Que es una Cultura de seguridad?¶
Una Cultura de Seguridad es un conjunto de costumbres compartidos por una comunidad que puede tener integrantes visad#s por el gobierno, y planeados para diminuír riesgos.
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Tener una cultura de seguridad activa previne a tod#s del problema de tener que crear medidas de seguridad desde el cero, y puede ayudar a esquivarse de la paranoia y del panico en situaciones de estrese – y, claro, también puede mantenerte fuera de la prisión. La diferencia entre protocolo y cultura es que la cultura se vuelve inconsciente, instintiva y, luego, sin esfuerzo: cuando el comportamiento más seguro posible se vuelve habitual en todos los círculos por los cuales transitas, podés gastar menos tiempo y energía acentuando la necesidad del mismo, o sufriendo por las consecuencias de no tenerlo, o preocupandose con cuanto puedas estar ya vos en peligro, ya que sabés que estás haciendo todo lo que podés hacer para ser cuidados#.
Si tenés el habito de no entregar algo delicado sobre un# mism#, podrás colaborar con gente desconocida sin tener que agonizar sobre si son o no infiltradas; si tod#s saben lo que se debe o no hablar al telefono, sus enemigos pueden rastrear las líneas cuanto quieran y no van agarrar nada.
*El princípio central de toda cultura de seguridad es que las personas nunca deben ser cómplices de información sigilosa de que no necesiten saber.
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Cuanto más gente sabe de algo que pueda poner personas o proyectos en riesgo – sea una identidad de una persona que cometió un acto ilegal, o el lugar de una reunión secreta, o el plan de una actividad futura – más posibilidades habrá de que informaciones caigan en manos erradas. Compartir ese tipo de información con quienes no necesitan prejudica sea a ellas sea a quienes son puest#s en riesgo: los pone en la situación desconfortable de que sean capaces de molestar la vida de oras personas con un único paso en falso.
Caso sean interrogadas, por ejemplo, tendrán algo que esconder, al invés de poder alegar sinceramente que no saben de nada.
No pregunte, no diga
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No pida a otras personas que compartan la información confidencial que no necesitas saber.
No se vanaglorie de cosas ilegales que vos o otras personas hicieron, no mencione cosas que van ocurrir o pueden ocurrir, ni se refiera a los intereses de otra persona en paricipar de esas actividades. Tomes cuidado siempre en hablar para no comprometer alguna cosa o persona por no haber pensado antes.
Podés decir no a cualquier hora, para cualquier persona, sobre cualquier cosa
No conteste a cualquier pregunta que no quieras responder – no solamente para la policia, pero también a otr#s activistas y mismo amig#s íntim#s: si existe algo que no te sentís segur# para compartir, no comparta. Eso también significa no extrañar cuando otras personas no respondan a preguntas; caso haya alguna conversación que quieran mantener entre ellas, no lo tome como algo personal: es bueno para todas personas que sean libres para hacerlo. De la misma manera, no participe de cualquier proyecto en lo cual no te sintas bien, ni colabore con quien te sentís poco cómoda, ni ignore su coraje en cualquier situación; si algo pasa mal y no querés meterte en problemas, no tendrás de que arrependirse. Sos responsable por no dejar nadie hablar en asumir riesgos que todavia no estás list# para encarar.
No tires a tus amig#s para arriba de sus inimigos
Si sos capturada, nunca, jamás entregue cualquier información que pueda poner en peligro a alguién más. Algun#s recomiendan que un juramiento explícito sea realizado por tod#s partícipes en un grupo de acción directa: de este modo, en la peor de las hipotesis, cuando la presión puede volver difícil la distinción entre dar algunos detalles inofensivos y entregar todo, todas las personas sabrán exactamente quales compromisos asumirán unas con las otras.
No facilite que sus enemigos descubran que es lo que planeas hacer
No sea muy previsible en los métodos que utilizas, o en los objetivos que elegís, o en los momentos y lugares donde te juntás para discutir cosas. No quede muy visible en medio a la lucha en qe realizas sus más serias acciones directas de caracter público: saque su nombre de listas de mails y lo mantenga fuera de los medios, y quizá esté bien evitar asociación con organizaciones de visibilidad pública y campañas de cualquier tipo. Si estás envolvid#, con otr#s compañer#s, en actividades clandestinas verdaderamente serias, considere limitar sus interacciones en público, si no evitárlas completamente: investigaciones pueden facilmente obtener acceso a los numeros discados en su telefono, y usarán esa lista para estabelecer conexiones entre invidu#s; el mismo vale para su mail, los libros que agarras en bibliotecas, y especialmente websites y redes sociales como facebook, orkut, msn y myspace. No deje huellas: el uso de la tarjeta de compras y llamadas a celulares deja memoria de tus movimientos y contactos. Tenga una historia de fachada apoyada en hechos verificables caso necesites de una. Cuidado con lo que su basura puede revellar sobre vos: no somos l#s únicos que reciclan y reviran basuras.
