Preferência versus Orientação - Heather L Moore

Heather L. Moore. Traduzido do nº de Junho de 1994 da Revista Off Our Backs por S. Marinho. Problematiza o conceito de orientação, preferência, a ética da escolha no feminismo lésbico (lésbicas dizem 'eu escolho', o movimento LGBT diz 'eu nasci assim').

“As palavras e frases novas são uma medida orgânica de mudança. Capturam as transformações da percepção e muitas vezes da própria realidade”Esta frase foi escrita por Gloria Steinheim em 1982, num ensaio entitulado “Palavras e Mudança”. No seu ensaio, ela explica os modos como as feministas mudaram o nosso mundo através da linguagem, e a importância que a linguagem continua a ter na redefinição daquilo que somos como mulheres e no modo como somos compreendidas e tratadas. Uma frase que atualmente é comum nos meios de comunicação e entre os grupos de direitos das Lésbicas e Gays é orientação sexual. É usada em leis gerais e municipais feitas para acabar com a discriminação, e em ensaios de estudiosos que examinam diversos aspectos da homossexualidade. Em toda a nossa sociedade, “orientação sexual” foi codificado como o termo a usar quando se discutem questões envolvendo homossexuais. Ocasionalmente, ouvimos usar o termo preferência sexual em debates retóricos sobre questões das Lésbicas e Gays – mas isso é frequentemente um sinal que o orador é ostensivamente anti-homossexual. Então que diferença faz qual a frase que se usa? A terminologia serve o seu propósito se sabemos, apenas através da terminologia escolhida, quem apoia ou não os direitos das Lésbicas e Gays. Não é? Mas a linguagem não ajuda apenas a etiquetar a realidade – também ajuda a criá-la. Citando novamente Steinheim “Nesta onda (a segunda onda do feminismo] as palavras e a consciencialização lideraram o processo de modo a que a realidade se lhes seguisse”. As palavras que usamos para descrever questões feministas tem uma enorme importância. Precisamos dizer aquilo que pretendemos, não o que é mais conveniente ou simples. Como feministas, o nosso uso da linguagem tem sido, e continua a ser, uma das nossas armas mais poderosas na luta para atingir a igualdade.

Todavia, esta questão é complicada pelo fato de muitas Lésbicas e Gays usarem o termo “orientação sexual” para se descreverem. Muitas vezes usam este termo sabendo perfeitamente o seu significado e que implica determinados pontos de vista em relação à sexualidade humana. Por exemplo, no número de Março de 1993 da revista The Atlantic, Charles Burr escreve àcerca das novas evidências que ajudam a “provar” que a homossexualidade tem uma origem biológica. Ele escreve “Cinco décadas de evidências psiquiátricas demonstram que a homossexualidade é imutável e não patológica e um grande número de novas evidências implicam a biologia no desenvolvimento da orientação sexual”. No princípio do artigo, Burr afirma que “o termo orientação sexual, que nos anos 80 substituiu preferência sexual, põe em evidência a natureza profundamente enraizada do desejo sexual e do amor. Ele envolve nele a biologia.” Isto faz levantar questões importantes – queremos realmente envolver a biologia? Será que as feministas acreditam que a biologia é responsável pelas nossas vidas sexuais? Na verdade as feministas não falam numa voz singular; mas alguns conceitos têm um maior grau de credibilidade feminista que outros.

O debate sobre preferência versus orientação é importante para as feministas porque lida com a maneira como caracterizamos o que é “naturalmente” masculino e feminino. Ou seja, para uma pessoa sentir atração por uma categoria particular de pessoas, essa categoria deve ter definições e limites específicos. As características femininas ajudam a descrever e a definir as mulheres; se uma pessoa é inerentemente atraída por mulheres é num certo sentido inerentemente atraída pela feminilidade. Todavia, a maioria das características a que chamamos femininas foram definidas pela sociedade como tais – como é do conhecimento geral, “feminilidade” não é um termo baseado em fatos científicos ou biológicos. Como feministas, sabemos como pode ser problemático definir o que é “feminilidade” ou “masculinidade”; por isso, necessitamos ser muito cautelosas ao nos referirmos à sexualidade em termos biológicos. Afinal se nós como feministas consideramos que o gênero é uma construção social, como poderemos considerar que a atração por um determinado gênero é fundamentalmente biológica? Mais uma vez, a linguagem que usamos para nos descrever e para descrever as nossas preocupações tem uma importância crítica. Se estamos a usar linguagem que (como foi apontado por Burr) implica a biologia, deveremos sentir realmente que a biologia é responsável pelo nosso comportamento sexual. Esta crença não está limitada às discussões sobre a homossexualidade relacionando-se também com o tópico da sexualidade em geral. As feministas que apoiam os direitos as Lésbicas e dos Gays necessitam de examinar de um modo crítico os seus pontos de vista em relação à sexualidade. Como Ruth Hubbard, uma bióloga feminista da Universidade de Harvard, aponta no livro Exploring the Gene Myth (Explorando o Mito dos Genes) “ Todos nós temos uma grande variedade de sentimentos eróticos. As sociedades definem alguns como sendo sexuais e regulam o grau e os modos em que nos é permitido desenvolvê-los e exprimi-los…

