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tradução por traduções femininjas
A Esquerda, como existe atualmente, está extremamente moralizada e vive num clima de culpa permanente, frequentemente envergonhada e apologética por sua orientação à luta de classes. Como resultado disso, até mesmo organizações socialistas acabam trabalhando em causas com foco único e questões de opressão a grupos específicos, não apenas com igual ênfase, mas dotando-as de maior importância do que um foco na luta de classes. Tais práticas e sentimentos precisam ser expurgados. É preciso deixar inequivocamente claro de que se trata de uma traição não apenas à classe trabalhadora, mas aos próprios oprimidos, porque uma abordagem que tende a dar maior ênfase à luta de classes é, na verdade, mais interseccional do que uma que dá mais atenção a opressões específicas do que à classe.
Uma cacetada sarcástica e necessária à defesa dos Democratas foi feita por Ross Wolfe no The Charnel House:
“Mas o meu time colorido de identidades marginalizadas vai destruir o kyriarcado enquanto nós borrifamos areia de diversidade mágica de duendes em todo mundo e criamos uma brilhante utopia liberal Starbucks.
Liberais de esquerda ditos ‘progressistas’ fizeram isso com eles mesmos. Isso é exatamente o que se voltar para politicas culturais (i.e., identitárias) , abandonando classe como base para uma aliança socialmente transformadora, faz de você.”
O principal problema na vida de qualquer grupo oprimido (ou, como deveríamos reaprender a dizer, qualquer grupo duplamente oprimido, levando em conta que a classe trabalhadora inteira é oprimida), na verdade, dificilmente tomará a forma da opressão peculiar àquele grupo específico.
O principal problema na vida de qualquer grupo duplamente oprimido é, normalmente, “como eu vou fazer pra comer hoje?” Isso não é apenas especulação, mas está apoiado por dados eleitorais. 1
É verdade que diariamente, por exemplo, todas as pessoas negras lidam com a possibilidade de violência policial. É também verdade, contudo, que todos os dias, todas as pessoas negras lidam com o obstáculo inegável de ter que conseguir dinheiro para comer, pagar o aluguel, despesas médicas, mobilidade, etc. Isso se extende, de várias formas, por várias analogias, às mulheres, à comunidade LGBT, imigrantes e todos os grupos oprimidos.
Pode soar insensível dizer que o principal problema com o qual a maioria das mulheres lidam não é o sexismo. Obviamente, sexismo é um grande problema e não é como se ele não devesse ser combatido. Mas na verdade é mais interseccional, mais feminista, combater o problema que é maior do que o sexismo para a maioria das mulheres. O maior, mais imediato problema de vida-ou-norte com o qual a maioria das mulheres lida é a economia, o dinheiro, o padrão de vida, o capitalismo. Claro que é até difícil separar o capitalismo do sexismo, dado que a forma como o capitalismo opera é tão sexista que a distribuição do dinheiro pode ser literalmente quantificada como sexista, na forma do salário desigual. Ainda assim, os problemas mais graves que atingem a maioria das mulheres são os mesmos problemas que atingem a maioria dos homens: será que eu vou comer hoje? Como vou fazer pra pagar o aluguel? Eu tenho emprego? Como vou conseguir arrumar um? Assistência à saúde? Como vou pagar as despesas das crianças ou prevenir a gravidez?
Isso não quer dizer que demandas de grupos específicos não devam surgir. Isso quer dizer que a Esquerda deveria mudar sua ênfase e mensagem principal em direção a uma imitação maior do sucesso obtido pelo eixo na ênfase à luta de classes e demandas econômicas desenvolvido pela campanha de Sanders e pela conselheira de Seattle, a socialista Kshama Sawant 2. Não é uma questão de “preto-e-branco”: levante demandas, ou nunca as crie. Tem a ver com frequência e proporção – quanto você vai levantá-las, quanto tempo e espaço e foco você dá a elas?, uma questão de equilíbrio 3.
