Cárceres e mulheres: Carta de Olga Ikonomidou, Membro da O.R. C.C.F.

*A seguinte carta foi a contribuição de Olga Ikonomidou às jornadas “Mulheres frente ao encerro” realizadas de 10 a 11 de junho na casa ocupada Patisson 61&Skaramaga em Atenas.

Recordamos que a companheira Olga foi detida no 14 de março de 2011 em Volos junto a outros 4 companheir*s e logo assumiu o pertencimento à Conspiração das Células de Fogo.*

Carta de Olga Ikonomidou

Em 19 de março em um jeep de EKAM (Unidade Especial Repressiva Antiterrorista) acopmpanhado por três carros patrulhas se para frente a uma enorme porta giratória de ferro. Um guarda pede os papéis. Tudo em ordem e… a porta está se abrindo. Enquanto que se vai fechando por trás de nós, um outro, cercado mundo aparece ante meus olhos. É a cárcere Eleonas de Thiva.

Saio de jipe acompanhada por duas mulheres da Seção Anti-terrorista que durante os quatro últimos dias cumpriam, com grande mérito, papel de minhas governantas. Precisaram de um par de minutos de espera para entregar-me aos novos tutores de minha vida. Durante esses poucos minutos escutei delas comentários no estilo “Que lindo está por aqui… bem mantido o edifício”. Pensei em me despedir-me delas dizendo “Se você gosta tanto, venha ficar aqui…”. Naturalmente, para um visitante, somente a idéia de que se pudesse ficar em qualquer cárcere o assusta, somente tal idéia faz às pessoas, e até aos infra-humanos, calarem a sua boca e simplesmente irem-se. A cárcere de mulheres de Thiva é uma recém construída monstruosidade progressista com retangulares e bifurcados corredores, câmeras de vigilância que cobrem a cada esquina e não deixam nenhum lugar “cego”, carcereiros mulheres e homens, portas automáticas com grades a cada 10 metros, pátios de cimento vazios e mais pequenos que o rancho de basquete, rodeados por muros que terminam com arame farpado. Atrás destes muros há um espaço de segurança que chega até o exterior e te separa da liberdade. Desde umas casinhas elevadas por cima dos guardas estão vigilando quase 24 horas ao dia para se talvez alguma encontre um buraco por onde escapar.

Um jardim zoológico pequeno e cercado se encontra entre a porta exterior a entrada principal da prisão. Não há acesso nem tampouco contato visual com esse jardim para as presas. Somente os vêem os visitantes, as presas que trabalham na limpeza e quando te levam ao despacho dos oficiais de guarda. Imaginavam que a paosagem parecesse mais natural se os animais encarcerados estivessem justo ao lado das pessoas encarceradas. A democracia além disso cuida em ‘adornar’ a seus monstrinhos.

Depois de passar 3 semanas na chamada ala de adaptação estou já de maneira fixa na ala 3, em uma célula em que cabem 14 pessoas. Não diria que a convivência forçosa com 12 mulheres é a coisa mais simples. Tendo zero de espaço pessoal e cada uma com um antojo ou rareza diferente, qualquer pessoa facilmente pode sobre-passar seus limites. A parte das 2 horas e meia por dia na qual eu posso sair ao pátio, as demais se limitam a uma sala 20 por 30 metros. Se trata do espaço permitido para mover-se. Nesta sala estou tomando o café, comendo, lendo, escrevendo, escutando música, pensando. Neste espaço estou passando minha vida os últimos dois meses e meio, e por um tempo ainda indefinido. As paredes estão pintadas até o teto com imagens de campinas, árvores, mares e peixes. Assim tentaram dar à carcere um aspecto mais humano. Fazer as presas acreditarem que a privação de uma paisagem natural se pode substituir com pinturas. Durante os primeiros dias me parecia uma piada de mal gosto, agora somente terminou sendo algo irritante.

