Sobre o Enfrentamento a COVID-19

Um pensamento a partir da experiência autonomista e popular

No difícil contexto dos dias atuais, em que globalmente enfrentamos o novo Coronavírus, assistimos a inúmeras iniciativas populares, tentando amortecer os pesados efeitos da pandemia.

Seja individual ou coletivamente, é perceptível a emergência de um sentimento geral de que devemos nos apoiar, uns as outras, afim de sobrevivermos da melhor maneira possível, além de contribuir com as pessoas que tem situações econômicas e de saúde mais delicada.

As pessoas estão doando e preparando comida, estão oferecendo ajuda aos mais idosos, estão contribuindo financeiramente, fazendo vaquinhas, costurando voluntariamente máscaras, estão oferecendo distrações online, cursos gratuitos e até apoio emocional.

O Coletivo Kasa Invisível, em Belo Horizonte, é somente um exemplo de grupo de pessoas que têm se empenhado em contribuir socialmente para amortecer os impactos da pandemia. Outros grupos e indivíduos Brasil afora também o têm feito, através de importantes projetos solidários.

Porém, assim como o referido coletivo de Belo Horizonte faz, é de extrema importância que essas iniciativas não sejam feitas de maneira acrítica. Se por um lado, a pandemia nos alerta mais uma vez sobre os impactos ambientais gerados pela lógica capitalista de produção, que enquanto estiver em marcha, deixará a humanidade, dia após dia, mais vulnerável a outros novos vírus, ainda mais letais que o mais recente coronavírus, por outro lado, nos lembra também sobre o perverso impacto da lógica Neoliberal, que busca transformar direitos básicos em mercadoria. e que vem a décadas sucateando o sistema publico de saúde, deixando a população pobre ainda mais desprotegida, em beneficio de grandes empresários e corporações de saúde.

Nesse contexto, o coronavírus chega agora a países pobres, com situações econômicas distintas da europeia ou chinesa. Aqui, ainda mais, o apoio mutuo joga um papel importante.

Sobre os grupos e articulações populares no contexto de enfrentamento ao Coronavírus

Fortalecer das iniciativas de autônomas será importante antes e depois dos momentos mais críticos da pandemia. A possibilidade que o momento parece exigir, é do estreitamente de laços entre organizações, coletivos, iniciativas e indivíduos ativos, seja localmente, nacionalmente e internacionalmente. Esse estreitamento poderia contribuir com o fluxo de recursos, doações, ideias e informações, além do apoio emocional e jurídico, em determinados casos.

Dado esse passo, a trama social costurada durante a guerra contra o vírus, pode permanecer como estrutura de articulação popular, passado o período mais crítico da doença. A internet pode servir como ponto de encontro, pelo menos por enquanto.

Algumas interessantes iniciativas

Além da arrecadação, preparo e doação de alimentos e itens de higiene, seja para população de rua ou para familias pobres, outras iniciativas também tem ganhado corpo.

Uma grande apanhado de iniciativas realizadas no território brasileiro pode ser acessada na pagina:
apoiomutuo.com.br.

A construção de articulações populares se torna urgente nesse momento atual, uma vez que um dos rastros que
o COVID-19 deixará, é de, por um lado, mais empobrecimento e desemprego, e por outro, de uma capacidade ainda maior de controle e vigilância por governos, no nosso caso, de extrema direita radicalmente neoliberal.
O campo dos movimentos populares libertários precisam correr contra o tempo, se de fato, acreditam, que um outro fim do mundo é possível.

Imagem:
CriarComunas (Andre Luiz G.)
Nanquim e caneta hidrocor sobre papel
Maio de 2020