água estão contaminados, câncer e outras doenças criadas pelo homem são epidêmicas,20 e os mesmos homens que podem criar uma guerra nuclear ao seu bel prazer estão ocasionalmente estuprando suas filhas ou outras fêmeas. Mulheres que apoiam homens e meninos dizem que os machos são estupradores por terem sido abusados sexualmente quando eram jovens. Por que então a maioria das mulheres não é estupradora também? Ou elas dizem que o problema é meramente a socialização — que “machos somente foram ensinados a fazer essas coisas horríveis “ (por quem?) e “eles não são diferentes de fêmeas.” Mas a verdade é óbvia para qualquer um que não esteja querendo acreditar em mentiras.

Claramente fêmeas são fisicamente diferentes de machos. Nós temos órgãos, fisiologia e química corporal diferentes. Nossos cérebros também são anatômica e funcionalmente diferentes. O corpo caloso, a parte do cérebro que conecta as duas metades é maior em fêmeas, o que significa que nós usamos o lado direito intuitivo e o lado esquerdo factual de uma maneira mais equilibrada do que os machos. O cérebro feminino também usa 20% mais energia do que cérebros masculinos. Um pesquisados macho disse que machos somente estão fisicamente hábeis para desenvolverem compaixão a partir dos 30 anos. Testosterona muda o cérebro permanentemente, levando machos a serem muito mais violentos que fêmeas. 90% da violência ao redor do mundo, em todas as culturas, é cometida por homens e meninos. O homem que compilou esta informação disse, “Homens sçao competitivos e menos sensíveis ao contexto. Como iremos garantir a paz mundial numa atmosfera carregada por testosterona?”21

Por que tantas Feministas evitam pensar sobre os prováveis efeitos da testosterona? Homens falam abertamente sobre isso. É por isso que os animais machos das fazenda são castrados — caso contrário, eles são incontroláveis e perigosos. (Como disse o cineasta Michael Moore à Bill Maher na televisão: “Queremos foder qualquer coisa na nossa frente”).

A verdade está a nossa volta, e até mesmo nossas irmãs animais sabem melhor do que a maioria das mulheres que é normal que machos queiram estuprar e matar.

thearcticfeminist.wordpress.com/2014/02.../

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www.iflscience.com/plants-and-animals/a...

O comportamento de machos de outras espécies é semelhante ao de machos humanos, e mamíferos machos são o pior: brutalidade, violência constante, briga por território, obsessão por sexo e até o assassinato de algumas fêmeas que estão tentando estuprar, bem como o assassinato de bebês e assassinatos e estupros de outras espécies. Até os queridinhos da mídia, como o coala, frequentemente matam as fêmeas e seus bebês. Machos de lontras marinhas sequestram bebês lontras de suas mães, forçando as mães a lhes trazerem comida. Eles matam 10% das fêmeas quando tentam estuprá-las. Eles também estupram bebês focas até a morte e continuam estuprando o cadáver até apodrecer. Leões matam os bebês, incluindo os seus próprios, e estupram as fêmeas. Em uma espécie da ordem hemíptera, os machos literalmente furam os abdomens das fêmeas para reproduzirem.

Certamente a socialização masculina não faz com que estes animais ajam assim, então só há uma outra explicação.

Em resposta, algumas fêmeas tem construído sociedades exclusivas para fêmeas, enquanto outras escolhem viver em grupos onde todos os adultos são fêmeas e os machos são espulsos quando são adolescentes para viverem sozinhos, já que eles não podem viver sozinhos com outros machos. Algumas espécies fêmeas, como formigas e abelhas (tanto para a propaganda de “os pássaros e as abelhas”) quase eliminaram completamente os machos e controlam a existência dos poucos que escolheram para criar.

Estas diferenças não são apenas psicológicas, mas também espirituais. Corpo e espírito estão unidos. Você pode facilmente distinguir um animal macho de uma fêmea somente pela sua expressão facial. Muitas Feministas não acreditam em diferenças inatas entre machos e fêmeas mesmo quando elas podem sentir esta diferença. Talvez seja difícil encarar o fato de que a natureza não é perfeita, porque isto também significa encarar o fato de que machos não podem e não irão mudar, porque eles não são alteráveis. Isto é escolha e responsabilidade delas — nenhuma mulher deveria dedicar sua vida a machos, implorando a eles para pararem sua violência.

