“Não quero fazer política com mulheres que não questionem a feminilidade, nem asumam uma atuação política feminista responsável, crítica e avaliativa…..Nestes espaços demarcados, poderemos finalmente construir a amizade política entre mulheres que desconstrua, por sua vez, a misoginia e a traição entre mulheres.” Margarita Pisano, O Triunfo da Masculinidade (no caso, o triunfo da masculinidade é a feminilidade, já que é um produto dos homens a feminilidade).
“Que podemos fazer as mulheres –ou @s jovens– neste cenário patriarcal? Pedir aos homens que não nos maltratem ou que não mandem nossos jovens para assassinar e morrer nas guerras? Estas demandas inúteis empoderam mais a quem exerce o domínio, aos donos do mundo, porque toda demanda é absorvida e desaparece em um sistema onde
as mulheres –a metade da humanidade – não participaram de forma protagônica nem criadora. É possível pedir igualdade neste contexto? Igualdade para quê? Para conseguir leis e espaços dentro de um sistema que já está fracassado, que está mal inventado e mal parido? Existem aquelas que lutam inutilmente para se casar por exemplo, para formar parte de uma ideologia que se sustenta na noção de propriedade sobre as pessoas. Nada disso serve.
O que serve é uma mudança civilizatória, porque em qualquer lugar em que nos situamos na história, sempre nos encontraremos com as bases da dominação as quais fundamentam esta civilização fracassada, e nos encontraremos com a sua continuidade. Para aquelas que nos conectamos com a rebeldia profunda, humana e criadora, não existe outra saída do que abandonar a civilização patriarcal. Se não é assim, seguiremos reproduzindo os mesmos desastres desumanos, por mais revoluções ou movimentos sociais que
geremos e por mais universidades inúteis que inventamos.”
margarita pisano, fantasear un futuro
Reflexão oportuna da Pisano, em sua experiência de ser constantemente difamada no ativismo feminista (por ser pensante, rebelde, crítica, incisiva…logo foi rapidamente caluniada como violenta como é o usual), o femicídio político impulsado pela misoginia, promovido por feministas patriarcais. Femicidio simbólico que destrói nossa possibilidade de ter historia: mata potencialidades e é movido por laço invejoso destrutivo, rivalidade….. O papel do rumor nisso tudo:
“…porque as mulheres que saem da feminilidade simbólica que busca legitimidade na cultura masculinista são sancionadas, desqualificadas e tipificadas como patriarcais, autoritárias e agressivas, pois o único que se permite é o “douto” (teorico), o apolítico e o neutro 1, e isso se impôe à nós. As mulheres, como sujeitas pensantes, devemos exercer o espírito crítico e a paixão política, contra o modelo que come nossa imaginação e nossa história de “moças insolentes”. O fracaso, neste sentido, é que não fomos capazes de abandonar a feminilidade, exitosamente bem desenhada pelo patriarcado para nos submeter. Pois as mulheres que tentam sair desta dinâmica tropeçam com o limite sancionador desta cultura que assasina 2. Os assasinatos não são apenas físicos, senão que também simbólicos: nos assassinam como seres humanas pensantes e este assassinato é o pior de todos, com perdas profundas e irreparáveis para nossa história 3 (graças à ela não conseguimos construir uma história nossa, não mantemos movimentos políticos pra desafiar essa civilização patriarcal, não mantemos relações políticas entre mulheres)."
margarita pisano. fantasear un futuro. introdução para um cambio/mudança civilizatória
1 também o ‘mocinha’ ou seja o ‘buenismo’ como chama Pisano (‘deboísmo’?) o ser queridinha de todo mundo, não ter opinião nem posicionamento, logo não incomodar. estar comodamente invisível e inexistente. Agradar todo mundo. Somos programad@s pra apreciar a feminilidade, gente obediente, o que sai da submissão é visto como agressivo nas mulheres
2 Femicida, misógina, a herança da caça às bruxas
3 Ou herstória, léstória, se preferirem.
(em breve mais)
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massa demais! |
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tem que subir mais frases… |
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