O pessoal se move de uma maneira semelhantemente contraditória. Típicas carcereiras que tentam fingir que o trabalho que fazem pode ser livrado de culpa por sua natureza. Acreditam que até a cortesia é capaz de compensar à recontagem de manhã e de tarde, a insensibilidade e a indiferença que mostram quando as presas têm suas crises e com muita frequência raspam as mãos, em uns acessos próprios de toxicómanas. São as mesmas que generosamente repartem os medicamentos para assim evitar alvoroços, enquanto que ao mesmo tempo quando se trata de qualquer outra doença “a privada cura tudo”. Elas são as mesmas que, dependentes das ordems que recebem, não duvidarão em te levar para a célula de isolamento, te desnudar para o chequeio porque sim, elas são as mesmas que durante seu ‘tempo livre’ se assomarão descaradamente em cima das minhas cartas. São elas que, quando chega as 9 da tarde fecharão as portas atrás delas e com a mesma comodidade te dirão: ‘Boas noites’. A hipocrisia em toda sua grandeza. Aqui as bençãos não cabem. Nenhuma boa noite nem um bom dia existe na cárcel. Apenas há dias e noites.

A lógica de dominação está promulgando a divisão das pessoas segundo umas características aparentemente fragmentárias. Deste modo se criam umas aparentes comunidades com o resultado sendo o fortalecimento da desigualdade e do antagonismo. A ética da sociedade responde a esta chamada, não somente reproduzindo essa lógica, mas na maioria dos casos convertindo-se em su maior defensora. A classe social, a nacionalidade, o gênero são alguns dos exemplos que diariamente moldam as percepções e condutas. A cárcere é uma parte fundamental do sistema e a comunidade de pres@s constitui microcosmos de uma sociedade comprimida. Por conseguinte, os sintomas do mundo enfermo em que vivemos chegam também para dentro dos muros. A cárcere por um lado, de certa maneira, coletiviza aos presos obrigando-os a reconhecerem-se em uma identidade coletiva marcada pela condenação. Ao mesmo tempo, a divisão aparece em toda sua grandeza repartindo a homens e mulheres em diferentes penais. Uma vez mas repartirão também, tanto a mulheres como a homens, em alas de proteção, alas de toxicóman@s, de cigan@s, de menores, de mães com crianças, de indisciplinad@s, de células brancas. Cada categoria necessita ser gestionada e afrontada de modo diferente, correspondendo ao interesse que tenha o sistema. Os vermes submissos (dedo-duros) e os ex-servos do sistema (policiais corruptos queimados pelo sistema mesmo) serão protegidos, as mães com filh@s se convertirão em ferramenta para um aparente humanismo, os toxicómanos receberão o desprezo e a indiferença. Dignas mulheres presas que vivem baixo alguma de essas condições, como as das toxicómanas, seguramente poderão explicá-lo de maneira mais detalhada e descritiva às suas experiências.

Como anarquista revolucionária considero que a separação com base no gênero social é uma questão que tem suas extensões sociais tanto dentro como fora dos muros. É uma questão que na maioria das vezes fica subestimada, e em algumas outras vezes fica sobre-estimada de uma maneira distorcida. Considero que existe uma percepção muito enraizada durante os séculos entre as pessoas sobre quais características e comportamentos correspondem (e são apropriadas) somente para as mulheres e quais são apenas para os homens. Com base no gênero se haviam criado papéis e identidades sociais que cada um e uma adquire desde o momento em que nasce e então terão que carregá-las durante toda sua vida. Se trata de uma separação mais profunda que a sociedade havia aceitado.

A realidade social define a mulher como gênero débil e os reflexos disso na prática são de fato infinitos e ocorrem a cada dia. A reprodução de uma tal condição automaticamente define um sujeito como inferior, a apresenta como vítima e a afrontando como uma espécie protegida. No entanto, em cada relação há quem produz/emite algo e há quem o aceita/admite. O gênero feminino em sua maioria aceita sua identidade social e assim é levado à lógica de vitimização, seja para recusar às responsabilidades ou seja para sossegar-se justificando a sua própria inércia posto que assim as “exigências” se minimizam de maneira automática. O ponto de vista vitimizado de qualquer questão conduz ao derrotismo e à incapacidade de valorar as capacidades e habilidades d@ indivídu@. A força da individualidade própria e suas responsabilidades tanto ao nível pessoal como coletivo é o que promulga aos momentos, condições e ações libertadoras.

