Um artigo intitulado ‘A Tirania das Organizações Sem Estrutura’ o qual teve ampla repercussão dentro do movimento feminista, (na Revista MS, Segunda Onda e etc) critica a tendência em direção a grupos ‘horizontais’, e ‘sem estrutura’, como se fossem a principal – se não a única – forma organizacional do movimento, como um beco sem saída. Ao mesmo tempo em que foi escrito e recebido em boa-fé, como uma ajuda ao movimento, o artigo é destrutivo em sua distorção e difamação a uma estratégia válida e consciente para a construção de um movimento revolucionário. Já passou da hora de reconhecermos para quais direções essas tendências estão apontando, como uma alternativa política concreta à organização hierárquica, ao invés de matá-las antes de nascer.
Existem (pelo menos) dois tipos de modelos diferentes para se construir um movimento, sendo que Joreen reconhece apenas um deles: uma organização de massas com um controle forte e centralizado, tal qual um Partido. O outro modelo, o qual se consolida em apoio de massas apenas em caso de golpe de misericórdia, se baseia em pequenos grupos de associação voluntária.
Um grupo grande funciona como um agregado de suas partes menores – cada um de seus membros trabalha como uma unidade, uma engrenagem da máquina maior da organização. O indivíduo é alienado pelo tamanho do grupo, e relegado a lutar contra o obstáculo criado pelo tamanho do grupo – por exemplo, gastando energia para ter o seu ponto de vista reconhecido.
Grupos pequenos, por outro lado, multiplicam as forças de cada um de seus membros. Através do trabalho coletivo com poucas pessoas, o grupo pequeno utiliza as várias contribuições de cada pessoa ao máximo, estimulando e desenvolvendo a participação individual ao invés de dissipá-la na luta pela sobrevivência do mais forte/mais inteligente/mais esperto do grupo maior.
Joreen associa a ascendência dos pequenos grupos com a fase conscientizadora do movimento feminista, mas conclui que, com a passagem da mudança de foco da conscientização individual em direção à construção de um movimento revolucionário de massas, as mulheres deveriam se empenhar na construção de uma organização grande. Com certeza é verdade, e tem sido verdade já há algum tempo, que muitas mulheres que militaram em grupos de conscientização por um tempo sentem necessidade de expandir suas atividades políticas além do escopo do grupo e não sabem mais como proceder. Mas também é verdade que outras correntes da esquerda também estão em uma situação parecida, acerca de como derrotar a capitalista, imperialista e quasi-fascista Amerika.
Mas Joreen falha ao definir o que ela entende por movimento feminista, o que se trata de um pré-requisito essencial em qualquer discussão de direção ou estratégia políticas.
O movimento feminista em seu sentido completo, isto é, como um movimento voltado à derrota do Patriarcado, é um movimento revolucionário e socialista, o que o coloca sob o guarda-chuva da esquerda. Um problema central acerca da determinação da estratégia feminina acerca do seu movimento se trata de como se relacionar com a esquerda machista; nós não queremos aceitar seu Modus Operandi como se fosse nosso porque nós o entendemos como uma perpetuação dos valores patriarcais e, em último sentido, capitalistas.
Apesar dos nossos melhores esforços para repudiar e nos desassociar da esquerda machista, nós carregamos, entretanto, alguns de seus vícios. Os homens tendem a se organizar da mesma forma como transam – aquela afobação e depois “wham, slam, foi bom pra você”, como se tivesse sido “a” transa. As mulheres deveriam construir nosso movimento da forma como fazemos amor – gradualmente, com um envolvimento sustentado, com uma paciência infinita – e, é claro, orgasmos múltiplos. Ao invés de nos desencorajarmos e nos isolarmos, deveríamos participar de pequenos grupos – discutindo, planejando, usando a criatividade e criando problemas. Nós deveríamos criar problemas para o patriarcado o tempo todo e sempre apoiando-nos umas às outras – deveríamos estar sempre engajadas e fomentando atividades feministas, porque todas crescemos através delas; na ausência de atividade feminista as mulheres tomam muitos tranquilizantes, ficam loucas e cometem suicídio.