A sexualidade humana é complexa e é afetada por muitos fatores. A incapacidade de arranjar uma explicação clara (para a homossexualidade) envolvendo o meio ambiente não é surpreendente e não conduz à conclusão que a resposta pode ser dada pela biologia”. Se acreditamos que a biologia não é de fato a influência determinante nas nossas vidas sexuais, então deveremos usar uma linguagem que esteja de acordo com este ponto de vista. Atualmente os meios de comunicação de grande divulgação e alternativos apresentam às suas audiências duas posições no debate sobre as origens da homossexualidade: ou apoiamos os direitos das Lésbicas e Gays e aceitamos a ideia que a homossexualidade é determinada biologicamente (a posição “ninguém escolheria ser homossexual”); ou opomo-nos aos direitos das Lésbicas e Gays e acreditamos que os homossexuais escolhem ter um comportamento de “desvio sexual”. O que está a faltar neste edifício de retórica é uma voz feminista forte. Como feministas deveremos admitir o largo intervalo de escolhas sexuais que temos, deixando saber aos outros que essas escolhas deverão ser respeitadas e encorajadas. Ou seja, o conceito de escolha sexual simultaneamente real e vantajoso deverá ser difundido em discussões com heterossexuais e homossexuais.

Todavia, considerando o amor que os Americanos tem para dar respostas simples a questões complexas, é fácil compreender os raciocínios usados para a descrição da sexualidade em termos biológicos. Este enquadramento das origens da homossexualidade torna mais fácil lidar com os nossos aliados heterossexuais da Esquerda. Dizer que a sexualidade é imutável torna mais fácil aos heterossexuais liberais e compadecidos lidar com a questão da homossexualidade. É menos intimidativo e menos complicado, porque dizer que uma pessoa escolhe ser homossexual é dizer simultaneamente que não se escolhe ser heterossexual. E alguns heterossexuais ficam incomodados ao ouvirem as suas opções de vida serem rejeitadas. No entanto, os heterossexuais não terão que se sentir criticados ou julgados sobre a sua vida sexual, se puderem defender que a homossexualidade é resultado de algum fator biológico que não pode ser controlado. Aos homossexuais também lhes agrada esse conceito de “origem biológica” porque reduz o conflito entre homossexuais e heterossexuais ao explorar das semelhanças existentes na vida das pessoas, em vez de fazer uma análise crítica das diferenças vividas pelos homossexuais e heterossexuais. As Lésbicas e os Gays tem que lidar frequentemente com sentimentos de alienação e isolamento culturais; portanto quando lhes é dada uma oportunidade de construir um sentimento de aproximação, existe um desejo de a apadrinhar. Por outras palavras, usar a biologia como explicação para a sexualidade ajuda a despolitizar o controverso debate sobre a homossexualidade.

Alguns ativistas dos direitos das Lésbicas e dos Gays também acreditam que terão mais sucesso na luta contra a discriminação nos tribunais e nas legislaturas se puderem “provar” que a homossexualidade é uma característica biológica. O Supremo Tribunal dos EUA teve que lidar no passado com casos de discriminação contra grupos minoritários “imutáveis”. Portanto as Lésbicas e Gays envolvidos em estratégias políticas acreditam que ao adotar o termo “orientação” e a filosofia que é o seu corolário (quer pessoalmente acreditem nela ou não) irão obter a curto prazo alguns benefícios políticos. Todavia, como nos lembra Hubbard, “Ter conhecimentos básicos das diferenças em biologia não acaba com os preconceitos. Pelo contrário, os Africanos-americanos, Judeus, pessoas com deficiências físicas e também os homossexuais foram perseguidos por “deficiências” biológicas, tendo havido mesmo tentativas de exterminação para evitar a “contaminação” biológica. E as mulheres também têm lutado pela equidade como grupo imutável e ainda estamos longe dessa igualdade. A vantagem política que supostamente ganhamos ao usar o termo “orientação” é no mínimo questionável.

