Christine Delphy e as classes de sexo

“O estabelecimento de duas classes de população necessita que se encontrem características físicas que possam servir para distinguí-las, e evidentemente se encontra elas: não é difícil traçar categorias “físicas” das pessoas. Portanto, as características físicas chamadas “de sexo” não são mais importantes em si mesmas que outras caracterísitcas físicas que distinguem a cada individuo dos demais. Mas como estes marcam – e justificam ideológicamente – uma diferença social fundamental, adquirem una importância desmesurada nas culturas patriarcais. Os movimentos diferencialistas pensam que a diferença mais importante entre os humanos, é a diferença sexual, e que a esta diferença correspondem diferenças de temperamento, psicologia, de aptidões que é preciso valorizar da mesma maneira quando se trata de homens ou de mulheres. Como se se tratasse de uma especie distinta ou de uma cultura diferente. É uma visão que se poderia denominar multiculturalista. Se se adapta este esquema a luta de classes, na corrente diferencialista se pretenderia fazer aos operários mais felizes, enquanto que na corrente construtivista se pretenderia abolir à classes."

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mathieu ou falquet (não lembro) traça diferença essencial que surge então, do enfoque da ‘diferença’ e o da destruição das diferenças:

  • movimentos das diferenças (e seu reconhecimento): LGBT, diversidade, queer, etc
  • movimento pela destruição da diferença sexual: feminismo, feminismo lésbico.

o que ocorre hoje, é que o enfoque da diferença determinou a maneira de entender até feminismo. ‘Mulher’ se tornou uma diferença. Mulher não é uma diferença, é uma casta ou classe, a delphy usa casta sexual mesmo, nem em classe fala (pra quem odeia marxismo, imagino que tem mtas aqui que não curtam por serem anarquistas sei lá). Ninguém celebra o ‘ser proletário’. Ser ‘patrão’ não é mera questão de diferenças e diversidade.
A diversidade cria a ilusão do convívio pacífico entre as classes. Daí desaparecem as relaçoes de opressão. Prostituição se torna um modo de ser, heterossexual também, tudo é questão de ‘desejo’. Tudo é entendido dentro do âmbito liberal privado. Seriam as ‘identidades’ a reprodução de uma idéia liberal do direito privado do ser (pergunta) que esquece a necessidade de uma transformação mais radical e coletiva das condições, e não somente o benefício da individualidade e sua propriedade individual