ser heterossexual e ser feminista

Sexualidade não é um assunto privado. É político.

Desejo é uma socialização. Heterossexualização é aprendida, é programação. Sair da escravidão de casta só é possível rompendo com nossos genocidas, os machos. A tal “incapacidade” de hts sentirem desejo, afinidade, compromisso, amor, identificação com mulheres é misoginia e lesbofobia internalizada. Aprendemos a odiar nossos corpos e não vê-los como fontes de prazer, de união… reservar sua intimidade mais profunda aos homens …. possui implicações …. lesbiandade faz parte de um projeto que queira quer levar feminismo às últimas consequências, criar uma cultura real de resistência.

Lesbiandade é resistencia e não orientação… considerar que é heterossexualidade é simplesmente um gosto não é fazer análise radical do sistema da sexualidade.

Radfem é contra ’lesbianismo político"? Uma das bases da teoria radical é a concepção da sexualidade como aprendida e produzida, construída nas relações sociais, e como um dos alicerces da opressão da mulher, a sexualidade supremacista masculina organizada na pornorgrafia, prostituição, incesto, assédio de rua, BDSM e tantas outras práticas. O radfem é materialista. E não biologicista. Então a mesma analise do pornô, prostituiçao, bdsm, se aplica a heterossexualidade. A Jeffreys chama de sexualidade da desigualdade. Se deve a "nascermos em escravidão e só termos desigualdade para erotizar.

Radfem não prevê a biologizaçao da sexualidade. Esse discurso é perigoso. Desejo é social. Por quê prefere-se brancas e magras? Por quê prefere-se homens? Mesma coisa. Esses desejos são aprendidos. Assim como amor romântico.

O identitarismo invadiu o radfem. Falar em orientação inata é uma incoerência teórica. É liberal. É discurso LGBT.

Acredito que rola uma compreensão identitária das demandas lésbicas. Aí é necessário que as lésbicas façam-se a pergunta: que queremos, sermos “aceitas” e “incluídas” no feminismo, ou destruir a heterossexualidade? Ser lésbica é “orientação” (categoria LGBT) ou resistência política consciente e ativa?

Relacionar-se com homens não é escolha pessoal. O radfem fala da construção social do gênero, e daí portanto também da orientação sexual.
Com quem você se relaciona não é uma questão privada, é política. ‘Não pode questionar meu mundo privado, minhas escolhas’ que é liberalismo e capitalista, individualista.

Não estamos falando de com quem se faz sexo, e sim de priorizar mulheres, com ou sem sexo.

Bibliografia recomendada:

Sheila Jeffreys, Anticlimax, Heresia Lesbica
The Social Construction of Lesbianisn. Celia Kitinger e a companheira dela.
Catherinne Mackinnon tambem. Toward a feminist theory of State