Confrontando as mentiras liberais sobre prostituição

Este texto faz parte do livro The Sexual Liberals and the Attack on Feminism, editado por Dorchen Leidholdt e Janice G. Raymond, publicado em 1990. Retirado de http://feminismoptbr.blogspot.com.br/

Confrontando as Mentiras Liberais Sobre Prostituição – Evelina Giobbe (1990)

Este texto faz parte do livro The Sexual Liberals and the Attack on Feminism, editado por Dorchen Leidholdt e Janice G. Raymond, publicado em 1990.
Título Original: Confronting Liberal Lies About Prostitution
Autora: Evelina Giobbe
Tradução: Laryssa Azevedo de feminismoptbr.blogspot.com.br

PARTE I

WHISPER¹ é uma organização nacional de mulheres sobreviventes da indústria do sexo. Nosso propósito é expor as condições que tornam mulheres e crianças vulneráveis à exploração sexual e os prendem em sistemas de prostituição, expor e invalidar mitos culturais sobre mulheres usados na prostituição e na pornografia, e acabar com o comércio de mulheres e crianças. Nós definimos sistemas de prostituição como qualquer indústria na qual corpos de mulheres e crianças são comprados, vendidos ou negociados para uso e abuso sexual. Esses sistemas incluem pornografia, shows de sexo ao vivo, peep shows (exibição de filmes pornográficos em cabines, geralmente localizadas em livrarias de conteúdo adulto), escravidão sexual internacional e prostituição como é comumente definida.² Todas essas indústrias são simplesmente diferentes veículos comerciais através dos quais homens comercializam mulheres e crianças. Nós escolhemos o acrônimo WHISPER (sussurro), porque mulheres em sistemas de prostituição sussurram entre si sobre coerção, degradação, abuso sexual e assédio sobre os quais a indústria do sexo é fundada, enquanto mitos sobre prostituição são clamados na pornografia e na mídia de massa, e por autodenominados “especialistas”. Essa mitologia, que esconde a natureza abusiva da prostituição, é ilustrada pela ideologia de liberais sexuais que erroneamente alegam que prostituição é uma escolha de carreira; que prostituição sintetiza a liberação sexual das mulheres; que prostitutas estabelecem as condições sexuais e econômicas de suas interações com seus clientes; que a relação cafetão/prostituta é um acordo social ou de negócios mutuamente benéfico no qual mulheres entram livremente; que ser prostituta ou cafetão é ocupação aceitável e tradicional em comunidades negras. O liberalismo sexual desenvolveu três argumentos principais que tentam explicar o papel central dos cafetões no recrutamento de mulheres e garotas na chamada prostituição voluntária: “cafetões como gerentes de negócios”; “cafetões como minoria estigmatizada”; e “cafetões como amantes ou namorados”. Todos os três modelos foram adotados e promovidos por Priscilla Alexander³, no NTFP (The National Task Force on Prostitution, A Força Tarefa da Prostituição) e no COYOTE (Cast Off Your Old Tired Ethics, Abandone Sua Ética Ultrapassada), e Arlene Carmen e Howard Moody, falando no púlpito da Judson Memorial Church e em seu livro Working Women: The Subterranean World of Street Prostitution (1985) (Mulheres Trabalhando: O Mundo Subterrâneo da Prostituição de Rua). Como suas visões coletivas representam a promoção de e apologia à exploração comercial de mulheres através da pornografia e prostituição feita pelo liberalismo sexual, este artigo abordará o trabalho deles. Para entender como cafetões e aliciadores foram redefinidos como “gerentes de negócios”, é preciso examinar o mito de que a prostituição é um trabalho como outro qualquer. De acordo com o liberalismo sexual, “Prostituição é uma ocupação feminina tradicional, uma ocorrência diária na qual o desejo biológico encontra a necessidade econômica.” E continua – de forma ambígua – informando que é “um ato primariamente pessoal e íntimo” e ao mesmo tempo “um dos últimos pilares da livre iniciativa e do capitalismo liberal” (Arlene Camen e Howard Moody, 1985). O fato de a prostituição requerer a mercantilização dos corpos femininos para venda no mercado retira o ato da esfera pessoal. Além disso, sobreviventes descrevem a prostituição como “nojenta,” “abusiva,” e “como estupro,” e explicam que aprenderam a lidar com ela desassociando-se de seus corpos ou usando drogas e álcool para entorpecer a dor física e emocional (WHISPER, 1988). Dessa forma, seria mais correto descrever a prostituição como incômoda, indesejada e muitas vezes claramente sexo violento que mulheres suportam ao invés de um “ato pessoal e íntimo.” A falha central da análise do liberalismo sexual é que esta ignora as sobreviventes da prostituição que