Por que a maioria das meninas esquecem a incrível crueldade e maldade dos meninos da sua infância? Meninos são miniaturas de homens que crescem para terem o poder de um homem adulto. Eles ativamente oprimem meninas do mesmo modo que homens oprimem fêmeas, humilhando, insultando, espancando, estuprando e até mesmo matando meninas. Nós conhecemos que Lésbicas que eram abusadas sexualmente quando eram meninas por meninos de cinco anos de idade. Nós conhecemos uma menina de sete anos estuprada pelo irmão de nove. Isto não é incomum.22

Meninos também agridem mulheres verbal e fisicamente. Erroneamente, às vezes mulheres se consideram seguras dos ataques dos meninos, mas se há meninos suficientes ou se as fêmeas não estão prontas para reagir, elas também podem se tornar vítimas de meninos muito novos. E por causa de sua idade, raramente meninos são punidos e estão a salvo de acusações até mesmo quando cometem assassinatos — afinal, “meninos serão meninos”.

Como nossa amiga separatista, Katinka, nos escreveu:

“Estas são um pouco das coisas que eu li recentemente nos jornais; uma menina de 7 anos foi apedrejada até a morte por um menino, uma menina de 10 anos esfaqueada até a morte por um macho de 16 anos, uma mulher de 58 anos levou uma facada no pescoço de um menino de 11 anos e morreu, uma menina de 13 anos nua e espancada no pátio da escola por meninos, e uma menina de 6 anos de idade que foi chutada tão severamente por garotos da mesma idade em uma creche que ela teve pesadelos e gritou enquanto dormia. Uma amiga em West Virginia me contou sobre um assassinato falado nos jornais onde uma Lésbica foi esfaqueada pelo seu filho de 15 anos até a morte; ele esfaqueou a sua namorada também, mas ela sobreviveu. Os crimes de meninos ainda menores contra meninas nunca chegam à mídia, é claro, e esses garotos, assim como adolescentes, não são punidos de forma alguma enquanto as garotas são culpadas e ninguém realmente reconhece isso como opressão.”23

No artigo de Katinka, “In Defence of Dykes and Girls’ Lives”, ela disse:

“Frequentemente lésbicas ficam “chocadas” por muitas lésbicas odiarem meninos. Por que isto? Eu estou chocada, com raiva e desapontada pela incapacidade de muitas lésbicas entenderem sobre a vida de meninas. Ódio e raiva são reações a opressão naturais e saudáveis. Estes sentimentos são também importantes e necessários politicamente, e a indiferença dos outros nunca deixa de me atordoar.”24
E ainda, feministas defendem e protegem meninos. Numa revisão de um livro sobre autodefesa, uma feminista escreveu sobre uma história que particularmente a chocou:

“Uma mulher que ensina crianças pequenas falou sobre um menino de 4 anos em uma de suas aulas que não gostou do fato dela nadar no oceano. Ele lhe disse que mulheres não deveriam fazer isso e que quando ele crescesse iria cortar seus braços e suas penas para ela não fazer mais isso, e então ele iria nadar mais do que ela já tinha feito. Apesar de um pequeno menino não entender a atrocidade do que ele estava dizendo, isto revela a atitudes que crianças muito pequenas podem ter com relação a mulheres.”25
Por que a revisora feminista desculpou o menino? Com certeza meninos sabem exatamente o que é dor, injúria e limitação. Afinal, um passatempo popular deles eé torturar e matar animais. Chamar a ameaça do menino de “atitudes de crianças pequenas”, nega a diferença entre meninas e meninos, e detém meninas igualmente responsáveis por estas atitudes violentas e anti-femininas.

Culpar a socialização pela violência dos meninos culpa as fêmeas que os criaram e ensinaram A solução implícita é que cada vez mais fêmeas devem dedicar suas vidas para mudar machos. A realidade é que homens e meninos sabem que é errado matar e estuprar. Há leis na maioria da culturas dizendo isso Culpar socialização isenta aqueles que cometeram os crimes e retratam os agressores como vítimas. Este é o truque patriarcal de reversão da realidade — a verdade é chamada de mentira e a mentira é chamada de verdade. A confusão resultante disso é que nenhum macho é mantido responsável por suas ações. A verdade é que os crimes da humanidade são intencionais e deliberados. Nós perguntamos: quando homens e meninos serão responsabilizados pelos seus crimes? Quando fêmeas de todas as idades serão protegidas no lugar dos seus agressores? Por que mulheres frequentemente amam o estuprador mais do que as vítimas?