 

sites.stfx.ca/womens_and_gender_studies...

 
 

nunca tinha parado pra refletir sobre a palavra “orientação” apesar de sempre problematizar a explicação da lesbianidade por meios biológicos.
qual saída você considera? creio que usar apenas sexualidade seria uma boa saída, daria abertura pro debate sobre heterossexualidade compulsória

 
 

Então, eu postei este texto porque assim, eu vejo umas linhas de argumentação hegemônica que foram massificadas no ambiente feminista, e que não vejo coerencia nenhuma teorica.

Por exemplo: cheguei a ver páginas de face e tumbler falando que eram CONTRA o lesbianismo politico (‘CONTRA’!), e o chamando de ‘lesbofóbico’ (honestamente, lesbofóbica são as pessoas na apropriação dos conceitos lésbicos, e não eles em si). E ajudando também em explicar tudo errado também de onde veio esse conceito e tudo mais, chegando a relacionar com butches. O que é justo o contrário, as dykes separatistas que costumavam se opor à lésbicas políticas, não que defendessem por isso que lesbiandade e heterossexualidade eram naturais, pelo contrário Bev Jo por exemplo diz que é ‘Sempre-Lésbica’ e que e o lugar da sempre-lésbica é muito diferente vivencialmente da lésbica que se tornou lésbica no movimento, ou seja: a lésbica política, e faziam uma crítica quanto à ignorância e recusa de se informar sobre essas diferenças entre lésbicas nas comunidades, mas nunca defenderam que a mulher hetero é hetero porque nasceu assim… nem negava que algumas lésbicas nasciam lésbicas… pelo contrário: colocava em cheque a heterossexualidade, colocando esta sim como um desvio produzido artificialmente nas ‘females’ (‘fêmeas’ como traduzem algumas, pra evitar o termo mulher, que seria já a pessoa nascida mulher mas com a socialização dentro da categoria de sexo).

Eu vejo até mesmo no movimento, lésbicas ridicularizarem o ‘lesbianismo político’ e até coibirem essa teoria, colocando que isso faz com que mulheres se tornem lésbicas por motivos não genuínos. Só que assim: maior parte das lésbicas que eu conheço no movimento, se tornaram lésbicas em contato com o movimento! Se tornaram lésbicas em contato com teorias lésbicas, com teorias feministas, concluíram que heterossexualidade havia feito dano nas suas vidas e era danosa, que essa erotização é construída e até uma programação, entenderam esse processo em si, e resolveram se apropriar de suas vidas, escolher viver relações com outras mulheres/lésbicas. Isso não é lesbianismo político?

Qual sentido de se colocar contra lesbianismo político, depois contra heterossexualidade compulsória, mas depois falar que mulheres heteros não podem construir-se lésbicas? Eu sei muito bem o que é o heterocentrismo de lésbicas que se tornaram lésbicas após uma vida heterossexual , já dei uns exemplos aqui da questão de como lêem lésbicas como agressoras e predadoras, como são muitas vezes butchfobicas, como centram teorização em sua vivencia, como monopolizam a narrativa lésbica ignorando lugares diferenciais, como possuem mais ‘privilégio’ que lésbicas que se foderam desde sempre então tem mais auto-estima pra ter mais voz e liderança, ter suas questões mais contempladas, como são mais respeitadas por muitas vezes não serem tão divergentes de genero quanto butchs sempre lésbicas, além de coomo outros vestigios da heterossexualização/feminização comprometem nosso caminhar em torno a realmente centrar-nos em lésbicas e priorizar estas e em direção a éticas lésbicas radicais de vida.

 
 

A logica é assim: na pornografia é um veiculo dessa heterossexualização artificial, hj em dia a pornografia é uma instituição praticamente, e ela está aí para regular essa entrada das mulheres na heterossexualidade, produzir essa sexualização da heterossexualidade nas mulheres… Ela produz mulheres heteros, mulheres heterossexualizadas, porque as mulheres também são atingidas por ela, elas também são levadas a erotizar repertorios heterossexuais degradantes, além do pornô elas tem outras midias voltadas pra elas… filmes tipo 50 tons de cinza ou aquele de vampiros lá….