Falando de mim, nunca havia considerado que pertenço ao “gênero débil” e nunca quis ser um ser passivo. Me libertei das síndromes de culpa com os quais a sociedade nos carga e tracei meu caminho de acordo com meus próprios valores de “eu quero”. Em meu caminho muitas vezes havia encontrado os olhares que foram ainda enjauladas dentro dos estereótipos do gênero social. Segundo minha opinião, até no seio do âmbito anti-autoritário frequentemente as emboscadas do preconceito são montadas por parte de homens e da conformidade, que chega até o ponto de aproveitar-se deste, com seu papel por parte das mulheres. A meus próprios olhos não se pode chamar de pessoa rebelde alguém que não luta por abolir aos papéis sociais. Em primeiro lugar para si mesmo, ao nível interior, e logo em sua relação com os outros, no nível exterior. É um processo de busca interior, mas também de rechaço fundamental à este mundo.

Porque nesta vida nada que vale a pena mencionar fica dado gratuitamente, você mesma tem que reivindicá-lo. A essência está para mim em como finalmente a mulher mesma supere aos resíduos com os quais foi cargada pela sociedade e como se comportará libertada destes. Só então os papéis se rompem, desaparecem, dando lugar a uma postura ativa. Eu havia escolhido a postura ativa em um mundo de passividade. Havia escolhido de ativamente tomar parte em uma organização revolucionária. Não segui a ninguém, nem fui levada por algo. Decidi. Fui presentemente nos debates, quando se ia tomando decisões, durante as ações e agora, na hora de pagar por. Assumi a resonsabilidade de meus atos apesar de que pudesse me aproveitar de minha identidade como mulher e assim receber um trato mais favorável. Mas, como isso poderia ser digno? Na história, a mulher que está se implicando em projetos revolucionários na verdade logra romper dois papéis de uma só vez. Por um lado, de maneira consciente derroga a sua identidade de pessoa legal, questionando às leis e a ordem e então, em segundo lugar, derroga a sua identidade como mulher, superando ao conceito dos papéis de gênero social (mãe, esposa, companheira), os quais a sociedade mesma prestou a ela.

As autoridades alemãs na década dos 70, quando a organização revolucionária RAF era ativa e contava com bastante mulheres, havia emitido a ordem: “primeiro disparem as mulheres”. O fato de superar essencialmente a estes papéis fez às mulheres mais decididas, mais conscientes, mas também mais perigosas em comparação com os homens que, devido ao seu gênero, se supõe que são um elemento compatível com a delinquência (isso segundo a aproximação científica do Estado), seguiram um caminho mais natural.

No entanto, cada época tem suas próprias características e suas próprias condições.

O âmbito anti-autoritário frequentemente está buscando um sujeito revolucionário no seio dos ilegais, estimando que o fato de questionar as leis logo de cometer um ou mais atos ilegais supôe também questionar ao existente. De forma correspondente seria que a mulher que está questionando às leis, portanto questiona também, ainda que seja de maneira inconsciente, seu papel social.

Contudo, ao viver a realidade da cárcere de muheres, e a cárcere Eleonas de Thiva de maneira concreta, se pode comprovar que o comportamento moderno e pequeno burguês de acordo com papéis sociais assumidos havía também transladado para dentro dos muros. O ato ilegal que foi cometido não era nada mais que um momento. É característico que a maioria das mulheres não fale sobre o ‘crime’ que haviam cometido, senão que dizem que um homem a empurrou a fazê-lo. Ou seja, a este ato ilegal pelo qual está na cárcere não o sente sequer como parte dela mesma, e por isso reproduz a lógica vitimista. O papel de mãe foi deixado de lado para delinqüir, mas, ao viver a condição de encerro, rapidamente é recuperada a identidade de mãe-protetora. Sente que talvez assim pode se salvar de sua maldição posto que ficou obrigada a viver longe de s@@s filh@s. Muitas vezes seu papel a guiará no que se refere ao trato que recebe na cárcere, se converte em seu medo e em sua permissividade. O sistema penitenciário que saca tudo à ameaças pisará sobre essa debilidade reclamando todo tipo de coisas em troca, a prioridade sendo subordinação às regras carcerárias e os informes sobre outras presas. Ao mesmo tempo vai ocupar-se de humilhá-la de muitas maneiras, obrigando-a a suportar, ademais dos chequeios corporais, também o chequeio de s@@s filh@s, muitas vezes pequenos, caso queira vê-los na sala de visitas aberta. Diante desta condição tão ofensiva, ela mesma e sua incapacidade de superar às identidades sociais canalizam sua energia em tratar de sobreviver na cárcere fazendo a cotidianidade dentro dela parecida à que tinha fora. Freqüentes visitas ao cabeleireiro, intercâmbio ou venda de roupa, maquiagem.