Mantenga con vos cada documento escrito o copia incriminaoria – guarde todo en un mismo lugar, asi evitas perder todo accidentalmente – y los destruya luego que no los necesites más.
Cuanto menos existas, mejor: acostumbre a utilizar su memoria. Asegurate de que no existe ningun fantasma de vos en lo que escribiste en impresiones en la superficie donde escribiste algo, sea en mesas de madera o en blocos de papel.
Acordáte de que el uso de computadoras deja huellas también…
No salga hablando de ideas de acción directa en público si podés intentar realizarlas algun dia
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Espere para propor uma idéia até que você possa juntar um grupo de
indivíduos que você acredite que estará interessado em tentá-la; com
exceção da comparsa íntima com quem você tem conversas profundas e
esmiúça detalhes antecipadamente, com segurança, fora de sua casa e
longe de companhia mista, é claro. Não proponha sua ideia até que você
ache que é a hora certa pra tentá-la. Convide apenas aquelas que você
acha mesmo que vão querer participar – todas que você convidar e
que acabarem não participando são um risco de segurança desnecessário, e isso
pode ser um problema pior se elas virem a atividade
proposta como uma piada, ou como moralmente errada. Só convide pessoas
que mantenham segredos – isto é muito importante, quer decidam
participar ou não.
DESENVOLVA UM SISTEMA SECRETO DE SINAIS E ABREVIATURAS PARA COMUNICAR
COM SUAS COMPARSAS EM PÚBLICO.
É importante trabalhar um jeito de se comunicar sorrateiramente com seus
amigos de confiança sobre temas de segurança e níveis de conforto em
situações públicas, bem como num encontro chamado para discutir
possíveis ações diretas. Saber como avaliar os sentimentos umas das
outras, sem que percebam que você está passando mensagens de lá pra
cá, pode lhe poupar a dor de cabeça de tentar adivinhar os pensamentos
de cada qual a respeito de uma situação ou indivíduo, e te ajuda a
evitar atos estranhos quando você não puder, no meio das coisas,
chamar seu amigo de canto para comparar impressões. Quando convocar um
grupo maior para propor um plano de ação, você e seus amigos devem ter
claras quais são as intenções de cada um, sua disposição para correr
riscos, seus níveis de comprometimento e opiniões, isso para
economizar tempo e evitar ambiguidades desnecessárias. Se você nunca
participou de um círculo de planejamento de ações diretas, ficará
surpresa com o modo como as coisas podem se tornar complicadas e
conturbadas, mesmo quando todas chegam preparadas.
DESENVOLVA MÉTODOS PARA ESTABELECER O NÍVEL DE SEGURANÇA DE UM GRUPO
OU SITUAÇÃO.
Um procedimento rápido a que se pode recorrer ao iniciar uma reunião
maior na qual nem todos os presentes são conhecdios é o jogo do "boto
fé": assim que cada pessoa se apresentar, todos os que podem confirmá
-la erguem suas mãos. Confirme apenas aquelas que seguramente são
conhecidas e merecedoras da sua confiança. O esperado é que cada uma
esteja conectada às outras por alguns vínculos no grupo; de qualquer
forma, pelo menos todos deveriam saber a quantas andam as coisas. A
ativista que entende a importância de uma boa cultura de segurança não
se sentirá insultada em tal situação, caso não haja alguém presente
que possa botar fé nela e os outros a convidarem a deixar o local.
O LOCAL DE ENCONTRO É UM FATOR IMPORTANTE NA SEGURANÇA.
Você não quer um lugar que possa ser monitorado (residências
privadas), você não quer um lugar onde vocês possam ser observadas
todas juntas (o estacionamento perto do local da ação do dia
seguinte), você não quer um lugar no qual vocês possam ser vistas
entrando e saindo, ou em que alguém possa entrar inesperadamente – ponha
observadoras, tranque a porta antes de começar, preste atenção a algo
suspeito.