testemunharam repetidamente que não experimentaram prostituição como uma carreira (WHISPER, 1988). Ademais, a análise desconsidera a função social da prostituição: estender a todos os homens o direito de acesso incondicional a mulheres e meninas adicionado aos privilégios aproveitados por maridos e pais dentro da instituição do casamento. Essas dinâmicas são claramente entendidas por mulheres usadas nos sistemas de prostituição, como ilustrado na observações de uma sobrevivente que conectou o abuso físico e emocional ao qual foi submetida em sua família e seus casamentos ao subsequente recrutamento na prostituição por um cafetão: “Eu basicamente apenas pensei que mulheres eram colocadas na Terra para o prazer sexual dos homens em troca de casa e comida” (WHISPER, 1988). Alguns liberais justificam prostituição como uma criação altruísta das mulheres negras. “Prostituição não é uma coisa estranha às mulheres negras,” escrevem Carmen e Moody. “Em todas as cidades sulistas nos anos 1920 e 30 o distrito da luz vermelha era localizado na área do gueto onde jovens garotos brancos ‘descobriam sua masculinidade’ com a ajuda de prostitutas de dois dólares (…) Prostitutas(…) estavam integrando negros e brancos muito antes dos movimentos pelos diretos civis” (1985: pp. 184-185). Espantosamente, Carmen e Moody consideram a compra e venda de mulheres negras por homens brancos e seus filhos como a vanguarda do fim da segregação. A supremacia masculina branca intensifica condições opressivas que fazem com que mulheres negras em particular fiquem vulneráveis ao recrutamento ou coerção para a prostituição. Ao limitar oportunidades educacionais e de carreira e fomentando dependência em um inadequado e punitivo sistema de bem-estar, o racismo cria vulnerabilidade econômica. Isso é ilustrado pelo testemunho de uma mulher negra que sobreviveu a prostituição:

Dos negros que chegavam em Indiana, na usina siderúrgica de lá, eles contrataram homens. Todos os homens conseguiram empregos na usina; pouquíssimas mulheres. Você realmente tinha que ser muito bonita ou conhecer alguém, de modo que não existiam trabalhos no campo, não existiam trabalhos nos escritórios para você, a não ser que você conhecesse alguém ou algo; mas existiam muitos empregos para você nos clubes de striptease, como dançarina ou até mesmo em alguns restaurantes e bares do lado de fora das usinas para onde os homens iam. (WHISPER, 1988)
Estereótipos racistas acerca de mulheres negras na pornografia e políticas racistas que localizam livrarias pornográficas, peep shows, bares de topless e prostituição em zonas pobres de vizinhança negra e étnica, criaram um ambiente em que mulheres negras são particularmente vulneráveis.
Jovens mulheres têm alguém como modelo. Em minha família e em minha vizinhança e ao meu redor existia um tipo de estilo de vida, um estilo de vida no qual você acaba morrendo ou na cadeia, e foi daí que eu aprendi(…) cafetões me ensinaram, a sociedade me ensinou, minha vizinhança me ensinou, homens em geral, me ensinaram que o caminho para superar isso é usar minha aparência e meu corpo. (WHISPER, 1988)
Ao não fornecer programas de intervenção efetivos para mulheres negras que são aprisionadas em relacionamentos abusivos – incluindo prostituição – em suas próprias comunidades, políticas racistas enviam a mensagem de que essas mulheres não merecem ajuda:
Eu sinto que as agências de serviço social ignoram as necessidades das mulheres negras (…) Em minha comunidade, crescendo como uma garota negra e até mesmo hoje, não existia nenhuma agência lidando com assédio, prostituição ou estupro (…) Para mim, ser abusada sexualmente por homens e não poder falar sobre isso, não ter ninguém para conversar sobre isso, sendo varrida para baixo do tapete como se isso fosse um estilo de vida (…) fez com que eu voltasse lá e fosse abusada de novo porque ninguém estava me dizendo que isso não era certo, então eu senti que devia me conformar com isso. (WHISPER, 1988)
A aplicação de políticas racistas desproporcionalmente tem como alvo mulheres negras para assédio, captura, prisão e aplicação de multas (Bernard Cohen, citado em Nancy Erbe, 1984.) Tais ações criam uma porta giratória através da qual mulheres são tiradas das ruas para os tribunais e cadeias e voltam para as ruas para ganhar dinheiro para pagar as penalidades. A aplicação seletiva de leis que proíbem prostituição cria um tipo de regulação ilegítima na qual um imposto é cobrado primariamente contra mulheres negras por homens brancos que projetam, mantêm, controlam e se beneficiam do sistema de abuso no qual estas mulheres são aprisionadas.