Um tempo atrás a comunidade carcerária era constituída pelos fora-da-lei desesperados. Desde as pessoas a quem já não lhes restava nenhuma esperança de ver mudar a realidade na qual viviam, excluídas do consumo, marginalizadas pela sociedade. A designação forçosa, sem saída nenhuma, ao mais baixo escalão social, provoca raiva, que é pré-condição necessária para que nascesse qualquer tentativa de libertação. Igualmente, a raiva por si mesma não é nem política nem apolítica. Depende das maneiras em que uma quer ou pode expressá-la. Esta raiva parece que é o que falta hoje aqui dentro. Reina algo contrário, uma resignação. Enquanto que a maioria das mulheres aqui são estranjeiras e não sabem sequer sobre o que passou na rua Terceiro de Setembro nem sobre os acontecimentos que ocorreram então, está se criando um grande abismo entre uma simples sobrevivência e a sã conduta insurrecta. Desde um ponto de vista tão subjetivo como consciência sobre a situação real fora e sobre verdadeiros interesses, estas mulheres estão ainda muito confundidas. A cárcere não está composta por desesperad@s (o são somente os toxicômanos, que por um lado por sua dependência e de outro pela obstinada repressão por trás do restringido acesso aos medicamentos, têm as possibilidades limitadas). Nas cárceres de mulheres o crime econômico tanto como o tráfico de grandes quantidades de droga marcam a nossa época. Em nenhum caso já ficou alguém excluída do consumo, algo que canalize a raiva e, combinadamente com as identidades sociais, faz que as mulheres ao final sigam sendo as vítimas de suas próprias ilusões. Naturalmente, esta percepção não é universal. Há e sempre haverá aqui dentro algumas que guardam sua dignidade e cabeça erguida. Na mente das quais os “empregados”, como os querem agora que os chamem, siguem sendo carcereiros e seu uniforme esteja sempre na nossa mira. Para elas também a solidariedade com presos nunca perde seu sentido. Não no sentido de defender o papel de preso, senão sendo contra sua própria condição de encerro. A condição esta que nos priva do mais precioso bem, a liberdade física, e com a qual contudo estão conectadas penossas limitações de cada tipo. A interrupção das relações sexuais até a vexatória dependência dos mecanismos carcerários para a comunicação. Dentro deste marco há um gozo particular nestes pequenos agrados arrancados da máquina repressiva.

A solidariedade tem que ficar viva quando se trata das mobilizações de presos e intacta, objetiva e em alerta nos casos que têm haver com presos políticos. Segundo minha opinião, as concentrações solidárias não devem limitarem-se apenas a umas datas cerimoniosas como por exemplo o Fim de Ano, senão que têm que manter seus aspectos reflexivos de resposta imediata para deste modo converter-se em alavanca de pressão cada vez que os caprichos penitenciários pôem os presos à prova. A solidariedade tem que ser ferramenta que fará destacar aos casos de anarquistas aprisionados mas não enforcando-se em cada um por separado, não à base de relações pessoais, não à base de critérios como culpa ou inocência. Ademais, neste mundo ninguém é inocente, todas somos culpáveis. Umas por sermos conscientes e haver tomado ação contra o que nos oprimia e otr@s por sua tolerância com relação às instituições opressivas.

Mando minhas saudações revolucionárias a todas e todos que sob a pressão dos tempos que vivemos com insistência decidem tomar a ação.

Olga Ikonomidou,
Membro da O.R. Conspiração de Células do Fogo
Cárcere Eleonas, Thiva (Tebes)


Nota de tradução: Se refere aos seguidos pogroms fascistas(realizados com ajuda de vizinhos do bairro e polícias) contra os inmigrantes, ataques que duraram várias semanas e resultaram em pelo menos um imigrante morto e dezenas feridos por facadas e golpes, ocorridos depois da morte de um grego morto por inmigrantes (motivo foi o roubo) naquela rua do centro de Atenas em maio de 2011.
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Texto Cárceles y mujeres: Carta de Olga Ikonomidou, Miembro de O.R. C.C.F

Bilioteca Anarquista Guliay-Polie
Texto correspondiente al taller de Lectura y Debate de textos anarquistas contemporáneos en La Plata, Bilioteca Anarquista Guliay-Polie

Texto Cárceles y mujeres: Carta de Olga Ikonomidou, Miembro de O.R. C.C.F
La siguiente carta fue la contribución de Olga Ikonomidou a las jornadas “Mujeres frente al encierro” realizadas 10-11 de junio en casa ocupada Patission 61&Skaramaga en Atenas.