Pequenos grupos podem caminhar e conversar; grandes grupos podem se
reunir em ambientes externos tranquilos – fazer caminhadas ou acampar,
se houver tempo – ou em salas privadas em prédios públicos, tais como
salas de estudo em bibliotecas ou salas de aula vazias. Cenário ideal:
embora ele não tenha idéia de que você está envolvida em uma ação direta,
você é chegada do cara que tem um bar do outro lado da cidade, e ele
não se importa de deixar você usar o espaço dos fundos por uma noite
pra fazer uma festinha, sem perguntar nada.
FIQUE LIGADA NA CONFIABILIDADE DE QUEM ESTÁ EM TORNO DE VOCÊ,
ESPECIALMENTE PESSOAS COM QUEM VOCÊ PODE COLABORAR EM ATIVIDADES
CLANDESTINAS.
Esteja ciente de há quanto tempo você conhece as pessoas, do quanto é
possível traçar seu envolvimento em sua comunidade e suas vidas fora
dela, e como foi a experiência de outras pessoas com elas.
As amizades com as quais você cresceu, se você ainda tem alguma em sua
vida, podem ser as melhores comparsas pra ação direta, já que você está
familiarizada com suas forças e fraquezas e os jeitos como elas lidam
com a pressão – e você sabe de fato se elas são quem dizem que são.
Assegure-se de confiar sua segurança e a de seus projetos apenas a
pessoas sensatas que compartilham as mesmas prioridades e engajamento,
e não têm nada a provar. No longo prazo, esforce-se para construir uma
comunidade de pessoas com amizades duradouras, experiência em atuação
conjunta e laços com outras comunidades.
NÃO PERCA TEMPO SE PREOCUPANDO SE AS PESSOAS SÃO INFILTRADAS OU
NÃO; SE SUAS MEDIDAS DE SEGURANÇA FOREM EFETIVAS, ISSO NÃO VAI
IMPORTAR.
Não gaste sua energia e nem fique paranoica e anti-social suspeitando
de todo mundo que você encontra. Se mantiver todas as suas informações
sigilosas entre as pessoas envolvidas, só colaborar com amigas
confiáveis e experientes cuja história é possível veríficar, e nunca
ceder nada sobre sua atividade privada, agentes policias e informantes
não terão conseguirão reunir provas para usar contra você.
A CULTURA DE SEGURANÇA É UM TIPO DE ETIQUETA, UM MODO DE EVITAR
DESENTENDIMENTOS DESNECESSÁRIOS OU CONFLITOS POTENCIALMENTE
DESASTROSOS.
Essas preocupações não devem ser uma desculpa pra fazer outras pessoas
se sentirem excluídas ou inferiores – embora possa ser delicado evitar
isto! – assim como ninguém deve sentir que tem o “direito” de estar em
algo que outras pessoas preferem manter reservado. Aqueles que violam a
cultura de segurança de suas comunidades não devem ser repreendidos da
primeira vez – não é questão de ser uma ativista foda o suficiente pra
participar da panelinha, mas de estabelecer expectativas coletivas e
ajudar as pessoas a entenderem sua importância, com gentileza: além
disso, as pessoas tendem a aceitar críticas construtivas quando não
estão na defensiva. No entanto, estas pessoas devem sempre saber
imediatamente de que forma elas estão colocando outras em risco e
quais consequências podem ocorrer se elas continuarem. Aquelas que não
puderem atender a isso podem ser tática e efetivamente excluídas de
todas as situações que mereçam cuidado.
A CULTURA DE SEGURANÇA NÃO É PARANOIA INSTITUCIONALIZADA, MAS UM MODO
DE EVITAR A PARANOIA DOENTIA DIMINUINDO RISCOS ANTECIPADAMENTE.
É contraproducente gastar mais energia com a preocupação de estar
sob vigilância do que com medidas de diminuição do perigo, assim como é
ruim ficar constantemente ressabiada e duvidando da autenticidade de
suas potenciais comparsas. Uma boa cultura de segurança deve fazer com
que todos se sintam mais – e não menos – relaxados e confiantes. Ao mesmo
tempo, é igualmente improdutivo acusar aquelas que aderem a medidas de
segurança mais rigorosas do que você de serem paranoicas – lembre-se,
nossos inimigos estão aí pra nos pegar.
Uma boa cultura de segurança deve tornar praticamente irrelevante
saber se esses vermes estão ativos em sua comunidade ou não. O
importante não é se a pessoa é ou não envolvida com a polícia, mas se
ela constitui ou não um risco de segurança; se ela é considerada insegura
(duplo sentido intencional), nunca se deve permitir que acabe em uma
situação em que a segurança de alguém dependa dela.
