panfleto para manif 19-06-2011

proposta apresentada por Rui Viana Pereira, para o panfleto A5, frente e verso, a distribuir na manif de 19-06-2011
 

ver versão final, paginada, nos docs anexos a esta página

{verso}

=NÃO PAGAMOS A DÍVIDA DELES!=
Eles, para citar uma velha canção de outros tempos, são «os que comem tudo e não deixam nada».
Se, numa família, um dos seus membros gasta o orçamento familiar em coisas que não dizem respeito ao interesse colectivo, é desonesto dizer que não há dinheiro para comer. O que houve foi um desvio do dinheiro colectivo para coisas que apenas beneficiam quem se serviu dele. Num país acontece exactamente o mesmo.
Há dinheiro que chegue para pagar os trabalhadores da administração pública, da saúde pública, do ensino público; para pagar as pensões, a solidariedade social, os serviços públicos de necessidade essencial.
Talvez não haja dinheiro que chegue para os bancos viverem à tripa-forra do crédito internacional e da especulação financeira desvairada. Mas isso é problema deles.
Certamente jamais haverá dinheiro que chegue para sustentar os custos da transformação de tarefas públicas e de recursos naturais em monopólio privado ou em parcerias público-privadas. Mas isso é problema deles.
Não fomos nós que pedimos emprestado para oferecer à banca, pois não? Não fomos nós que criámos parcerias público-privadas que gastam mais dinheiro a processar o lixo municipal do que aquele que estava previsto nos impostos, pois não?
Então porque havemos de ser nós a pagar os custos desse desvario financeiro? Nós já pagámos o que havia a pagar – com os impostos e com a riqueza do trabalho que produzimos todo os dias. Por isso, nós
NÃO PAGAMOS A DÍVIDA DELES!

{frente}

não pagamos! — juros exorbitantes — 48% da dívida será reembolsada à banca alemã e francesa, que pede emprestado a 2% para emprestar acima de 10% no caso português e grego

não pagamos! — parcerias público-privadas — 59,6 mil milhões de eu¬ros (5400 por português), para fazer aquilo que compete ao Estado, para o qual afinal já pagámos impostos

não pagamos! — 4 vezes mais gastos com as Forças Armadas do que com a Cultura — 2 submarinos, 240 carros blindados, intervenções armadas em vários cantos do globo

não pagamos! — refinanciamento de bancos privados — a dívida tem duas componentes: a pública e a privada; 43% da dívida externa é da responsabilidade dos bancos

não pagamos! — privatizações à vista — para pagar as privatizações impostas pela Troika, bancos e empresas terão de pedir novos financiamentos externos; adivinhe quem irá pagar esses novos empréstimos ainda não anunciados?

Seriam necessárias muitas folhas como esta para listar tudo o que não estamos dispostos a pagar. Não queremos pagar dívidas injustas, ou seja, dívidas que não nos dizem respeito, que não correspondem ao interesse público; dívidas que acarretam uma lista interminável de injustiças sociais; dívidas que criam um tremendo défice de justiça democrática e social.

Quantos sacrifícios, quantos cortes nos salários, nas pensões, nas prestações de solidariedade social, na saúde, no ensino, serão necessários para compreendermos que não devemos pagar a conta deles?

Comité Contra o Pagamento da Dívida Pública

 
 

Boa exposição Rui. Qualquer pessoa lê, percebe e se identifica com a mensagem.

flavio

 
   

Acho bom.

Pequena nota:
- Quando acima afirmas "(…) a dívida tem duas componentes: a pública e a privada; 85% da nossa dívida é privada (…) convém esclarecer que falas de dívida EXTERNA e é preciso corrigir os números. Vê no link abaixo um conjunto de notas minhas num documento do Eugénio Rosa e vê sobretudo o documento dele (para aceder, depois de abrires o link, tens de clicar num icon verde localizado no canto inferior esquerdo)
www.evernote.com/shard/s83/sh/7d321a47-....

Os números que te estou a fornecer têm, no entanto, um problema: são números antes da imposição de Bruxelas de rever contabilisticamente o défict e de lhe acrescentar o endividamento das empresas públicas. A questão é que não tenho dados pós a referida revisão. Se alguém tiver tempo para os procurar, melhor. Caso contrário, sugiro que se usem estes esclarecendo o contexto em que foram produzidos.

My 2 cents anyway.