Notas
1 É revelador como os homens mais venerados parecem ser misóginos, desde Mahatma Ghandi, que forçou meninas jovens a dormirem nuas com ele para provar seu celibato até o frequentemente citado poeta sufi, Rumi, que escreveu um poema sobre uma mulher que viu sua criada sendo fodida por um asno e então foi fazer também e acabou sendo fodida até a morte. Que espiritual e amável. A importância do artesanato (The Importance of Gourd Grafting), The Essential Rumi, New Expanded Edition, traduzido para o ingles por Coleman Barks, HarperCollins Press, 2004, 181.

2 Este estudo sobre o comportamento de homens em banheiros mostra que homens deixam uma secreção hormonal em banheiros públicos. Quando eles podem, escolhem banheiros que não estejam marcados com este hormônio. Fêmeas não deixam secreções assim. A. R. Gustavson, M. E. Dawson, and D. G. Bonett, “Androstenol, a Putative Human Pheromone, Affects Human Male Choice Performance.” Journal of Comparative Psychology 101 (1989): 210–212. Nós conhecemos uma sapatão cujos pais visitaram sua família lésbica e a primeira coisa que o seu pai fez foi urinar no muro externo na frente da casa delas.

3 É interessante como homens são obsecados com a ideia de “pessoas” artificiais e se elas podem ter emoções humanas. Ao mesmo tempo em que, quando algumas pessoas que animais tem emoções como humanos, homens chamam isso de “antropomorfização” e “ilusão” e continuam mostrando máquinas com sentimentos na mídia masculina. Não podemos deixar de pensar que eles estão obsessivamente tentando explorar a sua própria falta de emoção. A sua pergunta parece ser, na verdade “homens podem sentir emoções reais?”

4 A tecnologia masculina e o desmatamento estão produzindo toneladas de dióxido de carbono causando o “efeito estufa”, o aquecimento do planeta, que causa grandes tempestades, inuncações e erosão. Muitos cientistas dizem que este é o começo de um desastre planetário irreversível. (Escrevemos isso 25 anos atrás. Obviamente a situação está um pouco pior agora.

5 “Dark Circle”, um documentário produzido por Judy Irving, Chris Beaver e Ruth Landy, exibido pela primeira vez no KQED, um canal de televisão de São Francisco, em 1986.

6 Independent Documentary Group, 1982, exibido nos canais de televisão PBS nos EUA em 1988.

7 Fonte: Bay Area Women Against Rape, Berkeley, California.

8 “West 57th Street”, um novo programa na CBS, EUA, 8 de outubro de 1988. Uma menina de dez anos que foi estuprada por cinco anos por um “amigo” da família finalmente encontrou coragem para contar ao seu médico. Ele a estupro também, dizendo que ela era “eterno lixo”. Também há relatos de policiais estuprando vítimas de estupro.

9 Fonte: US Federal Bureau of Investigation

10 Jeffner Allen, Lesbian Philosophy: Explorations (Palo Alto, California: Institute of Lesbian Studies, 1986), 28.

11 Diana E. H. Russell diz que em sua pesquisa com 9302 fêmeas, de acordo com a definição mais ampla de “incesto”, incluindo “…exibicionismo, bem como outra experiência sexual indesejada sem contato… 54% … reportou ao menos uma experiência de … abuso sexual antes de terem completado 18 anos de idade, e 48% … reportou pelo menos uma experiência antes de terem completado 14 anos de idade.” (p. 62) Porém, Diana também diz que “Muitas pessoas não podem lembrar nenhuma experiência da infância antes dos três, quatro ou até cinco anos. Quantos abusos incestuosos acontecem com bebês pequenos … é desconhecido… Um destes casos recentes envolveu um pai que confessou que ele copulou oralmente com sua filha de duas semanas de vida. A maioria destas vítimas muito pequenas nunca se lembrarão dos abusos incestuosos — fato do qual muitos abusadores frequentemente se aproveitam.” (p. 34) O Trauma Secreto: Incesto nas Vidas de Meninas e Mulheres The Secret Trauma: Incest in the Lives of Girls and Women (New York: Basic Books, Inc., 1986).
“Uma em cada três meninas é abusada sexualmente quando complete dezoito anos.” Ellen Bass e Laura Davis, Courage to Heal, A Guide for Women Survivors of Child Sexual Abuse (New York, USA.: Harper and Row, 1988), 20.

“Alguns estudos indicam que 38% de todas as meninas… tem sido abusadas sexualmente…” “Frontline,” PBS Television, originally broadcast Apr. 12, 1988. WGBH Educational Foundation, Transcript №609, 1.
“Pesquisas indicam que em torno de 85% dos agressores sexuais (homens que estupram meninas) são também um amigo da família, um parente ou conhecido da criança” “ em torno de 70% das meninas que são abusadas sexualmente… tem entre 5 e 11 anos de idade.” Family Violence Prevention Committee and Accident Compensation Corporation leaflet, New Zealand Listener, 10 December 1988, 117.