A mensagem de uma aliança verdadeiramente interseccional seria colocar a ênfase primária na luta de classes e nas demandas econômicas, enquanto levantava demandas de grupos específicos, exatamente no sentido de refletir o fato de que problemas econômicos são os problemas primários e maiores de qualquer grupo duplamente oprimido, e que, de fato, problemas econômicos até mesmo afetam de maneira mais intensa do que o resto da classe trabalhadora em geral. Há também uma diferença contextual de como e onde essas demandas devem ser trazidas à tona – ao invés travar um arco-íris de um milhão de campanhas pontuais, a Esquerda deve focar seus esforços na luta de classes e lutar pela diversidade, inclusão, tolerância, e contra a discriminação no contexto do trabalho, etc, e aí voltar a tentar afetar as leis num nível político/nacional, uma vez que tenhamos construído uma base proletária que tenha um real impacto sobre elas.
O que eu estou tentando fazer é rejeitar uma interseccionalidade super-especializada e sem consciência de classe que não demonstra interesse em construir uma unidade em torno da classe, ou ter habilidade de trabalhar com pessoas comuns. Para quem essa interseccionalidade está realmente voltada? Ela se volta para as elites acadêmicas de classe média dos grupos oprimidos, como muitas vezes foi sugerido? De fato, eu acho que a realidade é ainda pior. Na verdade, eu acho que essa “interseccionalidade” não-proletária (será que é realmente uma forma de interseccionalidade, se não inclue as massas trabalhadoras?) está, na verdade, voltada para a classe média-alta acadêmica e ONGS, e, dessa forma, ao invés de ser um tipo de projeto liberal burgês (embora algumas vezes possa sê-lo), é, na verdade, principalmente adotada por um cenário branco, às vezes masculino, de classe média alta. Obviamente, essa “interseccionalidade” não está voltada para as massas trabalhadoras (e não-trabalhadoras) de grupos duplamente oprimidos, que podem também existir fora desse mundinho de inférteis disputas intra-Esquerda e podem literalmente jamais ter ouvido a palavra “interseccionalidade” em suas vidas.
Indo contra as expectativas de ativistas moralistas , as pessoas que focam nas demandas de econômicas ou de classe podem desenvolver uma relação com as pessoas e as comunidades de grupos duplamente oprimidos muito mais próxima do que os ativistas que focam em demandas específicas às essas ecomunidades jamais farão.
Se os problemas econômicos são os problemas diários mais urgentes de grupos duplamente oprimidos, é evidente que as pessoas que estão direcionando seus esforços às demandas econômicas, ao movimento trabalhista ou socialista, têm, na realidade, como objetivo implicido os membros de movimentos de mulheres, movimentos negros, movimento LGBT, a luta dos imigrantes e possivelmente outros, a despeito de terem percebido isso ou não, independente de terem levantado demandas explícitas em relação a esses grupos ou sequer pensado nesses grupos. A conexão é material, ao invés de intencional.
Porque eu estou argumentando em prol de alco que soa como reducionismo de classe? Afinal, na minha perspectiva, você poderia, em teoria, não trazer demandas que concernem a grupos “minoritários” e mesmo assim parecer alguém muito interseccional. Porque atualmente na Esquerda a insistência na falida agenda arco-íris, na superestima de demandas “minoritárias” e na total ignorância e abandono da economia e das demandas de classe está tão forte que nós teríamos que literalmente defender algo que parece (mas só parece, não é) reducionismo de classe, para apenas resultar em um acordo resultante em uma ênfase meio-a-meio. O campo de atuação está totalmente desbalanceado e injusto devido às políticas identitárias que eu teria que ser “injusto” na direção contrária para balancear isso. O mais engraçado é que meu argumentos são verdadeiros e justos, e que a ênfase na classe é, na verdade, mais interseccional que as demandas de grupos específicos.
Se a “interseccionalidade” é principalmente uma desculpa para jogar os Outros, os “não-oprimidos” debaixo do ônibus toda vida, para calar a participação de uma pessoa numa conversa, embora ela provavelmente pertença à classe trabalhadora, não há nada interseccional nisso. Nada está interseccionando. Ninguém está conectando. As pessoas estão brigando entre si ao invés de se unirem. Foda-se essa interseccionalidade. Trata-se de uma intersecção de anti-solidariedade, uma intersecção de todas as repetições possíveis de sectarismo, uma intersecção de todas as formas possíveis de não-intersecção. Ela é auto-contraditória em sua própria natureza e definição. Interseccionalidade, como existe hoje, é anti-interseccional.
