A Lésbica Marginal - Sheila Jeffreys

Capítulo 6 do livro A Heresia Lésbica da Sheila Jeffreys, que trata da assimilação das políticas lésbicas para dentro do liberalismo sexual e de gênero (queer). Este capítulo trata de como a teoria queer e pós-moderna e o liberalismo sexual recuperou o arquétipo da época decadentista da lésbica e homossexual como marginal e o elogio da marginalidade, que seriam, segundo a autora, resultados dos ataques à auto-estima lésbicas efetuados pela lesbofobia e exclusão, e que o pós-modernismo faz um elogio da marginalidade das lésbicas que é parte de sua opressão

capitulo 5
A Lésbica Marginal
(pode ser encontrado também no blog trincheiras lesbianas)

Nos anos 80 e 90,muitas lésbicas buscaram se rebelar contra o feminismo, em lugar de se rebelarjunto dele. Uma das razões para isso é o romance lésbico com o status decriminoso. O status lésbico de criminalidade é, para muitas lésbicas, uma fonteimportante de satisfaçãovinda do lesbianismo. Aolado de todas as desvantagens e penalidades da desaprovação social, olesbianismo oferece o glamor e excitação da criminalidade. Talvez isto não sejauma compensação suficiente para a perda de aprovação social, para aquelas quequerem uma vida calma em lugar das delícias da ousadia, mas mesmo quando estátotalmente confinada na cabeça em vez de na experiência vivida, a criminalidadeparece oferecer um tipo de consolo. Tanto feministas lésbicas como lésbicas porestilo de vida podem tirar proveito do status criminoso. Feministas lésbicas ganham a vantagem ambígua de serem criminosas tantono mundo heterossexual como no mundo lésbico, devido à sua política. Umdesafio real à instituição política da heterossexualidade provê uma experiênciade criminalidade e até mesmo de martírio para suas expoentes, mas essa versãoda criminalidade não é assim tão excitante agora como já foi para jovenslésbicas há uma década.

Lésbicas por estilo de vida, que sequer sonhariam em oferecer umdesafio para o mundo da hetero-realidade dominante, dado que veem a orientaçãosexual como mera questão de preferência, podem ganhar o status de criminosaspela adoção do que é visto como uma ‘criminalidade sexual’, isto é, osadomasoquismo. As novas lésbicas consideradas “sexualmente criminososas” podemcompensar os problemas postos pelo feminismo lésbico e pelo crescimento dacultura lésbica, em direção ao status de criminalidade. Se houve um tempo onde a criminalidade poderia ser afirmada apenas pelaadoção da sexualidade e estilo de vida lésbicos, parece que a aparenteampliação das possibilidades sociais conquistadas para as lésbicas, pelaliberação lésbica, tornou as coisas fáceis demais. Uma personagem noromance de Sarah Schulman, After Delores, expressa esse sentimento:

“Hoje em dia, é fácil demais ser gay em Nova York. Eu soudaquele tempo em que a excitação sexual só podia existir em lugares escondidos.Mulheres doces precisavam se arriscar constantemente para fazer amor comigo.Toda a minha vida erótica se envolve em intriga e segredos. Hoje em dia, vocênão entende o que é isso. De maneira nenhuma. As lésbicas nunca mais serão tãosensuais” 1

Uma cena lésbica expandida foi criada largamente pelos esforçosdas feministas lésbicas. Lésbicas que serevoltam contra a possibilidade de vidas lésbicas relativamente aconchegantes,em especial devido à excitação sexual oferecida pela criminalidade, só podemrecuperar sua excitação hoje em dia ao aderir a um estilo e prática desenhadaspara chocar a mesma comunidade lésbica que lhes oferece uma vida fácil demais.Ruby Rich defende que o S/M lésbico se origina em uma tentativa de ganharnovamente essa excitação sexual. Eladescreve a excitação que algumas lésbicas se sentem a perder como um resultadodos sucessos do feminismo lésbico.

“A lésbica saiu da posição de criminosa para aquela de umacidadã respeitável. Já na era pré-Stonewall, anterior a 1969, a lésbica era umafigura muito mais criminosa, tendo sua própria sexualidade criminalizada emdiversas leis, seus desejos eram inaceitáveis, e suas roupas eram um tabu (aomenos para a butch, que era a única lésbica visível naquele período). Paramuitas mulheres, o desejo sobre o lesbianismo não era apenas sexual, mas tambémuma vontade de ser marginal, o mesmo desejo que movia outras subculturas, comoos Beats, atravessar para o lado “errado” do caminho, quisera metaforicamente[?]. Sendo assim, houve uma sensação de perda bastante grande com essarespeitabilidade conquistada a duras penas: a perda do tabu e, com ele, doerotismo” 2

A criminalidade e a decadência foram um tema importante nacultura lésbica do séc. XX. Houve uma época em que os bares lésbicos eram olugar onde os prazeres da rebeldia poderiam ser facilmente apreciados.Surpreendentemente, pouco se escreveu sobre a importância e o significado dobar na cultura lésbica. Karla Jay escreveu um pequeno conto sobre esse tema,denominado Life in the underworld: the lesbian bar as a metaphor. Jay frisa queo bar sobreviveu aos desenvolvimentos que esperaria-se que os teriam feitodesaparecer, tal qual a liberação gay.

“Chegou a hora de admitir que, se não conseguimos honrar o barlésbico, então somos também incapazes de enterra-lo. Tanto quanto nos diasanteriores à liberação gay, os bares são uma parte grande das vidas de lésbicase homens gays… Longe de serem extintos pela liberação gay, a subcultura dosbares se proliferou nos anos após a rebelião de Stonewall em 1969” 3
-
Pode ser que alguns bares lésbicos de hoje, especialmente com odesenvolvimento do tea-dance dos domingos à tarde, tenham se tornado respeitáveisdemais e removido as delícias da criminalidade, mas botecos se mantêm e novasimitações estão sendo criadas ao redor do tema do sadomasoquismo. Há lesbicasque odeiam a ideia do bar e da cultura lésbica de bares, mas para muitas o bartem um apelo constante que deriva de muito mais do que a decadência. O baroferece uma auto-afirmação, particularmente para lésbicas que ainda não saíramdo armário, mas também para aquelas que estão assumidas em todos os aspectos. Obar oferece um lugar para as lésbicas serem elas mesmas. Da forma colocada porJay, “é o único teatro onde as atrizes podem encenar a si mesmas, dado que é nomundo afora que elas elas usam máscaras e desempenham papeis alheios” 4. Obar oferece apoio. Romances lésbicos e histórias populares estão repletos dereferências ao apoio conseguido, particularmente relativos a corações partidos,da parte de outras lésbicas em bares. O bar oferece apoio real na forma denovas amantes, lésbicas solícitas ou house painters.

Mas é irônico que o bar tenha sido capaz de oferecerauto-afirmação quando a atmosfera e as facilidades do bar eram frequentementehostis em aparência. Jay explica sua reação ao ir a um bar lésbico pelaprimeira vez.

“eu fiquei estarrecida ...5

Como apontado por Jay, os problemas associados com o bar lésbicoincluem um sério de abuso de álcool. Bares lésbicos tradicionalmente selocalizam em sótãos cellars ou galpões basements com banheirosimprovisados, fumaça e comidas horríveis. Em um bar particularmente sujo noKing’s Cross, em Londres ao final dos anos 70, a discotecagem ocorria no sótão(que chamávamos de urinol devido ao cheiro persistente e à decor), ou paraalém de muitos lances de escada com banheiros malcheirosos nos landings.Alguns bares são menos sujos hoje em dia, mas geralmente não se enquadram notipo de lugar onde uma pessoa escolheria comer e beber. A sujeira é o resultadoda exploração das lésbicas. Venues dependem da boa vontade de donos quereconheçam o fato de que lésbicas bebem e estão preparados para aceita-las comsuas premissas, apesar de normalmente não as proteger de emboscadas e violênciamasculina enquanto estão lá. Acostumadas a lugares assim, ficamos genuinamentesurpresas de entrar em um venue lésbico que seja tão confortável que nossentimos apenas como pessoas comuns, apesar de que tais lugares geralmente sãoencontrados fora da gra-bretanha.

