8ª relatoria - 27/05/12

Aki discutimos um pouco da Revolução Russa, Revolução Ucraniana e Revolução Espanhola.

8ª Relatoria GEAC 27/05/12

Presentes: Lmouz, Crudo, Ena, Xgux, Lc e XmayX.

(pág.107)

- No início deste capítulo o autor fala diretamente sobre os embates entre anarquistas e bolcheviques na Revolução Russa de 1917. Resgatamos, por tanto, um pouco do processo anterior a este: a derrota da Rússia na guerra contra o Japão em 1900, que desestabiliza o Estado imperial russo e gera a revolução autogestionária de 1905, de onde nasce o partido legalista Menchevique e o partido clandestino majoritário, Bolchevique com seu Exército Vermelho. Nasce também os Conselhos de Trabalhadores, chamadas Soviets, que recolocou em discussão as teses dos bolcheviques (que não acreditavam na força e na capacidade de organização autônoma dos trabalhadores sem o auxílio de uma organização partidária de vanguarda) e dos mencheviques (que não acreditavam na possibilidade de luta política revolucionária devido ao atraso econômico da Rússia). Toda essa movimentação semeará a revolução de 1917 e com ela a derrubada do Czar.

Em 1917 os anarquistas se unem aos soviets na Assembléia Constituinte, encarando de perto os bolcheviques para negar a forma de ditadura provisória pregada por eles, além recusar também a proposta de “acordo de paz” com a Alemanha, realizada mais tarde pelos bolcheviques e reconhecida como Tratado de Brest-Litovski, rendendo assim, entre outras regiões, a Ucrânia, onde os soviets viviam em peso.

Na Ucrânia surge Nestor Makhno organizando a população e a milícia, sob bandeira negra, para combater os invasores, mais tarde lutar contra o líder nacionalista ucraniano Petliura e seu Exército Branco, e contra o Exército Vermelho, que após alianças feitas e desfeitas, acabam, em 1920, por tomar Gulai-Pole, o vilarejo central dos Makhnovistas, para prendê-los ou executá-los. Makhno conseguiu fugir e se exilar na França. Morreu amargurado como empregado da Ford em 1935.

- Do Brest-Litovski resultam 20 anos de massacre dos marinheiros anarquistas e demais populares independentes de Kronstrad, o que vem a fortalecer Lênin.

- Acordo entre Hitler e Stálin pausa a 2° guerra mundial e volta com maior ímpeto para esmagar xs anarquistas da região.

- Comentamos a metodologia dos bolcheviques usada até até hoje: ao criticar organizações marxistas/leninistas somos chamadxs de “contra revolucionárix”

- CNT (1936)

Analisamos o contexto da época em que o fascismo se espalha na Europa. Após um processo “socialista” naufragado e gerador de pobreza, B. Mussolini começa a organizar xs camponeses, com ajuda de anarquistas ingênuos até estar a ponto de invadir a Àfrica e aí sim perceber a jogada fascista de fortalecer o “povo” italiano através do declínio político/social africano.

Fizemos uma analogia do fascismo ao ideal nazi alemão á corrente da “terceira via” do ideal social-democrata desenvolvida no Brasil, desde Getúlio Vargas até, atualmente, pelo Partido dos Trabalhadores.

Na Espanha há um processo antes da Revolução, na qual a população observou as revoluções russas e assim absorveram muito o anarquismo.

Falamos um pouco sobre a Coluna Durruti e a sustentação de Moscou quanto a separação entre trotskistas e anarquistas na Catalunha.

INDICATIVO: novo grupo de estudos sobre as Revoluções russas.

 

Fikei na dúvida sobre o que foi apontado em nosso estudo sobre os anarkistas italianos, da época de Mussolini, serem chamados de “fachos”. Pesquisei um pouco sobre essa denominação e não encontrei nenhuma relação aos anarquistas. Axei apenas esse site, minimamente interessante explicando a origem da palavra Facho:

santosdacasa.weblog.com.pt/arquivo/2005/01/fascio_e_facho.html

Encontrei também um texto polêmico, “Mussolini- O Anarquista” postado pelo Grupo de Estudos Humannus no CMI:

www.midiaindependente.org/pt/blue/2011/...

Valeu!

 
   

Bacana ter levantado esse ponto, pois há algumasconsiderações a serem feitas.
Sobre o texto polêmico, acho que seria responsável procurar a origem de GE humannus. Trata-se de uma organização neo-nazista, por isso o texto é bizarro.

