Mãe: a domesticação legal da Existência Lésbica

Mother: The Legal Domestication of Lesbian Existence
RUTHANN ROBSON

The legal category “mother” operates restrictively and punitively to “domesticate” lesbian existence.
Our domestication is the reason that we have difficulty thinking beyond the category “mother.” I explore how “mother” is used by both lesbians and nonlesbians within the legal system. In order to ensure lesbian survival on lesbian terms, we must strategize theories that do not preserve the dominant legal paradigm that codifies “mother,” even if that category is expanded to include "lesbian mother.

www-bcf.usc.edu/~bitel/documents/381008...

   

Artigo em inglês interessante pra pensar a questão das estratégias legais como um todo. Todo feminismo/lesbianismo que caminha em sentidos reformistas e legais, o que compromete de si mesmo nisso, o quanto essa estratégia é uma cilada.

Porém mais além eu acho a discussão em si dessa questão se tornou um tabu dentro do feminismo, graças novamente à politicas de identidade, pensar uma oposição à maternidade que é o pilar da imposição da heterossexualidade sobre nós é imprescindível, porém gera mil desconfortos e mal entendidos de teor pessoal muitas vezes. Arriscaria pensar além, inclusive se vale a pena reivindicar a identidade ‘mãe’, criada com esmero pelo próprio patriarcado (to aqui pensando no mesmo sentido que Wittig fala que abandonemos a identidade mulher, como sendo uma categoria de sexo produzida pela heterossexualidade mesma, abandonar todos termos da falo-realidade), se levamos a cabo uma estratégia radical de des-heterossexualização (vendo heterissexualidade não apenas como a prática sexual com homens mas tudo que regula esse regime, toda extração de nosso trabalho voluntário de reprodução e produção de sujeitos, e aí entra as práticas de cuidado de outros compulsorias que performamos diariamente dada nossa feminilidade)… e como sobrevivência lésbica. Pensar o que é essa sacralização da imagem da Mãe realizada pela Igreja, pelo cristianismo e boa parte das religiões, que função isso tem e como essa reverencia quase sagrada se reproduz entre nós (um exemplo, o quanto é intocável falar da opressão que mães exercem sobre filhas lésbicas, sobre meninas dado o poder familiar, mil outros exemplos que não elencarei agora)… além do quanto a imposição da política de identidade como moralidade autoritária nessa discussão constrange o pensar lésbico livre (radical) e impede de problematizar o impacto da socialização da maternagem nas nossas subjetividades. É necessário que o lesbianismo abrigue mais de um sentido de discussão deste tema que não apenas a discussão no sentido identitário (‘eu tenho o lugar de fala logo apenas eu posso pensar/conversar sobre isso’ pois é diferente de outras identidades, trata-se de uma instituição que afeta todas mulheres e se impôe sobre todas, mesmo que estas não tenham filh@s, se impôe como performance, como subjetivação essencial da feminilidade).