Notas - Vídeo do Curso de Treinamento CNV

anotações sobre o vídeo

CNV Training Course, por Marshall Rosenberg

www.youtube.com/watch?v=O4tUVqsjQ2I

É um áudio de 9h no qual Marshall fala sobre diversos aspectos dos seus estudos sobre Comunicação Não-Violenta.

Compartilho minhas anotações e interpretações até onde cheguei, mais ou menos pela 3ª hora. Colocarei o resto quando terminar

Espero que ajude e/ou inspire a estudar CNV também.

Notas

A CNV é um conjunto de valores, uma ética, que visa torná-los realidade ou vivos através de exercícios práticos, de posturas cotidianas.

Perguntas-chave:

O que faz com que as pessoas gostem de ver/fazer os outros sofrerem??
O que faz com que elas gostem de vê-las bem?
Quais habilidades precisamos para viver compassivamente?

“Nosso aprendizado comum são formas de viver no mundo que está aí, nessas estruturas hierárquicas, nessas relações de poder (no jeito que elas se dão).”

Como mudamos isso? Como especificamente?
valor → realidade

A CNV é uma intenção em viver bem e ajudar compassivamente os outros a viver bem. É dar voluntariamente e não por medo, vergonha, cupla ou para comprar amor.

Linguagem dominante:
- é estática, utiliza o ver ser: normal/anormal, certo/errado, etc.
- usa como mecanismo fundamental a punição e a recompensa.

“A punição nunca funciona.” Então, o que é preciso procurar é:
- O que você gostaria que a outra pessoa fizesse?
- Quais as razões que você gostaria que motivasse a outra pessoa?

Sentimentos-alertas

São sentimentos-chave que nos avisam de que algo importante está acontecendo conosco.
- raiva: torna a violência agradável. Nosso foco de depreciação está na outra pessoa.
- depressão, culpa, vergonha: nosso foco de depreciação está em nós.

Aquilo que pensamos é o que nos torna raivosos. Outros sentimentos aparecem quando nosso foco está em nossas necessidades.

Exercício:
- Ter um caderno para anotar toda vez que sinto raiva: qual foi o estímulo?

Exercício: Reconhecendo os próprios erros sem perder auto-respeito:
- Identifique um erro
- O que você diz a si mesma quando você foi menos que perfeita?
(isso mostrará um pensamento/uma avaliação de si que prevê sofrimento por ter errado)
(o que os adultos dizem quando uma criança faz algo que os adultos não gostam?)
(Ambas situações podem gerar depressão, culpa ou vergonha, com uma reação corporal correspondente.)
- Busque a necessidade que está por trás do sentimento.
- Lamente
(a diferença entre lamentar e reclamar: no primeiro, o foco está na necessidade, no segundo o foco está no julgamento de si.)
- Auto-perdão: que necessidade você queria satisfazer quando se comportou da maneira que você chamou de erro?

“Quando empatizamos não há necessidade de perdão”

Ter as necessidades atendidas: celebração.
Não ter as necessidade atendidas: lamentação.

“Somos responsáveis pelos nossos sentimentos”.

Ao reconhecer nossa responsabilidade pelo que fazemos, a melhor motivação para fazer algo é por boa vontade, fazer voluntariamente, e não por culpa, vergonha ou medo.

Exercício:
- Anotar algo que se tenha medo de dizer
- “Por que você tem medo?”
(Mostrar como ter medo, prever o que a outra pessoa vai dizer, faz com que entreguemos nosso poder ao outro. Nossa necessidade está em nos defender do que a outra pessoa possa responder: o que eu pensarei quando ela responder? a) tomar a resposta pessoalmente e ficar envergonhado, b) julgá-la e ficar com raiva, c) empatizar e aprender com ela algo que é valioso para nós.)

“Nossa segurança está na forma como respondemos.”

Linguagem comum:

1) Existe certo e errado
2) Pessoas com maior título sabem o que é certo ou errado
3) Tentar culpar ou envergonhar as pessoas para obrigá-las a fazer o que você quer
4) É vergonhoso estar “errado”.

O que nos faz gostar de violência?
Justiça retributiva: bom/mau, certo/errado, apropriado/inapropriado.
Nesse modelo, o certo é recompensado e o errado é punido.

Observar sem avaliar

Avaliamos a observação tendo como referência nossos sentimentos e necessidades.

A CNV é baseada na consciência/atenção sobre as manifestações (sentimentos) do que está acontecendo com nossas necessidades.

