recuso a mídia e a representatividade - desde o lesbianismo radical autonomo

novamente é preciso recuperar esse tema, em meio à polêmica da globo visibilizar um feminismo prostituinte.

Celebrar assimilação do feminismo pelas ferramentas ideológicas do Estado como mídias hegemônicas capitalistas é bastante anti-radical. Na época do ‘beijo lésbico’ na novela da Globo muitas de nós críticas à representação de lésbicas por mãos heteras ou dos inimigos institucionais (televisão e mídias hegemônicas, Estado, capitalistas que querem lucrar nos transformando em identidades rentáveis consumistas de suas merdas) fomos duramente atacadas como elitistas e até mesmo ‘classistas’ – o que é obviamente, classista em si por duvidar da capacidade do povo e das camadas populares e precarizadas poderem adquirir sua autonomia por si e não serem adestradas por aparatos tecnologicos estatais-capitalistas como uma tv – porque diziamos que não nos representava como lésbicas a mídia heterossexual-capitalista-racista, porque diziamos que não iamos celebrar migalhas da ‘inclusão’ por uma rede de emissão misógina que vem dominando e deturpando a informação, exercendo controle social e até promovendo golpes de estado como pudemos ver… Uma inimiga antiga, a rede globo. Há uns anos atrás antes do endurecimento da pós-modernização das subjetividades e ativismos, os momentos de politização eram marcados pela aderência ativista à condutas como o boicote à televisão, coca-cola, mec donalds, transgênicos, exploração animal e empresas danificadoras de pessoas e meio ambientes num geral… hoje essas posturas são atacadas como indicando um comportamento soberbo ou exigente, indicando uma concepção de política bastante subestimadora da capacidade humana de se rebelar conscientemente e ativamente. Além dos riscos dessa inclusão e absorção da radicalidade e potência dos movimentos pelo Capital e status quo, a apaziguação e contentamento do oprimido pelos biscoitinhos dos opressores. Hoje em dia as pessoas acham que representatividade basta para conquistarem ‘empoderamento’ (algo bastante individualista-liberal). Isso é bastante identitário, ser incluído e reconhecido pelo sistema… cadê autonomia do movimento feminista e lésbico? Relegamos mesmo nosso poder popular para os poderosos e suas ferramentas, dependemos das armas do sistema para nos promover, difundir, visibilizar, cadê nossa força para isso? Isso fere autonomia feminista, NÓS que temos que nos fazer responsáveis de nossa libertação e não esperar políticas públicas nem que programas de TV feitos essencialmente para imbecilizar e adestrar a população tenham uma quota de LGBTs para ficarmos felizes e recairmos na lógica de consumo. Precisamos entender o papel que tem esses entretenimentos em nossas vidas, principalmente os de origem hegemonica, eles transmitem conteúdos ideologicos em sua maior parte de heterossexualidade compulsória, relacionamentos abusivos, racismo, misoginia, e servem à nossa apaziguação de classe que é ligar a tv ou abrir o netflix no fim de semana exausto do trabalho… Para nós radicais uma luta política tem que ir bem mais além disso. Hoje se vê mais feministas discutindo “divas do pop” supostamente desconstruidoras e “lacração” que questões reais da classe mulheres sob ataque masculino. O movimento além de ser demandista e com uma tendência à passividade de esperar esse tipo de ‘conquistas’ cedidas por globo e capitalistas em forma de produtos de entretenimento comercial, fica ainda por cima com ‘demandas’ que estancam aí, no individualismo da representatividade, dos produtos de consumo específicos para diferenças propositalmente desprestigiadas pelo sistema, e outros tokenismos supérfluos.
Podemos NÓS falar por nós mesmas e fazer nossas mídias e representatividades. Foda-se a mídia, foda-se a globo e foda-se o liberalismo da ‘representatividade’ identitária de mercado. Não precisamos de feminismo na tv ou na globo, não são eles – os opressores clássicos – que vão nos libertar, senão que nós mesmas e uma Cultura produzida a partir de nós mesmas, tendo nossa autoria nisso.

   

e é por isso que eu insisto em ocupar esta rede em oposição ao machobook.

e a quietude dela indica entre outras coisas a questão justamente da passividade e falta da autonomia das pessoas para ocuparem e moverem redes que dependem dela… a dificuldade de lembrarem de valores de autonomia para construirem espaços de representação e informação por si mesmas e ocuparem espaços marginais, de como embarcam em projetos capitalistas já programados para virtualizá-las em relações insanas e consumistas…

as pessoas não conseguem nem apoiar redes não capitalistas independentes… como chegar a falar em representatividade autonoma, em saírem dessa posição de consumistas de produtos-pessoas de redes sociais e industrias culturais?

feminismo liberalista sexual visível na TV GLOBO não é conquista, mas feminismo de facebook tampouco é tudo aquilo que pensam que é, ele não chega realmente a quem precisa embora as usuárias queiram acreditar no contrário…