Por último, racismo institucional coloca mulheres negras em um duplo constrangimento ao forçá-las a ir a agências dominadas por brancos para procurar alívio e compensação para seus danos. Se elas falarem abertamente sobre os abusos mantidos em suas comunidades, elas arriscam ser isoladas, ter suas alegações usadas para fomentar estereótipos racistas, e nunca receber apoio efetivo. Se elas permanecerem em silêncio, restam poucos recursos que podem ser usados para obter uma solução efetiva. Dessa forma, o racismo mantém mulheres negras como reféns da lealdade familiar e dos laços da comunidade. Esse dilema é bem articulado por outra mulher negra que sobreviveu a prostituição:
Eu fui ensinada que o que acontece aqui fica aqui. Isso se aplica não apenas à casa, você não fala sobre os negócios de outras pessoas na comunidade, no bairro, então isso se torna uma coisa fechada que se estende da minha casa à casa do vizinho, à igreja (…) Por não poder ir a agências brancas e pedir ajuda eu fui mantida na comunidade, sofrendo violência sexual – que é prostituição e assédio – porque eu não tinha informação, não me era permitido ter informação. As únicas pessoas com as quais eu podia falar eram justamente as que moravam em minha casa, em meu bairro, meu ambiente que dizia que estava tudo certo, que havia concordado com isso ou se ajustado a isso. (WHISPER, 1988)
O papel do racismo no recrutamento de mulheres para sistemas de prostituição e como um impedimento para sua saída é complexo e multifacetado. Esse é um problema que sobreviventes tem que começar a apurar com mulheres negras na grande comunidade feminista. Esse discurso deve começar com um entendimento das realidades sociais sob as quais mulheres negras são forçadas a viver em uma cultura de supremacia masculina e branca e com o conhecimento de que quaisquer estratégias para mudança devem vir de mulheres negras, em particular as que sobreviveram a exploração sexual para fins comerciais. Sem esse tipo de liderança, análises racistas e misóginas da prostituição em comunidades negras – como aqueles colocados por Carmen e Moody – vai continuar a facilitar e manter o comércio de mulheres e crianças negras.
“Prostituição envolve uma igualdade de sexo com poder” afirma COYOTE. Mas ao invés de reconhecer o poder que os cafetões e clientes exercem sobre mulheres usadas na prostituição, COYOTE vê como um arranjo antitético: “Para a mulher/prostituta, esse poder consiste em sua habilidade de definir os termos de sua sexualidade, e exigir pagamento substancial por seu tempo e habilidades” (Priscilla Alexander, 1987: p. 189). Numa distorção grotesca do feminismo, Carmen e Moody afirmam: “Em uma sociedade na qual mulheres estão no limite da igualdade com homens, começando não apenas a gostar de sexo mas a decidir quando e com quem fazê-lo, a prostituta se torna a personificação daquela liberdade que até então era apenas uma fantasia” (Arlene Carmen e Howard Moody, 1985: p. 80). Entretanto, eles expõem seu apoio às vontades sexuais masculinas como medida da liberdade sexual feminina quando descrevem a função básica da prostituição como “…entregar-se para a realização de fantasias de nossos irmãos, pais e filhos…” Pegos de calças curtas, por assim dizer, eles correm de volta para o discurso do liberalismo sexual e ao fazer isso, confundem exploração sexual com escolha sexual, defendendo “o direito da mulher de exercer sua autonomia sexual que inclui promiscuidade mercantil” (Arlene Carmen e Howard Moody, 1985: p. 191)
COYOTE, de Priscilla Alexander, segue nessa linha e nos informa “Independente do que você ou eu pensemos sobre prostituição, mulheres tem o direito de ter a própria opinião sobre trabalhar ou não como prostitutas incluindo o direito de trabalhar com um empregador, um terceiro, que pode cuidar de administração e problemas de gestão” (Priscilla Alexander, 1987: p. 211). De fato, a exploração por cafetões é redefinida por Alexander como “uma relação empregador-empregada na qual várias prostitutas entregam parte de ou todos os seus ganhos a um terceiro” (Priscilla Alexander, 1983: p. 13). “Cafetinagem e aliciamento”, COYOTE explica, “são palavras pejorativas usadas para se referir a terceiros que gerenciam prostituição e como tal deveriam ser reconhecidos como legítimos negociantes e regulados apenas pelas leis dos negócios e do trabalho, não a lei criminal” (COYOTE/NTFP, 1984-86: p. 3).
Na tentativa de transformar palha em ouro, o liberalismo sexual argumenta em torno do apoio à prostituição baseado em falsas suposições e mentiras completas. Eles alegam que prostituição é uma manifestação da liberdade sexual da mulher e da igualdade de gênero. Eles alegam que as mulheres escolhem livremente a prostituição como alternativa de carreira. Eles alegam que as mulheres controlam tanto as interações sexuais quanto as financeiras entre elas mesmas e seus clientes. Eles alegam que cafetões são pequeno-empresários que podem e devem ser responsáveis por suas empregadas através de negociações de trabalho.
Existe aproximadamente um milhão de prostitutas adultas nos Estados Unidos (Charles Winich e Paul Kinsie, 1971: p. 14). Muitas são mulheres negras (Pasqua Scibelli, 1987: p. 120). Muitas têm filhos que dependem delas. A média de idade na qual se entra na prostituição é 14 anos (D. Kelly Weisberg, 1985: p. 94). Outras eram “esposas tradicionais” que escaparam ou foram abandonadas por maridos abusivos e forçadas a se prostituir para sustentar a si mesmas e aos filhos. Além disso, existe aproximadamente um milhão de crianças usadas na indústria do sexo neste país (D. Boyer, 1984). Mesmo que as estimativas variem devido à natureza encoberta da prostituição infantil, nós sabemos que sem intervenção efetiva a maioria dessas crianças vão crescer e se tornar prostitutas adultas.