Recordamos que la compañera Olga fue detenida el 14 de marzo de 2011 en Volos junto a otros 4 compañeros y luego asumió la pertenencia a la Conspiración de Células del Fuego.

Carta de Olga Ikonomidou
El 19 de marzo un jeep de EKAM (Unidad Especial Represiva Antiterrorista) acompañado por tres coches patrullas se para frente a una enorme rodante puerta de hierro. Un guardia pide las papeles. Todo en orden y…la puerta se está abriendo. Mientras que se va cerrando detrás de nosotros, un otro, vallado mundo aparece ante mis ojos. Es la cárcel Eleonas de Thiva.
Salgo del jeep acompañada por dos mujeres de Sección Antiterrorista que durante los cuatro últimos días cumplían, con gran mérito, papel de mis gobernantas. Precisaron un par de minutos de espera para entregarme a los nuevos tutores de mi vida. Durante esos pocos minutos escuché de ellas comentarios al estilo “Que lindo está por aquí…bien mantenido edificio”. Había considerado de despedirme de ellas diciendo “Si te gusta tanto, venga quedate aquí”. Naturalmente, para un visitante sólo la idea de que pudiera quedarse en cualquiera cárcel le asusta, sólo tal idea hace a la gente, y hasta a los infrahumanos, cerrar su boca y simplemente irse. La cárcel de mujeres de Thiva es una recién construida monstruosidad progresista con rectangulares y bifurcados pasillos, cámaras de vigilancia que cubren a cada rincón y no dejen ningún lugar “ciego”, carceleros mujeres y hombres, puertas automáticas con rejas cada 10 metros, patios de cimiento vacíos y más pequeños que el campo de baloncesto rodeados por muros que terminan con alambre de púas. Detrás de esos muros haya un espacio de seguridad que llega hasta el exterior y te separa de la libertad. Desde unas casitas elevadas por arriba los guardias están vigilando casi 24 horas al día si quizás alguna encuentre un agujero y se escape.
Un pequeño y vallado jardín zoológico se encuentra entre la puerta exterior y la entrada principal de la cárcel. No haya acceso ni tampoco contacto visual con ese jardín para las presas. Sólo lo ven los visitantes, las presas que trabajan de limpieza y cuando te llevan al despacho de los oficiales de guardia. Se imaginaban que el paisaje pareciese más natural si los animales encarcelados sean justo a lado de las personas encarceladas. La democracia además cuida de “adornar” a sus monstruitos.
Después de pasar 3 semanas en la llamada ala de adaptación estoy ya de manera fija en la ala 3, en una celda en que caben 14 personas. No diría que la convivencia forzosa con 12 mujeres es la cosa más sencilla. Teniendo cero del espacio personal y cada una con un antojo o rareza diferente, cualquiera fácilmente puede sobrepasar sus límites. Aparte de las 2 horas y media por el día en que puedo salir al patio, las demás se limitan a una sala 20 por 30 metros. Se trata del espacio permitido para moverse. En esta sala estoy tomando el café, comiendo, leyendo, escribiendo, escuchando música, pensando. En este espacio estoy pasando mi vida los últimos 2 meses y medio, y por un tiempo todavía indefinido. Las paredes están pintadas hasta el techo con imágenes de praderas, arboles, mares y peces. Así intentaron dar a la cárcel un aspecto más humano. Hacer las presas creer que la privación de un paisaje natural se puede remplazar con pinturas. Durante los primeros días me parecía una broma de mal gusto, ahora terminó siendo algo irritante.
El personal se mueve de una manera semejante contradictoria. Típicas carceleras que intentan fingir que el trabajo que hacen puede ser librado de culpa por su naturaleza. Se creen que hasta la cortesía es capaz de compensar al recuento de mañana y de tarde, la insensibilidad y indiferencia que muestran cuando las presas tienen sus crisis y muy a menudo se rayan los manos, en unos estallidos propios de toxicómanas. Son las mismas que generosamente reparten los medicamentos para así evitar alborotos, mientras que al mismo tiempo cuando se trata de cualquier otra enfermedad “el Depón lo cura todo”. Ellas son las mismas que, dependiente de los ordenes que reciben, no dudarán de llevarte a la celda de aislamiento, desnudarte para el chequeo porqué sí, ellas son las mismas que durante su “tiempo libre” se asomarán con descaro en mis cartas. Son ellas que, cuando llega las 9 de la tarde cerrarán las puertas detrás suyo y con la misma comodidad te dirán “buenas noches”. La hipocresía en toda su grandeza. Acá las bendiciones no caben. Ninguna buena noche ni buen día existe en la cárcel. Sólo haya días y noches.