Mas apesar disso tudo, lésbicas negras e brancas, lésbicas comdiferentes histórias de vida e diferentes classes sociais se juntam no mesmoturf desses bares. Até mesmo bares seriamente sujos podem parecer glamorosospor conta da decadência que incorporam. O conceito de marginalidade é steepedno amor à decadência que é uma temática gay e lésbica poderosa. Isso é reveladona relação de amor e ódio que muitas lesbicas possuem pelo cenário dos bares. Énos bares que a lésbica criminosa encontra um lar e a decadência deve reinar. Aclássica descrição do bar lesbico e gay é dada por Radclyffe Hall em The Wellof Loneliness.

“Enquanto esteve viva, Stephen nunca se esqueceu das primeirasimpressões que teve daquele bar conhecido como Alec’s – aquele ponto deencontro miserável, do mais miserável de todos aqueles who comprised thatmiserable army. Aquele lugar sem piedade, boca de fumo, mórbido, ...6

Parece que Hall estava, aqui, tentando persuadir suas leitorasde que tal cena era indesejável. Mas ela não teve muito sucesso. Afinal, paraaqueles que acham a criminalidade atraente, isto não é necessariamentedesagradável.

Este romance tido com a decadência e com a criminalidade existena cultura heterossexual também e, em especial, na cultura dos homens gays.Heterossexuais rebeldes da contra-cultura, que obtém prazer ao viver emoposição aos valores suburbanos, podem experimentar um pouco da decadência indoa algum club de jazz sleazy.Paraheterossexuais, a decadência é um caminho escolhido que pode ser rapidamenterevertido a qualquer momento, de volta para o estilo bairrista de vida. Paralésbicas e gays, a natureza sórdida de nossos venues sociais é o resultado denossa opressão. Lésbicas que sejamforçadas a buscar a companhia de outras como ela em bares sujos podem aprendera apreciar a coragem, humor e cultura das lésbicas que ela lá encontra. Exiladapara sempre dos confortos suburbanos, elas podem aprender a encontrar confortoem seu status criminoso. Rebelião, coragem, excentricidade, tudo isso tem seuglamor, especialmente quando não há alternativa. Afinal de contas, maioria daslésbicas provavelmente não quer mesmo ser como “gente normal”. A existêncialésbica, tal qual o bar, é um rebellious thumbing of the nose contra asocidade heterossexual e contra uma familia de origem que possivelmente foiperdida.

Outro motivo possível para a atracao de algumas lésbicas pelosbares pode ser a nostalgie de la boue, uma expressão cunhada ao final do séculoda decadência, c. 1980, para denotar a fascinação pela ‘vida de baixo nível’low life, entre a burguesia. Essa fascinação era reproduzida por homensheterossexuais de classe media, principalmente por meio do engajamento comprostitutas em bares londrinos. É um passatempo fechado a mulheres devido aosriscos à sua integridade física e da exploração sexual. É o trabalho dasmulheres responder as demandas masculinas por decadência, em vez de nossoprazer buscar tal situação. Mas para lesbicas as delicias da nostalgie de laboue estão disponíveis até certo ponto. Oscar Wilde era fascinado pela suaversão favorita da boue, isto é, o uso de homens proletários prositutos edrogas, não apenas nessa prática mas nas artes. Em O Retrato de Dorian Gray, Wilde pinta umaimagem decadentemente romântica do opium den. A caminho de um destes, Graymused:

bla bla bla 7

O ópio encontrado por Gray é convenientemente sórdido.

bla bla bla 8

Há semelhanças, aqui, com os bares londrinos para lésbicas nosanos 70. A descrição de Maureen Duffy de um bar londrino para lésbicas, em seuromance de 1966, O Microcosmo, evoca algo com a mesma atmosfera sinistra eamaldiçoada.

“E isso também é o país das maravilhas, o mundo virou as costas...9

Duffy também captura a melancolia romântica que é frequentementeassociada à cena lésbica em sua descrição de uma das frequentadoras do bar.

“Brilhante, triste, rodeada por uma espiral de satélites que sãotrazidos para mais perto ou giram pálidos, luas inconsoláveis distantes nasmargens da luz enquanto seus olhos piscam negativa ou positivamente, ela passapara o bar. Eles giram ansiosamente, hovering para ver quem será chamado pelocalor de seu sol, nesta noite enquanto que o resto é deixado a refletir nosolhos uns dos outros ou furtar-se nas sombras próximas a parede” 10

Aqui, Duffy escolhe expressar a tristeza do cenário dos bareslésbicos. As virtudes positivas, de apoio, amizade e rebelião que os baresofereciam não são expressadas em livros com frequência. Nos impressos, temosmuitos exemplos do meio lésbico e gay sendo descrito como homogeneamentedepressivo, antes dos anos 70. Ele é descrito como um mundo no qual relaçõessao inevitavelmente breves e trágicas, e pobres vítimas sofredoras cortam seuspulsos nos banheiros e, ao envelhecer, vivem vidas insatisfeitas e indesejadas.O bar é visto como um haven para os marginais da sociedade.

Ann Bannon oferece para nós uma visão da cultura lésbica e gayatravés dos olhos de Jack em Mulheres das Sombras. Este é o romance maispessimista que ela fez, como podemos deduzir a partir do título. O próprio Jackestá deprimido a respeito da cena gay, por conta da rotina de ter seu coraçãopartido, e tenta tirar Laura daquele meio para que ela aceite casar com ele porconveniência, e mudarem-se para um bairro mais respeitável.

“Nós não sabemos nada sobre um amor que dure uma vida ou sobreuma vida que valha algo. Perdemos todo nosso tempo de joelhos, cantando hosanaspara os marginalizados. Tentando nos fazer atraentes. Tentando esquecer que nãosomos pessoas saudáveis e generosas como os outros” 11
A imagem dele a respeito de envelhecer na comunidade lesbica éainda mais negativa.

“Você ja viu aquelas mulheres velhas e coitadas vestindo seusoxfords masculinos e cabelos cortados, stumping por aí como almas penadas, errandode bar em bar e encarando as doces crianças e choramingando porque elas nãopodem mais te-las? Ou morando juntas, duas delas, feias e gordas e enrugadas,com nada para fazer e nada com que se importar, além de seus bons e velhostempos que já se foram?” 12

Lésbicas greeted os novos romances positivos dos anos 1969 emdiante, como Patience e Sarah e Floresta Rubyfruit, com entusiamos. 13 É compreensívelque acreditássemos e esperássemos que os romances sobre lésbicas amaldiçoadas fossemalgo do passado. Mas não foi o caso.


_______________

Durante los años 80 y 90 muchas lesbianas se han rebelado contra el feminismo, en lugar de luchar en sus filas. Este hecho se debe en parte al idilio que mantienen las lesbianas con su condición de proscritas. Para muchas de ellas su condición de proscrita es una importante fuente de satisfacción. Junto con las desventajas de la reprobación y los castigos sociales, el lesbianismo les brinda todo el glamour y la emoción de la proscripción. Quienes prefieren una vida tranquila a los placeres de la temeridad quizás no le encuentren compensación suficiente; sin embargo, incluso en el caso en que se limita a una cuestión intelectual antes que a una experiencia vital, la proscripción parece ofrecer cierto consuelo. Tanto a las feministas lesbianas como a las lesbianas vivenciales esta condición les produce cierta satisfacción. Las feministas lesbianas se benefician de la dudosa ventaja de poder sentirse parias, tanto en el mundo heterosexual como en el de las lesbianas, gracias a su política. El cuestionamiento radical de la institución de la heterosexualidad convierte a sus defensoras en proscritas e incluso en mártires, aunque esta versión ha dejado de resultar tan emocionante como lo fue para las lesbianas jóvenes de hace una década.