Mulheres na prostituição contam com poucos recursos. A maioria não completou o ensino médio.4 Poucas tiveram alguma experiência profissional fora da indústria do sexo.5 A maioria foi vítima de abuso sexual na infância, incesto, estupro e/ou assédio antes de sua entrada na prostituição. WHISPER apontou que a função da instituição da prostituição é permitir que homens tenham acesso sexual incondicional a mulheres e crianças, limitado apenas por seu poder aquisitivo. Uma análise preliminar dos dados coletados pelo Projeto de História Oral de WHISPER isolou táticas culturalmente aceitas de poder e controle que facilitam o recrutamento ou coerção de mulheres e crianças para a prostituição e efetivamente impedem sua fuga. Essas táticas incluem abuso sexual infantil, estupro, assédio, privação educacional, discriminação profissional, pobreza, racismo, classismo, sexismo, heterossexismo, e aplicação desigual da lei. Estas mesmas táticas são usadas por homens individualmente para manter mulheres presas em relacionamentos abusivos fora da prostituição.6
90% das mulheres que participaram do Projeto de História Oral de WISHPER reportaram ter sido sujeitas a uma excessiva quantidade de abuso físico e sexual durante a infância: 90% haviam sido assediadas por suas famílias; 74% foram sexualmente abusadas entre 3 e 14 anos.7 Deste grupo, 57% foram repetidamente abusadas num período de 5 anos; 43% foram vítimas de dois ou três criminosos; 93% foram abusadas por um membro da família.8 Além disso, 50% deste grupo foram também molestadas por alguém de fora da família (veja, por exemplo, Mimi Silbert, 1982).
Uma vez na prostituição, essas mulheres e meninas eram vitimizadas tanto por cafetões quanto por clientes. 79% das mulheres entrevistadas foram espancadas por seus cafetões. 74% reportaram agressões de clientes; destas, 79% reportaram ter sido espancadas por clientes e 50% reportaram estupros. 71% destas mulheres foram vítimas de múltiplas agressões de clientes. (Essas conclusões são compatíveis com Mimi Silbert, 1982; Diana Gray, 1973. As condições as quais essas mulheres foram submetidas na prostituição replicam o abuso que elas sofreram nas mãos de seus pais e maridos.
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¹Women Hurt In Systems of Prostitution Engaged in Revolt (Mulheres Machucadas em Sistemas de Prostituição Envolvidas em Revolta).
²Prostitutas “de rua”, prostitutas de luxo, ou serviços de acompanhante, saunas, casas de massagem, etc.
³Alexander, que nunca esteve na prostituição, é o diretor e porta-voz do NTFP e COYOTE. Nenhuma das organizações têm membros visíveis ou conselho de diretores. Nenhuma das organizações produziu pesquisas originais para validar suas alegações. Ambas as organizações dividem o mesmo endereço e número de telefone, eu vou assumir que elas são, de fato, o mesmo reflexo da filosofia de Alexander.
4Mary Magdalene Project, Reseda, Califórnia (1985); Operation De Novo, Minneapolis; WHISPER Oral History Project (1988).
5Council for Prostitution Alternatives, Portland, Oregon; Genesis House, Chicago; WHISPER, Minneapolis; PRIDE, Minneapolis.
6 O Projeto de História Oral é uma pesquisa em andamento projetada para documentar experiências comuns de mulheres usadas na prostituição. Participantes respondera uma única entrevista com duração de 2 a 3 horas que foi transcrita para análise de dados. Conclusões preliminares são baseadas em 19 entrevistas com mulheres com idades entre 19 e 37 anos.