Hillary Clinton nem sequer conseguiu atrair uma maioria de mulheres brancas 4. Como uma estratégia vitoriosa tende mais a atrair grandes quantidades de trabalhadores que fazem parte de grupos duplamente oprimidos, ao invés de pequenas amostras de pessoas à margem desses grupos, a interseccionalidade de classe traz a ênfase de volta para a luta de classe trans-minoritária e para o fato de que a demanda econômica é mais relevante para a Esquerda contemporânea de base, ofuscando as demandas “minoritárias”.
1 Dêem às pessoas o que elas querem: a candidatura de Bernie Sanders não é “problema de brancos”. https://www.jacobinmag.com/2015/06/sanders-race-primary-president-civil-rights/
2 Na Wikipédia: “Kshama Sawant é uma política socialista, ativista e membro da Alternativa Socialista que faz parte do Conselho de Seattle”.
3 Equilibrando identidade e classe. https://imperiumadinfinitum.wordpress.com/2016/11/11/balancing-identity-and-class/
4 Clinton couldn’t win over white women. https://fivethirtyeight.com/features/clinton-couldnt-win-over-white-women/
interseccionalidade deixou de ser o que era pra ser e virou uma doença coletiva psíquica. além do que, a coisa opera numa lógica de fanatismo: fale algo que contrarie o oprimido x e vc vai pra guilhotina. cale a boca porque você não pode dar sua opinião ou pensar, apenas obedecer o que a categoria oprimida diz (por todas por sinal) que é a verdade, ou melhor, o certo, porque como diz o texto, a coisa tem haver com uma moralidade politicamente correta que soa parecido a um cristão radical que violenta quem questiona seu dogma ou manda pra fogueira o infiel. penso tbm quão facil é feminsimo lésbico cair nessa cilada identitaria tbm. |
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“Mas o meu time colorido de identidades marginalizadas vai destruir o kyriarcado enquanto nós borrifamos areia de diversidade mágica de duendes em todo mundo e criamos uma brilhante utopia liberal Starbucks." kkkkk |
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acho que isso ocorre quando interseccionalismo é tomado de forma moral. aí apela à socialização feminina da culpa, especialmente culpa branca e em quem foi programado na culpa cis. Até classe se torna elemento identitario! De certa forma não foi esquerda que criou essa histeria? Na esquerda td mundo tem que se fazer de pobre por exemplo, e no feminismo tbm. quantas vezes fui chamada de burguesa por ter diploma universitario. Academica por ter acumulo teorico. Vai se deslegitimando as pessoas e as tratando como bosta se elas não entram no fetiche da militante periferica (olha que moro em bairro considerado periferico) pobre e negra, que daí td mundo adula até numa logica desempoderadora e escrota, o fetiche token. A politica d identidade eh fajuta, quem se sensibiliza muitas vezes é por assistencialismo e coitadismo não pq ve o outro como autonomo e capaz. Nada disso se cuida. Alem de escrotizar as pessoas como “branca classe media hetero cis academica” é legitimado o tratamento desumano mesmo, com exposições. Eu questionei recentemente essa greve do 8 de março, o documento falava em mulheres trans e outras baboseiras. Falei que Angela Davis pelegou em varias posiçoes, cedeu a agenda neoliberal, tava decepcionada. Cairam em cima de mim “como ousa chamar o icone angela davis de pelega, o feminismo negro não precisa da legitimação de vcs brancos” meu?? eu nao tenho nada contra trabalho dela teorico eu ate aprecio, eu só discordo da pelegagem dela de trans e principalmente de apoiar o “trabalho sexual” ser a favor da legalizaçao da prostituição. Se uma lesbica for a favor da prostituição tbm vou concordar com a critica, não é lesbofobia discordar de uma lesbica regulamentarista. Muito culto a personalidade de feministas vacas sagradas. Por isso digo que feminismo se tornou cultismo, religião. Vi já uma feminista dizendo que tem que se humilhar mesmo quando vc é exposta e aceitar, é uma coisa de autoflagelação pra se redimir de seus pecados, os privilegios. Não importa se vc usa seu privilegio pra reverter em algo militante por ex. É muito despolitizado e anti estrategico. E ngm ousa por limites nas praticas de violencia grupal sob a bandeira do interseccionalismo. |
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haha, mt bom. nunca vi nada bom escrito sobre a classe média. é a ‘pequeno-burguesia’ que almeja ser patrão etc. |
