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Princípios Anarquistas

O processo de organização revolucionário é desenvolvido ao longo das gerações, as vezes mesmo tendo que começar quase do zero. Por isso a importância da preservação da memória de luta e resistência (não esquecemos! não perdoamos!), sem essa memória, muitas ações perdem o sentido e o capital/repressão usa muito desse recurso “imediatista” para apagar nossa luta e desmoraliza-la como algo sem “critérios ou sentido”.
Em muitos casos é a repressão ou mesmo profundas divergências que não resolvidas da forma libertária, leva a dissolução dos grupos e o afastamento dxs indivíduxs do anarquismo. Isso só leva a reforçar a necessidade e convicção de não aceitar o estado de exploração e opressão reinante e nem a submissão aos grupos dominantes de esquerda ou direta, que sustentam modelos autoritários e centralistas.
Afirmamos que nossos princípios são compromissos de luta de nossa classe, dxs oprimidxs e exploradxs. Oriundxs desses grupos, sofremos a miséria e estamos indignadxs com essa situação e nos organizamos para o enfrentamento, de modo a não abrir mão do anarquismo e nem dos princípios que o caracteriza.
A luta de emancipação de obra de todxs, unamo-nos!

(O que segue não é em absoluto algo fechado, mas sujeito sempre a discussões, conversas e alterações dentro do espírito dinâmico da metodologia anarquista, contribuições sempre serão bem vindas!)

I-Luta Popular:

Os diversos conflitos que se fazem nesse país é uma luta de classes opostas, com interesses opostos (dominantes e dominadxs).
Não se trata de uma luta relacionada ao nacionalismo, mas sim contra uma burguesia e elites agrárias, urbanas e econômicas que exploram a população trabalhadora e oprimem os grupos populares. O conflito é social, é uma questão social e diante do avanço popular, de suas demandas, a burguesia reage cada vez mais violentamente.
Portanto a luta popular só terá apoio das classes que se opõem à opressão e exploração, que são do próprio povo.
A luta popular acontece quando no processo de resistir, barrar e acabar com a exploração dos grupos privilegiados, o povo se compõem em força política. Estabelece em grupo de forma organizada como resposta à repressão, reunindo esforços para difundir, por todos os atos, a idéia revolucionária a toda classe oprimida e explorada, inclusive aos que estejam iludidos com a validade e eficácia do modelo legal estatal.
As táticas e estratégias devem atender aos objetivos definidos pelo povo, por nossa classe. O meio que esta se desenvolve refletirá no final almejado, por isso é importante manter os meios e o fim almejado. Não adotamos qualquer meio para chegar a um fim, por que isso é um beco sem saída. Queremos liberdade já e não como um fim, já faz parte do meio de se chegar a ela. Com escravidão não se chega a liberdade!

II-Apoio Mutuo

Cada um tem necessidades que nem sempre são atendidas por sua própria capacidade, por isso é importante a ajuda e apoio dos outros para realização e satisfação de suas necessidades.
Geralmente isso leva as pessoas se unirem, a se associarem para buscar satisfazer suas necessidades. A união de indivíduos diferentes somam forças e aumentam as possibilidades de ação mutua, de um apoiar o outro, fortalecendo a relação. O apoio mútuo não significa a formação de uma hierarquia e nem abuso entre os participantes., porque todos estão em pé de igualdade, são cooperadores, são companheiros de luta.
Em modelos autoritários, a cooperação não existe em sua amplitude, mantendo a hierarquia e centralismo de ação, a manutenção da desigualdade e apego ao individualismo egoísta, que isola cada um e cria competição entre os participantes.
O princípio de apoio mutuo luta contra as condições desfavoráveis de classe ( e mesmo de espécies, genero e etnias) e devem ser levadas sem restrição em favor da ajuda mutua para alcançar experiências intelectuais e de hábitos sociais em concepção moral e ética libertária.

