Anarquia ou Patriarquia?¶
Entre 8 a 10 de maio de 198, La Gryffe, uma livraria anarquista em Lyon (França), organizou uma jornada anarquista. Estes três dias significaram a oportunidade de um “acerto de contas com o movimento social, as formas de luta, o movimento anarquista desde o maio de ’68 e pensar sobre os recursos futuros para agir sobre o mundo”.
Esses três dias iluminaram um paradoxo no movimento anarquista. O questionamento da sociedade em seu todo continua em realidade limitado a questionar a esfera ‘pública’, a única considerada como política. Lamentavelmente é evitado fazê-lo via questionando o que acontece no ‘privado’, a esfera ‘pessoal’ (seja dentro de grupos militantes assim como no individual doméstico) continua sendo considerada não-política, e mesmo não-social… Como se, de um lado, houvessem indivíduos cuja psicologia, comportamento e relações fossem determinadas separadamente da sociedade e relações sociais e pessoais, por meio da ‘livre vontade’ e, por outro lado, relações sociais, aparentemente assimiladas a abstrações, esvaziem-se de qualquer significado uma vez que elas estão esvaziadas de indivíduos.
A despeito de um desejo declarado de abertura com relação à luta contra o patriarcado dos organizadores destes três dias de discussão, nós experimentamos, no entanto, uma negação da opressão das mulheres e uma estigmatização do movimento feminista não-misto que denuncia essa opressão. Esta foi a motivação para o desafio feminista expresso durante a reunião da plenária na tarde de sábado.
Como isso ocorreu?
Você disse… violência institucional?
Durante o debate sobre “violência institucional na comunidade ativista”, na Sexta, a questão do poder masculino foi abordada bem superficialmente. Em resposta, diversas intervenções por mulheres tenderam a demonstrar que a ‘liderança militante’ é quase sistematicamente exercida por homens. O problema de poder masculino foi igualmente e abertamente negado (certas pessoas disseram que as mulheres que se manifestavam estavam ‘mudando de assunto’), sustentando-se através de tentativas de justificação, com argumentos como esses a seguir:
- A necessidade de transmitir e/ou compartilhar conhecimento militante e político, implicitamente entendido como possuído, claro, por ativistas ‘treinados’ ou ‘experienciados’, portanto, pelos líderes presentes. Como esses líderes são 99,9% homens, este argumento implica que o conhecimento seria exclusivamente detido pelos homens, enquanto mulheres seriam ‘mais práticas’ (sic). Mas como é que nunca existem ativistas mulheres ‘treinadas’ e ‘experienciadas’?
O conceito de servidão voluntária, que absolve os dominantes (homens, brancos, heteros…) de sua responsabilidade, transferindo-a para s dominads. Assim, a opressão se torna pessoal, psicológica, e, dessa forma, um problema não-social.
Nós podemos observar como, nesta questão da opressão das mulheres, muitos anarquistas defendem que cada indivíduo deva ESTRUTURAR A ELA OU ELE MESM@ fora das relações sociais de gênero. Por outro lado, eles não negam que outras relações sociais definem indivíduos em suas relações um@s com outr@s.
“Eu sou anarquista, logo sou anti-sexista”. Mas que forma toma esta luta anti-sexista? Que demandas são vociferadas mundo afora? Que vigilância demonstramos para com os padrões opressivos dentro dos grupos? E que questionamentos pessoais ela permite? O número mínimo de ações que podem ser organizadas são principalmente reflexivas da esfera pública e nunca são inter-relatadas; elas não integram as formas de opressão prevalente na esfera privada e isso também beneficia homens anarquistas… Isso leva à exclusão do todo-importante conceito feminista ‘o privado é político’.
As noções de sexismo e luta anti-sexista como elas são usadas no movimento anarquista, absolutamente não tomam conta da existência do patriarcado, isto é, uma relação social de dominação (e portanto, de opressão) exercida pelo gênero masculino contra o gênero feminino. Esta visão do sexismo parece limitada à discriminação baseada no gênero, nada mais: no entanto, na sociedade, não há apenas discriminação baseada no gênero, mas também posições sociais assimétricas baseadas no gênero. Nós muhleres e homens não somos assignad@s aos mesmos lugares hierárquicos na sociedade. A forma corrente de anti-sexismo anarquista não é suficiente porque apenas toma em consideração uma parte do problema, e muitas vezes serve para mascarar sua vera fundação. Esta forma de anti-sexismo de fato recusa-se a reconhecer – contrariamente ao feminismo – uma opressão específica de mulheres por homens, uma opressão que difere se as mulheres são lésbicas, bi ou heterossexuais. Este anti-sexismo reduz opressão à alienação, uma que poderia ‘igualitariamente’ ser aplicada a homens e mulheres.