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Interseccionalidade se tornou mais um debate moral que um debate tático. Essa ferramenta surgiu a um propósito interessante mas foi desvirtuado e assimilado pelo capitalismo, especialmente quanto ao individualismo do foco prioritário em comportamento de um ativista a expensa do foco nas estruturas de exploração que mantem essas opressões funcionais à elas. Isso que dá quando feminismo vira rolê e bolha, tribo urbana e moda… participar no clube é ser ‘politicamente correto’, ou melhor politicamente puro. Logo esse politicamente correto/pureza moral é primeiramente falsa, é performance de pertencimento social. Ninguém pensa, apenas adere porque não pode questionar também, é religioso, dogmatico e principalmente, guilt-tripping . De repente feminismo virou um culto, onde o que for julgado politicamente incorreto vai ser expulso do culto como um pecador ou linchado como um criminoso. Moralismo, não política. A esquerda tende a fechar com essas fuleragem teorica liberal pra ganhar votos e integrantes pros partidos deles. O queer e intesec serve MUITO aos macho de esquerda. Vi um conceito interessante recentemente: Intolerância intelectual. Ocorre muito no feminismo identitário. Outra coisa que acho, do porque acho a adoção de interseccionalidade uma coisa de performance só pra divulgar uma organização ou pessoa na coisa de ser politicamente corretão ou eu diria, a fodona politicamente correta, é um lance de ego, no feminismo pelo menos que eu acompanhei. Muita empatia forçada. As pessoas não tinham firmeza intelectual, firmeza teórica, ou ética mesmo, ou até mesmo politica. Virou um terrorismo na internet o public shaming, a exposição, com aval e cumplicidade de todas, porque não importa ver se é razoável uma acusação pra destruir a imagem da pessoa eternamente no movimento. Exposições infundadas de pessoas. É uma falta de diálogo, e uma falta de humanidade também. Acho que reina a sociedade de imagem, sociedade do espetaculo, espetaculo público, a interseccionalidade se torna fetiche, pessoas oprimidas são convertidas em fetiches políticos, é a aparência de perfeição moral. A feminista popular que posa de fodona da suposta desconstrução superficial dos privilégios. Não há coragem intelectual. Quem tem se fode, é queimada, é uma coisa absurda, anti-democrática, não há debate, só controle e vigilancia da fala, da opinião. É que nem o texto da Julie Bindel, "Desculpe, mas não podemos banir tudo que lhe ofende": ‘A censura é o novo normal.’ É isso, desculpe sabe, mas ser crítico a pontos de uma teoria ou a posições não é necessariamente racismo, classismo, lesbofobia… Até um quadrinho que mencionava piolhos foi escrachado como racista anos atrás sendo que os piolhos eram referencia a anarcafeministas que vivem em ocupas. Acho que quem é cético se ferra nisso, quem tem a postura de desconfiar e duvidar, emfim isso que compoe o ato de pensar e até mesmo de fazer teoria ou ciências. Quem não quer ter deuses nem líderes, gurus, romantismos, e quem tem fobia a ter que obedecer alguém ou submeter seu pensar a algo alheio porque aquela pessoa porta um lugar de fala e sua palavra virou lei. Quem é anarquista e rejeita qualquer autoridade. A prática interseccional é autoritária. Ela impôe uma posição incontestável por apelar a uma moralidade chantageadora. O interseccional apela à culpa, á socialização cristã. E no feminismo, mulheres já são socializadas para a culpa, a empatia, elas são os seres pecaminosos por excelência cuja cruzada existencial é limpar-se do mal de ser pecadora original. Por isso essas doutrinações programam a tantas, o feminismo trans por exemplo. Muitas culpabilizações, vexações, julgamentos e punições. Muita autoflagelação por nos sentimos umas merdas privilegiadas. Não oferecem nenhuma perspectiva propositiva para isso. |
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achei o texto da chistine delphy onde ela critica as formas da esquerda atacar feminismo, problematiza a ‘mulher burguesa’, ele eh mt bom: www.womynsgathering.com:3000/Delphy_197... |