7Destas, 36% foram vítimas de estupro
850% foram abusadas por pais biológicos, adotivos ou padrastos

PARTE II

Carmen e Moody tentam livrar a cara dos cafetões apresentando um perfil pseudopsicológico desses homens. O que é realmente importante, eles escrevem, “é a autoimagem do homem, a forma com que ele percebe a si mesmo no relacionamento com a prostituta(…) Ele não se vê como um senhor de escravas mulheres; ao invés disso ele se considera um empresário(…) Ele gerencia um pequeno negócio.” E, conforme a leitura, entendemos que, em seus negócios “ele geralmente escolhe pagar a mulher com bens e serviços ao invés de com dinheiro” (Arlene Carmen e Howard Moody, 1985: pp. 107-108). Isso é equivalente a tentar construir uma análise do assédio sexual perguntando como o criminoso condenado percebe a si mesmo em sai relação com a vítima: ele não se vê como um estuprador; ele acha que está amando. Explicando como os cafetões são vistos pela sociedade, Carmen e Moody escrevem, “A categoria dos cafetões sofre enquanto seres humanos o mesmo destino de outros membros de pessoas fora do padrão ou minorias subculturais” (Arlene Carmen and Howard Moody, 1985: pp. 100). Eles alegam que 99% dos cafetões são negros e reforçam esse equívoco apresentando uma visão racista/misógina da história. “Em tempos de escravidão,” eles afirmam, “senhores brancos estupraram mulheres negras e saíram impunes.” Entretanto, eles adicionam, “algumas mulheres negras cooperaram com os senhores brancos para ganhar espaços mais seguros.” Desconsiderando os horrores específicos ao gênero aos quais mulheres escravizadas eram submetidas, incluindo gravidez forçada, e rotulando-as como colaboradoras com a própria opressão, Carmen e Moody rapidamente avançam para o que eles entendem como a real degradação da escravidão: “Senhores brancos castravam socialmente homens negros não permitindo que estes fossem os chefes de suas próprias famílias e negando seu acesso a mulheres brancas.” Para Carmen e Moody, a cafetinagem de mulheres por homens negros repara esse erro histórico. “O cafetão negro inverteu a história,” eles explicam. “Ele domina a mulher negra e a branca e também humilha o homem branco fazendo-o pagar pelo que suas mulheres generosamente dão ao homem negro” (Arlene Carmen and Howard Moody, 1985: pp. 106-107). Esse paradigma racista que define cafetões como homens negros movidos pela vingança sexual histórica, aparentemente porque foram privados de acesso sexual incondicional tanto a mulheres negras quanto a brancas, desvia a atenção do tráfico organizado de mulheres possuído e controlado por homens de negócio brancos na América – donos de bordéis em Nevada9; donos de cassas de massagens e de serviços de acompanhantes ao longo dos Estados Unidos; donos e gerentes de bares, boates e “estúdios de dança” onde se promove prostituição;10 donos de negócios de “noivas por correspondência”; organizações criminosas que operam em conluio com exércitos americanos para persuadir mulheres asiáticas a virem para seu país e aprisioná-las em casas de massagem (Sindicato do Crime, 1985: p. A1, A2); pornógrafos e dono de “peep shows” e “shows de sexo ao vivo”;12 e autoproclamados revolucionários de esquerda que levaram suas companheiras a prostituição nos anos 60 e 70. Ao fingir preocupação com o status socioeconômico subordinado dos homens negros na América, os liberais sexuais apontam para um cafetão individualmente, absolvendo a si mesmos da culpa. Além do mais seu retrato do típico cafetão americano é falso. Convenientemente omitidos de sua figura estão os maridos que cafetinam suas esposas e pais que cafetinam suas filhas. Uma sobrevivente da prostituição descreveu como seu padrasto a forçou a entrar na prostituição aos 11 anos.

Ele me vendia a seus amigos de bar… nós dirigíamos até um bar e então ele entrava no bar enquanto eu era deixada no carro e ele trazia seus amigos para o carro. (WHISPER, 1987)
Tais cenários de cafetinagem, comumente interracial, são ignorados tanto na literatura popular quanto na acadêmica. Além disso a família, sob o controle do pai, é mantida isenta de culpa pela escravização sexual de mulheres e meninas na esfera pública e na privada. Isso não é coincidência. É por isso que a família serve como uma área de treinamento para a prostituição. É pelo interesse dos defensores do liberalismo sexual, em sua maioria maridos e/ou pais, que essa instituição é mantida intacta. Eles protegem a família através da execução de leis de proteção à privacidade, que previnem quaisquer interferências na absoluta autoridade masculina na casa, assim como protegem seu direito de comercializar mulheres através da pornografia em público.
Na tentativa de absolver homens de qualquer responsabilidade pelo comércio de mulheres, Carmen e Moody argumentam que é “mito ser a cafetinagem a razão primária de mulheres estarem ‘na vida’” (Arlene Carmen and Howard Moody, 1985: p. 101). Alegando falar pelas prostitutas, eles afirmam “…as mulheres frequentemente escolhem o homem para o qual dar seu dinheiro… mulheres largam um cafetão para ficar com outro. Ou uma mulher sem homem decide trabalhar pelo cafetão que prefere” (1985: p. 104). Alexander vai mais longe alegando que “meninas jovens (fugitivas) deliberadamente vão às grandes cidades para achar cafetões para introduzi-las na prostituição” (1985: p. 10).
Essas duas teorias que culpabilizam a vítima ignoram as técnicas de manipulação utilizadas por cafetões para recrutar mulheres e meninas para a prostituição, por exemplo, visando mulheres emocionalmente e/ou economicamente vulneráveis, adquirindo sua confiança e dependência ao fingir amor e amizade e praticando abuso físico ou sexual (Kathleen Barry, 1981: pp. 121-122). Eles não consideram o fato de que prostitutas que não têm cafetões são consideradas “foragidas”. Porque uma “foragida” não é propriedade de um cafetão, ela está disponível para todos os cafetões. Também ignorado é o fato de cafetões trocarem mulheres entre si e as “roubarem” uns dos outros. Em uma investigação preliminar, o Projeto de História Oral de WHISPER apurou que todas as mulheres entrevistadas até então haviam sido assediadas, agredidas, estupradas, sequestradas e/ou forçadas a se prostituir por um cafetão ou gangue de cafetões. Que o fato de algumas mulheres terem cafetões no momento da agressão não dissuadiu outros cafetões de atacá-las.
