Num primeiro encontro você pode convocar as pessoas e ver qual é a demanda delas, de um coletivo para ações ou para formação política. É bom alguém que anote. Daí você define a partir dos temas registrados, textos para buscar para leituras formativas. (de todo modo é importante, desde que os estudos não emperrem a ação e se torne apenas um grupo teórico! Se for para ser apenas um grupo teórico tudo bem também!).
Criando um grupo de estudos/formação e decida um cronograma de textos a serem lidos por reunião para uma formação política das integrantes.
Um bom para começar é um clássico e brilhante texto sobre organização, o "A Tirania da Falta de Estrutura" da Jo Freeman .
Ali já se debate organização e se previne problemas futuros nos grupos. Fala sobre estrutura de grupos não-autoritários etc. Rotatividade de tarefas, problemas que o grupo enfrenta, como estruturá-lo para evitar mecanismos de poder informais e descontentamentos, etc.
Aí vocês vão vendo ações a serem feitas também, ações ativistas de acordo com o que tá rolando no momento. Por ex. algum caso de lesbofobia na cidade/localidade de vocês que esteja ocorrendo…
Aí vê que ação querem fazer. Um ato, roda de conversa, formação, uma panfletagem (em algum lugar específico), a confecção de um material informativo (como cartilhas, manuais, guias, zine, etc), um jornal, um grafite/muralismo, stencil ou pixação, uns lambe lambe, um cine debate, um ocupa, um festival, uma jornada, um evento, umas oficinas, oficinas em escolas e comunidades, intervenções, cartazes, etc…. ou ate coisas virtuais tipo um blog do grupo, um site…
Das reuniões é bom fazer uma ata ou relatoria
Na relatoria como o nome diz você relata tudo que foi falado mais extensamente e de forma geral, ele é melhor para por ex. um grupo de estudos, alguém vai registrando as falas, etc… dali podem sair resumos, textos…
A ata é mais simples e objetiva. Ela serve para orientar, registrar pontualmente o que foi encaminhado numa reunião. Geralmente tem a seguinte estrutura
- Data
- Pessoas presentes
- Informes (traz-se informações sobre outros eventos, coisas ocorridas, etc)
- Pautas trazidas (assuntos da reunião que as pessoas queiram propor, é melhor primeiro decidir todas, anotar e depois partir para a discussão)
- Propostas (o que saiu da discussão das pautas, a respeito do que fazer, ou o que foi decidido, e até o que foi consensuado em termos da estrutura do grupo, organizacional, ou o que foi consensuado teoricamente por exemplo de uma discussão)
- Encaminhamentos: o que vai ser feito e a distribuição de tarefas, o que cada uma fica encarregada de correr atrás. Quem vai fazer contato com alguma organização ou pessoa, quem vai trazer não sei o que pra próxima reunião, quem vai conseguir tal material, quem vai obter tal sala ou lugar para uma atividade….
(se tiver muita gente pode-se pensar na possibilidade de inscrição para fala, delimitar também o tempo da reunião para não se estender e as pessoas terem que se obrigar a serem objetivas)
Outra coisa útil de se fazer é Carta de Princípios, onde vocês definem a visão teórica do coletivo, e assim isso ajuda na manutenção de uma coesão teórica do mesmo, e as pessoas que entram já sabem em que construção estão entrando, e evita que pessoas recém chegadas baguncem a construção antiga.
Algo que foi feito muito nos anos 70, que originou o feminismo de segunda onda, foram Grupos de Autoconsciência. São grupos onde as mulheres e lésbicas falam em primeira pessoa das vivências delas sobre algo, exemplo cotidianidade delas, relacionamentos, sexualidade, trabalho, família, local de estudo, etc. Deve-se tomar cuidado para não se tornar uma terapia de grupo ou grupo de auto ajuda pois a finalidade é política. A partir do dito pode ser elaboradas consciência sobre as nossas condições dentro de um grupo oprimido. Também ajuda ao não deixar o grupo com uma cara apenas burocrática e de execução.
Outro texto bom que recomendo é a leitura de "Militância e Ativismo" de Felipe Correa nele se diferencia o que é ativismo e o que é militância, o ativismo se baseia em ações mais pontuais e eventuais, a militância é um compromisso de educar e preparar as pessoas para um processo revolucionário.
Também podem ser lidos no site protopia sobre diferença entre grupo de afinidade, organização formal, informal, etc…
How to start a group por Judith Brown texto de feminista radical dos anos 60, sobre como começar um grupo, está em inglês.
documentário: roue de la fortune |
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