Resumo:
Em 1952, o renomado antropólogo, etnólogo e filósofo francês, Claude Lévi- Strauss, escreve um texto que mudaria os pré – conceitos de seus leitores sobre a noção de raça, povo, cultura e etnia.
A questão central do texto concerne à noção humana de raça. O conceito de que existem diversas raças entre os humanos é comprovado pelo autor como sendo errôneo e equivocado, devido ao fato de que biologicamente, todos os seres humanos possuem a mesma constituição, a mesma estrutura genética. Dito isso, Lévi – Strauss ataca as teorias evolucionistas, em especial o darwinismo biológico e acrescenta que a noção de superioridade racial apenas foi criada para justificar formas e ideais de dominação.
Dito isso, o sociólogo propõe que os humanos sejam classificados por suas respectivas etnias. Etnias, segundo o conceito, é um povo que se identifica por suas tradições culturais, políticas, religiosas e sociais em geral. A etnia pode ser classificada, sobretudo como o conjunto de determinadas tradições culturais de determinado povo.
Sobre a noção de cultura, portanto, Lévi-Strauss declara que nenhuma cultura é estacionária, ou seja, elas estão sempre em constante desenvolvimento e esse desenvolvimento é incrementado pelo contato com outras culturas. Teoriza também que não existem culturas em total isolamento; em algum momento elas têm contato com outras etnias e é nesse momento que se dá o progresso e a chamada alteridade.
A alteridade é classificada como o dado momento em que etnias se contatam pela primeira vez e têm uma percepção de que outras culturas existem além de suas respectivas. A partir desse momento, notam a existência de diferenças entre si. Ocasionalmente tais diferenças podem ser incompreendidas, gerando uma visão etnocêntrica do mundo.
O etnocentrismo se define pelo ato de um determinado grupo étnico ou um isolado membro, determinar que a sua cultura é superior e correta, e desse modo, julgar as demais baseando-se numa análise unilateral. É deste ponto que derivam teorias evolucionistas e comportamentos dominadores, tal como os regimes imperialistas impostos pela Inglaterra sobre a Índia; ou como os impostos por toda Europa sobre o Continente Africano.
Ao longo de seu texto, Lévi – Strauss demonstra claramente a crença de que uma postura relativista é imprescindível para que as sociedades não tenham seu progresso impedido. O relativismo é o ato de respeitar o comportamento e os conceitos étnicos de cada um, não tentando interferir ou julgar de acordo com seu próprio ponto de vista a ética neles presente.
Declara por fim, que a igualdade em termos culturais é extremamente contraditória, já que cada etnia necessita manter sua originalidade cultural para que continue evoluindo, de modo que a declaração dos direitos humanos é um entreposto entre a diversidade e o progresso, além de ser fundamentada numa cultura puramente ocidental e embasada em critérios dominadores e etnocêntricos. Além disso, divaga sobre a ideia do progresso, que, segundo sua opinião, só se dá por necessidade e contato intercultural; além de não ser estacionário e tampouco relacionado necessariamente a avanços tecnológicos.