La lógica de dominación está promulgando la división de las personas según unas características aparente fragmentarias. De este modo crea unas aparentes comunidades con el resultado siendo fortalecimiento del desigualdad y del antagonismo. La ética de la sociedad responde a esta llamada, no sólo reproduciendo a esa lógica, pero en mayoría de casos convirtiéndose en su más grande defensor. La clase social, la nacionalidad, el género son algunos de los ejemplos que a diario moldean las percepciones y conductas. La cárcel es una parte fundamental del sistema y la comunidad de presos constituye microcosmos de una sociedad comprimida. Por lo consiguiente pues, los síntomas del mundo enfermo en que vivimos llegan también al dentro de los muros. La cárcel por un lado, de cierta manera colectiviza a los presos obligándolos de reconocerse en una identidad colectiva marcada negativamente por la condena. Al mismo tiempo, la división aparece en toda su grandeza repartiendo a hombres y mujeres en diferentes penales. Una vez más repartirá también,tanto mujeres como hombres, en alas de protección, alas de toxicómanos, de gitanos, de menores, de madres con niños, de “indisciplinados”, de celdas blancas. Cada categoría necesita ser gestionada y afrontada de modo diferente, correspondiendo al interés que tiene el sistema. Los sumisos gusanos (chivatos) y los ex-siervos del sistema (maderos corruptos quemados por el sistema mismo) serán protegidos, las madres con niños se convertirán en herramienta para un aparente humanitarismo, los toxicómanos recibirán el desprecio y la indiferencia. Dignas mujeres presas que viven bajo alguna de estas condiciones, como la de las toxicómanas, seguramente podrán explicarlo de manera más detallada y descriptiva de sus experiencias.

Como anarquista revolucionaria considero que la separación a base del género social es una cuestión que tiene sus extensiones sociales tanto dentro como fuera de los muros. Es una cuestión que mayoría de las veces queda subestimada y algunas otras sobrestimada de manera distorsionada. Considero que existe una muy enraizada durante los siglos percepción entre la gente sobre cuáles características y comportamientos corresponden (y sean apropiadas) sólo a las mujeres y cuáles sólo a los hombres. A base de género se habían creado papeles e identidades sociales que cada uno y una adquiere desde el momento en que nace y luego está cargada con ellos toda su vida. Se trata de una separación más profunda que la sociedad había aceptado.

La realidad social define la mujer como género débil y los reflejos de eso en la práctica son de hecho infinitos y ocurren cada día . La reproducción de una tal condición automáticamente define a un sujeto como inferior, la presenta como víctima y acaba afrontándolo como una especie protegida. Sin embargo, en cada relación haya quién produce/emite algo y haya quién lo acepta/admite. El género femenino en su mayoría acepta a su identidad social y así sea llevado a la lógica de victimización, sea para rehusar a las responsabilidades o sea para sosegarse justificando a su propia inercia puesto que así las “exigencias” se minimizan de manera automática. El punto de vista victimizado de cualquier cuestión conduce al derrotismo e incapacidad de valorar capacidades y habilidades del individuo. La fuerza de individualidad propia y sus responsabilidades tanto al nivel personal como colectivo es lo que promulga a los momentos, condiciones y acciones liberadoras.