Las lesbianas vivenciales, que nunca soñarían con poner en entredicho el señorío de la heterorrealidad al considerar la orientación sexual una mera cuestión de preferencia, pueden alcanzar la condición de proscritas mediante la práctica de una “sexualidad maldita”, por ejemplo, el sadomasoquismo. Las nuevas lesbianas de la “sexualidad maldita” pueden compensar los problemas planteados por el feminismo lesbiano y la expansión de la cultura lesbiana por medio de su condición de proscritas. Donde en otro tiempo la adopción misma de la sexualidad y del estilo de vida lesbianos aseguraban la condición de proscritas, las posibilidades sociales, aparentemente más amplias que la liberación lesbiana ha logrado para las lesbianas, han hecho las cosas demasiado fáciles. Un personaje de la novela After Delores, de Sarah Schulman, expresa este sentimiento de la siguiente manera:

Es demasiado sencillo ser gay en Nueva York hoy en día. Yo soy de una época en la que la excitación sexual podía lograrse sólo en lugares clandestinos. Dulces mujeres se ponían constantemente en peligro para hacerme el amor. Toda mi vida erótica gira en torno a la intriga y los secretos. Vosotras no entendéis esto en absoluto. Las lesbianas
58

nunca más volverán a ser tan sexy231.

La existencia de un ambiente lesbiana más amplio se debe sobre todo a los esfuerzos de las feministas lesbianas. Las lesbianas que se rebelan contra una vida relativamente plácida y cuyo lesbianismo se debe principalmente a las emociones sexuales transgresivas que promete la proscripción sólo pueden recuperar la excitación adoptando un estilo y una práctica ideados para escandalizar a la propia comunidad lesbiana, que les ha hecho la vida demasiado fácil. Según Ruby Rich, el S/M lesbiano tiene su origen en un intento de recobrar esta emoción sexual. A su modo de ver, algunas lesbianas creen que esta excitación se ha perdido, como consecuencia del feminismo lesbiano.

La lesbiana cambió su condición de proscrita por la de ciudadana respetable. Aún en la época anterior a Stonewall en 1969, la lesbiana era una criminal, su sexualidad se hallaba censurada por múltiples leyes, su deseo era inaceptable y su atuendo un tabú (al menos el de la butch, la única lesbiana visible en aquella época). Para muchas mujeres la atracción del lesbianismo consistía no sólo en la parte sexual, sino también en la posibilidad de vivir una vida de proscrita, la misma atracción que llevaba a otras subculturas como los beatnik a cruzar la frontera hacia el otro lado de la vía, aunque sólo fuera en sentido metafórico. Por consiguiente, la respetabilidad ganada con tanto

esfuerzo les provocó un innegable sentimiento de pérdida: la pérdida del tabú y, por lo tanto, del erotismo232.

La marginalidad y la decadencia son un importante tema de la cultura lesbiana del siglo XX. En otro tiempo, los placeres de la proscripción eran fáciles de apreciar en el bar lesbiano. Se ha escrito sorprendentemente poco sobre la importancia y el significado del bar dentro de la cultura lesbiana. Karla Jay tiene un breve texto titulado Life in the Underworld: The Lesbian Bar as Metaphor Viviendo en los bajos fondos: el bar de lesbianas como metáfora. Jay apunta que el bar ha sobrevivido a todos los avatares que podrían haber causado su desaparición como, por ejemplo, la liberación gay.

Ha llegado el momento de reconocer que, si bien no podemos idealizar el bar lesbiano, tampoco podemos enterrarlo. Al igual que en los tiempos anteriores al actual movimiento de liberación gay, los bares desempeñan un papel importante en la vida de las lesbianas y de los varones gays… Lejos de desaparecer por culpa de la liberación gay, la subcultura de los bares ha proliferado en los años posteriores a la revuelta de Stonewall en 1969233.

Quizás algunos bares lesbianos se hayan convertido en la actualidad en demasiado respetables y alejados de los placeres de la marginalidad, sobre todo tras la aparición de los bailes de té de los domingos por la tarde; sin embargo, siguen existiendo los viejos bares sórdidos y nacen nuevas imitaciones en torno al tema del sadomasoquismo. Algunas lesbianas reniegan del bar y de la cultura de los bares lesbianos, aunque para muchas el bar sigue teniendo un atractivo que va más allá de la decadencia. El bar permite a las lesbianas autoafirmarse, especialmente a quienes no “han salido del armario”, aunque también para quienes se reconocen completa y públicamente lesbianas. El bar permite a las lesbianas ser ellas mismas. En palabras de Jay: “Es el único escenario donde los actores pueden representarse a sí mismos, pues en el mundo exterior llevan máscaras y representan papeles extraños"234. Los bares son lugares de apoyo. Las novelas de lesbianas y las historias personales están llenas de ejemplos del apoyo prestado por las otras lesbianas del bar, especialmente en los casos de amores malogrados. El bar puede brindar un apoyo práctico, al facilitar el encuentro con nuevas amantes, abogadas o pintoras de brocha gorda.

Curiosamente, el bar ha facilitado esta autoafirmación a pesar de su atmósfera y sus entornos a menudo tan adversos aparentemente. Jay describe su primera visita a un bar de lesbianas:

Me horrorizaron la sordidez y las insolentes miradas de tanteo de las mujeres apostadas en la barra con las manos apoyadas en las caderas prominentes. Creí que nunca superaría la sensación de intrusa en un mundo que se suponía era el mío. Y nunca la superé235.

Jay apunta asimismo otro problema relacionado con los bares de lesbianas: el grave abuso de alcohol. Tradicionalmente los bares de lesbianas estaban ubicados en bodegas o sótanos con embotellamientos en los baños, aglomeraciones, humo y una comida horrible. En un bar especialmente sórdido de King’s Cross en el Londres de los años 70 la discoteca se organizaba o bien en la bodega que llamábamos el urinario por su persistente olor y el decorado o bien en un piso altísimo al que se accedía por unas escaleras angostas con lavabos malolientes en los rellanos. Algunos bares actuales son menos lúgubres, pero no suelen ser el tipo de lugares que una elegiría para comer o tomarse una copa. La sordidez es consecuencia de la explotación de las lesbianas. La disponibilidad de locales depende de la buena voluntad de los caseros que descubren que las lesbianas consumen y están dispuestos a aceptarlas, aunque no suelen protegerlas contra las agresiones o la violencia masculina. Acostumbradas a esta clase de lugares, nos sorprende verdaderamente entrar en un local

231 Sarah Schulman, After Delores, Londres, Sheba, 1990, pág. 57. 232 Citado en Julia Creet, «”Daughter of the Movement: The Psychodynarnics of Lesbian S/M Fantasy”, Differences: A Journal of Feminist Cultural Studies, verano 1991, pág. 147. 233 Karla Jay, “The Lesbian Bar as Metaphor”, Resources for Feminist Research, Vol. 12, núm. 1, 1986, pág. 18. 234 Ibíd., pág. 19. 235 Ibíd.

59

para lesbianas tan acogedor que nos haga sentir como personas normales. Estos lugares existen, aunque normalmente fuera de Gran Bretaña.