III- Solidariedade Revolucionária

Se pretendemos a emancipação de todxs, devemos ter em conta que temos um(x) inimigx comum para resistir. Logo é necessário estabelecer múltiplas atividades humanas, constituídas de forma coordenada e solidária.
Com essas ações, se desenvolve a luta contra a opressão e exploração, reforçando o processo emancipatório da proposta revolucionária.
Isso se dá em meio a um compromisso com a luta libertária, com o anarquismo, com seus princípios e a convicção de liberdade para todos, sem exceção. Essa solidariedade deve crescer acima do processo do capital, trazendo uma reeducação para a vida coletiva entre iguais.
Não se pode se conformar com a situação e sempre buscar a melhoria de todos. A solidariedade é o auxílio econômico, político, moral e humano. Em muitos períodos da história, a solidariedade “revolucionária” das classes exploradas tem-se feito presente na conquista de seus direitos, na melhoria de suas condições de vida contra a exploração patronal, do estado e toda espécie de exploração. Como na greve geral de 1917, quando as organizações se solidarizaram para conquistar seus direitos. Como nos quilombos, onde negrxs, índixs e caboclxs se solidarizaram na luta por liberdade. Atualmente, as resistências contra as desocupações violentas e arbitrárias da PM, unem vizinhxs na luta por sua moradia.
No decorrer da história, a união solidária da classe explorada a torna mais firme e ciente de sua luta e na busca de sua emancipação.

IV-Ação Direta

É a ação exercida pelos oprimidos. É o esforço direto, que cada indivídux exerce de forma direta contra e sobre as forças que o domina sem intervenção de “atravessadores de qualquer espécie” (políticos, parlamentares, líderes, chefias …), a pressão necessária para obter o que lhe é devido.
Significa a reação constante dxs oprimidxs contra a ordem atual criando próprios meios de ação. Rebela-se contra a sociedade de cidadxs, até seu produtor(x). Envolve então a personalidade humana e sua iniciativa, opondo-se à força conservadora da democracia representativa e ao caráter passivo e imobilizador da democracia burguesa.
Deve também conquistar o acordo com outros indivíduos e grupos de ação direta na sua conjuntura. Porém ela será intensa ou será reduzida segundo os acordos, recursos e a necessidade real de cada região.
A ação direta deve manter-se em constante oposição frente ao opressor, incorporando métodos revolucionários e de negação ao colaboracionismo pelego, a harmonia social do capital. A colaboração com os reformistas significa enfraquecer a luta popular de emancipação. A ação intrinsecamente relacionados aos fins e que os procedimentos finalistas podem podem prejudicar o conjunto de novas ações em médio e a longo prazo. Portanto deve haver o bom senso nas ações que comprometam a luta libertário e a união do MLB (Movimemto Libertário/Anarquista Brasileiro).
Trata-se de um passo importante para formação de uma dignidade coletiva, à medida que o povo tem o direito de exercer o seu desenvolvimento. Serve-se para solução de conflitos e a sua eficiência está intimamente relacionada à justiça social. Nem sempre a ação direta será pacifica ou violenta, mas conforme a circunstâncias conjunturais. Podem ser ofensivas ou defensivas, visando o triunfo das reivindicações populares e devem contar sempre com aprovação da população pela conduta, propaganda pela ação. Deve atuar como um processo educacional visando democracia direta. É um princípio tático que desenvolve a prática de liberdade e de iniciativa.

V-Pluralidade de ação:

O anarquismo é uma conjunto completo de pensamento, que pode ser aplicado de várias formas, em ações diferentes, mas nunca se deve perder o entendimento que é um conceito singular de aplicação plural, sempre tendo em mente que não se pode oprimir e nem explorar em nome da anarquia. Os métodos libertários são métodos que não toleram o totalitarismo ou parcerias com propostas inimigas como partidos, como vanguardas, com golpistas, com a igreja e qualquer setor reformista que queira manter o Estado ou ter uma organização centralista e autoritária. Que se faça anarquia em várias áreas, de várias maneiras, mas sem se submeter a lógica conservadora, sem fazer aliança, frente ou parceria com nossxs inimigxs. Inimigx se combate, não se alia!

VI-Antiautoritarismo

Abolir a autoridade como forma de domínio e não autoridade como competência diferenciada dentro de uma sociedade em que esta diversidade exista. Autoridade e hierarquia são modelos estruturais de gesta e controle que criam e recriam diversos problemas dentro da sociedade e para cada um de seus participantes.