E no porno tem todo aquele repertório terrivel que educa os machos, e tá comprovado que eles praticam aquilo com as mulheres deles. Praticam como clientes de prostituição, sobre as prostitutas, todas fantasias que são basicamente misoginas, sexualidade masculina como veiculo de misoginia. Na pornografia as práticas estão construída dentro de um imaginário de dominação… e o porno por outro lado produz e constroi mulheres dispostas a erotizar essa degradação que os homens buscam.

Os caras fazem pressão nas mulheres pra praticar essa sexualidade, e aí vem o feminismo liberal que é basicamente, sua função, é de ser uma ferramenta de heterossexualização, o libfem surge como ‘vaselina’ pra heterossexualidade ser bem sucedida… o liberalismo sexual constrói o consentimento das mulheres na heterossexualidade, isso é inegável.

Heterosexualidade não é natural, é construída. Desejo é construido socialmente, a partir de repertórios que recebemos, via cultura.

Por isso eu não entendo pq feministas precisam tanto ficar reivindicando o discurso do natural! E ainda mais me choca lésbicas sustentando esse discurso, que nada é radical!

Sou às vezes a unica que me vejo sustentando esse debate, quando atacam lesbianismo politico. E não que não enxergue problemas na apropriação heterocentrada da lesbiandade.

Porém simplesmnete não entendo radical defendendo uma naturalidade da lesbiandade, eu sei que muitas são lesbicas desde cedo, mas entendo como justamente uma imunidade à esse treinamento heterossexual que é justamente artificial. Mas acredito sim que as mulheres são construidas heterossexuais, e sustento lesbiandade como Resistencia, não como identidade, preferencia, orientação, desejo! (apesar de curtir enquanto desejo, emfim essa é uma dimensão desejante da resitencia, mas lesbiandade não se esvazia nem em somente desejo, nem somente em resistencia, como faz uma hora o LGBT/queer, outra hora as feministas).

Se isso deslegitima lesbiandade, o fato de a reivindicarmos como ESCOLHA, tipo, me parece querer ficar em função de provar pros heterossexuais a validade da nossa sexualidade, E isso é estrategia LGBT! Que precisa falar pros heteros que somos naturalmente assim pra eles não quererem invalidar.. Eu nao preciso disso. Seja escolhida ou desde cedo, a lesbiandade pra mim é legitima.

RADFEM sustenta que sexualidade é construída, nossos desejos, nossas escolhas. Então nos construímos lésbicas, e quando feministas, essa construção se torna também uma arma de guerra.

 
 

não faz menor sentido, sério. hj tava pensando porque to fazendo um curso em esquizoanalise e tem uma perspectiva sobre identidade que no meu primeiro encontro com esquizoanalistas me irritou mas que me pareceu mal interpretado por estes e que to retomando, e juntando com aquele texto criticando interseccionalidade e como fala de identidade de forma marxista (identidade é alienação do trabalho, especilização do trabalho, ‘sou psicologa’, ‘sou mãe, sou mulher’, uma coisa é que a identidade remeta à historia de resistencia de da luta pra superar aquela condição e contradição de classe. Ser homossexual por ex é produção de uma existencia, daí ele coloca como trabalho, e as identidades são a alienação do trabalho, a sexualidade é atividade criativa, etc), me fez pensar sobre isso mesmo, sobre como faz sentido numa estrategia feminista radical rejeitar políticas de identidade de uma forma materialista, não da forma idealista que fazem os queers e pós-modernos. Porque o Estado quer encaixar essas ‘demandas’, ou melhor transformar essas potências em movimentos demandistas dentro do formato de direitos (to pra ler o No Creas tener derechos pra pegar mais a ética das feministas da diferença radicais que rejeitam igualdade e o patriarcado assumindo alteridade radical à este), reterritorializando aquilo que lhe escapa e que pode ameaçar seu funcionamento. Aí ele cria as orientações sexuais e daí as identidades liberais, dá direitos merrecas à elas enquanto continua explorando e normativizando a heterossexualidade, inclusive com nossa ajuda! Porque aí AS PRÓPRIAS FEMINISTAS LÉSBICAS falam umas coisas tipo “Eu não acho que é escolha, não acho que é possível qualquer mulher ser lésbica” elas não enxergam que quando fazem isso se situam no discurso sistemico que nos define como uma desviação sexual em relação à heterossexualidade? Que elas ao fazer isso declaram que existem orientações sexuais inatas na natureza? Meu, se a gente quer ser radical, não é desde aí que temos que situar nosso discurso. Isso o Capitalismo que falou que é assim, ele ameniza essa existencia transformando em ‘minorias’ a serem atendidas pelo Estado, e até as ditas feministas lésbicas radicais ficam nessa de ‘lutar por direitos’ e aproveitar a porcaria do direito de casar pagando 700 conto pro cartorio pra ter o estresse de ter que mudar todos documentos da vida pra por nome da companehira e depois ter que pagar mais 700 pra divorciar. Grande bosta sabe??? Tenta criticar casamento pra uma lésbica dita radfem pra vc ver o que acontece, e eu achava que ser radical era isso, ser crítica com reformismos fajutos.
Lésbica não é orientação sexual nem identidade, é fuga, é guerrilha. É tática radical. Prefiro ser isso a ter que ser uma coisa cômoda pro Estado, podem tentar deslegitimar minha lesbiandade por adotar essa postura que não me importa. Não preciso de discursos de naturalização pra me autorizar na minha lesbiandade, discursos sistemicos. Que é natureza? Um discurso! Que o sistema adora inclusive, por essencializar seu estado de coisas. E discurso que feministas e lésbicas reproduzem sem entender que é estrategia de captura.