Organização não-mista de mulheres à prova!
Sexta à tarde, tivemos que aguentar respostas hostis ao separatismo durante a projeção do vídeo ‘Crônicas Feministas’ em um cenário não misto. Essas discussões continuaram no dia seguinte durante o debate não-misto de mulheres em anarcofeminismo.
Durante o debate, QUEM ESTAVA ESCREVENDO A HISTÓRIA?
“1968 e depois, trinta anos de movimentos sociais” – Esta discussão ofereceu-nos três ou quatro ‘líderes históricos’, mas nenhuma pessoa para expressar a experiência de um dos movimentos sociais mais importantes daquele período: o movimento de libertação das mulheres. Nós podemos pensar que, mesmo se isso não era intencional, aí ocorreu a reprodução da marginalização das lutas de mulheres nesta programação.
Mas, durante o debate sobre a ordem patriarcal, sábado pela tarde, que as reações anti-feministas foram as mais violentas e provocaram a nossa resposta: do nosso ponto de vista feminista, era impossível ignorar tal backlash 1. O que presenciamos foi em realidade um JULGAMENTO em vez de um debate. Sua vera forma fez deste debate um ato de agressão e de condenação da nossas práticas de luta, viz.:
- o uso de exemplos anedotais para generalizar a questão feminista e as lutas lésbico-feministas;
- homens usando palavras de mulheres opostas às reuniões mistas de modo a dividir-nos mais uma vez, e de maneira a condenar seu anti-feminismo enquanto estabeleciam a eles mesmos em uma posição de árbitro.
Este debate serviu para negar nosso comprometimento e a legitimidade das nossas análises; um desejo de calar-nos estava claramente expresso.
Denunciar e atacar a não-mixticidade de mulheres, como foi feito aqui, era também uma maneira de sugerir que uma mixticidade real existe. Ainda assim, nós acreditamos que a mixticidade é uma ilusão: ou ela é quase não-existente (nos locais de trabalho, na escola desde as primeiras orientações de escolhas, nas organizações políticas, nas uniões…), ou, naquelas raras ocasiões onde ela ocorre, é inequalitária, isto é, uma minoria de homens está ocupando o centro, enquanto mulheres são mantidas na periferia, reduzidas a um papel de espectadoras, um papel de segunda-classe, atada às normas definidas por estes homnes e para o poder masculino do qual eles são depositários. Esta primazia a-crítica concedida à mixticidade também nega a necessidade d@ oprimid@ de organizarem-se eles mesmos contra sua opressão e seus opressores… Que @ oprimid@ deveria se tornar s SUJEIT
S das suas lutas é contudo um princípio anarquista; muitas de nós achamos impossível e inútil manifestar-nos e tentar justificar algo que não deveria exigir justificação: a maneira como este debate tomou lugar ilustra as relações de poder criadas em um cenário misto, fazendo disto então algo muto melhor que qualquer argumentação.
Homens reclamam de se sentirem excluídos pela não-mixticidade das mulheres, quando dada a oportunidade de lidarem com a questão da mixticidade sob o tema ‘a ordem patriarcal’, eles desviaram o debate dirigindo-o e limitando-o à acusações niveladas à mixidade. Isso bem representa a necessidade de encontros de mulheres não-mistas para REALMENTE trabalhar CONTRA a ordem patriarcal!
Consequentemente, nós decidimos em um processo coletivo preparar uma intervenção durante o último debate no sábado sobre ‘o futuro do movimento anarquista’. Para nós esta era a oportunidade de desafiar os poderes aí postos: aqueles dos homens, aqueles dos líderes…
Que futuro anarquista para o movimento anarquista?