Apesar dessa realidade, Carmen e Moody retratam cafetões como seres benignos. “O cafetão,” eles escrevem, “desempenha um papel multifacetado na relação com sua(…) mulher (…)como pai, corrigindo sua filha desobediente(…)como irmão(…)como amante. Talvez o papel mais importante seja assumido quando(…) ele desempenha papel de marido.” Eles alegam, “Ele é desejável porque ela acredita que ele será um bom provedor que dará a ela o que ela precisa (…) e as coisas que ela deseja(…) e que ele lhe dará o maior presente – ele a deixará carregar o filho dele.” Culpando a mulher, eles afirmam “Na subcultura da prostituição o homem ainda é rei enquanto a mulher é uma serviçal submissa, embora na maioria das vezes queira isso” (Arlene Carmen e Howard Moody, 1985: p. 126).
O que Carmen e Moody acabam de descrever é a família patriarcal tradicional, e fazendo isso, eles involuntariamente expuseram a verdade sobre a prostituição. Prostituição é ensinada em casa, validada socialmente por uma ideologia de libertação sexual, e reforçada tanto pela igreja quanto pelo Estado. Isso é dizer que as hierarquias masculinas tanto da direita conservadora quanto da esquerda liberal conspiram para ensinar e manter mulheres na prostituição: a direita exigindo que mulheres sejam social e sexualmente subordinadas a um homem no casamento, e a direita exigindo que as mulheres sejam social e sexualmente subordinadas a todos os homens na prostituição e pornografia. Seu objetivo comum é manter seu poder para si mesmos e controlar as mulheres tanto na esfera pública quanto na privada.
Prostituição não é como qualquer outra coisa. Pelo contrário, qualquer outra coisa é como prostituição porque esse é o modelo da condição feminina. A linha entre esposa e prostituta – Madonna e vadia – tornou-se cada vez mais tênue, começando nos anos 60 quando as tentativas das mulheres de se libertarem dos dois pesos e duas medidas foi frustrada pela adoção e promoção por parte da esquerda liberal da “Filosofia Playboy.” Isso resultou na substituição dos dois pesos e duas medidas pelo padrão de um só homem, no qual libertação sexual se tornou sinônimo de objetificação sexual masculina e acesso sexual incondicional a mulheres. Com a invasão das casas pelos canais à cabo de pornografia e videocassetes, a “boa esposa” se tornou equivalente à “boa vadia,” conforme mais e mais mulheres foram pressionadas a emular os cenários da pornografia. Nesse contexto, a esposa é pressionada, seduzida e/ou forçada a fazer o papel de prostituta enquanto seu marido adota o papel de “cliente.” Concursos promovidos por pornógrafos como Hustler’s “Beaver Hunt”13 e boletins informativos pornográficos de computador como High Society’s “Sex-Tex,”14 resultaram na proliferação da pornografia caseira. Nessa situação a esposa é compelida a assumir o papel de “porn Queen” (mulher que aparece em mídias pornográficas) enquanto seu marido adota o papel de pornógrafo. O creascimento de “revistas de swingers” e “clubes de troca de esposas” permitiram que homens assumissem simultaneamente o papel de cliente e cafetão, pagando pelo uso da esposa de outro parceiro e disponibilizando sua esposa para troca. A última barreira separando os papéis de esposa e prostituta é destruída quando homens promovem encontros com prostitutas que incluem suas esposas. Uma sobrevivente da prostituição descreve a dinâmica de tal experiência:
Muitos homens gostavam de me levar em encontros com suas esposas. Usualmente o que acabava acontecendo é assistirmos um filme pornográfico e então ele dizia, “Tudo bem, eu quero que você faça aquilo com a minha esposa.” Então, nessas circunstâncias, eu sentia que a esposa era a vítima, e que eu estava ali para machucá-la. Eu sentia que havia um real jogo de poder ali, onde o homem estava obviamente dizendo para a esposa, “Se você não fizer isso, eu vou te deixar.” Quer dizer, haviam nuances de manipulação e coerção. (WHISPER, 1988)
Em cada uma dessas formas a prostituta simboliza o valor do homem na sociedade. Ela é o paradigma da subordinação social, sexual e econômica das mulheres na qual seus status é a unidade básica pela qual o valor dos homens é medido e pela qual todas as mulheres podem ser reduzidas. O tratamento que um homem dá às mulheres mais desprezadas – as prostitutas – define o padrão segundo o qual ele deve tratar as mulheres sob seu controle – sua esposa e filhas.
O papel da prostituta é imposto nas mulheres em casa quando os tribunais isentam o estupro dentro do casamento do código penal. Essas leis codificam o imperativo moral da igreja que demanda que as mulheres estejam incondicionalmente disponíveis sexualmente a seus maridos. Através dessa vitimização legalmente sancionada, o Estado apoia o direito do homem ao impacto emocional e físico nela, baseado num contrato social (casamento) que assume o consentimento formal da parte da esposa. Essa mesma lógica tem sido usada contra prostitutas que tentaram prestar queixa contra clientes que as agrediram sexualmente. Um tribunal na Califórnia recentemente decidiu a favor de um cliente acusado de estuprar uma prostituta, sob alegação de que os tribunais “não estavam em posição de julgar brechas em contratos ilegais” (LA Times, 1986: pp. 1,7).