Pese a lo dicho, en el ruedo de estos bares se confunden lesbianas negras y blancas, lesbianas de diferentes profesiones y condiciones sociales y de distintas clases sociales. Incluso los bares francamente sórdidos parecen irradiar cierto glamour gracias a su imagen de decadencia. La idea de proscripción se nutre del amor por la decadencia, un importante tema de la cultura lesbiana y gay. Éste se demuestra en la relación de amor y odio que muchas lesbianas mantienen con el ambiente de los bares. La proscrita lesbiana encuentra un hogar en los bares donde reina la decadencia. Radclyffe Hall ofrece en El pozo de la soledad una clásica descripción del bar para lesbianas y gays:

Stephen no olvidaría en su vida la impresión que le causó el bar conocido con el nombre de Alec’s, punto de reunión de los más miserables de todos los que componían el ejército miserable. Aquel antro despiadado, donde se traficaba con drogas, donde se comerciaba con la muerte, en el que convergían los restos de unos seres humanos pisoteados, aniquilados, despreciados por el mundo hasta el punto de despreciarse a sí mismos, perdida toda esperanza de salvación. Estaban allí sentados amontonados en torno a varias mesas vestidos con andrajos pero de relumbrón, tímidos y a la vez desafiantes con unos ojos, unos ojos que Stephen nunca olvidaría, los ojos atormentados y obsesivos del invertido236.

Al parecer, Hall intentaba convencer a sus lectoras de lo indeseable de este ambiente, pero no fue muy eficaz.

Para quienes encuentran atractiva la marginalidad, esta escena no carece de fascinación.

El coqueteo con la decadencia y la marginalidad existe también en la cultura heterosexual y sobre todo en la cultura gay masculina. A algunos heterosexuales rebeldes, amantes de la contracultura, que se enorgullecen de su vida contra los valores pequeñoburgueses, la visita a un lúgubre club de jazz les produce un placer decadente. Para los heterosexuales la decadencia es una libre opción que pueden abandonar en cualquier momento en pro de un estilo de vida convencional. Para las lesbianas y los gays la sordidez de nuestros locales sociales es consecuencia de nuestra opresión. Las lesbianas están condenadas a la decadencia no por capricho, sino por las circunstancias de su vida, por las presiones del disimulo y la clandestinidad, y por la dificultad de encontrar la compañía de otras lesbianas en un mundo adverso.

Aunque las lesbianas no elijan su marginalidad, se encuentran con que una sociedad lesbófoba les confiere la condición de parias. El coqueteo de las lesbianas con la proscripción es posiblemente una manera de adaptarse y de sacar el máximo provecho de una situación nacida de la opresión. Las lesbianas, obligadas a buscar la compañía de otras mujeres de su misma condición en bares sórdidos aprenden a apreciar el valor, el humor y la cultura de las lesbianas que encuentran allí. Por siempre desterradas de las comodidades burguesas encuentran consuelo en su condición de proscritas. La rebeldía, el coraje y la excentricidad tienen su encanto, sobre todo si no hay ninguna alternativa. Es probable que la mayoría de las lesbianas ni siquiera desee ser como la “gente normal”. La existencia lesbiana y, más aun, los bares de lesbianas representan un corte de mangas rebelde hacia la sociedad heterosexual y hacia un origen familiar que posiblemente han perdido.

Otro posible motivo de la atracción que algunas lesbianas sienten hacia los bares es la nostalgie de la boue, la “nostalgia del fango”, una expresión acuñada durante la decadencia del fin de siglo pasado y que indica la fascinación burguesa por los “bajos fondos”, encarnada sobre todo por los varones heterosexuales de clase media y su trato con prostitutas en los bares de Londres. Las mujeres no pueden gozar de esta afición debido a los riesgos para su seguridad física y a la explotación sexual. Ellas no deben perseguir el placer de la decadencia, sino asistir el deseo de los varones. Así y todo, las lesbianas pueden aspirar hasta cierto punto a los placeres de la nostalgie de la boue. Oscar Wilde estuvo fascinado por su versión preferida de la boue, a saber, el uso de jóvenes prostitutas de clase trabajadora y de ciertas drogas -no sólo en la práctica, sino también en el arte. En El retrato de Dorian Gray, Wilde trazó un cuadro romántico y decadente de un fumadero de opio. Camino de uno de ellos, Gray cavila:

La fealdad era la única realidad. Las riñas soeces, los tenebrosos tugurios, la cruda violencia de la vida desordenada, toda la vileza de los ladrones y los rateros, eran más vívidas, en su intensa actualidad de impresión, que todas las graciosas formas del arte y las soñadoras sombras de la poesía. Eran lo que él necesitaba para el olvido237.

Gray encuentra un fumadero de opio adecuadamente sórdido.
La puerta se movió silenciosamente y él entró sin decir ni una palabra a la informe figura que se retiró en la sombra cuando traspasó el umbral. Al final del vestíbulo colgaba una cortina verde, raída; que fue agitada por el fuerte

236 Radclyffe Hall, The Well of Loneliness, Londres, Virago, 1982, pág. 393. Hay versión castellana: El pozo de la soledad, Ultramar, Barcelona, 1989. 237 Oscar Wilde, “The Picture of Dorian Gray”, en The Complete Works of Oscar Wilde, Londres, Collins, 1975, pág. 141. Hay numerosas versiones castellanas, por ejemplo: El cuadro de Dorian Gray, Madrid, Cátedra, 1995.

60

viento de la calle. La apartó a un lado y entró en una gran habitación de techo bajo que parecía como si hubiera
sido en tiempos un salón de baile de tercer orden. Unas luces de gas se reflejaban en los espejos llenos de moscas, que había en torno a la pared238.

Este cuadro recuerda bastante los bares de lesbianas londinenses de los años 70. En su novela de 1966 The Microcosm El microcosmo, Maureen Duffy describe un bar para lesbianas invocando el mismo ambiente siniestro y maldito:

y éste también es el país de las maravillas, un mundo vuelto al revés, visto a través de un cristal oscuro. Los turistas están de pie, de espaldas contra la pared para defenderse, asombrados y distraídos ante esta vida submarina atrapada en un acuario brumoso, cuyas finas paredes transparentes podrían romperse bajo el dedo indagador y librar a estas extrañas criaturas junto al grueso pez de colores en el estanque del jardín239.

Duffy recoge asimismo la melancolía romántica, que se asocia a menudo con el ambiente lesbiana, en su descripción de una de las clientas habituales del bar:

Rutilante, triste, rodeada de un vórtice de satélites que se acercan o giran como lunas pálidas y desconsoladas en el borde mismo de la luz siguiendo los destellos positivos o negativos de sus ojos, se acerca a la barra. Giran ansiosas, planean a la espera de una llamada al calor de su sol en esta fría noche, mientras que el resto se queda atrás buscando su reflejo en los ojos de las demás o pegándose a las sombras de la pared240.

Así describe Duffy el triste ambiente de los bares lesbianos. Los valores positivos de apoyo, amistad y rebeldía que encarnan los bares no se encuentran con tanta frecuencia en los textos literarios. En cambio, existen muchos ejemplos, anteriores a los años 70, donde el ambiente lesbiana y gay aparece como invariablemente deprimente. Es un mundo lleno de relaciones siempre breves y trágicas, de pobres víctimas atormentadas que se cortan las venas en el cuarto de baño y que llevan unas vidas fútiles y frustradas en la vejez. El bar es el refugio de los inadaptados sociales.

En su novela Women of the Shadows Mujeres en la sombra, Ann Bannon nos muestra esta visión de la cultura lesbiana y gay a través de los ojos de Jack. Como el propio título indica, ésta es su novela más pesimista. Jack, deprimido por el ambiente gay y los habituales desengaños amorosos, trata de alejar a Laura de este entorno, para que acceda a unirse a él en un matrimonio de conveniencia, trasladándose a un barrio residencial con una vida respetable.

No sabemos nada del amor duradero ni de una vida con sentido. Nos pasamos el tiempo arrodillados cantando las glorias de la homosexualidad e intentando causar una buena impresión, intentando olvidar que no somos personas sanas ni salvas, como el resto de la gente241.