Homens convidados a falar foram seguidos um após o outro no podium, formulando versões oficiais da história, políticas e a estratégia de suas organizações… nenhuma única mulher, nenhuma lésbica sequer no horizonte da HIStoria 2…
Nossa primeira ação foram placas dizendo ‘VIOLÊNCIA SEXISTA’ e um pôster questionando ‘É ESTA UMA REUNIÃO NÃO-MISTA?’ junto a outros placares de um humor cáustico porém, realista. Nós queríamos ilustrar, de uma maneira simplificada por razões materiais, uma decodificação simultânea dos pertinentes discursos dominantes e como eles estavam funcionando ali. Um outro placar dizendo ‘COM VOCÊ, COM A GENTE’ foi dirigido à crítica das mulheres à não-mixticidade.
A despeito de algumas observações provocadas pela nossa presenta (uma bem eloquente enquanto nós permanecíamos em silêncio), o debate foi adiante como se a gente não existisse. NÓS EXPERIENCIAMOS SER TORNADAS INVISÍVEIS ASSIM COMO É A SITUAÇÃO DAS MULHERES, LÉSBICAS E A LUTA.
Nossa segunda ação: mover-nos da periferia para o centro da sala. NÓS QUERÍAMOS TOMAR NOSSO LUGAR NO CENTRO DO ESPAÇO PÚBLICO COMO UMA MANEIRA DE OFENDER. Aderem à nossa iniciativa outras mulheres presentes no salão. Se a gente falava umas entre as outras, isso era para tornar visível o fato de que em ‘geral’, homens falam entre eles mesmos. A tensão cresceu e um homem gritou para a gente: ‘sectárias’, facistas’, ‘gurias de merda’, ‘lésbicas’… Pior, encontramos a nós mesmas sendo acusadas de manipulação por mulheres dentro do nosso grupo, pela então chamada recusa de comunicar-nos e sectarismo. Estes são instrumentos tradicionais de poder, usadas pelos dominantes para manter e reafirmar sua dominação: eles simpesmente usam contra nós a crítica que dirigimos a eles. 3 Maior parte dos homens anarquistas se recusaram a incluirem a eles mesmos no grupo dos opressores, muito embora alguns logo admitiram que esta realidade é o único ponto de partida que podia permitir um questionamento deste papel e o da sua participação na manutenção do patriarcado.
Finalmente, certas pessoas estigmatizaram o nosso então chamado ‘desejo de sabotar o debate’, clamando que sentiam que o debate do futuro do movimento anarquista não podia tomar lugar ‘normalmente’… . É auto-evidente que nós lamentamos que certos outros debates (notadamente aquele sobre o Patriarcado) não podia tampouco tomar lugar ‘normalmente’… E nossa intenção era, notavelmente, despertar a consciência, neste debate, sobre o lugar das lutas feministas no futuro do movimento anarquista. Assim, a nossa intervenção era totalmente relevante para as questões em debate.
Uma profunda ação anarquista.
Esta ação era baseada em uma motivação comum, mas seu desenvolvimento foi completamente espontâneo, assim como a escolha das mulheres que se juntaram à nós, e foi inteiramente dependente das reações do público. Isso poderia havê-la feito sair totalmente diferente…
Nossa ação feminista permitiu-nos gerar uma série de questões com relação ao compromisso e práticas anarquistas:
- Não seria a análise da dominação masculina, da opressão das mulheres e da lesbofobia um trabalho individual e coletivo de todos homens e todas mulheres? E qual é a significância das explicações ou justificações serem sistematicamente demandadas das feministas?
- Como podemos refletir sobre a articulação das diferentes lutas quando nenhuma delas é percebida como uma questão ‘específica’? Não apenas recusamos a noção de uma hierarquia de lutas mas também consideradas essenciais como uma visão transversal da realidade social e política.
- Como percebemos o relacionamento entre as relações sociais e individuais? Que ligações reconhecemos entre o pessoal e o político? Como são as relações coletivas produzidas e reproduzidas no espaço privado ou pessoal? Como pode um indivíduo, um sujeito individual, fazer escolhas em uma sociedade que é construída em categorias e classes desiguais?
E sempre, Feministas, enquanto for necessário sê-lo!
Coletivo de mulheres, feministas e lésbicas envolvidas na ação feministas organizada durante os dias anarquistas de 8 a 10 de Maio em Lyon (França).
De, “Léo Vidal”
Data: Sábado, 22 de Agosto de 1998.