O papel da prostituta é ensinado a meninas em casa através do abuso sexual paterno. O fato de que estima-se que 75% das mulheres na indústria do sexo foram abusadas sexualmente quando crianças sugere que as ramificações do incesto e da agressão sexual na infância contribuíram para o recrutamento de mulheres e crianças para a prostituição.15 Uma sobrevivente afirma:
Eu acredito que me tornei prostituta por causa do abuso físico que experienciei na infância. Isso fez com que homens me intimidassem e assustassem, e eu era facilmente manipulada por homens. Eu também acredito que outro fator responsável em grande parte por meu envolvimento com a prostituição foi o abuso sexual que sofri muito jovem, aos 12 anos (…) e foram como três baques que aconteceram – boom, boom boom – que me fizeram saber que não foi apenas um incidente isolado. (WHISPER, 1988)
O papel da prostituta é ensinado para mulheres individualmente e como classe, através da aprovação social da exploração sexual comercial de mulheres por pornógrafos, que mantém nosso status de segunda-classe e ainda assim tenta ser vendido pelo liberalismo sexual como liberdade sexual da mulher. Dados preliminares coletados pelo Projeto de História Oral de WHISPER refutam o argumento do liberalismo sexual de que a pornografia é uma inofensiva fantasia ou entretenimento sexual libertados, sugerindo, ao invés disso, que a pornografia é um importante fator no aliciamento de mulheres na prostituição. 52% das mulheres entrevistadas revelaram que a pornografia desempenhou um papel significante ao ensiná-las o que era esperado delas enquanto prostitutas. 30% reportaram que seus cafetões regularmente as expunham à material pornográfico para doutriná-las a aceitas as práticas retratadas. Uma sobrevivente explicou:
Ele usou pornografia para me dar os modelos a serem seguidos, sabe, mulheres para reproduzir e retratar. Ele dizia, “É assim que eu quero que você se pareça” (WHISPER, 1987)
A situação é misturada ao uso da pornografia por clientes. 80% das sobreviventes reportaram que seus clientes mostravam pornografia a elas para ilustrar os tipos de atividades sexuais nas quais eles gostariam de se envolver, incluindo sadomasoquismo, servidão, sexo anal, micção ou defecação, e a depilação dos pelos pubianos para dar a impressão de pré-adolescência. Essa informação é consistente com o testemunho dado por sobreviventes da prostituição em audiências públicas e antes de comissões de apuração de fatos.
Pornografia era nossa cartilha. Nós aprendemos os truques do ofício quando homens nos expunham à pornografia e quando tentávamos imitar o que víamos. Eu não consigo colocar em palavras a enorme influência que sentimos que isso teve.16
53% das entrevistadas reportaram que seus clientes tiravam fotos pornográficas delas além de ter relações sexuais.17 Uma investigação seguinte é necessária para apurar se o uso do material pornográfico é um fator comum na manipulação de mulheres para a prostituição; se clientes rotineiramente exigiam que prostitutas se envolvessem em práticas sexuais promovidas pela pornografia; se a pornografia foi um modelo para prostitutas compelidas por clientes a replicar certos cenários retratados em material pornográfico; e se a pornografia molda o senso próprio das mulheres compelidas a posar para fotos pornográficas e filmes como função da prostituição. É evidente, entretanto, que a pornografia não tem um efeito libertador nas vidas de prostitutas, nem estimula sua autonomia sexual, como os liberais argumentam.
Nós, as mulheres de WHISPER, escapamos da brutalidade da família patriarcal para nos acharmos a mercê de cafetões, proxenetas e clientes, que construíram uma indústria multimilionária vendendo o que nossos pais e maridos nos roubaram originalmente. Nós estamos aqui para expor a mentira de que a prostituição é a resposta à subordinação social, sexual e econômica das mulheres.
Prostituição não é uma “escolha de carreira”:
Eu olho para a minha vida e quando vim a este mundo, sabe, como criança, eu esperava ser alimentada, vestida, abrigada e tratada com respeito e bondade como qualquer ser humano deve desejar (…) Eu não acho que vim a este mundo com o desejo de ser prostituta. Eu acho que isso foi algo que a dinâmica social me impôs. Algo que me foi ensinado. (WHISPER, 1988)
Prostituição não é um “crime sem vítimas”
Prostituição é violência contra a mulher (…) é a pior forma de violência contra a mulher porque você é abusada por clientes, você é abusada por cafetões, você é abusada pela polícia. A sociedade em geral vira as costas para você. (WHISPER, 1988)
Prostituição é um crime cometido contra mulheres por homens em sua forma mais tradicional. Não é nada menos do que a comercialização do abuso sexual e desigualdade que mulheres sofrem na família tradicional e não pode ser nada além disso.