Su idea de la vejez en la comunidad lesbiana es más negativa aún.
¿Habéis visto a las lastimosas viejas, con sus zapatos de hombre y el pelo esquilado, ir de un lado a otro como almas en pena, recorrer los bares y quedarse mirando a las chiquillas guapas, llorando porque ya no pueden tenerlas? ¿O que viven juntas, de dos en dos, feas, gordas y llenas de arrugas, sin nada que hacer más que recordar los viejos tiempos que ya no volverán?242

Las lesbianas acogieron con entusiasmo las nuevas novelas lesbianas de contenido positivo, como Patience and Sarah y Frutos de rubí, que salieron a partir de 1969243. Es comprensible que creyéramos y esperáramos que las novelas sobre lesbianas fracasadas pertenecían al pasado. Pero no es así.

Desde un nuevo contexto político pesimista la cultura lesbiana de los 90 nos ofrece una descripción de los bajos fondos como ejemplos, la novela norteamericana After Delores y la película Kamikaze Hearts acogida elogiosamente por la crítica. Está resurgiendo el coqueteo con los bajos fondos, la muerte y la desesperación, motivo recurrente en la cultura lesbiana y gay durante gran parte del siglo XX. La citada novela se desarrolla en los sórdidos bares de ciertas zonas abandonadas de Nueva York:

Un tipo con un tatuaje de Iron Maiden vomitó, vuelto hacia nosotras, mientras Coco me conducía por los nuevos bloques de apartamentos y por los pocos hoteluchos que aun quedaban en el Bowery. Pasamos delante del albergue para transeúntes, del restaurante de langostas con sus camareras cantantes, del asqueroso bar de Phoebe y cruzamos el mugriento portal del CBGB, el palacio punk244.

La narradora se halla sumida en el dolor por una ruptura amorosa y no debemos esperar una novela optimista.

238 Ibíd., pág. 142. 239 Maureen Duffy, The Microcosm, Londres, Panther, 1967 pág. 15. Primera edición de 1966. 240 Ibíd., pág. 11. 241 Ann Bannon, Women of the Shadows, Londres, Sphere, 1970, pág 78, Primera edición de 1959. 242 Ibíd., pág. 79. 243 Isabel Miller, Patience and Sarah, Greenwich (Connecticut), Fawcett Publications, 1973. Londres, The Women’s Press, 1979. Rita Mae Brown, Rubyfruit Jungle, P1ainfie1d (Vermont), Daughters Inc., 1973. Hay versión castellana: Frutos de rubi, Madrid, Horas y Horas, 1995. 244 Schulman, 1990, pág. 106.

61

Sin embargo, el tono deprimente de la novela transciende esta circunstancia. La industria del sexo constituye el argumento de fondo. Pero en vez de criticarla, la narradora participa alegremente en la utilización de la mujer en la industria del sexo:

Me tomé otra cerveza e intenté decidir si debía dar una propina a la bailarina… Alargué la mano por encima de la barra… tendiéndole un dólar… este cariñito, bendito sea su corazón, me propinó una sonrisa de un dólar, cogió el billete y lo metió en sus bragas como si yo fuera una cualquiera245.

La novela no presenta la elección de una identidad lesbiana como positiva. La narradora define su elección
como un mal menor: “Cuando descubrí lo canallas que podían ser las mujeres consideré por un momento a los chicos, hasta que me acordé de lo deprisa que me aburrían…“246. En la novela se describe una escena de

violación deseada por la protagonista pese al dolor y el desgarro de vagina que le provoca.

En opinión de sus defensoras, estas novelas son realistas y representan un grato cambio que permite a las lesbianas contar las cosas “tal y como son”, sin tener que poner buena cara para dar una imagen favorable. Sin embargo, parece que hayamos vuelto al mundo deprimente de la lesbiana maldita, aunque en esta ocasión falten la felicidad y la risa, el humor descarnado y el coraje de las novelas de Ann Bannon. El avance del feminismo varía la situación actual. Las lesbianas ya no tienen que sentirse tan mal consigo mismas y las editoriales feministas, como la que publicó After Delores en Gran Bretaña, editan también novelas positivas. No basta con acreditar el “realismo” de esta novela: los varones alegan el mismo argumento respecto de Lolita y de American Psycho . Escribir novelas, y sobre todo novelas lesbianas, es un gesto político. La presentación de las lesbianas como fracasadas, malditas, desesperadas y sadomasoquistas es una elección política.

La publicidad califica a la película Kamikaze Hearts de “historia de amor entre lesbianas”. Dos mujeres, una de ellas con cierto parecido con una transexual convertida de hombre en mujer, mantienen una atormentada relación. Ambas trabajan en la industria pornográfica. Mitch saca los morritos y se balancea sobre tacones altísimos, se pinta los labios de rojo chillón, se parece a una drag queen, la follan en la película pornográfica que protagoniza, y dice amar su trabajo. Para Mitch el sexo sobre la pantalla y el sexo fuera de la pantalla son exactamente la misma cosa: teatro, Mitch es adicta a la heroína. Tras sufrir trastornos de lealtad no correspondida, Tigr sucumbe ante los atractivos de Mitch y vuelve a engancharse a la heroína. En la escena final Mitch enarbola una jeringuilla diciendo: “La follé con mi ampolla y le encantó”. La cinta da una falsa imagen de las modelos de la industria pornográfica, que no suelen trabajar por gusto, no por el dinero. Pero la idealización de la decadencia produce esta exaltación de la industria del sexo. La película comparte algunos temas con After Delores: las drogas, el sadomasoquismo, la prostitución y la desesperación.

La prostitución es un elemento omnipresente en el ambiente decadente. La relación de poder que existe en el sistema de supremacía masculina dicta que en los sueños decadentes de los varones no suelen ser ellos los prostitutos sino los consumidores de prostitutas. Cuando las lesbianas optan por la decadencia, actúan de acuerdo con el papel que les asigna su género. Aunque consideren la prostitución un tema esplendoroso y sexualmente satisfactorio para sus protagonistas, en la actualidad tanto las fantasías como la práctica de las mujeres se limita en gran medida a ser no sujeto, sino objeto de la industria del sexo. En un intento de restituir la prostitución como una forma legítima de audacia sexual de las mujeres, Joan Nestle alude a la antología entre los intereses de lesbianas y prostitutas, que han compartido una misma historia de opresión. En su trabajo Lesbians and Prostitutes: A Historical Sisterhood Lesbianas y prostitutas: Hermanas históricas, se propone “demostrar la relación permanente entre Lesbianas y prostitutas, no ya en el imaginario masculino, sino en sus propias historias”247. Afirma que antes del surgimiento del feminismo lesbiano, las prostitutas y las lesbianas compartían el mismo escenario:

En los bares de finales de los 50 y principios de los 60, donde me convertí en Lesbiana, las putas formaban parte de nuestro mundo. Estábamos subidas a los taburetes codo a codo, celebrando juntas nuestras fiestas y haciendo juntas el amor248.

Esta situación era idéntica en Londres en aquellos años. Nestle afirma que más tarde el feminismo lesbiano rompió esta feliz unión de hermanas al relegar la opinión y la presencia de estas “trabajadoras”. En su reivindicación de los lazos de solidaridad entre lesbianas y prostitutas, Nestle expone su reciente opción por ejercer ella misma de prostituta:

Escribo relatos eróticos para revistas Lesbianas, poso de forma explícita para fotógrafas Lesbianas, hago lecturas públicas de textos sexualmente explícitos, vestida de manera sexualmente provocadora, y he aceptado dinero de

245 Ibíd., pág. 26. 246 Ibíd., pág. 35. 247 Joan Nestle, A Restricted Country, Londres, Sheba, 1988, pág. 158, Ithaca (NY), Firebrand Books, 1987. 248 Íbid.

62

otras mujeres a cambio de actos sexuales249.

