Comunidades de Resistência, com Hakim Bey

(Communities Of Resistance)

www.youtube.com/playlist?list=PLdho19ONpbQfD9zxVQpixHwdAtjK7 snWA

Sinopse: Entrevista com Peter Lamborn Wilson, mais conhecido como Hakim Bey. Gravada em maio de 2009, o escritor fala entre outros assuntos sobre a origem do estado e a formação e e expansão de comunidades libertárias como estratégias de resistência.

 

www.youtube.com/watch?v=i3HyRtdu1o0

 
 

Algumas anotações sobre o que vi nessa interessante conversa:
- comunidade não é algo natural. É preciso estruturar a sociedade para isso aconteça e para que isso se reproduza sozinho.
- Exemplos do que Amish fizeram (ativamente) sobre tecnologias que viam como contra a comunidade: ter telefone faz com que as pessoas não precisem se encontrar fisicamente para conversar. Carros fazem com que as pessoas possam morar longe e evitem contato umas com as outras. (amish)
- o aparecimento do Estado está ligado não diretamente ao início da domesticação ou da agricultura, mas a tecnologias que surgiram muito tempo depois como a metalurgia e a irrigação, que permitiram produzir excedentes, que certamente eram fontes materiais de poder.
- Um passo mais pragmático: ludditas ao invés de primitivistas. Destruir as máquinas que danificam o senso de comunidade; não faz sentido destruir todas as máquinas.
- as primeiras espécies de plantas cultivadas ou domesticadas eram para o prazer (tabaco, maconha, etc.) ao invés de serem pensadas para a economia.

 
   

Ótimo este vídeo ter sucitado alguma discussão. Faz tempo que espero que isso aconteça. Refletindo sobre alguns pontos levantados pelo Chúy.
- Comunidade e sociedade são conceitos relacionados a vínculos e relações com base na mutualidade, solidariedade e identificação. O que vivemos nessa civilização é a negação deste tipo de relações e vínculos, seja através das atomização e da anomia, seja por conta da indiferença sistemica necessária para se viver nestas cidades. Se formos levar a fundo os dois conceitos, ambos estão distantes do nosso contexto que me parece ser a negação desses princípios.
- Elias Reclus, o primeiro antropólogo anarquista, dizia que o estado as primeiras civilizações se formaram a partir de uma conspiração de um grupo pequeno contra outros grupos que se apoderava de lugares e recursos estratégicos para explorar esses outros. O aparecimento do estado é só uma continuidade desta política de conspiração que passa a se camuflar em discursos legais e demagógicos para acentuar ainda mais a separação do poder do corpo do estado. Portanto, me parece um pouco equivocado dizer que tecnologias necessariamente se tornam fontes materiais do poder. Sem a conspiração, o uso da tecnologia não seria para favorecer uns em detrimento de outros.
- Me parece que convém saber separar tecnologias de seus usos. Máquinas que servem para a conspiração estadistas e capitalistas, todas as máquinas civilizatórias precisam ser destruídas. Mas o know how por trás de sua implementação pode e precisa ser hackeado para ser utilizado não só contra o poder estatal, mas contra todas as instituições que formam esta civilização. A história demonstra que a não apropriação da tecnologia em contextos de desigualdade pode levar inevitavelmente ao massacre da parte desempoderada em um contexto de escassez.