- Feministas heteras falarem que se relacionar com homem é uma escolha pessoal e desconsiderarem a heterosexualidade compulsória, te tratando como uma pessoa que quer invadir a intimidade delas ao questionar a heterosexualidade. No fim você vira a agressora enquanto elas passam a defender os homens com mais convicção. Uma inversão estranha. (Reversão)
- Praticam reversão: inversão dos lugares de opressor e oprimida, agressor e agredida. Colocam a gente como causadora de mal estar nas mulheres heteros por levantar questões lésbicas, principalmente se for de uma forma não identitaria/LGBT e sim radical, pois a primeira foi justamente inventada por heterossexuais por ser uma perspectiva mais comoda e conservadora da ordem heterossexual pois basta que se ‘tolere’ a ‘escolha sexual da outra’ (liberalismo). Mulheres heteros são estruturalmente as opressoras das lésbicas, por deter esse poder social de serem aceitas e todos benefícios advindos disso, apesar de toda opressão da relação homem-mulher, possuem acessos e facilidades que lésbicas não, não sofrem marginalidade e exclusão nem inexistência. Lésbicas não têm poder de excluir ninguém. Nós que estamos sempre excluida e ainda por cima temos que manter-nos silenciadas e quietinhas, não incômodas e comodamente inexistentes para as mulheres heteros, inexistentes no movimento, nos eventos, enquanto temática importante, e até espaços exclusivos lésbicos são vistos como ameaças e ressentidos pelas heteros, invadidos e negados.
- Quando reagem mal à criação de espaços exclusivos lésbicos sem hetero nem bi. Quando ressentem esses espaços ou os temem, ou os negam ou dificultam. Quando sabotam nossa militancia exclusiva.
- Quando elas não respeitam separatismo lésbico e reagem quando não queremos colocar energia nossa em pautas hetero como aborto, direitos reprodutivos, movimento pelo parto natural (se levadas num sentido radical, somos um movimento ANTI-parto, anti-maternidade, anti-reprodução humana), nem ficar fazendo redução de danos pra violência e sexualidade masculina.
- Sempre que deslegitimam o separatismo lésbico, o feminismo lésbico, o movimento lésbico, as teorias lésbicas. Reagem mal à separação “lésbicas e mulheres” ou à recusa da palavra mulher por parte das lésbicas. Separam feminismo lésbico do feminismo radical por meio de denominá-lo lesbofeminismo. Deslegitimam o lesbianismo político. Recusam nossos conceitos teoricos. Dizem que nossa politica é individualista ou escolha individual.
- Quando se recusam a reconhecer privilégio hetero, ou se preferem, a posição de poder que ocupam em relação à nós.
- Quando se recusam a se reconhecer como heterossexuais, utilizando a categoria ‘bissexual’ para se autodefinirem e por meio disso, escapar à responsabilização pelo seu poder ao mesmo tempo que colonizam lesbiandade e espaços e preocupações lésbicas.
- Quando passam por cima do nosso lugar de fala nas questões lésbicas e querem emitir opiniões sobre nossas comunidades e vivências de forma colonizatória. Por exemplo: violência entre lésbicas, ou quando afirmam que há ‘heteronormatividade’, quando querem condenar sadomasoquismo lésbico ou criticar uso de dildos, afirmar que há objetificação entre lésbicas e etc (muitas vezes o fazem por meio do artifício do lugar de fala ‘bi’ pelo qual escapam de assumir sua materialidade, praticas sociais, mentalidade heterocentrada e leitura social heterossexual). Elas não tem posição moral pra criticar nada disso uma vez que se relacionam com os agressores estruturais, se relacionam com pênis verdadeiros, praticam a sexualidade da desigualdade que é modelo para todas as outras reproduções disso (SM, pornografia, prostituição) que é a heterossexualidade. Elas desconhecem totalmente a vivência lésbica e não chegam nem perto de imaginar quão radicalmente é distinta da experiência heterossexual. Pegando o exemplo do dildo: mesmo que transem com ele por exemplo, ao passo que o homem que penetra a mulher o faz unicamente para seu próprio prazer e sequer se importa com o orgasmo da parceira, a lésbica geralmente o faz para o prazer da outra e tem prazer em dar prazer para a outra. Aqui, no entanto, recusamos pela sua carga simbólica falocêntrica que remete ao programa supremacista masculino de colonização porno-sadica-heterossexual.
- Quando minimizam a importância política que possui para nós a estética sapatão. Acham que é fútil preocupar-se com aparência. Não entendem que leitura social é um dos poucos recursos que dispomos numa sociedade que nos invisibiliza, de comunicarmos para outras lésbicas e afirmarmos nosso orgulho, além de que a fuga da feminilidade não é um capricho, mas sim uma necessidade para nós, a aparência feminina nos aniquila e quando assumimos nossa inconformidade de gênero com orgulho é um passo super forte que damos em relação ao nosso auto-respeito e alegria de ser sapatão.
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