As considerações que tenho a colocar seguem a partir de agora:

SOBRE A DERROTA SOFRIDA PELO PROLETARIADO ITALIANO (1914-1918):

Maurício Tratengberg, em seu livro ‘Reflexões sobre o socialismo’ diz que “A cidade de Turim era a mais industrializada da Itália e estava domindada pelos comitês de fábricas. Porém o aparelho de Estado estava intacto, e a contra-revolução se deu através da Marcha sobre Roma, que mobilizou não mais que 200 militares (carabinieri) e fascistas civis, apoaiada na qual Mossolini ascendeu ao poder e estabeleceu uma ditadura que durou mais de 20 anos.”

Segundo JB em seu artigo ‘As raízes ideológicas do Brasil Potência: 1) a política da «nação proletária» (http://passapalavra.info/?p=38251)’ nos explica que:

“Muitos sindicalistas revolucionários, incluindo algumas das personalidades mais significativas do movimento, como Arturo Labriola e Angelo Oliviero Olivetti, apoiaram activamente a agressão, vendo na expansão para o Norte de África uma forma de absorver a emigração, tal como proclamavam Corradini e os seus nacionalistas. Nesta ocasião, porém, a ala belicista do movimento teve de enfrentar a oposição de correligionários mais numerosos e não menos relevantes, em especial aqueles que, através das Câmaras do Trabalho, mantinham contacto directo com o proletariado. Afirmando que a conquista da Líbia não reflectia os interesses da nação, mas apenas a ganância de um grupo de capitalistas, os sindicalistas revolucionários hostis às aventuras coloniais participaram ao lado do Partido Socialista na greve geral de Setembro de 1911, convocada em protesto contra a expedição africana. Todavia, não se deve exagerar a importância do desacordo, porque em Novembro de 1912 as duas tendências realizaram um congresso unificado, onde decidiram abandonar a CGL, e com a colaboração de outras correntes próximas, incluindo anarquistas, criaram uma central sindical, a Unione Sindacale Italiana (USI, União Sindical Italiana). A audiência de que beneficiavam continuava a ser considerável, pois a nova organização podia apresentar mais de cem mil membros, perante os trezentos mil dos sindicatos socialistas 8. Mas as fricções no interior deste movimento não deviam ser pequenas, já que a USI mantinha uma posição claramente antimilitarista, e as contradições tornaram-se insanáveis em 1914, quando os partidários da intervenção na guerra mundial acenaram com a possibilidade de satisfazer os sonhos do irredentismo a expensas do Império Austro-Húngaro. Enquanto a maioria da USI, sob orientação anarquista, defendeu que o país permanecesse neutral no conflito, os dirigentes sindicalistas revolucionários adoptaram unanimemente a posição contrária, figurando todos eles na primeira fila dos entusiastas da entrada da Itália na guerra. A cisão era inevitável.”

E mais, que:

“O fascismo nasceu invocando argumentos de emancipação nacional que uma grande parte da esquerda aceitava e — o que é mais grave — continua hoje a aceitar. E assim a audaciosa operação política proposta por Enrico Corradini teve êxito. O nacionalismo foi renovado e revigorado graças à energia proletária dos sindicalistas revolucionários, que, juntamente com os futuristas — uma corrente estética e política que, por sua vez, operara uma convergência entre o nacionalismo e um certo anarquismo — e com os arditi — os ousados, tropas de elite, uma espécie de comandos — constituíram os três elementos formadores do movimento de Mussolini. Mas se Mussolini levou para o fascismo as massas de militantes, foi Corradini a provê-lo da formulação teórica básica e da principal orientação estratégica, até que por fim os nacionalistas se integraram no Partido Nacional Fascista (PNF), em Março de 1923. A partir do momento em que não bastavam já a ferocidade e os maus modos dos squadristi e era propriamente necessário governar, acabaram por ser os antigos nacionalistas, apesar de minoritários, quem, com a sua competência e o seu rigor doutrinário, dominou por dentro a direcção do PNF. «Mussolini não foi o inventor do aspecto imperialista do fascismo; herdou-o de Corradini», notou Jacques Ploncard d’Assac, um fascista francês que durante muitos anos foi português de adopção. «Mussolini não inovou nada; realizou» 12. Nesta perspectiva, pode dizer-se que Mussolini teve a capacidade táctica de concluir na prática a estratégia política paradoxal concebida e inaugurada por Corradini em torno do conceito de «nação proletária».”

Bem, era mais ou menos isso…