O outro extremo causado pela inatividade, que parece empestear as pessoas politicamente ativas, é o sobre-envolvimento, que levou, no final dos anos 60, a uma geração de radicais fatigadas. Uma amiga feminista uma vez comentou que, para ela, “militar no movimento feminista” significava gastar 25% do seu tempo se envolvendo em atividades de grupo e 75% de seu tempo investindo em si mesma. Esta é forma importante e concreta de alocação do tempo para as mulheres do ‘movimento’ pensarem a respeito. Os movimentos dos homens nos ensinaram que os ‘militantes’ deveriam devotar as 24 horas do dia à causa, o que condiz com a socialização feminina através do auto sacrifício. Qualquer que seja a fonte da nossa abnegação, entretanto, nós tendemos a mergulhar de cabeça nas atividades organizativas, negligenciando nosso desenvolvimento pessoal, até que um dia descobrimos que não sabemos o que estamos fazendo e quem estamos ajudando, e passamos a nos odiar tanto quanto antes de participarmos do movimento. (O sobre-envolvimento masculino, por outro lado, que obviamente não se relaciona com qualquer traço de personalidade de auto sacrifício ligado ao sexo, cheira muito como a ética do sucesso pessoal protestante/judia, e mais flagrantemente, como a fachada emocional racional e descolada através da qual o machismo sufoca as expressões de sentimento masculinas.)
Essas armadilhas eternas para militantes, que se transformam em um abismo sem fim para o movimento, são explicadas por Joreen como parte da ‘Tirania das Organizações Sem Estrutura’, o que se trata de uma piada pela perspectiva de quem vê uma nação de quase-autômatos, lutando contra uma retroescavadeira pós-tecnológica militar-industrial, para preservar um resquício de individualidade.
O que menos precisamos é de mais estruturas e normas nos provendo respostas fáceis, alternativas pré-fabricadas e nenhum espaço a partir do qual criarmos nosso próprio modo de vida. O que está ameaçando a esquerda feminista, e suas outras vertentes ainda mais, é a ‘tirania da tirania’, que têm nos impedido de nos relacionarmos enquanto indivíduos, ou de criarmos organizações de formas que não obliterem a individualidade com papéis já prescritos, ou a possibilidade de nos libertarmos da estrutura capitalista.
Ao contrário das presunções de Joreen, portanto, a fase de conscientização do movimento não acabou. A conscientização é um processo vital que deve continuar, entre as pessoas envolvidas com a mudança social, no sentido e para a conquista da emancipação revolucionária. Nossa conscientização – que significa, ajudarmos umas às outras a nos livrarmos de grilhões milenares – é a principal forma pela qual as mulheres transformarão seus ódios pessoais em uma energia construtiva e se juntarem à luta. Conscientização, entretanto, é uma expressão vaga – um vazio oco nessa altura do campeonato – e precisa ser qualificada. Uma propaganda ofensiva na TV pode elevar a consciência de uma mulher à medida em que ela passa a roupa de seu marido sozinha em casa; pode lembrá-la daquilo que ela já sabe, i.e. de que ela está presa em uma armadilha, de que sua vida é chata, sem sentido, etc – mas provavelmente não irá encorajá-la a abandonar sua lavanderia e a organizar uma greve de esposas. A conscientização, como estratégia revolucionária, envolve apenas ajudar as mulheres a traduzirem suas insatisfações pessoais em consciência de classe e tornar a organização feminista acessível a todas as mulheres.
Ao sugerir que o próximo passo após a fase da conscientização é a construção do movimento, Joreen não apenas cria uma separação falsa entre uma coisa e outra, mas também negligencia um processo importante do movimento feminista, que é o de construção de uma cultura feminista. Enquanto, em última instância, uma força maciça de mulheres (e alguns homens) será necessária para esmagar a força do estado, um movimento de massa por si só não faz uma revolução. Se temos a esperança de criar uma sociedade livre da supremacia masculina, quando tivermos deposto o capitalismo e construído o socialismo internacionalista, é melhor começarmos a trabalhar nisso o quanto antes, porque muitos dos nossos maiores aliados na luta contra o capital vão nos dar o maior trabalho. Nós deveríamos construir uma cultura feminista significativa, a partir da qual as mulheres possam se definir e se expressar com valores diferentes daqueles dos padrões patriarcais, e que irão satisfazer às suas ânsias de uma forma que o patriarcado nunca foi capaz.