Em qualquer autora radfem que vc leia, sobre porno, sobre abuso sexual, incesto, sobre prostituição, sobre feminilização, beleza, emfim TUDO que você vá ler no radfem, vc vai ver a posição do radfem sobre sexualidade, que é o que faz dessa teoria diferente de todas outras e especialmente interessante. Ela vai dizer que a classe subordinada cresce em subordinação e somente tem subordinação para erotizar (Jeffreys). Ela vai dizer que nossas sexualidades são CONSTRUÍDAS, construídas para ter tesão na degradação, na submissão, no pornô hetero, no BDSM, e isso é porque naturalmente mulheres gostam de ser fodidas ou humilhadas por homens? Não, é porque sofremos essa erotização. Isso acrescentando impactos traumaticos do abuso e assédio, são estratégias de sobrevivência psíquica.
E AÌ que entendemos a heterossexualidade, como regime político, violento, erotizado por meio desses dispositivos patriarcais da pornografia, bdsm, romantização do abuso na midia que tem em qualquer desenho infantil… regime político desenhado para exploração das mulheres.

E feminismo radical é construcionista social, a sexualidade é construída socialmente, e num patriarcado a heterossexualidade é construída e fortemente empurrada para mulheres.

Lesbiandade é resistência, qualquer mulher pode resistir se tiver determinação em vir pra esse lado da barricada (e largar seus privilégios da feminilidade e mentalidade heterocentrica, assim como desfeminização profunda, segunda parte que poucas fazem rs, especialmente a parte de tender a ler tudo centralizando na heterossexualidade e usando analises feministas heteros pra cima das lésbicas e suas vidas, que é um apagamento e lesbofobia pratica brutal).

 
 

alias falei errrado ‘divergencia sexual’ na real é ‘desviação sexual’ ehehhe que é a representação hetero sobre nós, que tantas compram.
divergencia sexual ou dissidencia sexual cai no queer e radicalismo sexual, por focar na questão da sexualidade. Acho falso pensar que lesbianidade é sobre sexualidade. Mas aí é bom pensar sexualidade na teoria fem radical, a Mackinnon tem um texto bom chama-se sexualidade no livro hacia una teoria feminista del estado (ou em inglês). Aí lesbiandade entra como resistência à instituição da heterosexualidade, à apropriação masculina. definir lesbiandade politicamente é importante.

 
 

sobre texto da ochy, sobe no grupo, ele eh mt util.

 
 

Gostei do texto e as críticas são muito boas. Os comentários de vocês tb. Só achei que o texto confunde um pouco gênero e sexo. Tipo essa frase aqui: “Afinal se nós como feministas consideramos que o gênero é uma construção social, como poderemos considerar que a atração por um determinado gênero é fundamentalmente biológica?” Não acho que a atração seja por gênero mas sim pelo sexo. Eu não me atraio por “feminilidade” (no sentido de papéis de gênero) mas sim por corpos femininos. Lésbicas não se atraem pelo gênero mas sim pelo sexo. O que não tira a caracterísitca de construto social da sexualidade. A sexualidade é sim uma construção social em cima da biologia dos corpos.

 
   

olha li esse texto aqui que achei legalzinho argumentando que sexualidade é sim construída e não biológica feminist-reprise.org/library/sexuality-and-relationships/hot-hypothalami