APRENDA E ACATE AS EXPECTATIVAS DE SEGURANÇA DE CADA PESSOA COM A QUAL
VOCÊ INTERAGIR, E RESPEITE AS DIFERENÇAS DE ESTILO.
Para colaborar com os outros, você tem que se certificar de que se
sintam em casa contigo; mesmo que não esteja colaborando, não é bom
deixá-los desconfortáveis ou ignorar um perigo que eles compreendem
melhor que você. Quando se trata de planejar ação direta, não acatar a
cultura de segurança adotada numa dada comunidade pode destruir não só
as suas chances de cooperar com outros em um projeto, mas a
possibilidade de o próprio projeto acontecer – por exemplo, se você
mencionar, num contexto considerado inseguro, uma ideia que outras pessoas
planejaram tentar, elas podem ser forçadas a abandonar o plano, uma
vez que agora elas podem ser associadas a ele. Peça às pessoas para
destacarem suas necessidades específicas de segurança antes mesmo de
abordar o tema da ação direta.
PERMITA QUE AS OUTRAS PESSOAS SAIBAM EXATAMENTE QUAIS SÃO AS SUAS
NECESSIDADES NO QUE TOCA À SEGURANÇA.
O fundamento de acatar as expectativas das outras é que você deve
facilitar que acatem as suas. No início de qualquer relação na qual
sua “vida política” privada possa se tornar um problema, enfatize que
existem detalhes das suas atividades que você precisa manter consigo.
Isso pode evitar um monte de situações dramáticas que já são bastante
estressantes; a última coisa de que você precisa após retornar de uma
missão secreta é terminar numa briga com a pessoa que ama: "Mas se
você confia em mim, deveria me falar sobre isso! Como vou saber que
não está por aí transando com …?!" Não é uma questão de confiança -
informação sigilosa não é uma recompensa para ser merecida ou não.
OLHE PARA AS OUTRAS PESSOAS.
Deixe claro às pessoas à sua volta quais riscos você pode trazer para
elas com sua presença ou com ações que você tenha planjeado – o máximo
que conseguir sem violar outros preceitos da cultura de segurança. À
medida que for capaz, deixe que saibam os riscos que você corre: por
exemplo, se você pode ser presa (se existirem mandados pendentes pra
você, se você for um imigrante sem documentos, etc.), quais
responsabilidades você tem que manter, ou mesmo se você tem alguma
alergia. Não ponha os outros em risco com suas decisões, ainda mais se
não for capaz de dar apoio concreto caso aconteça de serem presos ou
acusados por causa de seu comportamento.
Por exemplo, se alguém picha uma publicidade num local próximo a um
fogo que você puser, a pessoa pode ser acusada de incêndio; e mesmo que
a acusação não possa ser feita, seria uma merda bloquear acidentalmente a
rota de fuga que foi planejada. Em uma manifestação, se você ajudar a
iniciar um bloco que sai da zona autorizada, assegure-se de tentar
manter o seu corpo entre a polícia e as outras pessoas que vêm junto mas não
necessariamente compreendem os riscos envolvidos; caso intensifique a ação
com destruição de propriedade, certifique-se de que pessoas despreparadas
não fiquem no meio da confusão quando a polícia aparecer. Sejam quais
forem os projetos de risco com que você se comprometer, assegure-se de que
você está preparada para agir com inteligência, de forma a que ninguém mais
tenha que correr riscos inesperados para socorrê-la quando você
cometer erros.
NÃO DEIXE QUE SUSPEITAS SEJAM USADAS CONTRA VOCÊ.
Se seus inimigos não podem aprender seus segredos, vão resolver voltar
vocês uns contra os outros. Agentes à paisana podem espalhar boatos e
acusações para criar discórdia, desconfiança e ressentimento entre grupos
ou dentro de um coletivo. Podem falsificar cartas ou tomar medidas
semelhantes. A mídia pode participar disso noticiando que existe um
informante em um grupo quando não há, ou desvirtuando as políticas ou a
história de um indivíduo ou grupo a fim de afastar potenciais aliados,
ou enfatizar cada vez mais que existe um conflito entre duas vertentes
de um movimento até que realmente elas desconfiem uma da oura. De novo,
uma cultura de segurança adequada que fomente um nível
convenientemente alto de confiança e confidência deve tornar esse tipo
de provocação quase sem efeito no nível pessoal; quando se trata de
relações entre proponentes de táticas e organizações diferentes,
lembre-se da importância da solidariedade e da diversidade, e confie que os
outros também estão fazendo isso mesmo que a mídia sugira o contrário. Não
aceite rumores ou notícias como fatos: vá sempre à fonte para confirmá-las
e seja diplomática.
