Ame e Dê Vexame -- Roberto Freire
O homem fruto de sociedade autoritária pode estar biologicamente vivo, mas seu amor está morto, assassinado, e é preciso - e possível - ressuscitá-lo.
Roberto Freire conclama os amantes ainda disponíveis e inteiros a guerrear com o coração, a pele, o sexo, e sobretudo com a poesia, contra o autoritarismo que aprisionou e está matando o amor em todas as partes do mundo.
A ideologia do sacrifício - vem da direita e da esquerda, do céu e do superego - tem convencido o homem de que amar significa fundamentalmente perder a liberdade. Nosso cotidiano de relações de poder, dominação e castração tem definitivamente rimado amor com dor.
Em Ame e dê Vexame, o escritor anarquista declara guerra total a essa ideologia destruidora através de outra, natural e ecológica: a ideologia do prazer.
Através dessa luta e em função dela, criou a Soma, uma forma de terapia-pedagogia holisticamente libertária, com a qual combate, há quase 20 anos, todas as formas de autoritarismo e sacrifício. E denuncia como essas ideologias de "não-vida" são sustentadas sobretudo pelas religiões judaico-cristãs, pelo Marxismo e pela Psicanálise.
A ideologia do prazer decorre da compreensão de que o ser humano é essencialmente lúdico, ou seja, que viver é basicamente brincar e jogar. Se a "moral" do sacrifício aproxima amor e dor, o prazer anarquista grita, canta e rima amar com criar e libertar. Defende a necessidade de amar lúdica, criativa e prazerosamente.
Como forma de controle, as sociedades autoritárias desenvolvem no homem a noção e o medo do ridículo. O medo do ridículo se confunde com o medo de ser, de amar, de ser livre. Contra esse veneno, só há um antídoto: o vexame.
Partindo do princípio de que "Vexame pouco é bobagem", na segunda parte do livro Roberto Freire apresenta uma seleção de seus vexames mais marcantes e apaixonados, que o ajudaram a sobreviver enquanto Homo ludens e lutar por uma sociedade anarquista, que preserve a saúde das pessoas através da manutenção da ludicidade, do tesão natural e do prazer de viver.