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Outra coisa, sei que empoderamento é uma idéia meritocrática, e que este deve ser coletivo. Mas até lá, a gente precisa viver bem, melhorar nossas vidas, AUTO-CUIDADO, não cair na lógica da militância sacrifiçal. Vamos recuperar Virginia Woolf: mulheres precisam de dinheiro, de um quarto próprio (amei a releitura da Dworkin para pensar na prostituição). Sem dinheiro, sem comer direito, sem descansar direito, sem ter uma casa decente pra morar, você consegue pensar direito, se intelectualizar (se nutrir do pensamento de outras e pensar na realidade), cuidar da sua saúde, e militar dignamente? Não. Então eu acho que esse discurso vem a ser desempoderador e cristão, porque não estimula mulheres a conseguirem os ‘privilégios’ retidos pelas classes sexuais, raciais e econômicas (ok pode soar feminismo da igualdade, mas não acho que é totalmente impossível você melhorar sua vida com os devidos apoios e se a pessoa se organiza pra conquistar o que quer tipo entrar numa facul hoje tem muitas politicas para melhorar acesso). Eu não to falando besteira não, vi demais essas questões identitárias sendo usadas nos debates. Pessoas sendo vexadas e desautorizadas por sua condição econômica, mesmo que ela seja concursada mas sem ensino superior e trabalhe em algo que é insalubre. Mesmo que trabalhe no setor privado e carteira assinada mas desde as 6h da manhã até 8h da noite. Seria misoginia? Mulheres devem se apoiar e se estimular para viver bem, para ter um trabalho que gostem, para ter dinheiro, mesmo que isso seja difícil, existe sim também esforço pessoal. Se você tem mais pode ajudar nisso a outras, mas com limites, porque eu fiz muito isso e descobri que não posso correr atrás por ninguém. Eu não sei se discursos politizados, marxistas, feministas, tem um potencial para instaurar uma autocomplacência, porque é um discurso ressentido , que sempre tá se queixando do outro ou do mundo e colocando nele o culpado do meu mal. Não vejo contestação disso, e se você faz minimamente, recebe a crítica de ser culpabilizadora. Ficar mantendo uma postura de que dinheiro é ruim, sucesso profissional é ruim, é absurdo. E é muito pesada a deslegitimação de quem é ‘boy’, categoria na qual pode entrar qualquer pessoa que se julgue, mesmo que more no centro porém num apê lixo, ou se mata para pagar o aluguel no centro onde deve morar porque o seu trabalho exige. É muito violento isso e nada feminista, ‘desempoderador’ mesmo, e cristão, pois vê dinheiro e se importar com carreira como algo egoísta e ruim, coisa que mulheres já internalizam desde a feminilidade. Esse tipo de discurso deveria ser abolido, na moral, ele não contribui em nada. Só gera culpabilidades e tenta desempoderar a outra, envergonhar a outra… Eu parei de usar o termo ‘burguesa’ por exemplo, parei mesmo, acho sem noção. Não existe tal coisa. Tá, de repente a mulher do Trump, mas ela só é burguesa porque aliada ao lunático mais poderoso do mundo, bilionário e presidente do U$A. Mulheres que convivemos não são proprietarias dos meios de produção. Somos tudo proletariado mesmo, intersec acaba zoando o próprio conceito de classe. Classe trabalhadora é todo mundo que trabalha, simples. Se alguns tem mentalidade pequeno burguesa isso é por conta da ideologia do sistema capitalista, que instaura esse tipo de subjetividade compensatória, mas é ilusão. Classe tem que se unir, sem esquecer as lutas estruturais auto-organizadas. Ser separatista não é boicotar protesto contra aumento da tarifa, contra o Trump, contra a reforma da previdência, contra a reorganização escolar, porque essas políticas da Direita atacam todo mundo, incluindo as lésbicas. Separatismo não é sinônimo de alienação/dissociação. (A Janice Raymond fala maravilhosamente sobre isso). |
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“Nenhum sistema de dominação, até os mais totalitários, funciona sem contradições, ambiguidades e resistências” Denise Thompson. E mais: se materialismo é um determinismo absoluto, nenhuma possibilidade de mudança é possível. Nenhuma revolta existiria, nem movimento feminista. |
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Sim, Nietzsche contribui muito a pensar isso tudo, além do anarquismo individualista. Mas são justo os pensamentos mais atacados no feminismo, se você fala minimamente de autonomia e responsabilidade já parece estar ‘culpabilizando as mulheres’. E assim feminismo vai apagando ‘a sujeita’, vai criando um discurso que gera uma dependência do Estado sempre, assistencialista, vitimista. |
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Sim ! Concordo com tudo. |
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