A cultura é uma parte essencial do movimento revolucionário – e também é uma das maiores armas contrarrevolucionárias. Nós devemos ter bastante cuidado ao enfatizar que a cultura que estamos discutindo é revolucionária, e lutarmos diuturnamente para garantirmos que ela permanece radicalmente antagônica à cultura patriarcal.
A cultura de uma classe ou casta oprimida ou colonizada não é necessariamente revolucionária. A América contém – tanto no sentido de ‘possuir’ quanto no sentido de impedir a disseminação – muitas ‘subculturas’ as quais, apesar de se definirem como diferentes da cultura patriarcal, não ameaçam o status quo. Na verdade, elas fazem parte das ‘pluralísticas’ culturas sociais e étnicas da grande-família americana, a ‘contracultura’. Elas são reconhecidas, validadas, adotadas e logradas pela cultura maior. São cooptadas.
A cultura feminista enfrenta neste momento este mesmo perigo, de um cerco revolucionário e emancipatório à Revista MS, ao Diário de Uma Dona de Casa Desesperada. A Nova Mulher, ie de classe média, com nível superior, casada pode desfrutar o seu pedaço do Sonho Americano. Parece formidável – mas e quanto à revolução? Nós devemos avaliar constantemente nossa posição para nos assegurarmos de que não estamos sendo enlaçadas pelos braços sempre abertos do Tio Sam.
A questão da cultura feminista, ainda que difamada por esquerdo-machos arrogantes e cegos, não se trata necessariamente de revisionismo. A polarização entre os papeis masculinos e femininos, como definidos e regidos pela sociedade machista, não apenas subjugou as mulheres, mas fez todos os homens, independente de classe ou etnia, se sentirem superiores às mulheres – este sentimento de superioridade, em contraposição ao sentimento anticapitalista, é a força vital do sistema. A revolução feminista objetiva que as mulheres alcancem sua humanidade plena, o que significa destruir os papéis masculinos e femininos que tornam tanto os homens quanto as mulheres apenas meio humanos. Criar uma cultura feminista é o meio através do qual nós poderemos restaurar nossa humanidade perdida.
A busca pela nossa humanidade perdida nos leva ao tema que os marxistas vulgares vêm negligenciando em suas análises há quase meio século – os elementos psicossexuais na estrutura das personalidades de cada indivíduo, os quais agem como uma polícia pessoal dentro de cada membro da sociedade. Wilhelm Reich começou a descrever – em uma forma limitada, heterossexual, e masculinamente influenciada – a armadura de caráter de cada pessoa, o que torna as pessoas bons fascistas ou, no caso de nossa sociedade, apenas bons cidadãos. As mulheres experimentam este fenômeno todos os dias, na forma de sentimentos reprimidos, o que é especialmente óbvio entre nossos amigos homens, que consideram tão difícil exprimir ou até ‘expor’ seus sentimentos honestamente. O estropiamento psíquico no qual a psicologia capitalista nos obriga a acreditar que é um problema de indivíduos, é uma doença social massiva que ajuda a sociedade capitalista avançada a se manter coesa.
É o estropiamento psíquico de seus cidadãos que os faz se apresentarem ao trabalho, lutarem em guerras, e a subjugarem suas mulheres, pessoas não brancas, e todos os não conformistas vulneráveis à submissão. Em nossa sociedade pós tecnológica, na qual cada um de seus membros a reconhece como a cultura mais avançada, o estropiamento psíquico também é o mais avançado – há ainda mais bobagens para a psique ter de lidar, tais como Fernão Capelo Gaivota e a política do ‘Você está bem, eu estou bem’, isso para não mencionarmos os pós-neo-freudianos e os cirurgiões-psíquicos. Pela enésima vez, vamos dizer que, a não ser que examinemos nossos grilhões psíquicos na hora em que formos estudar estruturas políticas externas e o relacionamento entre os dois, nós não seremos capazes de criar uma força capaz de desafiar o inimigo; na verdade, nós sequer vamos reconhecê-lo. A esquerda tem perdido horas e volumes tentando definir a classe dominante; a classe dominante possui porquinhos representantes dentro da cabeça de cada membro da sociedade – daí, a lógica por detrás da assim chamada paranoia. A tirania da tirania é um inimigo bastante bem entrincheirado.