Hablando sobre mi, nunca había considerado que pertenezco al “género débil” y nunca quería ser un ser pasivo. Me liberé de los síndromes de culpa con cuales te carga la sociedad y tracé mi camino de acuerdo con mis propios valores de “yo quiero”. En mi camino muchas veces había encontrado las miradas que fueran todavía enjauladas dentro de los estereotipos del género social. Según mi opinión, hasta en el seno del ámbito antiautoritario frecuentemente monta sus emboscadas el prejuicio por parte de los hombres y la conformidad, que llega hasta el punto de aprovecharse de éste,con su papel por parte de mujeres. En mis propios ojos no puede llamarse persona rebelde alguien que no lucha por abolir a los papeles sociales. En primer lugar para sí mismo, al nivel interior, y luego en su relación con otros, al nivel exterior. Es un proceso de búsqueda interior, pero también del rechazo fundamental de ese mundo.

Porque en esta vida nada que vale la pena mencionarlo queda regalado, tú misma tienes que reivindicarlo. La esencia está para mi en lo cómo finalmente la mujer misma supere a los residuos con cuales fue cargada por la sociedad y cómo se comportará liberada de esos. Sólo entonces los papeles se rompen, desaparecen dando lugar a una postura activa. Yo había elegido a la postura activa en un mundo de pasividad. Había elegido de activamente tomar parte en una organización revolucionaria. No seguí a nadie, ni fui llevada por algo. Decidí. Fui presente en las debates, cuando se iba tomando decisiones, durante las acciones y ahora , a la hora de pagar. Asumí la responsabilidad de mis actos a pesar de que pudiera aprovecharme de mi identidad como mujer y así recibir un trato más favorable. Pero, ¿cómo digno sería eso? En la historia, la mujer que se está implicando en unos proyectos revolucionarios de hecho logra de romper dos papeles a la vez. Por un lado, de manera consciente deroga a su identidad de persona legal, cuestionando a las leyes y el orden y luego, en segundo lugar, deroga a su identidad como mujer, superando al concepto de los papeles de género social (madre, esposa,novia), los cuales la sociedad misma le ha prestado.

Las autoridades alemanas en la década de los ´70, cuando la organización revolucionaria RAF era activa y contaba con bastantes mujeres, había emitido el orden :”Como primero disparen a las mujeres”. El hecho de superar esencialmente a esos dos papeles hizo a las mujeres más decididas, más conscientes pero también más peligrosas en comparación con los hombres que, debido a su género se supone que son un elemento compatible con la delincuencia (eso según el científico acercamiento del Estado), han seguido un camino más natural.
Sin embargo, cada época tiene sus propias características y sus propias condiciones.

El ámbito antiautoritario frecuentemente está buscando un sujeto revolucionario en el seno de los ilegales, estimando que el hecho de cuestionar las leyes tras cometer uno o más actos ilegales supone también cuestionar a lo existente. En forma correspondiente sería que la mujer que está cuestionando a las leyes, por lo tanto cuestiona también, aunque sea de manera inconsciente, su papel social.
No obstante, al vivir la realidad de la cárcel de mujeres, y cárcel Eleonas de Thiva en concreto, se puede comprobar que el pequeño burgués y moderno comportamiento de acuerdo con papeles sociales asumidos se había trasladado también dentro de los muros. El acto ilegal que fue cometido no era nada más que un momento. Es característico que la mayoría de mujeres no hable sobre el “crimen” que habían cometido, sino dice que el hombre la empujó de hacerlo. Es decir, a ese acto ilegal por lo cual está en la cárcel no lo siente siquiera como parte de su misma, y por esto reproduce la lógica victimista. El papel de madre fue dejado a lado para delinquir, pero, al vivir la condición del encierro, rápidamente sea recuperada la identidad de madre-protectora. Siente que quizás así se puede salvar de su maldición puesto que quedó obligada de vivir lejos de sus hijos. Muchas veces su papel la guiará en lo que se refiere a los tratos que sufre en la cárcel, se convierte en su miedo y su permisividad. El sistema penitenciario que saca todo a amenazas pisará sobre esta debilidad reclamando cada tipo de cosas en intercambio, la prioridad siendo subordinación a las reglas carcelarias y los informes sobre otras presas. Al mismo tiempo se ocupará de humillarla en muchas maneras, obligando-la a soportar, aparte de chequeos corporales , también chequeos de sus hijos, a menudo pequeños, si quiere verlos en la sala de visitas abierta. Ante esta condición tan ofensiva, ella misma y su incapacidad de superar a las identidades sociales canalizan a su energía en tratar de sobrevivir en la cárcel haciendo la cotidianidad dentro parecida a la que tenía fuera. Frecuentes visitas en la peluquería, intercambio o venta de ropa, maquillaje.