De algún modo resulta difícil imaginarse a Óscar Wilde persiguiendo su nostalgie de la boue de esta manera, pero era un varón de clase media que usaba a los demás como prostitutos, antes de dejarse usar.

Nestle idealiza la prostitución cayendo en la tentación de la decadencia. Tal es el glamour que la prostitución ejerce sobre Nestle, que ha decidido hacer sus propios pinitos en el tema. Nada parece indicar que las lesbianas hayan tenido históricamente trato social con las prostitutas porque les pareciera emocionante, ni que el trabajo de las lesbianas como prostitutas se deba a la excitación sexual o el glamour. Así y todo, la prostitución como fantasía emocionante forma parte de la vida sexual de muchas mujeres heterosexuales y lesbianas. La razón es el perfecto entrenamiento de las mujeres para connotar eróticamente su propia subordinación, y la utilización como prostituta puede considerarse la máxima expresión de la subordinación sexualizada.

Sin embargo, la exaltación de la prostitución es sólo una parte del movimiento político de proscripción sexual que ha surgido entre las lesbianas en los años 80. La nueva política lesbiana de la transgresión es una ramificación de una tradición anterior, perteneciente a la cultura y a la política de los varones gays. En The Sexual Outlaw El proscrito sexual, John Rechy asegura que, por una feliz coincidencia, la práctica sexual tradicional del varón gay constituye un acto revolucionario.

Los homosexuales promiscuos… son las tropas de asalto de la revolución sexual. Las calles son el campo de batalla, la caza del sexo, la revolución; cada vez que un hombre practica el sexo con otro en la calle hace un enunciado radical.

¿Qué significa, pues, ser un proscrito sexual? Como el marginado arquetípico, es:
… símbolo de la supervivencia, viviendo plenamente en el borde, vencedor de todas las amenazas, represión, persecución, prosecución, agresiones, denuncias y odio que, desde los albores de la “civilización”, han tratado de aplastarlo250.

Es posible, empero, que nadie aprecie sus actos revolucionarios realizados bajo un puente o tras unos arbustos. La excitación de su transgresión depende justamente de su carácter furtivo. La rebelión que propone Rechy no es nueva, ni específica de los gays. Antes pertenecía al grupo de los beatnik que exhibía, aparte de la tendencia homoerótica de algunos de sus protagonistas, como Jack Kerouac y William Burroughs, una feroz rebeldía de todos ellos contra una vida respetable y el “gobierno” de las mujeres. Rechy ha abandonado una forma de rebeldía a cambio de otra.

Las lesbianas no se han dedicado tradicionalmente a las mismas prácticas por razones obvias. Si las mujeres exhibieran este comportamiento en la calle correrían un grave peligro. Pero además, la sexualidad lesbiana se ha construido de acuerdo con el mismo modelo que la de las mujeres heterosexuales: más centrada en la relación y en la intimidad, puesto que las mujeres no pertenecen a la clase dominante ni cuentan con una clase sometida cuya utilización sexual sirva para reafirmar su estatus. Al igual que las mujeres heterosexuales, las lesbianas no adquieren mejor estatus gracias a sus proezas sexuales, de manera que no se ha valorado positivamente la actividad sexual asidua y gratuita con extrañas. Las lesbianas no tuvieron que reafirmar su masculinidad, aunque actualmente algunas luchan por adquirirla, un hecho que podría provocar ciertos cambios en su conducta sexual.

Sin embargo, en este momento nos encontramos con que algunas lesbianas aspiran a construir una sexualidad lesbiana que refleje con la máxima fidelidad la marginalidad sexual de los varones gays. En algunos de los estudios lesbianos y gays se manifiesta una nueva verdad política: la desesperación sexual de las lesbianas al compararse con los varones gays. En su antología de 1991, Inside/Out, Catherine Saalfield y Ray Navarro aluden alegremente al “pánico sexual de las lesbianas” como si se tratara de un concepto perfectamente reconocido: “… el pánico sexual de las lesbianas (timidez, represión y un “comportamiento femenino”) existía mucho antes de la aparición del sida”251, apuntan. La lesbiana canadiense Chris Bearchell explica cómo algunas lesbianas tratan de reconstruir la sexualidad lesbiana con el fin de superar este problema:

Muchas tortilleras, incluidas las que nos autodenominamos feministas, somos compulsivas infractoras de reglas. Llevamos a las mujeres a la playa, o nos las encontramos allí, y desaparecemos con ellas tras las dunas, o nos llevamos a nuestro ligue al váter del bar para un rapidillo. Rechazamos el lesbianismo de Playboy porque no nos parece lo bastante fuerte, y en cambio sacamos nuestra polaroid. Nos buscamos unas amantes dignas de confianza

249 Íbid, pág. 159. 250 John Rechy, The Sexual Outlaw Londres, Futura, 1979, pág. 299. 251 Catherine Saalfield y Ray Navarro, “Shocking Pink Praxis: Race and Gender on the ACT UP Frontlines”, en Diana Fuss (comp.), Inside/Out. Lesbian Theories, Gay Theories, Londres y Nueva York, Routledge, 1991, pág. 356.

63

para representar el S/M o elegimos nuestros juegos sexuales justamente a causa de los riesgos que implican. Somos chavalotes irresponsables que se negaron a crecer y que ahora se niegan a apartar de sus vidas, incluidas sus vidas amorosas y sexuales, a aquella alma gemela, por el mero hecho de tener quince o dieciséis años. No es cierto que el sexo en público, la pornografía, el S/M y el sexo entre adultas y menores de edad no sean temas lesbianos252.

Aunque las prácticas descritas no son prácticas lesbianas tradicionales, Bearchell parece albergar la esperanza de que su adopción procurará a las lesbianas la emoción de la sexualidad proscrita de la que, a su modo de ver, disfrutan los varones gays. La política de esta sexualidad es una política antifeminista. La sexualidad masculina de clase dominante constituye un peligro para los intereses de las mujeres, al apoyarse tradicionalmente en la esclavitud sexual de gran parte de la clase de las mujeres. Esta verdad incómoda se subsume bajo la búsqueda individual de la marginalidad sexual en igualdad de condiciones.

Las teóricas del sadomasoquismo lesbiano han enarbolado el estandarte de la proscripción en protesta contra el feminismo y sus secuelas. Aunque el lenguaje de la proscripción sexual tiene su origen en la cultura gay masculina, las defensoras del S/M como Pat Califia y Gayle Rubin lo han adoptado plenamente. Rubin establece una analogía deliberada entre “salir del armario” como lesbiana y salir como sadomasoquista. Se sintió estafada porque había sido privada de los placeres de la marginalidad cuando se dio a conocer como lesbiana:

… ser una joven lesbiana en 1970 significaba tener una gran confianza moral en una misma. No sólo gozabas de la certeza de ser todo menos una pringosa pervertida, sino además tu sexualidad se hallaba especialmente bendecida por motivos políticos. Por consiguiente, nunca conocí la experiencia de alguien que, por ser gay, se enfrentara a actitudes de desprecio implacable253.

Rubin confiere al sadomasoquismo el estatus marginal más romántica que es capaz de imaginar al comparar la experiencia de una sadomasoquista en 1980 con la de un homosexual comunista en 1950. Establece a propósito una analogía con la experiencia gay, apelando a las simpatías de quienes albergan sentimientos liberales respecto de la opresión de los homosexuales. Relata así su encuentro con la comunidad sadomasoquista:
Las vías de acceso están aún más ocultas. La aureola de terror, aún más intensa. Las sanciones sociales, el estigma y la falta de toda legitimidad son aún mayores254.

