Trinta maneiras de ensinar a crianças noções de consentimento.
Achei esse artigo no buzzfeed e, sendo ele de EXTREMA importância, me dei a liberdade de traduzí-lo e postá-lo aqui.
Crianças de 1 a 5 anos1. Ensine a criança a pedir permissão antes de tocar ou abraçar um amigo. Use frases como “Sarah, vamos perguntar ao Joe se ele gostaria de um abraço de despedida.” Se Joe disser “não” para o pedido, alegremente diga ao seu filho, “Tudo bem, Sarah! Vamos acenar um tchauzinho para Joe e jogar um beijo.”
2. Ajude seu filho a criar empatia explicando como algo que eles fizeram pode ter machucado alguém. Use frases como “Eu sei que você queria aquele brinquedo, mas quando você bateu no Mikey o machucou e o fez se sentir muito triste. E nós não queremos que Mikey fique triste.”
3. Ensine as crianças a ajudar os outros quando estão com problemas. Fale com elas sobre ajudar outras crianças e a avisar adultos confiáveis quando outros precisam de ajuda. Use o animal da família como exemplo: “Oh, parece que o rabo do gatinho está preso! Precisamos ajudá-lo!”
4. Ensine seus filhos que “não” e “pare” são palavras importantes e devem ser honradas. Também ensine-os que seus "não"s devem ser honrados. Explique que assim como devemos sempre parar de fazer algo quando alguém diz “não”, nossos amigos também devem parar quando dizemos “não”.
5. Encoraje a criança a ler expressões faciais e outros sinais corporais: assustado, feliz, triste, frustrado, com raiva e etc. Jogos de charada com expressões são um ótimo jeito de ensinar as crianças a ler linguagem corporal.
6. Nunca force a criança a abraçar, tocar ou beijar qualquer um, por nenhuma razão. Se a vovó está pedindo um beijo e seu filho está resistente, sugira alternativas dizendo coisas como “Você prefere dar um ‘high-five’ na vovó? Ou jogar-lhe um beijo, talvez?” Você pode mais tarde explicar para a vovó o que está fazendo e porque.
7. Sirva de exemplo, pedindo permissão ao seu filho para ajudá-lo a lavar seu corpo. Encare com otimismo e sempre honre o desejo do seu filho de não ser tocado. “Posso lavar suas costas agora? E seus pés? Que tal seu bumbum?” Se a criança disser “não”, então dê a ela a esponja e diga “Ok! Seu bumbum precisa de uma esfregada, faça isso”.
8. Dê às crianças a oportunidade de dizer sim ou não em escolhas do dia-a-dia também. Deixe-as escolher suas roupas e ter opinião sobre o que usar, aonde brincar ou como pentear o cabelo.
9. Permita a criança a falar sobre seus corpos do jeito que quiserem, sem vergonhas. Ensine-os as palavras corretas para as genitálias e se faça de lugar-seguro para eles falarem sobre corpos e sexo. Diga “Estou tão feliz que você me perguntou isso!”. Se você não sabe como responder às suas perguntas do jeito certo, então apenas diga “Estou tão feliz que você está me perguntando sobre isso, mas eu terei que pesquisar. Podemos falar sobre isso depois do jantar?” e tenha certeza de cumprir sua palavra.
10. Fale sobre instintos. Às vezes algumas coisas nos fazem sentir estranho, ou assustado, ou com nojo e nós não sabemos o porquê. Pergunte ao seu filho se isso já aconteceu com eles e ouça atentamente enquanto explicam.
11. “Use suas palavras”. Não responda à birras. Peça ao seu filho para usar palavras, até as mais simples palavras, para explicar-lhe o que está acontecendo.
Crianças de 5 a 12 anos
1. Ensine às crianças que o jeito que seus corpos estão mudando é ótimo, mas às vezes pode ser confuso. O jeito que você fala sobre essas mudanças – tanto a perda de dentes como pelos pubianos – vai mostrar sua boa vontade para falar sobre outros assuntos sensíveis.
2. Encoraje-os a falar sobre o que os faz sentir bem e o que os faz sentir mal. Você gosta de sentir cócegas? Você gosta de se sentir tonto? O que mais? O que te faz sentir mal? Estar doente, talvez? Ou quando outras crianças te machucam? Deixe espaço para seu filho falar sobre qualqer coisa que vier à cabeça.
3. Lembre seu filho que tudo pelo que ele está passando é natural, crescer acontece com todos nós.
4. Ensine seus filhos a usar “palavras seguras” durante a brincadeira e os ajude a negociar o uso de tais palavras com os amigos. Nessa idade, dizer “não” pode ser parte da brincadeira, então eles precisam ter uma palavra que fará parar toda a atividade. Talvez uma bobinha, como “manteiga de amendoim” ou uma séria, como “eu tô falando sério!”. O que funcionar para todos eles está bom.
5. Ensine as crianças a parar sua brincadeira vez ou outra para checar os amiguinhos. Ensine-os a fazer uma pausa às vezes, para ter certeza de que todo mundo está se sentindo bem.