En tiempos más viejos la comunidad carcelaria era constituida por los fuera de la ley desesperados. Desde la gente que ya no les quedaba ninguna esperanza de ver cambiarse la realidad en que vivían, excluidos del consumo, marginalizadas por la sociedad. La forzosa designación, sin salida ninguna, al más bajo escalón social, provoca rabia, la cual es pre-condición necesaria para que naciera cualquier intento de liberación. Igualmente, la rabia por sí misma no es ni política ni apolítica. Depende de las maneras en que una quiere o puede expresarla. Esta rabia parece que es lo que falta hoy aquí dentro. Reina algo contrario, una resignación. Mientras que la mayoría de mujeres aquí son extranjeras y no saben siquiera sobre lo que pasó en la calle
Tercero de Septiembre ni sobre los acontecimientos que ocurrieron luego*, se está creando un gran abismo entre una simple supervivencia y la sana conducta insurrecta. Desde un punto de vista tan subjetivo como conciencia sobre la situación real fuera y sobre verdaderas intereses, estas mujeres están todavía muy confundidas. La cárcel no está compuesta por desesperados (lo son solamente los toxicómanos, que de un lado por su dependencia y de otro lado por la taimada represión tras restringido acceso a los medicamentos, tienen unas posibilidades limitadas). En las cárceles de mujeres el crimen económico tanto como el tráfico de grandes cantidades de droga marcan a nuestra época. En ningún caso ya alguien o alguna queda excluida del consumo, algo que enajena a la rabia y, combinado con las identidades sociales, hace que las mujeres al fin siguen siendo unas victimas de sus propias ilusiones. Naturalmente, esta percepción no es universal. Haya y siempre habrá aquí dentro algunas que guardan su dignidad y cabeza arriba. En la mente de las cuales los “empleados”, como lo quieren ahora ellos que se les llame, siguen siendo carceleros y su uniforme sea para siempre en punto de mira. Para ellas también la solidaridad con presos nunca pierde su sentido. No en el sentido de defender el papel de preso, sino siendo en contra de su propia condición de encierro. La condición aquella que nos priva de lo más precioso bien, la libertad física, y con la cual sin embargo están conectadas penosas limitaciones de cada tipo. De la interrupción de relaciones sexuales hasta la vejatoria dependencia de los mecanismos carcelarios para la comunicación. Dentro de éste marco hay un gozo particular en esos pequeños agrados arrancados de la maquina represiva.

La solidaridad tiene que quedarse viva cuando se trata de las movilizaciones de presos y intacta, objetiva y en alerta en casos que tienen que ver con presos políticos. Según mi opinión las concentraciones solidarias no deben limitarse sólo a unas fechas ceremoniosas como por ejemplo el Fin del Año, sino tienen que mantener sus aspectos reflexivos de respuesta inmediata para de este modo convertirse en palanca de presión cada vez cuando los caprichos penitenciarios ponen los presos a la prueba. La solidaridad tiene que ser herramienta que hará destacar a los casos de anarquistas aprisionados pero no enfocándose en cada uno por separado, no a base de relaciones personales, no a base de criterios como culpa o inocencia. Además, en ese mundo nadie es inocente, todas somos culpables. Unas por ser conscientes y haber tomado acción contra lo que nos oprime y otros por su tolerancia hacia instituciones opresivas.
Mando mis saludos revolucionarios a todas y todos que bajo la presión de los tiempos que vivimos con terquedad deciden de tomar la acción.

Olga Ikonomidou,
Miembro de O.R. Conspiración de Células del Fuego
Cárcel Eleonas, Thiva (Tebes)
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Nota de traducción: Se refiere a los seguidos pogroms fascistas(realizados con ayuda de vecinos del barrio y policías) contra los inmigrantes, ataques que duraron varias semanas y resultaron con por lo menos un inmigrante muerto y decenas heridos por cuchilladas y palizas, ocurridos después de la muerte de un griego matado por inmigrantes (motivo fue el robo) en aquella calle del centro de Atenas en mayo de 2011.