¿Acaso no evoca el fumadero de opio? Rubin sostiene que la proscripción del sadomasoquismo es de carácter político. A su modo de ver, las sadomasoquistas pertenecen a una tipología de minorías sexuales referidas, en su mayoría, exclusivamente a los varones gays. Estas minorías sexuales se consideran ora herejes religiosos, ora disidentes políticos. Siempre, sin embargo, son “proscritos”:

Los proscritos sexuales pederastas, sadomasoquistas, prostitutas y transexuales, entre otros poseen un conocimiento particularmente rico del sistema dominante de la jerarquía sexual y del ejercicio de los controles sexuales. Estos colectivos de disidentes eróticos…255.

Para las lesbianas decididas a ser proscritas sexuales el feminismo es un tema aburrido que forma parte de la jerarquía represiva de la sociedad heterosexual. En Coming to Power, Gayle Rubin señala como antagonista el “feminismo”, término que utiliza para referirse a las feministas que luchan contra la violencia masculina y la pornografía:

Debido a una serie de casualidades y a través del tema de la pornografía, el S/M se ha convertido en el caballo de batalla de toda esta tendencia política llegada al poder por la manipulación del miedo de las mujeres al sexo y a la violencia256.

Rubin convierte a las feministas antipornografía en figuras maternas contra quienes dirigir su rebeldía adolescente. Afirma que “por mi parte, no me uní al movimiento de mujeres para que me enseñaran a ser una buena chica”257. A estas lesbianas libertarías el ejercicio de sus transgresiones en el marco relativamente seguro del movimiento de mujeres y el intento de provocar un delicioso oprobio les produce una considerable satisfacción.

Resulta sorprendente que las sadomasoquistas elijan una forma de proscripción mucho más aceptable a los ojos del mundo heterosexual de lo que pudiera ser nunca el feminismo lesbiano o sobre todo el lesbianismo radical o el separatismo lesbiano. En Gran Bretaña el incipiente culto al sadomasoquismo lesbiano contó con la

252 Chris Bearchell, “Why I am a Gay Liberationist: Thoughts on Sex, Freedom, the Family and the State”, en Resourcesfor Feminist Research, Vol. 12, núm. 1, 1983, págs. 59-60. 253 Gayle Rubin, “A Personal History of the Lesbian S/M Community and Movement in San Francisco”, en Samois (comp.) Coming to Power. Writings and Graphics on Lesbian S/M, Boston, Alyson, 2a ed. 1982, pág. 209. 254 Ibíd., pág. 221. 255 Ibíd., pág. 224. 256 Ibíd., págs. 215-216. 257 Ibíd., pág. 214.

64

obsequiosa cobertura de los medios de comunicación. Este asunto intriga a los varones encargados de los periódicos y los programas de televisión. En una sado-sociedad, el cuero y los encajes resultan más fotogénicos que un grupo de separatistas lesbianas, y el mensaje que las mujeres pueden abusar de otras mujeres y suspirar por su propia subordinación mucho más aceptable. En una demostración de sexo seguro de ACT UP en el Bourke Street Mall, una calle comercial peatonal de Melbourne en mayo de 1992, una lesbiana engalanada con zahones y sin bragas simuló un acto de sexo oral y el uso de barreras de látex, con una mujer vestida con falda, arrodillada delante de ella. Al parecer, el público jaleó y los varones, acostumbrados al consumo de simulacros de sexo lesbiano en sus revistas pornográficas, probablemente encontraron la escena excitante, aunque tal vez no revolucionaria. Es difícil comprender de qué manera la consumación de las fantasías pornográficas masculinas pueda romper la construcción machista de la sexualidad.

La apropiación de la transgresión como filosofía causa a las lesbianas ciertas dificultades que guardan relación con la condición de clase sexual tan diferente de las mujeres. En el sistema de la supremacía masculina las mujeres pueden elegir entre el papel sexual de la chica buena y el de la chica mala. Ninguno de estos dos caminos les conduce a su libertad. Quienes eligieron o se vieron obligadas a elegir la vía de la prostitución, reservada a las chicas malas, no incluían la emoción de la transgresión revolucionaria entre sus placeres. Era normalmente una experiencia más liberadora para los varones hacer de chico malo, lo cual generalmente se producía por mediación de los cuerpos de mujeres o de otros varones y chicos desvalidos. Los varones podían realizarse a través de una demostración sexual jamás disponible para las mujeres, de cuyos cuerpos se servían para conseguir la liberación. Me atrevería a afirmar que el papel de las chicas malas elegido como protesta contra la ética y la política feministas de la sexualidad se revelará como tan restrictivo como ha sido siempre en un sistema de supremacía masculina.

La legitimidad académica de la idealización de la marginalidad de los varones gays y de las lesbianas nace de la teoría postmoderna, que valora positivamente la conducta proscrita. Gayle Rubin por ejemplo se considera foucaltiana. En la teoría postmoderna, y sobre todo en sus versiones lesbiana y gay, abundan las alusiones al potencial revolucionario de la transgresión. Jonathan Dollimore sienta las bases de su libro Sexual Dissidence con la transgresión heroica de Oscar Wilde. Dollimore demuestra que Wilde trató de derribar las categorías de respetabilidad de la vida de clase media victoriana. Como ejemplo de su conducta transgresiva cita la ayuda que prestó a André Gide para que éste pudiera reconciliarse con su homosexualidad, o pederastia, como el la llama. En Argelia en 1899 Wilde compró los servicios de un joven músico por quien Gide había mostrado su interés. En palabras de Dollimore: “La experiencia africana de Gide es uno de los relatos modernos más importantes de liberación homosexual" 258. Resulta poco probable que el chico experimentara esta misma liberación y no simplemente otro acto más de explotación perpetrado por ricos colonialistas blancos. Sin embargo, el incidente demuestra que ni Wilde ni Gide, y ni siquiera Dollimore en la actualidad, advirtieron que la liberación sexual de una persona puede significar la opresión de otra. Y nuevamente evidencia la asimetría entre hombres y mujeres a la hora de disfrutar de la decadencia de la prostitución. Tanto para Wilde como para Gide, la transgresión suponía una filosofía masculina individualista y despiadada.

La rebeldía manifestada históricamente por los varones blancos de clase alta no les ha perjudicado. Era un rito de paso. Viajaban al infierno de la prostitución de mujeres y chicos jóvenes, hacían sus pininos con las drogas y el sexo explotador y abusivo, y a continuación volvían al negocio familiar o a su carrera profesional. Esta forma de rebeldía es una característica de los varones que la realizaban generalmente a costa de las mujeres. El mundo de los bajos fondos es la otra cara de la moneda, sirve tanto de distracción como de recordatorio de la necesidad de una boda respetable. Algunos teóricos gays y teóricas lesbianas actuales afirman que el mundo de los bajos fondos puede ser un lugar de rebeldía; que el centro del poder no se sostiene si los queer provocan un alboroto lo bastante grande; que lesbianas, gays, transexuales, pedófilos, prostitutas y sadomasoquistas irrumpirán desde los márgenes para derribar el mundo convencional y restringido de la familia nuclear. Una afirmación inversa, a través de la cual los desviados sexuales reivindican las categorías sexológicas convirtiéndolas en movimientos revolucionarios, producirá un cambio social masivo. No obstante, no hay motivos para creer en la viabilidad de este plan o para suponer que el sistema heteropatriarcal que ha creado un mundo sexual subterráneo para sobrevivir se acoquinará sólo porque los personajes que habitan en este mundo se lancen a la calle. Los teóricos de la transgresión cuentan asimismo con el impedimento de que el éxito de su política anulará precisamente el placer de su práctica, al eliminar el elemento transgresivo.

El postestructuralismo es la “alta” teoría empleada para justificar la transgresión como posibilidad revolucionaria.

Foucault y Derrida sirven de apoyo teórico a las practicantes de los juegos de roles lesbianos y del sadomasoquismo.