Exercício:
- Escrever as palavras que você costuma usar para reclamar ou criticar os outros
- Faça uma observação do que alguém fez que te estimulou a usar estas palavras
(Com isso, tenta-se mostrar que toda reclamação é a expressão trágica de uma necessidade não atendida.)

Manfred Max Neef: livro Economia das necessidades
Identificou Nove Necessidades:
- sustento (comida, ar, água, abrigo, etc)
- segurança, proteção
- amor
- empatia
- descanso, recreação, brincadeira
- comunidade
- criatividade
- autonomia
- sentido/propósito (necessidade de contribuir com a vida)

Temos muito mais chance de termos nossas necessidades atendidas quando falamos de nossas necessidades, ao invés de falar mal do outro, ou sobre o que tem de errado no outro.

Pedido:

O que queremos? Pedir em forma de uma ação realizável

pedido ≠ desejo ≠ exigência ≠ pedido

Pergunta:
Como pedir de forma que a pessoa confie que seja um pedido e não uma exigência?

Primeiro: Como dizer não?
- O pedido do outro é um presente: receber empaticamente
- O não é uma forma fraca de uma necessidade não atendida. Ao dizer “não”, informamos o que nos impede de dizer sim
- Terminar com um pedido

Como dizer que a outra pessoa está usando mais palavras do que gostaríamos de escutar?
Parar a pessoa assim que soubermos que foram palavras demais, lhe contar nossa necessidade e lhe pedir algo específico.
Pessoas que falam demais geralmente não sabem o que querem em troca da conversa. Quando se sabe o que se quer de uma audiência, usa-se menos palavras para obter o resultado.

Atenção: não confundir necessidades com as estratégias que usamos para atender nossas necessidades.

Necessidades são universais e não possuem referência a pessoas específicas realizando ações específicas.

Buda: nunca fique viciado no seu pedido.

“Em CNV o objetivo nunca é conseguirmos o que queremos, mas criar uma qualidade de conexão com as pessoas que resulta em que todo mundo satisfaça suas necessidades.

Empatia (seção 4)

É entrar em contato com uma energia vital que vem de outra pessoa. Em outras palavra, é perceber o que a outra pessoas está sentindo e necessitando.
Geralmente as pessoas não sabem dizer o que está vivo nelas, e ao invés disso elas costumam dizer o que está errado com você.

O que acontece quando empatizo: não importa o que a pessoa diga, eu consigo ver a beleza que está nela.

Componentes da empatia:
- presença: para esta pessoa, neste momento. É o mais difícil: requer que não tragamos nada do passado para o presente, requer ver o momento presente como um recém-nascido que nunca esteve ali e não será o mesmo depois.
Não confundir:
- entendimento intelectual com empatia. Por mais precisos que sejam nossos entendimentos, isso não quer dizer que estejamos ligados a essa pessoa única nesse momento único.
- Simpatia: quando damos uma resposta simpática estamos falando de nós mesmas. Isso nos distrai do que está vivo na outra pessoa.
- dar conselhos com empatizar
- Dizer “eu entendo”, “sei como é”, “tô ligada como é isso aí que tais passando”: geralmente quem diz isso não entende o que está vivo na pessoa, mas entende (e concorda com) a compreensão intelectual do que está acontecendo. Em CNV nós não dizemos, nós demonstramos compreensão.
- Empatia não é corrigir a outra pessoa

Como demonstrar:
1) estar presente
2) estar no presente
3) conectar-se com seus sentimentos e necessidades
(é difícil porque as pessoas gostam de contar a sua história e não o que está acontecendo com ela naquele preciso momento. A história do que aconteceu desvia completamente nossa atenção. Ou então as pessoas falam sobre o que elas pensam das coisas.)
(É importante nunca ouvir o que a pessoa está falando sobre nós, mas escutar o que está por trás dos julgamentos e críticas)
3.1) Como a pessoa não nos dirá os seus sentimentos, teremos que adivinhar, e muitas vezes estaremos errados. Isso não é um teste em que temos que estar certos, não se trata de nós, mas do que está acontecendo com a pessoa.
3.2) Perguntamos em voz alta se a pessoa está se sentindo de tal ou qual maneira não apenas para sabermos para nós o que está acontecendo, mas para mostrar à outra pessoa que estamos com ela, para ela se sentir mais segura.

“Em CNV, nós nunca tentamos ser perfeitos. Tentamos, progressivamente, ser menos estúpidos.”

Um dos efeitos de uma conexão empática, além do bem estar, é a diminuição da tensão, e isso é bem visível.