As leis foram feitas por homens e homens desejam manter mulheres na prostituição porque eles desejam controlá-las, então o que eu mudaria a prostituição não seria legalizá-la, mas colocar um fim nela e pará-la, e eu não acredito que os homens queiram fazer isso. Eu acho que as mulheres terão de fazer isso. (WHISPER, 1988)
Destruir a instituição da prostituição é a tarefa mais formidável que o feminismo contemporâneo enfrenta.
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9Por exemplo, Joe Comforte, dono do Mustang Ranch, Nevada; Russ Reade e Kenneth Green, donos do Chicken Ranch, Nevada; e Jim Fondren, dono do Sagebrush Ranch, Nevada.
10Por exemplo, Earl Montpetit, dono da boate OZ em St. Paul, Minnesota, condenado por promover prostituição e aguardando julgamento por acusações de estar envolvido em prostituição de menores em 1988; Walter Montpetit, antigo dono do Belmont Club em St. Paul, Minnesota, condenado por promover prostituição em 1988 (Minneapolis Star and Tribune, Abril 1988); David Fan, atual dono do Belmont Club, perdeu a licença para venda de bebidas este ano por empregar uma menina de 13 anos como stripper e por evidências de atividades relacionadas à prostituição (Minneapolis Star and Tribune, Setembro 1988); Patrick Carlone, proprietário do Hollywood Stars Dance Studios em St. Paul, Minnesota, condenado por dois tribunais por promover a prostituição de suas funcionárias em 1988 (Minneapolis Star and Tribune, Janeiro 1988).
11Existem mais de 150 companhias de “noivas por correspondência” operando nos Estados Unidos. The News and Observer. (Raleigh, 21, Novembro 1986: p. 20A).
12Martin Hodas, dono do “Paradise Alley” em Nova Iorque; Clemente D’Alessio e Scot Hyman, condenados por pornografia infantil e antigos gerentes de livrarias adultas subsidiárias do “Show World” em Nova Iorque (Ritter, 1987: pp. 166-69);Feria Alexander, dono de várias livrarias adultas e peep shows em Minneapolis, Minnesota.
13Hustler oferece pagamento aos leitores que enviam as melhores “beaver shots”(fotografias pornogáficas) de suas esposas ou namoradas.
14”Sex-Tex” é um serviço de computador da revista High Society que fornece um mercado não regulamentado onde material pornográfico pode ser distribuído.
15 O projeto Mary Magdalene em Reseda, Califórnia, reporta que 80% das mulheres com as quais trabalharam foram sexualmente abusadas quando crianças; Genesis House em Chicago reporta que 94% foram abusadas quando crianças (no Primeiro Workshop Nacional das que Trabalham Com Prostitutas Mulheres, Wayzata, Minnesota, 16-18 Outubro, 1985).
16Audiências públicas antes do Conselho da Cidade de Minneapolis; Sessão II, Dezembro, 1983, p. 70.
17Nenhuma das mulheres usadas para pornografia recebeu compensação adicional, assinou contrato afirmando consentimento e nenhuma manteve posse ou controle do material. Além disso uma mulher revelou que um cliente a ameaçou com uma faca quando ela se recusou a posar para fotos pornográficas. Ele em seguida a amarrou com cordas, a fotografou, recusou pagar e a deixou amarrada em um motel. Mimi Silbert também reconhece o papel desempenhado pela pornografia para legitimar a vitimização em seu estudo sobre agressão sexual de prostitutas (1982, p. 21).
REFERÊNCIAS (em inglês)
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Alexander, Priscilla. (1987). Prostitution: A difficult issue for feminism. In Delacoste and
Alexander (Eds). Sex work. Cleis Press. Barry, Kathleen, (1981). The underground economic system of pimping. Journal of International Affairs.
Boyer, D. (1984, January). A cultural construction of a negative sex role: The female prostitutes. Carmen, Arlene and Moody, Howard. (1985). Working women: The subterranean world of street prostitution. New York: Harper and Row.
COYOTE/NTFP (National Task Force on Prostitution) Policy Statement. 1984-1986.
Erbe, Nancy. (1984). Prostitution: Victims of men’s exploitation and abuse. Law and Inequality,
2:609.
Genesis. (1986). Unpublished Report.
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Gray, Diana. (1973). Tuming-out: A study of teenage prostitutes. Urban Life and Culture.
Hunter, Susan. (1986, June 30). Report to the Council for Prostitution Alternatives. Portland, Oregon.
“I’m blunt,” says judge to outraged feminists. (1986, May 11). Los Angeles Times, Part IX, pp. 1, 7.
St. Paul Star Tribune. (1989, September 7). St. Paul, Minnesota.
Star Tribune. (1988, January 22). Minneapolis, Minnesota, p. IB.
Star Tribune. (1988, April 19). Minneapolis, Minnesota, p. 1A.
Silbert, Mimi. (1982, November). Sexual assault of prostitutes. Phase I, Final Report. San Francisco: National Center for the Prevention and Control of Rape, National Institute for Mental Health.
WHISPER. (1987). WHISPER Oral History Project. Transcript of interview. Portland, Oregon.
WHISPER. (1988). Prostitution: A matter of violence against women. Video. Minneapolis: WHISPER.