NÃO SEJA INTIMIDADA POR BLEFES.
Atenção da polícia ou de vigilância não é necessariamente uma
indicação de que eles sabem algo específico sobre seus planos ou
atividades: muitas vezes, indica que não sabem e que estão tentando
assustá-la pra não dar continuidade a eles. Desenvolva um instinto com
o qual possa sentir quando foi descoberta ou quando seus inimigos
estão tentando induzi-la a fazer o trabalho deles.
ESTEJA SEMPRE PREPARADA PARA A POSSIBILIDADE DE ESTAR SENDO OBSERVADA,
MAS NÃO CONFUNDA ATRAIR VIGILÂNCIA COM ESTAR SENDO EFICIENTE.
Mesmo se tudo o que você está fazendo estiver nos limites da lei,
você ainda pode ser motivo de atenção e perseguição de investigadores se
eles sentirem que você representa uma inconveniência para os chefes
deles. Pensando bem, isso pode ser benéfico: quanto mais eles tiverem que
monitorar, quanto mais dispersarem energias, mais difícil será identificarem
e neutralizarem subversivos. Entretanto, não caia na excitação de
estar sob vigilância e nem comece a pensar que, quanto mais as autoridades
prestam atenção em você, mais perigosa você está sendo para eles – eles não
são tão espertos. Eles tendem a ficar preocupados com as organizações
de resistência cujas abordagens se assemelham à sua própria; tire
vantagem disto. As melhores táticas são as que alcançam pessoas, marcam
pontos e exercem influência sem que os radares consigam captar
esses poderes, pelo menos não até que seja tarde demais… O ideal é que
suas atividades sejam bem conhecidas por todo mundo, exceto as
autoridades.
A CULTURA DE SEGURANÇA ENVOLVE UMA ÉTICA DE SILÊNCIO, MAS NÃO É UMA
ÉTICA SEM VOZ.
As histórias de nossas façanhas na luta contra o capitalismo devem ser
contadas de alguma forma, para que todo mundo saiba que a resistência
é fértil e é uma possibiliade real colocada em prática por pessoas
reais; incitação aberta à insurreição deve ser feita, assim possíveis
revolucionários podem achar-se uns aos outros e os sentimentos
revolucionários enterrados nos corações das massas podem encontrar o
caminho pra superfície. Uma boa cultura de segurança deve preservar
segredos na medida necessária para que os indivíduos estejam seguros em
suas atividades encobertas, enquanto continua proporcionando
visibilidade para perspectivas radicais. A maior parte da tradição de
segurança no meio ativista de hoje é derivada dos últimos trinta anos de
ações pelos direitos animais e pela libertação da terra. Dessa forma,
ela é perfeitamente adequada para as necessidades de pequenos grupos
que realizam atos ilegais isolados, mas nem sempre é apropriada para
campanhas com visibilidade pública que pretendem encorajar a
insubordinação generalizada. Em alguns casos, faz sentido quebrar a
lei abertamente, afim de provocar a participação de uma massa que pode
proporcionar segurança em números.
EQUILIBRE A NECESSIDADE DE ESCAPAR DA DETECÇÃO DE SEUS INIMIGOS COM A
DE ESTAR ACESSÍVEL A POTENCIAIS AMIGOS.
No longo prazo, o segredo não é suficiente para nos proteger: cedo ou tarde
eles vão achar todos nós, e se ninguém entender o que estamos fazendo
e aquilo que queremos eles serão capazes de nos liquidar com
impunidade. Só o poder de pessoas informadas e solidárias pode nos
ajudar. Sempre deve haver formas de entrar em comunidades nas quais a
ação direta é praticada, de modo que mais e mais pessoas possam
participar. Aqueles que fazem coisas realmente sérias devem mantê-las
para si, é claro, mas cada comunidade deveria ter também uma ou duas
pessoas que falem publicamente em sua defesa e “eduquem” sobre ações diretas,
e que possam discretamente ajudar novatas dignos de confiança a se
conectarem com outras, iniciando-as.
QUANDO PLANEJAR UMA AÇÃO, COMECE ESTABELECENDO UM NÍVEL DE SEGURANÇA
APROPRIADO A ELA, E AJA DE ACORDO A PARTIR DAÍ.