12 Fêmeas que vivem em outros países sob leis estrangeiras ainda vivem mais um tipo de colonização.

13 “O mais assustador de tudo é que muitos assassinatos de famílias “inexplicáveis” que compõem a primeira página dos tabloides são uma resposta ao incesto. Os assassinatos de famílias a que me refito são aqueles em que o pai aparentemente mata sua esposa e todas as crianças e depois atira em si mesmo. Quando esta teoria foi originalmente sugerida por mim… eu me senti cética. Eu perguntei depois a mais antida oficial de polícia fêmea no departamento de polícia se ela havia ouvido falar desta teoria. A sua resposta me paralisou: ‘Ah sim, nós sabemos disso. Não há nada que podemos fazer’.” Elizabeth Ward, Father-Daughter Rape, (London: The Women’s Press, Ltd., 1984), 90.

14 A maioria das mulheres chamadas de “estupradoras” que foram processadas por terem sexo com meninos na verdade foram atacadas pelos meninos, como no caso de Villi Fualaau, que tinha vinte anos quando depois de foder garotas contou aos seus amigos que ia “pregar” a sua professora, Mary Kay Fualaau (Schmitz/Letorneau), o que ele fez. Sim, foi errado da parte dela concordar, mas isto foi decisão dele, revelando quanto poder até mesmo um menino de doze anos pode ter em relação a uma mulher adulta e processora. Mary Kay e Villi foram descobertos e ela foi enviada a prisão por sete anos, embora ele a tenha engravidado duas vezes quando ela foi temporariamente libertada, ela foi enviada de volta a prisão. Após a sua libertação definitiva, eles se casaram.

15 Em São Francisco, em 1987, houve uma série de agressões sexuais em uma creche militar. Num esforço de provar o quão “atípico” isto era, a culpa foi colocada na influência do “satanismo”. Isto não somente tira o foco da frequência com que a agressão sexual contra crianças acontece como também indiretamente culpa buxas, incluindo Lésbicas, porque na maioria das cabeças heterossexuais, bruxaria e Satanismo são a mesma coisa.

16 Folheto, Mulheres da baía contra a violação, Berkeley, Califórnia. “Alan Taylor, um oficial de condicional que trabalhou com estupradores na prisão em San Luis Obispo, Califórnia, disse: ‘Esses eram os homens mais normais de lá.’”

17 Elizabeth Ward, Father-Daughter Rape, 87.

18 Este era o tema de Something About Amelia, filme estadunidense de 1984. Esturo de meninas é também um tema comum em anúncios de televisão. Um anúncio para jogos de baseball disse que uma boa razão para frequentar os jogos eram “meninas bonitas — muitas delas”, mostrando uma menina que tinha em torno de três anos. KTIX-TV, São Francisco, 6 de Setembro de 1987. Um anúncio para a série de televisão “Hunter” disse, “A isca em uma armadilha de assassinato é loira, bonita e tem dois anos de idade.” San Francisco Chronicle, 1 December 1988.

19 Edward W. Lempinen, “Memories of Torture Haunt Bay Area Refugees,” San Francisco Chronicle, 1 August 1988, A6.

20 Nos anos 50, fêmeas tinham uma em cada dez de chance de terem câncer — agora é uma em cada três, Rose Appleman, “Cancer: Breaking the Isolation of the Epidemic,” Coming Up, São Francisco, Dezembro 1988, 9. Ao final de fevereiro de 2011, é acima de uma em cada duas.

21 Roger Bingham, “The Sexual Brain,” Community Television of Southern California, 1987. Shown on KCSM-TV, San Mateo, California, May 18, 1988.

22 In Florida, a seven-year-old boy pulled a gun on two girls in his class at school and demanded that they have sex with him. Information from friends, 1988.

23 Katinka, “In Defence of Dykes’ and Girls’ Lives,” Amazones d’Hier, Lesbiennes d’Aujourd’hui, №20, Québec, Canada (June 1988), 205.

24 Liz Quinn, review of Her Wits About Her: Self-Defense Success Stories by Women, in off our backs, January 1988, 18.

25 Anna Lee wrote an excellent article on this, “The Tired Old Question of Male Children,” Lesbian Ethics, Vol. 1. №2, 106.