O lugar onde a batalha psicológica se conjuga com o envolvimento político é o pequeno grupo. Este é o motivo pelo qual questões como estratégia e tática e modos de organização são tão cruciais neste momento. A esquerda há décadas vem tentando levar pessoas às ruas, sempre atrás de um número suficiente capaz de causar uma impressão mínima. Como declarou Stone, você não pode fazer uma revolução quando quatro quintos das pessoas estão felizes. Também não devemos esperar até que todos estejam prontos para se tornarem radicais. Enquanto, por um lado, devemos constantemente sugerir alternativas ao capitalismo através de cooperativas agrícolas, ações anti-corporações e atos pessoais de rebeldia, nós também deveríamos estar lutando contra as estruturas psíquicas capitalistas e os valores e modos de vida criados por elas. Estruturas, mesa, líderes, retórica – quando um encontro de um grupo de esquerda adquire uma forma indistinguível de uma sessão do Senado, nós não deveríamos rir a respeito, mas reavaliar a estrutura por detrás do estilo e reconhecer uma representação do inimigo.
A origem da preferência pelo grupo pequeno no movimento feminista – e por pequeno grupo me refiro a coletivos de atividade política – foi, como explica Joreen, uma reação contra a organização superestruturada e hierárquica da sociedade em geral, e de grupos masculinos de esquerda em particular. Mas o que as pessoas não percebem é que reagimos contra a burocracia por que ela nos despoja do controle como o resto desta sociedade; e, ao invés de reconhecer a insensatez das nossas atividades voltando à organização estruturada, nós que estamos nos rebelando contra a burocracia deveríamos criar uma alternativa à organização burocrática. A razão para se construir um movimento fundado em coletivos é porque queremos criar uma cultura revolucionária coerente com nossa visão de sociedade; trata-se de mais do que uma reação; o pequeno grupo é uma solução.
Por que o movimento feminista está se inclinando em direção aos coletivos e por que o movimento feminista carece de direção, algumas pessoas concluem que a organização através de pequenos grupos é culpada pela falta de direção. Elas brandem o shibboleth da ‘estrutura’ como uma solução para o impasse estratégico, como se a estrutura fosse nos dar um insight teórico ou alívio pelas nossas ansiedades pessoais. Ela pode nos fornecer uma estrutura na qual ‘organizar’, ou encaixar cada vez mais mulheres, mas na ausência de estratégia política podemos criar uma ironia kafkiana, onde o julgamento é substituído por uma assembleia.
A falta de energia política que têm nos perseguido durante os últimos anos, menos em relação ao movimento feminista que em relação à esquerda masculina, possivelmente remete diretamente a sentimentos de insignificância pessoal que tiraniza todas assim como a cada um de nós. A não ser que enfrentemos estes sentimentos diretamente e os tratemos com a mesma seriedade como tratamos o bombardeamento de Hanói, a paralisia causada pelo primeiro nos impedirá de retaliar eficazmente o último.
Ao invés de defender a substituição de grupos pequenos por grupos maiores e estruturados, deveríamos encorajar umas às outras a nos ligarmos a grupos pequenos e desestruturados que reconheçam e exaltem o valor do indivíduo. A amizade, mais do que qualquer terapia, alivia instantaneamente o sentimento de insignificância pessoal – a revolução deveria ser construída sobre o modelo da amizade.