Aprender a avaliar os riscos decorrentes de uma atividade ou situação
e a encontrar a forma adequada de lidar com eles, é crucial não apenas
para você não ser presa. Também ajuda a saber com o que você está sendo
descuidada, assim você não gasta em medidas de segurança exageradas
sem justificativa.
Tenha em mente que uma determinada ação pode ter aspectos diferentes,
que exigem graus diferentes de segurança. Tente manter essa distinção.
Aqui está um exemplo de um sistema de classificação possível para os
níveis de segurança:
1 – Só aquelas que estão diretamente envolvidas na ação sabem da sua
existência.
2 – Pessoas de apoio, que sejam de confiança, também sabem sobre a ação,
mas todas as pessoas no grupo decidem em conjunto quem serão elas.
3 – É aceitável para o grupo convidar pessoas que podem escolher não
participar – isto é, algumas pessoas fora do grupo podem saber sobre a
ação, mas espera-se que a mantenham em segredo.
4 – O grupo não define uma lista restrita de quem será convidado;
participantes são livres pra convidar outros e encorajá-los a fazer o
mesmo, enfatizando que o conhecimento da ação é pra ser mantido
dentro dos círculos daqueles que podem ter segredos confiados.
5 – “Rumores” da ação podem ser espalhados larga e abertamente pela
comunidade, mas a identidade daquelas no centro da organização deve
ser mantida em segredo.
6 – A ação é anunciada abertamente, mas com pelo menos algum grau de
distinção, de modo que não desperte a atenção das autoridades.
7 – A ação é totalmente anunciada e aberta de todas as formas.
Exemplos de situações:
Nível de segurança #1 seria adequado para um grupo que planeja
incendiar uma revendedora de carros de luxo;
Nível #2 para aquelas que planejam atos menores de destruição de propriedade,
como pichações;
Níveis #3 ou #4 para chamar uma grande assembleia antes de um bloco
negro em uma grande manifestação, ou para um grupo que planeja criar
uma capa de jornal, dependendo do grau de risco versus a necessidade
de números;
Nível #5 para um projeto como iniciar uma marcha surpresa não
permitida: por exemplo, certa vez correu o boato de que uma performance
artística com milhares de pessoas terminaria com uma marcha antiguerra
“espontânea”, e assim as pessoas puderam se preparar para ela – mas como
ninguém soube de quem era a ideia, ninguém pôde ser apontado como
organizador.
Nível #6 para divulgar uma Bicicletada/Massa Crítica: panfletos são
colocados na bicicleta de cada cidadão, mas a divulgação é enviada
para os jornais, de forma que a polícia não esteja no início enquanto
a massa ainda é vulnerável;
Nível #7 para uma marcha antiguerra permitida, ou exibição de um vídeo
da mídia independente – a menos que vocês sejam tão paranoicos que
queiram manter a comunidade por fora dos projetos.
Também faz sentido pensar na escolha dos meios de comunicação que vocês vão
usar de acordo com o nível de segurança exigido. Aqui está um exempplo
de diferentes níveis de segurança de comunicação, que correspondem ao
sistema referido acima:
1 – Sem comunicação sobre a ação a não ser pessoalmente, fora das casas
das envolvidas, em ambientes livres de vigilância (por exemplo, o
grupo vai acampar para discutir os planos); nenhuma discssão sobre a
ação, exceto quando for absolutamente necessário.
2 – Fora das reuniões do grupo, indivíduos envolvidos são livres para
discutir a ação em espaços livres de vigilância.
3 – Discussões são permitidas nas casas que com certeza não estão sob
vigilância.
4 – Comunicação por e-mail criptografado ou em linhas telefônicas
neutras é aceitável.
5 – As pessoas podem falar sobre a ação por telefone, e-mail, etc.,
desde que tomem cuidado para não dar certos detalhes: quem, o quê,
quando, onde.
6 – Telefone, e-mail etc. estão liberados. Listas de discussão,
panfletagem em espaços públicos, anúncios de jornal etc. podem ou não
ser aceitáveis, de acordo com o caso.
7 – Comunicação e proclamação em qualquer meio possível são
incentivadas.
Se você mantiver qualquer informação perigosa fora de circulação e
seguir medidas de segurança convenientes em cada projeto de que se
encarregar, irá bem em seu caminho para cumprir o que alguém descreveu
como o primeiro dever de um revolucionário: NÃO SER PEGA!
Boa sorte com suas aventuras e desventuras.
…e lembre-se: você não ouviu isso da gente!
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