NOTAS:
1 Backlash: reação, refluxo, palavra usada para designar as reações aos progressos nas lutas feministas num plano coletivo ou estrutural, por parte das mídias, cultura de massas ou dentro de movimentos e até mesmo novas tendencias no feminismo, como seria o caso do pós-modernismo.
2 HIStória no contexto do texto está sendo usada para referir-se a ‘História dos homens’ ou seja, sua versão, já que “His” em inglês traduz-se por DELE. ‘História dele’. Feministas inventaram o termo ‘Herstory’ em inglês para desconstruir o sexismo da língua ressignificando história como ‘Nossa história’, ‘história dela’ (Her-Story).
3 A tão chamada ‘opressão reversa’
Anarchy or patriarchy?¶
Between May 8-10 1998, La Gryffe, an anarchist book shop in Lyon (France), organized a series of anarchist days. These three days were meant as an opportunity " to take stock of the social movement, the forms of struggle, the anarchist movement since May ’68 and to think about future means to act upon the world."
These three days have illuminated a paradox of the anarchist movement. The questioning of society in its entirety remains in reality limited to the questioning of the ‘public’ sphere, the only one to be considered as political. It unfortunately avoids doing this via the questioning of what happens in the ‘private’, ‘personal’ sphere (as well inside militant groups as in individual households), one which remains considered non-political, and even non -social… As if, on the one side, there were individuals whose psychology, behavior and relations were determined separately from society and social relationships, through ‘free will’ and, on the other side, social relations, apparently assimilated to abstractions, empty of all meaning since they are emptied of individuals… .(ajuda neste)
Despite a stated desire for openness re: the struggle against patriarchy from the organizers of these three days of discussion, we have nonetheless experienced a denial of the oppression of women and a stigmatization of the non-mixed feminist movement that denounces that oppression. This was the motivation for the feminist challenge expressed during the plenary meeting of Sunday afternoon.
How did this come about?
Did you say… institutional violence?!
During the debate on ‘institutional violence in the activist community’, Friday, the question of male power was addressed very superficially. In response, several interventions by women tended to demonstrate that the ‘militant leadership’ is almost systematically exercised by men. This problem of male power was both overtly denied (certain persons saying that the women who spoke up were ‘changing the subject’) and shored up with attempted justifications, such as the following recurring arguments:
- The necessity of transmitting and/or sharing militant and political knowledge, implicitly conceptualized as detained, of course, by the ‘trained’ or ‘experienced’ activists, hence by the present leaders. As these leaders are 99.9% men, this argument implies that knowledge would be exclusively detained by men, while women would be ‘more practical’ (sic). But how come there never are ‘trained’ or ‘experienced’ female activists?
The concept of voluntary servitude, one that absolves dominants (men, whites, straights…) of their responsibility and shifts it on the dominated. In this way, oppression becomes a personal, psychological thus non-social problem.
We can thus observe how, on the issue of women’s oppression, several anarchists claim that each individual is able to STRUCTURE HIM/HERSELF outside of social gender relations. Nevertheless, they do not deny that other social relations define individuals in relationship to each other.
" I’m anarchist, thus I’m antisexist ". But what form does this antisexist struggle take? What demands are voiced to the outside world? What vigilance do we show toward oppressive patterns inside our groups? And which personal questioning do allow? The minute number of actions that can be organized are mainly reflective of the public sphere and are never interrelated; they do not integrate the forms of oppression prevalent in the private sphere and that also benefit anarchist men… This leads to the exclusion of the all-important feminist concept ‘the private is political’.
The notions of sexism and of antisexist struggle as they are used in the anarchist movement, absolutely do not account for the existence of patriarchy, i.e. a social relationship of dominance (and thus oppression) exerted by the male gender against the female gender. This view of sexism seems limited to discrimination based upon gender, nothing more : yet, in society, there isn’t only gender-based discrimination, but also an asymmetric social position based upon gender. We women and men are not assigned to the same hierarchical place in society. The current form of anarchist antisexism isn’t enough because it only takes into consideration a part of the problem, and often serves to mask its very foundation. This form of antisexism de facto refuses to acknowledge – contrary to feminism – a specific oppression of women by men, an oppression that differs if women are lesbians, bi- or heterosexuals. This antisexism reduces oppression to alienation, one that would ‘equally’ apply to men and women.
Non-mixed female organizing on trial !
Friday evening, we had to endure hostile responses to non-mixity during the projection of the video ‘Feminist chronicles’ in a non-mixed female setting. These discussions continued on the following day after during the non-mixed female debate on anarchafeminism.