O problema onipresente que Joreen enfrenta, aquele das elites, não encontra sua solução na formação de estruturas. Contrariando a crença de que a falta de estruturas formais levem à formação de estruturas dissimuladas e invisíveis formadas por elites, a ausência de estrutura em grupos pequenos e de confiança enfrenta o elitismo em seu nível mais básico – o nível da dinâmica pessoal, na qual o indivíduo que enfrenta a insegurança através de um comportamento agressivo domina a pessoa cuja insegurança a obriga a manter silêncio. O grupo pequeno e de envolvimento pessoal aprende primeiro a reconhecer essas diferenças de estilo, e depois a apreciá-las e a trabalhar com elas; ao invés de apenas ignorar ou aniquilar essas diferenças, o pequeno grupo aprende a apreciá-las e a usá-las, fortalecendo assim o poder pessoal de cada indivíduo. Dado que todos fomos socializadas em uma sociedade na qual a competição individual é o modo de vida, não vamos subjugar essas diferenças pessoais como o fazem o poder, exceto pelo reconhecimento constante dessas diferenças, e aprendendo a permitir que diferenças pessoais de estilo convivam juntas. Na medida em que não somos os inimigos, mas as vítimas, precisamos estimular e não destruirmos umas às outras. Os elementos destrutivos irão regredir conforme formos nos fortalecendo. Mas neste ínterim nós devemos nos proteger de situações que recompensem diferenças pessoais com poder.
Assembleias conferem prêmios às pessoas mais agressivas, aos melhores oradores, e às pessoas mais carismáticas e articuladas (que quase sempre são homens). Considerando o quanto várias expressões derivadas da expressão ‘anarquismo’ são alardeadas, podemos ver que poucas pessoas na esquerda estudaram o anarquismo com qualquer seriedade. Para pessoas jactanciando-se com cinismo sobre tabus, nós certamente estamos atoladas neste tabu acerca do anarquismo.
Como a masturbação, o anarquismo é uma coisa a qual fomos ensinadas a temer, irracional e acriticamente, porque não temê-lo poderia nos levar a experimentá-lo, aprendê-lo e a gostar dele. Para qualquer pessoa que já tenha considerado a possibilidade de que a masturbação possa causar mais benefícios que loucura, um estudo sobre o anarquismo é altamente recomendado – desde seu início à época de Marx, quando Bakunin era seu adversário socialista mais radical… mais radical, porque ele estava um passo dialético gigante à frente de Marx, confiando nas qualidades dos indivíduos para salvar a humanidade.
Por que a esquerda não fez senão ignorar o anarquismo? Talvez seja por que os anarquistas nunca foram capazes de consolidar uma vitória revolucionária. O marxismo triunfou, mas também o fez o capitalismo. O que isto prova, ou o que isto sugere senão que talvez o perdedor, até agora, esteja do nosso lado? Os anarquistas russos se opuseram ferozmente à tirania revisionista entre os Bolcheviques que a Nova Esquerda viria a escarnecer com indiferença infantil, antes de seus pais da velha esquerda nos anos 60. É certo, a velha geração de esquerdistas americanos foram míopes o suficiente para não enxergar a regeneração capitalista na Rússia; mas a visão em túnel com a qual trilhamos um caminho através do dogma Marxista-Leninista também não é algo do que se orgulhar.
As mulheres, é claro, conseguiram escapar desse túnel bem antes dos homens, porque estávamos no escuro, sendo guiadas pelos cegos da Nova esquerda, e divididas. Empregadas para a revolução ou prostitutas de proletários; é incrível o quão rápido nossa revisão se restaurou. Por todo o país grupos independentes de mulheres começaram a funcionar sem as estruturas, líderes e outros símbolos da velha esquerda machista, criando independente e simultaneamente, organizações semelhantes às dos anarquistas de décadas e localidades diferentes. Isso também não foi por acaso.
O estilo e a audácia de Emma Goldman foram apregoados por mulheres que não se consideravam anarquistas… porque Emma era tão certa. Poucas mulheres deixaram tantos homens com medo por tanto tempo quanto Emma Goldman. Parece lógico que devemos estudar Emma, não para aceitar cada pensamento seu, mas para encontrar a fonte da sua força e de seu amor à vida. Também não é por acaso que o Terror Vermelho anarquista conhecido como Emma também era uma praticante do amor-livre; ela era uma afronta maior aos grilhões capitalistas que qualquer um de seus contemporâneos marxistas.
Cathy Levine