Ótimo este vídeo ter sucitado alguma discussão. Faz tempo que espero que isso aconteça. Refletindo sobre alguns pontos levantados pelo Chúy.
- Comunidade e sociedade são conceitos relacionados a vínculos e relações com base na mutualidade, solidariedade e identificação. O que vivemos nessa civilização é a negação deste tipo de relações e vínculos, seja através das atomização e da anomia, seja por conta da indiferença sistemica necessária para se viver nestas cidades. Se formos levar a fundo os dois conceitos, ambos estão distantes do nosso contexto que me parece ser a negação desses princípios.
- Elias Reclus, o primeiro antropólogo anarquista, dizia que o estado as primeiras civilizações se formaram a partir de uma conspiração de um grupo pequeno contra outros grupos que se apoderava de lugares e recursos estratégicos para explorar esses outros. O aparecimento do estado é só uma continuidade desta política de conspiração que passa a se camuflar em discursos legais e demagógicos para acentuar ainda mais a separação do poder do corpo do estado. Portanto, me parece um pouco equivocado dizer que tecnologias necessariamente se tornam fontes materiais do poder. Sem a conspiração, o uso da tecnologia não seria para favorecer uns em detrimento de outros.
- Me parece que convém saber separar tecnologias de seus usos. Máquinas que servem para a conspiração estadistas e capitalistas, todas as máquinas civilizatórias precisam ser destruídas. Mas o know how por trás de sua implementação pode e precisa ser hackeado para ser utilizado não só contra o poder estatal, mas contra todas as instituições que formam esta civilização. A história demonstra que a não apropriação da tecnologia em contextos de desigualdade pode levar inevitavelmente ao massacre da parte desempoderada em um contexto de escassez.