During this debate, WHO WAS WRITING HISTORY ?
" 1968 and after, thirty years of social movements " – This discussion offered us 3 or 4 ‘historical leaders’, but no single person to express the experience of one of the most important social movements of that period : the women’s liberation movement. We may think that, even if it wasn’t intentional, there occurred a reproduction of the marginalisation of women’s struggles in this programming.
But, it’s during the debate on patriarchal order, Saturday afternoon, that the antifeminist reactions have been the most violent and provoked our response : from our feminist point of view, it was impossible to ignore such a backlash. What we witnessed was indeed a TRIAL rather than a debate. Its very form made this debate an act of aggression and a condemnation of our struggle practices, viz. :
- the use of anecdotal examples to generally question feminist and lesbian feminist struggles;
- men using the words of women opposed to non-mixity in order to divide us once more, and in order to condone their anti-feminism while setting themselves up in a position of arbitrator.
This debate served to deny our commitment and the legitimacy of our analysis; a will to shut us up was clearly expressed.
Denouncing and attacking female non-mixity, as was done there, is also a way of suggesting that a real mixity exists. Yet, we believe that mixity is an illusion: either it is almost non-existing (in the workplace, at school from the very first orientation choices, in political organizations, in unions…), or, on those rare occasions where it occurs, it is inequalitarian i.e. a minority of men is occupy the center, while women are kept at the periphery, reduced to a role of spectators, a second-class role, bound to the norms defined by these men and to the male power of which they are depositaries. This uncritical primacy granted to mixity also denies the necessity for the oppressed to organize by themselves against their oppression and their oppressors… That the oppressed should become the SUBJECTS of their struggles is nevertheless an anarchist principle; many of usgf thus found it impossible and useless to speak up and attempt to justify something that shouldn’t call for justification: the way in which this debate has taken place well illustrates the power relations created in a mixed setting, doing so even better than whatever argumentation.
Men complain to feel excluded by female non-mixity, yet, when given an opportunity to deal with the issue of mixity under the theme ‘the patriarchal order’, they divert the debate by steering and limiting it to accusations leveled at on-mixity… . This well demonstrates the necessity of female non-mixed gatherings to REALLY work AGAINST the patriarchal order!
Consequently, we decided on a collective process to prepare an intervention during the last debate on Sunday concerning ‘the future of the anarchist movement’. For us it was the opportunity to challenge the powers in place: those of men, those of leaders…
What anarchist future for the anarchist movement?
Male speakers were following one another at the podium, formulating official versions of history, politics and the strategy of their organizations… no single woman, no single lesbian on the horizon of HIStory…
Our first action were placards reading ‘SEXIST VIOLENCE’ and a banner asking ‘IS THIS A NON-MIXED MEETING?’ together with more placards of a caustic but realistic humor. We wanted to illustrate, in a simplified way for material reasons, a simultaneous decoding of the pertinent dominant discourses and how they were functioning’ there. Another placard ‘WITH YOU, WITH US’ was addressed to the women critical of non-mixity.
Despite some remarks provoked by our presence (an eloquent one although we remained silent), the debate went on as if we didn’t exist. WE EXPERIENCED BEING RENDERED INVISIBLE AS IS THE SITUATION OF WOMEN, LESBIANS AND THEIR STRUGGLE.
Our second action: our move from the periphery to the center of the room. WE WANTED TO TAKE OUR PLACE IN THE CENTRE OF THE PUBLIC SPACE IN AN OFFENSIVE AND CHOS EN MANNER. We are joined in our initiative by other women present in the room. If we talked amongst each other, it was meant to render visible the fact that in ‘general’, men speak amongst each other. Tension grew and one man shouted at us: ‘sectarians’, ‘fascists’, ‘stupid bitches’ (pauv’connes), ‘lesbians’… Worse, we found ourselves being accused of manipulation by women inside our group, for so-called refusal to communicate and sectarianism. These are traditional instruments of power, used by the dominants to maintain and reaffirm their domination: they simply use against ourselves the critique we addressed to them. Most of the anarchist men refuse to include themselves in the group of the oppressors, even though some readily admit that this reality is the only point of departure that could permit a questioning of this role and of their participation in the maintenance of patriarchy.