6. Encoraje as crianças a observar a expressão facial alheia durante a brincadeira, para ter certeza de que todos estão felizes.
7. Ajude a criança a interpretar o que ele vê no playground e com amigos. Pergunte-o o que ele pode ou poderia fazer de diferente para ajudá-los.
8. Não encha o saco das crianças pelos seus namoradinhos ou por ter paixonites. Tudo aquilo que eles sentirem é ok. Se a amizade deles com alguém parece ser uma paixonite, não mencione isso. Você pode fazer perguntas diretas, como “Como vai sua amizade com a Sarah?” e esteja preparada para falar – ou não – sobre isso.
9. Ensine às crianças que seus comportamentos afetam os outros. Peça a eles para observarem como as pessoas respondem quando outra pessoa faz barulho ou bagunça e pergunte a eles qual eles acham que será o resultado disso. Alguma outra pessoa vai ter que limpar a sujeira? Alguém vai ficar assustado? Explique às crianças como as escolhas que eles fazem pode afetar os outros e fale sobre quando é hora de fazer barulho e quais são os espaços para se bagunçar.
10. Ensine às crianças a procurar oportunidades para ajudar. Eles podem levar o lixo? Eles podem ficar quietos para não interromper a leitura de alguém no ônibus? Eles podem oferecer ajuda para carregar algo ou segurar a porta para alguém passar? Tudo isso ensina as crianças que eles têm um papel em ajudar a aliviar as cargas tanto literais quanto metafóricas
Adolescentes e jovens adultos
1. Educar sobre o “toque bom/toque ruim” continua crucial, principalmente no ensino médio. Essa é uma idade em que surgem várias “brincadeiras de toque”: bater na bunda, garotos batendo um nos genitais dos outros e beliscando os mamilos um dos outros para causar dor. Quando as crianças falam sobre essas brincadeiras, surge uma tendência onde os garotos explicam que eles acham que as garotas gostam, mas as garotas dizem que não gostam. Temos que fazê-los falar sobre as maneiras que essas brincadeiras impactam as outras pessoas.
2. Levante a autoestima dos adolescentes. No ensino médio, o bullying muda seu alvo para atingir especificamente a identidade, e a autoestima começa a despencar a partir dos treze anos. Aos dezessete anos, 78% das garotas dizem odiar seus próprios corpos. Lembre-os com frequência sobre seus talentos, suas habilidades, sua gentileza, assim como sua aparência. Mesmo se eles lhe responderem com um “Pai! Eu sei!” é sempre bom ouvir esse tipo de coisa.
3. Continue tendo as conversas sobre sexo com o adolescente, mas comece a incorporar informações sobre consentimento. Pergunte coisas como “Como você sabe se seu parceiro está pronto para te beijar?” e “Como você sabe que uma garota (ou garoto) está interessado em você?”. Essa é uma ótima hora para explicar consentimento entusiasticamente, sobre pedir permissão para beijar ou tocar um parceiro. Explique que somente “sim” significa “sim”.
4. Corte a “conversa de vestiário” pela raiz. A adolescência é a idade onde o papo sobre sexo começa em ambientes segregados por gênero, como vestiários ou festas do pijama. Suas paixonites e desejos são normais e saudáveis, mas precisamos mostrar como falar sobre nossas paixões como se elas fossem pessoas inteiras. Se você ouvir um adolescente falar “ela tem um bundão gostoso”, você pode dizer “acho que ela é mais do que uma bunda!”.
5. É comum e perfeitamente normal se sentir oprimido ou confuso com os novos sentimentos hormonais. Diga às suas crianças que não importa o que sentirem, eles podem falar com você sobre isso. Mas seus sentimentos, desejos e necessidades não são responsabilidade de ninguém além deles mesmos. Eles ainda precisam praticar bondade e respeito por todos ao seu redor.
6. Ensine aos seus filhos sobre o que é masculinidade. Pergunte o que não havia de bom na cultura de masculinidade no passado, como podemos construir uma forma de masculinidade que abranja todos os tipos de garotos: esportistas, artistas, homossexuais. Essas conversas podem encorajar a construir uma forma não-violenta de masculinidade no futuro.
7. Deixe claro que não os quer bebendo ou usando drogas, mas que você sabe que adolescentes o fazem e quer que seus filhos estejam informados. Pergunte à eles sobre como vão manter a si mesmo e aos outros seguros. Tome cuidado com as palavras que usa para falar com seus filhos sobre “festança”.
8. Continue falando sobre sexo e consentimento com adolescentes enquanto eles começam a ter relacionamentos sérios. Sim, eles irão lhe dizer que sabem de tudo, mas a continuação da conversa sobre consentimento saudável, respeitar seus parceiros e sexualidade saudável vai mostrar à eles quão importantes esses temas são pra você.
9. Adolescentes têm sede de informação. Eles querem aprender, e eles irão achar um jeito de ter informações sobre sexo. Se você está disponibilizando essa informação amorosa, honesta e consistentemente, eles irão carregá-la para o mundo com eles.Desenhos: ’Children’s Drawings from the collection of Jean Dubuffet’ – Book, The Innocent Eye by Jonathan Fineberg