terceira posição-ismo

“Terceira Posição-ismo: um problema comum em movimentos dos grupos mais oprimidos. Essa declaração afirma que o capitalismo é ruim, porém nenhuma tentativa de construir uma alternativa produziu algo útil. (Sim, geralmente é simplista assim.) E que, portanto, precisamos de uma “terceira posição” – algo entre “a esquerda” e “a direita” (usualmente é tão vago quanto isso).
Além da imprecisão exasperante e falta de seriedade teórica dessas declarações, é ainda pior quando uma feminista defende esse tipo de coisa, ignorando o papel do capitalismo em
(a) apoiar a opressão das mulheres herdada de sistemas de classe anteriores
(b) transformar essa opressão em alguns casos, e até mesmo inventar novas formas de opressão (pornografia, por exemplo)
© desfazer continuamente os ganhos do feminismo.
Ou seja, as evidências apontam à falta de realismo por trás das tentativas de ficar em cima do muro na questão do capitalismo. É evidente que essa idéia deve ser abolida.
O Terceira Posição-ismo também ignora dinâmicas essenciais do capitalismo, como a tendência à monopolização que implica que um sistema permanente de pequenos negócios não é viável. A dinâmica de lucro implica que as companhias competem e, ou vão à falência, ou adquirem outras companhias a fim de garantir sua sobrevivência a longo prazo e maximizar os lucros (maximizar lucros é necessário para sobreviver a longo termo). Portanto, a crença romantizada de muitos partidários do “terceira posição-ismo” sobre algum tipo de sistema idílico no qual pequenos negócios seriam perpetuamente tanto possíveis quanto dominantes e no qual a sociedade não se polarizaria entre poderosos e oprimidos se baseia na ausência de estudo da história da iniciativa humana.
Ao discutir essa questão, feministas às vezes utilizam uma estratégia falaciosa, desviando a discussão para uma análise do comportamento de “esquerdomachos”. Eles são “tão ruins quanto os da direita”, então supostamente não deveríamos ser nem de esquerda nem de direita, não é? Enquanto que o comportamento de homens da esquerda é certamente relevante em discussões sobre como e onde deveríamos nos organizar, esta deve ser a pior defesa do capitalismo que eu já vi. Além de tudo, é desrespeitoso para com as mulheres mais vitimadas pelo capitalismo, uma vez que isso as coloca à mercê tanto de homens da esquerda quanto do capitalismo.
Outra estratégia falaciosa utilizada por feministas mais conservadoras é a declaração de que essas questões pertencem a um paradigma masculino e que deveríamos procurar refúgio em “nossas próprias terras” (parece bom mas isso é realista?) e não nos preocupar sobre essas questões. Isso me lembra muito aquilo sobre o qual a Janice Raymond escreveu – uma falta de “mundialidade” que mantém nosso sexo oprimido e politicamente não engajado. É claro, essa declaração não é apoiada por todas aquelas mulheres que não têm a opção de fingir que esse escapismo funciona para elas, e que permanecem lutando de forma organizada contra o roubo de terras, estupro, demolição de suas casas, etc. Em minha opinião, precisamos nos espelhar nelas."
Ginny Brown, tradução livre