VII-Classismo Combativo

É nossa classe em luta, Não queremos que mais gerações sofram e padeçam sobre o jugo da exploração desenfreada.
Para que estas atrocidades cessem, nos organizamos visando nossa emancipação e uma vida de produção, distribuição de forma direta e autogestionária.
A luta de classes existe e seus confrontos se dão diariamente nas relações desiguais da sociedade. Não podemos alimentar o sistema e suas instituições.
O processo de emancipação é eliminar as classes sociais de tal maneira que não assuma mais nenhuma ao poder, logo é necessário suprimir a estrutura de dominação classista e os conflitos gerados a partir dela mesma.
O modelo adotado pelas vanguardas e partidos longe de ser revolucionário, estagna a revolução e estabiliza o modelo estatal (seja comunista, seja capitalista) corrigindo seus abusos. Os sindicatos, importantes espaços de ruptura e reorganização econômica, se tornam órgãos legais que amordaçam xs trabalhadorxs e o fazem trabalhar sem lutar de forma direta por sua emancipação. Alimentam o sistema em vez de destruí-lo. O sindicalismo revolucionário da AIT (Associação Internacional dos Trabalhadorxs, anarcossindicalista de atuação hoje) será o rompimento com isso, nesse caso, trazendo a luta emancipatória de forma direta e libertária.
Devemos reunir a nossa classe e manter a luta emancipatória até não mais existir classes sociais e suas desigualdades.

VIII-Autogestão

É o modelo de gerenciamento em que os envolvidos são mesmo tempo gestorxs e participantes das atividades previamente desenvolvidas e acordadas em comum. De tal foma que promove a liberdade individual com o compromisso coletivo e não retira do trabalhador(x) seus instrumentos de trabalho e nenhum resultado de sua produção.

IX-Democracia Direta

A palavra final sobre as leis e regras será do povo e do indivíduo em ação em que permitirá a união comunitária em favor do autogoverno. Sem intermediários cujo o papel executivo está restrito a delegação provisório, quando necessário e que agirá sob o controle assembléario. A administração dos assuntos econômicos e sociais é inevitavelmente obra dos grupos locais e funcionais necessários para uma vida descentralizada, autônoma, sem burocracia, simplificando o processo de ação. É importante todos participem e quando se tenha delegadxs, que sejam provisórixs e rotativxs, para que todxs possam participar dos processos, se educando no modelo assembleário.
E a democracia direta faz parte da estrutura federalista, como também o poder popular que tonará mais rápido o fim da luta de classes.
A democracia se faz com o povo de forma direta, sem intermediários. Assim, as eleições são uma afronta a emancipação de nossa classe e deve ser denunciada como tal, uma instituição que mantém a estrutura de opressão e exploração.

X-Poder Popular

O povo organizado gera poder de decidir e fazer o que lhe convém, recuperando o poder que lhe é roubado pelas instituições estatais e pelos capitalistas. Todo o processo é desenvolvido de forma assembleária onde cada indivídux vale seu semelhante, sem mais nem menos, afinal somos todos iguais.

XI-Federalismo

O modelo organizacional-político adotado pelo anarquismo.
O federalismo respeita as características de cada região, organização e indivíduo. Sempre mantendo a autonomia dos associados, desenvolve união de ações, trazendo um corpo coeso de ação e luta para todos os associados. Interage e integra as diversas associações, trocando experiências e desenvolvendo a solidariedade revolucionária. Sempre tendo em mente que são as estruturas simples, das pontas da federação que são fundamentais para o desenvolvimento do anarquismo, tendo apoio na democracia direta e no pode popular, gerando uma força de luta ao modelo dominante, mas que não pretende substitui-lo e sim aboli-lo.

XII-Internacionalismo (Anacionalismo)

A luta não pode ser reduzida a um local, mas em todos os locais, em todo mundo, porque a classe oprimida e explorada não se resume a um país, mas está em todxs e só com a sua união em uma proposta de emancipação sem meios termos é que de fato se realizará.
Pela emancipação de todxs, sem descanso até o último explorado e oprimido. A concepção de anacionalismo se dá pela eliminação das nações/pátrias, tornando o livre convívio diretamente entre os povos, sem a interferência de Estados controladores. Não significa o fim das culturas locais todavia, mas sempre em vista da reciprocidade em não oprimir e nem explorar, se dá as relações entre todxs.

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