258 Jonathan Dollimore, Sexual Dissidence. Augustine to Wilde, Freud to Foucault, Oxford, Clarendon Press, 1991, pág. 12
65

La busca de un apoyo análogo en la teoría feminista lesbiana resultaría vana. Se invoca a Derrida por su conceptualización de la destrucción de las oposiciones binarias, por medio de la apropiación subversiva de la parte más débil. Dollimore alude a Derrida para respaldar su propio concepto del valor subversivo de la transgresión:

Derrida ha insistido en que la metafísica sólo puede refutarse desde dentro, al desbaratar sus estructuras y reconducir su fuerza contra sí misma. Define la oposición binaria como una “jerarquía violenta” en la que uno de los dos términos ejerce un dominio sobre el otro e insiste en que un paso crucial en la deconstrucción de los binarios es su inversión, un vuelco que pone abajo lo que estaba arriba. Efectivamente, la inversión del binario es una etapa necesaria para su eliminación… añade que el efecto político de la no inversión de la oposición binaria, el simple intento de saltar más allá hacia un mundo sin ella, significa sencillamente garantizar la indemnidad del binario en el único mundo que tenemos259.

Según esta teoría, la inversión es necesaria y revolucionaria y el proyecto feminista lesbiano, irrisorio. El proyecto feminista de transcender el género y no restituirlo en el S/M o los juegos de roles, es calificado de simplista y destinado al fracaso. La crítica feminista de lo que los postmodernos denominan binarios los géneros masculino y femenino, las chicas buenas y las chicas malas, dominio y sumisión apunta que su reproducción no elimina las opresivas estructuras de poder, sino que las alienta. La justificación postmoderna de la transgresión y de la inversión ha llegado en un momento muy conservador en que el feminismo se halla expuesto a un ataque generalizado, con su conveniente reinscripción como revolucionarias de las formas tradicionales de la práctica gay masculina. Según este análisis, el único cambio político necesario para que las lesbianas puedan formar parte de este proyecto revolucionario exige que se parezcan más a los varones gays. El feminismo ha tratado de liberar a las mujeres de la cárcel del género y de las dicotomías entre chicas buenas y chicas malas. Ser feminista significaba, y sigue significando para muchas, ser una objetora de conciencia que se resiste con obstinación y rebeldía a entrar en los juegos de género y del dominio y la sumisión, y que cree – en contra del escepticismo postmoderno- en la posibilidad de vivir al margen de ellos.

La política de la transgresión constituye la base de la nueva política Queer. Éste es el nombre que denota la política de los gays y de las lesbianas que responden con legítima rabia a la inacción homicida del gobierno norteamericano ante el sida y a la ola de odio, protagonizada por los medios de comunicación y por los médicos, contra los gays seropositivos. Prefieren la palabra queer a “gay” u “homosexual” por considerarla más incluyente, ya que no sólo se refiere a los varones blancos. Para las lesbianas ésta es una idea profundamente problemática, y así lo he hecho constar en otro lugar de este libro. Por otra parte, un problema específico de la política queer, que se fundamenta en la transgresión, son las alianzas poco adecuadas con que se pueden encontrar las lesbianas. Un folleto londinense titulado “Poder Queer” ofrece la siguiente definición de la palabra:

Queer significa cagarse en el género. En todas y cada una de las calles de este apático país nuestro existen queer héteros, queer bi, queer transis, queer lesbis, queer maricas, queer S/M y queer fistfucking260.

Según esta definición, la palabra queer es indicativa de una política en la que todas las personas transgresoras comparten con las demás cierta afinidad y cierta igualdad. Esta política realza el potencial revolucionario de lo que la sexología define como “minorías sexuales”; éstas, unidas en la lucha por sus derechos, deben constituir una fuerza en favor de la revolución sexual. El historiador gay británico Jeffrey Weeks formuló esta política ya en 1982:
Para bien o para mal, la defensa de la elección y de la libertad sexual les ha correspondido a quienes hasta hace poco parecían estar en los márgenes más alejados del espectro sexual: los sadomasoquistas, las lesbianas y los gays aficionados a los juegos de roles, los activistas pedófilos, así como a los socialistas y radicales libertarios más convencionales261.

De manera que la política queer no es nueva. Según Weeks y otros autores, las raíces de esta política se hallan en Foucault y, por supuesto, en su concepto de la “afirmación inversa” citada en el capítulo 1. Las categorías sexuales creadas para reforzar el control social al excluir y estigmatizar las minorías sexuales se transforman en una política afirmativa, capaz de poner en entredicho el sistema sexual.

Las lesbianas han utilizado estas estrategias en algún momento. Sin embargo, la adopción de esta política significa aceptar que el lesbianismo es tan sólo una manera de cometer impudicias con los genitales, equivalente a la pedofilia. Más allá del hecho de que el feminismo lesbiano ha reconstruido el lesbianismo como empresa más amplia que una mera práctica sexual, las otras prácticas sexuales incluidas resultan profundamente problemáticas para las feministas. A excepción de la categoría gay, representan formas de sexualidad que las teóricas feministas han denunciado por su peligro para el interés de las mujeres y por formar la base crucial de la opresión de las mismas. Las demás prácticas abarcadas por el término queer están vinculadas con el fetichismo de género y con el

259 Ibíd., págs. 65-66. 260 Citado en Cherry Smyth, Lesbians Talk: Queer Notions, Londres, Scarlet Press, 1992, pág. 17 261 Citado en Sheila Jeffreys, Anticlimax. A Feminist Perspective on the Sexual Revolution, Londres, The Wornen’s Press, 1990, pág. 212; Nueva York, New York University Press, 1991.

66

dominio y la sumisión. Incluso la omisión de las categorías más inaceptables como la pedofilia, requeriría una reconstrucción de la política queer desde una perspectiva feminista que acabaría extirpando el núcleo del movimiento. Por otra parte, con la exclusión de alguna otra categoría, amén de la de las feministas lesbianas, el carácter incluyente se vería de alguna manera afectado y sería difícil decir: “Somos queer, pero no tanto como los pedófilos, etc.”, cuando uno de los motivos para celebrar esta nueva política reside justamente en su carácter transgresivo.

Muchas lesbianas se recrean en su condición de proscritas. Si no fuéramos rebeldes, tal vez no tendríamos el coraje y la fuerza de seguir siendo lesbianas en un mundo lesbófobo. ¿Cuál podría ser el cauce más útil para canalizar esta rebeldía que tanto goce y satisfacción procura a las lesbianas? Aunque las proscritas sexuales lesbianas lleven el escándalo a las acomodadas salas de estar al practicar el S/M en el Canal 4, probablemente no cambien el mundo. También el feminismo lesbiano brinda el placer de la proscripción, aunque de una manera probablemente más eficaz para lograr un cambio en la condición de las mujeres y de las lesbianas. Monique Wittig facilita una perfecta definición de la política proscrita de la separatista lesbiana:

Somos fugitivas de nuestra clase al igual que lo eran los esclavos fugitivos norteamericanos que escapaban de la esclavitud y se convertían en libres. Para nosotras es absolutamente necesario; nuestra supervivencia requiere la inversión de toda nuestra fuerza en la destrucción de la clase de las mujeres, cuya existencia permite a los varones adueñarse de las mujeres. Este propósito lo lograremos únicamente a través de la destrucción de la heterosexualidad, en tanto que sistema social basado en la opresión de las mujeres por los varones que elabora la doctrina de la diferencia entre los sexos como justificación de esta opresión262.

Esta estrategia es bien distinta de la de vestir cuero negro en centros comerciales. La proscripción sexual desvía con eficacia la rabia de las lesbianas de la tarea de poner en entredicho el poder masculino. Quienes vivan y expresen la política feminista lesbiana en contra del heteropatriarcado verán cumplidos todos sus deseos de excitación y oprobio, sin necesidad de copiar a las lesbianas ideadas por el imaginario pornográfico de los varones.

   

ta incompleta!