Finally, certain persons stigmatized our so-called ‘will to sabotage the debate’ , claiming to regret that the debate on the future of the anarchist movement couldn’t take place ‘normally’… . It’s self-evident that we regret that certain other debates (notably the one on patriarchy) couldn’t take place ‘normally’ either… And our intention was, notably, to raise awareness, in this debate, about of the place of feminist struggles in the future of the anarchist movement. Thus our intervention was totally relevant to the issues in debate.
A profoundly anarchist action.
This action was based on a common motivation, but it’s development was completely spontaneous, as well as the choice of the women who joined us, and was entirely dependant of the reactions of the public. It could have turned out completely different…
Our feminist action allowed us to raise several questions regarding anarchist commitment and practices :
- Isn’t analysis of male dominance, of women’s oppression and of lesbophobia a individual and collective work of all men and women ? And what is the significance of the explanations or justifications being systematically demanded from feminists ?
- How can we reflect on the articulation of the different struggles when none of them is perceived as a ‘specific’ question ? Not only do we refuse the notion of a hierarchy of struggles but we also deem essential a transversal vision of social and political reality.
- How do we perceive the relationship between individual/social relations ? What links do we acknowledge between he personal and the political ? How are collective relations produced/reproduced in the private or personal space ? How can an individual, an individual subject make political choices in a society that is constructed in unequal categories and classes ?
And always, Feminists as long as will be necessary !
Collective of the women, feminists and lesbians involved in the feminist action organized during the anarchist days of May 8-10 in Lyon (France).
From: “Léo Vidal”
Date: Sat, 22 Aug 1998 00:33:00 +0200
preciso de ajuda ! revisão :~ |
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comecei a revisar :) |
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tava excelente! vc terminou?? |
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muito bom o texto, vi ele como uma resposta para esse texto que saiu essa semana nesse blog punkcanibal.zip.net |
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Junta este também numa coletânea de textos sobre machismo nos movs. sociais. |
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sim já tem uma tici, fiz uma edição e continuo nisso, acho interessante traduzir algo sobre as mulheres em contextos de insurreição popular, como em oaxaca tem um texto que analisa e é excelente, se chama women in uprising. Postei aí. Eles mostram como a violencia no mov social e o sexismo, assim como a divisao por genero das tarefas e mandatos culturais, prejudicam seriamente os processos revolucionários, muitas vezes o Estado se vale disso para debilitar os movimentos. A ediçao que fiz, se quiser imprimir, fotocopiar e distribuir por aí, ou fazer alguma feira em evento na facul ou ler em grupo de estudos, esta aqui we.riseup.net/assets/99746/n%C3%A3o%20s... eu to lendo um texto zarpadissimo, chama-se The Power of Women in the subversion of Community, eu to fascinada por esse feminismo socialista libertário contemporâneo, eu nunca vi um texto com corte de classe que fosse tão preciso, aliás nunca vi uma teoria feminista com o conceito de classe como ferramenta conceitual de análise mais fundamental que valesse a pena ser lido. Aquela andrea de atri daqui, é uma pelega do pão e rosas, porcaria também. :) Sério é genial, vou subir e quero ajuda pra traduzir, comecei a achar que falta analise de classe real, fiquei meio de saco cheio das políticas de identidade ;( Não apontam a um feminismo revolucionário, parece sempre apropriavel por Estado ou meio pos moderno. :( abraças! |
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bah fiquei meio de saco cheio das feministas radicais de repente também ehhee, sei lah precisava ampliar um pouco o modo de enxergar as questões. Sei que nos respodem muita coisa, mas emfim sei lah todos estes me deixam com alguma sensação de que falta algo. Feminismo radical, separatismo lésbico, políticas de identidade, anti-racismo… falta analisar o capitalismo, falta o capitalismo de uma maneira concreta na analis de feministas radicais, se ocupam mais do gênero ou da política sexual em si, fica meio como eixo central.Ou apropriam a teoria marxista pra fazer dela uma analise da politica sexual, como a mackinnon. A Selma James é impressionante: dl.dropbox.com/u/14025560/PWSC-2-womana..., dl.dropbox.com/u/14025560/PWSC-1-intro-... |
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já foi criado o post: apoiamutua.milharal.org/2012/08/13/anar... e o pdf apoiamutua.milharal.org/files/2012/08/a... também subi como anexo aqui na página. bjas |
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