Muito bom, obrigada!
Achei bem fera a denúncia, logo no começo, da colocação dos partidos comunistas atribuindo a opressão das mulheres a causas puramente ideológicas, o que seria uma análise falha, pois apaga a opressão material que sofremos. Parece-me que interseccionar o marxismo com o feminismo demanda um esforço colossal, pois por vezes a realidade material da mulher não se encaixa na teoria marxista.
Vou aproveitar e destacar aqui outro ponto muito feliz:
“(…) se apenas se desejasse associar as mulheres à luta anticapi-
talista, bastaria demonstrar que, na medida em que está integrada a essa
produção (assalariadas), a imensa maioria das mulheres (nove em cada dez
trabalhadoras) está objetivamente interessada nessa luta, ao passo que, ao
lhes atribuir a classe do marido, considera-se as mulheres dos burgueses (não
integradas à produção capitalista) como inimigas. Vê-se, então, que não se
trata tanto de associar o conjunto das mulheres à luta anticapitalista, mas
de negar a existência de um sistema de produção não capitalista. Ao negar
a existência desse sistema, nega-se a existência de relações de produção es-
pecíficas a ele e se tira das interessadas a possibilidade de se rebelar contra
essas relações de produção. Portanto, trata-se, acima de tudo, de preservar
o modo de produção patriarcal dos serviços domésticos, isto é, o forneci-
mento gratuito desses serviços pelas mulheres.”