Tanto quando recebemos críticas, quanto quando recebemos um “não” temos que ouvir através de mensagem. Outra situação difícil é o silêncio. Outra ainda é quando a pessoa começa dizendo “eu acho/penso que” seguido de um monte de palavras e nós não queremos ficar ouvindo tanto.

Exercício:
- Fazer uma lista das mensagens que as outras pessoas podem dizer pra mim que me deixam com medo de me abrir.
(minha segurança depende da resposta das outras pessoas. Por isso eu não falo várias coisas que gostaria de falar se tivesse essa segurança.)
(Tenho que me preocupar com a forma com que eu responde ao que dizem a mim)
- Tente empatizar com essas mensagens: o que estimula a pessoa a dizer tal coisa pra mim, oq ue eu disse ou fiz que estimulou essa reposta que eu tenho medo de receber. O que a pessoa está sentindo e precisando quando ela diz tal coisa.
(Isso traz a segurança de volta para as minhas mãos; minha reação é o que me garante.)

Relações íntimas (Seção 5)

“Você me ama?” Se o amor é um sentimento, então ele muda o tempo todo. Em CNV se usa amor como uma necessidade. Como contribuir para que essa necessidade seja satisfeita na gente e nas outras pessoas. Como fazer/alcançar isso?
1) Expressar essa necessidade (que parece um ato difícil e amedrontador; por isso a gente não expressa muito como necessidade). Ao invés de expressar essa necessidade como uma dádiva à outra pessoa, nossa cultura nos ensinou a ver necessidades como algo egoísta e mesquinho. Se a necessidade for expessada com essa energia, comumente será ouvida como algo negativo. (Pergunta: como fazer um pedido sem ficar se desculpando, dizendo que não é importante, que você não quer incomodar, num falatório sem fim? Parece que as pessoas querem convencer pelo cansaço!)
Quando temos essa consciência de que nossa necessidade é um presente à outra pessoa, e expressando essa necessidade com uma energia para que ela receba esse presente, fica muito mais fácil da outra responder com a alegria da doação (lembrete: não existe garantia!). Da mesma forma, estar atenta para receber uma necessidade como uma dádiva!

2) Seguir a expressão da necessidade por um pedido claro

(Se recebemos a necessidade da outra pessoa como uma obrigação então ela ficará nos devendo e isso gera uma economia perversa da dívida. Trocamos a alegre energia de dar pela energia da expectativa da retribuição, do dever, e todo mundo acaba sofrendo por isso depois.)

Ficar triste ou alegre com o que alguém diz depende de como nós recebemos o que a pessoa disse.

As mulheres aprendem culturalmente que não possuem necessidades, e assim para mostrar que amam alguém elas suprimem suas próprias necessidades em favor das necessidades alheias.
Homens, por outro lado, têm uma grande dificuldade de expressar seus sentimentos.

Numa relação íntima, é importante saber como dizer “não”. Se, em um contexto específico, nós não queremos atender a um pedido com a alegria da doação, então temos que saber dizer não.
1) Empatizar com a outra pessoa, ouvir sua necessidade
2) Dizer o que nos impede, naquele contexto específico, de atender ao pedido
3) Fazer um pedido que tente atender a todas as necessidades

Se vamos falar de nossas necessidades pra alguém, temos que estar preparadas para que a outra pessoa interprete nosso pedido como uma exigência, como um pressão. Se isso acontecer, ela pode responder com:
- um não
- uma crítica ou julgamento sobre o que há de errado conosco
(Se a gente não empatiza com o que foi dito, se a gente leva pessoalmente, então damos à pessoa um tipo de poder que não é bom para nenhum de nós.)

É preciso empatizar com essa resposta para em seguida tentar ensinar a pessoa a ouvir meu pedido como uma dádiva e não como uma ordem. Perguntar à pessoa como eu poderia expressar meu pedido de forma que ela ouvisse um pedido e não uma exigência, que ela pudesse em seguida fazer algo pela alegria de fazê-lo. “Eu não gostaria que você nem recusasse terminantemente nem que se sacrificasse.”)

Outra dificuldade num relacionamento: quando a pessoa pula a parte da necessidade e vai direto para o pedido (estratégia)

 

Ótima sintetização, CNV é uma metodologia muito útil <3
Vendo o vídeo

 
 

Ei ByAnon, já que tais ouvindo o curso tb, que tal colocar tuas notas aí junto?
Tá aberto :)

 
 

Gente o áudio não está mais online!!! Alguém teria para me passar? :)

Ou sabe se esta publicado em algum outro lugar?

 
 

Tenho no pc, mas é impossível para mim subir na rede…

 
   

Subi os áudios aqui na página, foz.